Zeus Galanis
Já é final de tarde quando observo através dos vidros da janela do meu escritório, o céu de Nova York nublado, mostrando que a noite seria de chuva intensa, sem contar o frio de lascar, Bóreas está por essas bandas.
Absorto em meus pensamentos, divago para a jovem senhorita que está trabalhando em minha casa, sinceramente não sei como meus pensamentos foram voltados para aquele par de olhos azuis penetrantes.
Faz duas semanas desde a última vez que a vi, quando lhe dei carona após sair da boate. A simples menção da boate me faz lembrar das palavras de Pedro.
— Ela era de quem pagasse mais.
Não entendo por que aquilo me incomodou tanto, a final não a conhecia, por tanto não deveria sentir nada.
Chego à conclusão que pode ser desejo reprimido, embora eu não seja muito adepto a morenas, preciso me satisfazer em alguma mulher e descarregar essa tensão, provavelmente depois esquecerei da jovem Manuela.
Assim que esse pensamento passa por minha cabeça assusto-me, pois nunca lembro o nome de minhas conquistas, hora, o que estou pensando?
Essa garota não é minha conquista, é só uma funcionária.
— Senhor Zeus — meus pensamentos são interrompidos pela minha secretária — Bati na porta mas o senhor estava tão concentrado que não escutou, bom, já vou indo até amanhã, vai precisar de alguma coisa ainda?
— Não. Pode ir.
Desligo meu computador, pego minha pasta e sigo rumo ao elevador, quando chego nas ruas movimentadas daquela enorme cidade a chuva começa a cair.
Embalado pelo som da chuva resolvo mudar minha direção e em vez de para casa resolvo ir para o Fetiche Club, uma boate onde rola todo tipo de sexo que quiser, onde seus sonhos mais eróticos podem se tornar realidade, é lá que esquecerei aqueles malditos olhos azuis.
Chegando em meu destino caminho para o bar, peço uma dose de Whisky e enquanto bebo olho em volta procurando uma presa, sinto olhares de várias mulheres em mim e dou um sorrisinho de canto presunçoso.
Resolvo subir para o segundo andar onde toda a putaria acontece, lá é possível ver de tudo, desde BDSM á Tripla Penetração, essa parte, não curto muito e não julgo quem gosta, só não gosto de dividir. Vou seguindo pelos corredores apreciando cada show que ali está sendo apresentado, não sou santo, gosto de frequentar o Club, mas nunca de ser visto em meu momento de prazer, embora assista a quem gosta de protagonizar esse tipo de espetáculo.
No final do corredor, no último quarto avisto uma loira apreciando através do vidro o show que se desenrola naquele quarto, acho que encontrei a presa dessa noite.
— Apreciando a vista? — pergunto parando ao seu lado e observo o casal que protagoniza um belo espetáculo em nossa frente.
— Sem dúvidas é uma bela vista — ela diz maliciosa e me olha de cima a baixo, pelo seu olhar de luxúria acho que aprovou.
— Está acompanhada ou posso te fazer companhia? — questiono.
— Companhia de telespectador ou companhia em algum quarto daqui? — pergunta direta.
A avalio com mais precisão, ela está vestida em um vestido tubinho super curto e colado que mais parece ter sido costurado em seu corpo, uma maquiagem carregada, é um pouco vulgar, mas é só o que procuro essa noite.
A levo para meu apartamento o mais rápido que consigo, pois preciso relaxar, já é a segunda mulher que levo para minha casa só para transar e as coisas andam mal se continuar dessa forma.
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— Você realmente faz jus ao nome de Deus grego que tem — escuto a mulher que a pouco estive compartilhando o mesmo espaço físico se pronunciar, enquanto visto minha cueca e lhe chamo um táxi pelo aplicativo já pagando a corrida como um bom cavalheiro.
— O táxi chegará em dez minutos, melhor ser rápida, não quero vê-la quando eu voltar — a deixo bufando de raiva no quarto de hóspedes e sigo para o meu quarto, para tirar esse cheiro de sexo do meu corpo.
Embora tenha ido ao Club me divertir não quis transar lá, quis dá um motivo para minha cabeça não pensar naquela bruxinha de olhos azuis, sim bruxa que me lançou um feitiço, pois é a única explicação que tenho, pois nem quando estou enterrado em outra mulher paro de pensar nela.
Sei o quanto é errado se envolver com funcionárias, já senti na pele o peso de um envolvimento desses altamente antiético, eu e meus irmãos sofremos muito no passado por uma escolha errada dessas, vinda de uma pessoa que deveria nos proteger.
E com péssimas lembranças do passado adormeço ainda de roupão em minha cama.
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Desperto em um sobressalto após mais um pesadelo.
— Ótimo essas lembranças nunca me deixarão em paz — reclamo sozinho.
Levanto, faço minha higiene matinal, visto meu habitual terno preto, pego minha pasta e sigo para mais um dia de trabalho, porém ao chegar na sala sinto um cheiro gostoso de café vindo da cozinha, não resisto e vou até lá encontrando a bela Manuela arrumando a mesa do café da manhã.
Fico alguns segundos vendo o desenrolar da cena e apreciando a bela visão de seu traseiro destacado na calça de moletom rosa, até que ela nota minha presença e dá um sobressalto de susto fazendo seus grandes mamilos saltares na blusinha de manga folgada que veste me fazendo arfar e ficar duro imediatamente, que merda, coloco a pasta na minha frente.
— Bom dia, tomei a ousadia de preparar um café para o senhor, já que cheguei e percebi que ainda não tinha saído, espero que goste e com licença — diz e em seguida sai do meu campo de visão, parecendo que está fugindo de mim, mal esperando minha resposta.
Sento-me e me sirvo daquele delicioso banquete no qual ela havia preparado para meu desjejum.
Termino tudo e sigo para meu quarto, escovo os dentes e quando estou indo para a escada uma cantoria baixa, porém afinada vindo do quarto de hóspedes me chama a atenção e como se estivesse enfeitiçado vou até lá.
Da porta avisto a jovem Manuela limpar o quarto enquanto canta uma música baixinho, mas, de repente, ela para quando algo gruda eu seu pé a fazendo levantar o mesmo e pegar o que ali está grudado.
— Puta merda! — exclamo baixinho quando ela pega o preservativo que eu havia usado na noite anterior e com cara de nojo se vira dando de cara comigo parado na porta, o que vejo em seus olhos não consigo decifrar.
— Pode tirar o dia de amanhã de folga, farei uma viagem a negócios então está dispensada — me viro de costas e sigo rumo ao meu destino me recriminando por não ter jogado aquele caralho no lixo.
Ah quer saber?
Dane-se, ela é paga para limpar meu apartamento, não entendo porque me importo tanto com o que ela deve ter pensado de mim ou sentido por ter que limpar meu quarto de fodas. É quarto de fodas acabei de inventar.
Amanhã irei em Las Vegas para uma reunião de negócios e encontrarei Hades, pois somos nós que dirigimos a empresa em comum acordo, após os compromissos curtirei a noite, a final o que acontece em Vegas fica em Vegas, a cidade do pecado.
Zeus Galanis Dor de cabeça, é nesse estado que deixo a sala de reuniões. Muitos problemas para resolver, entre novas parcerias a funcionários descontentes, do que adianta uma grande equipe se no fim tudo fica em minhas costas?! Caminho pelo corredor em direção ao elevador e logo Hades se junta a mim. — Irmão, é hoje que a noite pega fogo! — Fala Hades todo energético, como ele consegue se manter assim após aquela reunião tão chata? — Frouxo do jeito que é? Duvido — brinco com ele para tentar descontrair e espantar essa dor de cabeça dos infernos. — Ha ha ha grande piadista você — fala revirando os olhos e se endireitando para entrar no elevador comigo — Vou te mostrar o frouxo, bastardo e você nunca mais me chamará dessa forma — fala pegando naquilo que ele chama de pênis. Com certeza eu peguei toda a beleza e charme para mim, se formos opostos de tudo creio que esse pênis dele não é grande coisa, ele que não me escute. Esse pensamento me faz rir. Antes de irmos para o cassino
Zeus Galanis Já sentiram a sensação de estar morrendo? Pois foi assim que eu me sentir quando faltou ar nos meus pulmões e as vistas escureceram até eu perder os sentidos de uma vez, nunca fiquei tão mal após beber, sempre fui duro na queda e me sentir impotente e frágil diante de uma situação inusitada me fez repensar muito sobre a minha vida. Desde o episódio com a minha quase futura esposa que eu me fechei para qualquer relacionamento, me mudei, me afastei da minha família, do lugar onde finalmente pude viver em paz e crescer como um adolescente normal. Sempre fui um cara reservado, sempre tentei seguir em frente, afastando um pouco os fantasmas que me atormentavam, e quando eu conheci aquela m*****a eu pensei ter me apaixonado. Sempre percebi seu ar superior de ante de pessoas com uma classe média inferior a nossa, mas nunca me importei muito, estava cego e me deixando levar por um sentimento tolo que nem era de verdade. Pensar em sentimentos me faz lembrar de um par de olhos a
Zeus Galanis Saboreio aquela deliciosa salada de frutas feita pela Manuela, já comi quase a bandeja inteira. Quando termino volto para sala e a encontro pronta para ir embora, quando de repente um raio ecoa pela sala a fazendo pular de susto. A Televisão está ligada e começa a passar uma matéria falando da tempestade que cai na cidade naquele final de tarde, onde é anunciado a reclusão de todos em suas respectivas casas, vejo a Manuela se assustar. — Como voltarei para casa?! — coloca as mãos no rosto em desespero. — Pode ficar aqui, tem quarto de hóspedes no apartamento você não pode se arriscar saindo pelas ruas chuvosas de Nova York — falo preocupado. — Eu aceitarei ficar senhor, mas posso dormir aqui pela sala mesmo ou até mesmo no quarto da senhora Tereza não acho que ela irá se importar — diz ruborizada, essa mulher não cansa de ser linda? — Não tem necessidade, pode ficar no quarto de hóspedes — insisto. — Senhor, prefiro ficar na sala, não me leve a mal, mas não quer
Zeus Galanis Ela se afasta de mim bruscamente, eu fico estático por alguns segundos não acreditando que ela pôde me rejeitar dessa forma, até que escaro seus grandes olhos azuis amedrontados. Como que ela pode ser uma mulher decidida como quando me questionou na boate e ao mesmo tempo ser tão delicada e sensível mesmo depois de seu passado. — Tenho que voltar para os meus afazeres, com licença — desperto de meus pensamentos com sua doce voz e quando percebo ela já saiu do meu campo de visão. Dane-se, resolvo não a importunar e saio do meu apartamento seguindo para o do meu irmão, antes que eu bata na porta uma mulher sai de lá bufando de raiva e eu acho que conheço, puta merda! É aquela gostosinha que a Manuela me pegou dando uns amassos, não acredito! Entro no apartamento a tempo de ver meu irmão apenas de cueca largado no sofá com o pensamento longe e não percebe minha presença. — Pelo visto sua “maratona de série” foi muito boa — dito isso ele se levanta perdido com tamanho s
Zeus Galanis No dia seguinte enquanto tomo meu café totalmente, ignorado pela Manuela, leio uma matéria na internet falando que a frente fria passou e todos podem sair da quarentena, é um alívio, pois poderei acompanhar o estrago causado no meu hotel. Termino meu café, me arrumo e sigo para o hotel, mas quando abro a porta do apartamento encontro Poseidon saindo do elevador. — Fala mano — chega me saudando — Vim tomar café da manhã com meu irmão preferido, que Hades não me ouça — fala a última parte cochichando como se tivesse mais alguém além de nós dois. — Chegou tarde, já tomei café e estou de saída. — Estou com fome cara, eu sei que você tem cozinheira aí, Teté me disse que conseguiu contratar uma moça antes de viajar — fala com cara de cachorro sem dono — Não aguento mais comer comida enlatada. — Ah está bom, mas seja rápido quero chegar logo no hotel para ver o tamanho do estrago — falo, por fim, rendido. Caminho para a cozinha e encontro a Manuela concentrada em um livro,
Zeus Galanis Acordo sobressaltado e ofegante após mais um miserável pesadelo, marcas do passado que luto para esquecer, mas estão enraizadas no meu ser a ponto de quase me deixar louco. Resolvo levantar e fazer minha higiene matinal, hoje não terei que ir ao hotel, pois já está tudo encaminhado para a nova reforma e se precisarem de mim, ligarão. Saio do banheiro, vou para o closet, visto uma calça moletom cinza, Nova York como já era de se esperar está fria e cinza, resolvo ficar sem camisa, a casa tem aquecedor mesmo, sigo em direção a cozinha o cheiro de café está muito convidativo. — Bom dia Manuela — saldo a jovem que está coando o café quando adentro o local. — Bom dia, senhor — fala e então vira a cabeça em minha direção me analisando minunciosamente parando em seguida no meu peito nu e ficando levemente ruborizada, que gracinha, então de repente o café quente começa a cair para o lado queimando sua delicada mão — Ai ai ai — ela grita e corro igual Aquiles para o seu lado,
Zeus Galanis Foi um dia exaustivo, problemas deveria ser meu nome do meio, a caminho de casa observo a cidade de pedras que é Nova York, tão cinza, tão viva, minha mãe não entende como me acostumei aqui tão fácil depois de crescer cercado pela imensidão azul do mar Egeu, nem eu sei por que gosto de viver aqui, talvez por que não me traz lembranças. Chego no meu apartamento e está tudo muito arrumado em um clima de boate boemia, tenho que admitir, Poseidon sabe se meter em confusão quando quer e eu um louco por permitir isso no meu apartamento. Caminho pelo apartamento, vendo um monte de gente pra lá e para cá terminando os últimos detalhes, na área da piscina vejo muitas mesas e cadeiras a sua volta, um pequeno bar já está montando e o DJ já prepara o som. — Você chegou irmão — Poseidon vem até mim vestindo uma bermuda preta com uma camisa de gola polo cinza com um tênis preto finalizando seu traje. — Por que eu permitir essa festa mesmo? — pergunto levemente incomodado, no fim eu
Zeus Galanis — O que você quer? — ouço Manuela com a voz embargada. — Eu quero você — responde Pedro cinicamente — Sabe, lembrar os velhos tempos eu, você, um sofá ou uma cama não sou exigente sabe disso. Raiva me consome, fico em ponto de entrar lá e socar a cara do desgraçado por desejar tê-la, ela é minha caramba, só não sabe ainda, mas o que mais irrita é que não posso simplesmente entrar lá e socar o filho da puta. — Por favor Pedro, alguém vai entrar aqui — fala com medo, medo de serem pegos? Estou quase enfartando aqui de ódio. — Calma Manuzinha, ninguém vai sentir nossa falta, podemos aproveitar, vai ser gostoso, você vai gostar, ainda está como a deixei? Sabe que vou ficar triste se a resposta for não, sabe que estou te procurando a muito tempo? — pergunta, mas não obtém resposta — Te vi aquele dia na boate e só, você anda fugindo muito de mim, me deixou magoado — fala com a voz rouca. — Pedro não por fav...— então ela se cala e eu penso duas vezes antes de abrir a por