Depois de um tempo, já não tinha mais lágrimas e então pensou “ Rodrigo e meu pai virão me procurar”.
Na verdade, não estavam nenhum dos dois.
Rodrigo ainda estava no hospital com Michele.
Seu pai estava em casa, furioso por ela não ter aparecido ao casamento, para ele a culpa de Rodrigo não ter aparecido era dela. Leticia e Luiza colocavam mais “lenha na fogueira”.
- Sempre te disse que você a mimou demais! Era para Leticia se casar com Rodrigo e agora nossos negócios estariam salvos.
- Ele escolheu Alana, não fui eu quem decidiu. Disse Enzo, pai de Alana.
Desde que a mãe de Alana faleceu, Enzo deixou Alana de lado.
Em menos de dois meses Luiza veio morar em sua casa, grávida de Leticia. Desde então a vida de Alana se tornou um tormento, só tinha paz quando estava fora de casa.
Alana estava com fome, não havia comido nada o dia todo, de manhã estava ansiosa, depois não almoçou pois queria estar perfeita no vestido, esperava comer na recepção do casamento, logo que a cerimonia terminasse.
Ela se levantou meio cambaleante e foi em direção a grande janela do quarto, olhava pela janela quando a porta do quarto se abriu e ela se assustou, virando rapidamente.
Era Edgard, seus cabelos negros estavam úmidos e ele vestia uma camiseta preta colada ao corpo, o que chamou a atenção de Alana, os músculos ficavam evidentes sob a malha fina.
Edgard notou que a mulher o estava admirando e parecia corada por isso.
“ É tão sem vergonha assim? ” Ele pensou.
- Perdeu algo? Ele perguntou a ela.
- Oh! Eu .... Alana foi pega o observando, ficou envergonhada.
Edgard achou que a mulher estava fingindo inocência e isso o irritou.
- Não precisa fingir ser santa, sei do seu passado.
- Você sabe? Alana o perguntou confusa.
“ Ela finge muito bem, se não soubesse quem ela é diria que realmente é inocente”. Ele pensou indo em direção a ela.
Edgard a observou de perto, seus olhos verdes, pele clara com algumas sardas e os cabelos vermelhos como cobre.
“ Será que ela é ruiva mesmo? ” Se perguntou, a informação que ele tinha era que ela era loira, ele tinha visto uma foto que trouxeram dela dançando em uma boate, se parecia com ela, mas nem tanto.
Ele a observou atentamente, tinha as feições delicadas, suas bochechas estavam coradas, sua maquiagem era leve, quase imperceptível.
Agora, os cabelos que na cerimônia estavam presos, tinham várias mechas soltas, mostrando seu real comprimento.
Alana estava diante dele que a observava, ela não conseguiu se mover ou falar qualquer coisa que fosse a presença dele ear dominante e a deixava sem fala.
O silencio foi quebrado por ele.
- Vá tomar um banho, vou pedir para trazer-lhe o jantar.
- Não quero! Quero voltar para minha casa. Ela disse.
Edgard virou a cadeira e foi em direção a porta novamente. – Sua casa agora é aqui! Se não quer comer tudo bem!
Ele saiu e trancou a porta novamente, entrou no elevador e desceu até a sala de jantar onde jantou tranquilamente.
Alana se sentou ao pé da cama enquanto pensava em uma meneira de sair dali.
Devolta ao hospital, Rodrigo falava com Alana, mas ela não diazia nada, se sentiu irritado, ela não estava sendo razoável.
- Rodrigo me sinto tão fraca e culpada, Alana é minha melhor amiga tive que ficar doente logo hoje. Michele disse, fingindo culpa.
- Ela vai entender, podemos nos casar no cartório, é só remarcar, não sei porque ela fez questão de festa.
- Toda mulher sonha em se casar de noiva em uma igreja decorada. Ela disse, tentando parecer preocupada com a amiga.
-Alana não é assim! Disse Rodrigo e continuou. – Ela nunca foi exigente, é simples não tem essas ilusões.
- Não sei se é assim. Michele concluiu, ela sabia que aquele era o sonho de Alana, como amiga ela sabia dos segredos da amiga.
Michele tinha mais dinheiro e amor que Alana, mas desde quando as duas eram ainda crianças ela se sentia inferior a Alana e aquilo a incomodava.
Onde Alana passava, chamava a atenção com seus cabelos laranja, esvoaçantes, ela era calma e tranquila, gentil, todos gostavam dela.
Michele não suportava o fato de Alana não ter ambições, ela apenas vivia sua vida trabalhando e mesmo diante de tudo que passava com sua família parecia sempre feliz.
Rodrigo conheceu Alana e se apaixonou por seu sorriso e gentileza, ela na época, era uma garota no auge dos seus quinze anos, uma menina, alegre e sorridente ela trabalhava em uma floricultura que atendia muitos turistas, ela era a atração do lugar.
Rodrigo com vinte anos passava em frente a floricultura todos os dias e a cumprimentava, um dia a convidou para tomar sorvete, os dois andaram pela rua e antes que ela pegasse sua bicicleta para ir para casa, ela a beijou. Assim, os dois começaram a namorar.
Meses depois ele descobriu que o pai dela era Enzo Veronese e aproveitou seu relacionamento com ela para iniciar uma relação de negócios com seu pai.
Pensando nela ele deu uma desculpa a Michele dizendo que ia ao banheiro, então saiu e no corredor tentou ligar para ela o telefone chamava, mas ninguém atendia.
“ Onde você está? ” Ele não acreditava que ela estava com raiva dele a ponto de não atender seu telefonema, ela nunca havia feito isso.
Ele ia ligar para Enzo, mas pensou melhor, o que ele diria?
Era melhor falar com ela antes, é certo que Enzo não estaria feliz, afinal o noivo de sua filha a deixou esperando no altar.
Quando retornava para o quarto seu telefone tocou, ele atendeu a chamada e nem viu quem era, achou que fosse Alana, mas era seu pai.
- Sofia sumiu, antes do casamento, não a encontramos tenho medo e se o Curioni a encontrar antes de nós. Alexandre disse em desespero.
- Vou ligar para ela. Rodrigo disse.
Quando estava prestes a desligar o telefone seu pai o questionou. – Onde você está? Você também não apareceu ao seu casamento, ouvi rumores, estou tão aflito por causa de Sofia que nem tive tempo de perguntar-lhe.
- Estou no hospital.
- Hospital? O pai repetiu atônito.
Cecilia, mãe de Rodrigo tomou o telefone da mão de Alexandre.
- Meu filho o que houve? Porque está no hospital? O que aquela garota aprontou?
Rodrigo sabia da implicância de sua mãe para com Alana. Se ele não deixasse claro que a culpa era sua, ela certamente faria um escândalo com Alana.- Nada mãe, estou com Michele!- Você nos deve uma explicação, embora não goste daquela garota foi um vexame, ela foi vista do lado de fora da igreja e não entrou, todos ficaram esperando por vocês e...- Depois nos falamos explicarei tudo. Ele disse encerrando a ligação, pois Michele estava saindo do quarto.- Porque está em pé? Deve ficar em repouso, são ordens médicas.- Fiquei preocupada com você! Ela disse, mas na verdade queria cerca-lo para que não falasse com Alana.- Vamos você precisa descansar eu vou ter que sair.- Aii... Michele fingiu ter tonturas.- Olhe deite, preciso ir atrás de minha irmã ela sumiu e meus pais não estão a encontrando.- Era com sua mãe que você estava falando? Ela perguntou.- Sim, o que pensou?- Nada, vá! Vou ficar aqui, não se preocupe.Rodrigo se virou para sair e antes que ele passasse pela porta ela
- A encontrem, meu pai estará aqui amanhã de manhã, vocês têm até hoje à noite para traze-la de volta, não me apareçam aqui sem ela!Os homens sabiam que suas vidas podiam ser muito difíceis dali em diante, caso não encontrassem a garota.Partiram vários carros, se dividiram cada um partindo para um lado. O primeiro lugar que pensaram foi a casa da família Panini.Edgard se sentou à mesa e tomou seu café da manhã calmamente, sabia que seus homens a trariam de volta, eles o conheciam.Na família Panini, Sofia foi encontrada bêbada em uma danceteria no centro da cidade, Rodrigo a encontrou e a trouxe para casa.Era de manhã quando todos eles estavam tomando café e uma forte batida na porta quebrou o silencio que pairava sobre eles, depois de uma forte discussão na madrugada, quando Sofia chegou.A empregada foi atender a porta e os dois homens que haviam pego Alana no parque entraram de uma vez passando pela mulher.Sofia que estava ainda com a maquiagem borrada e o rosto amassado da n
Leticia furiosa a empurrou, Alana caiu na escada e por pouco não desceu rolando por ela, se agarrou no corrimão com as poucas forças que restavam.- Saia da minha casa e só volte quando souber se comportar! Enzo disse, furioso ao pé da escada e com o dedo em riste para Alana.Os olhos de Alana se anuviaram, mas ela por orgulho segurou suas lágrimas! Não as deixaria cair na frente deles!Ela desceu a escada, passou por seu pai e seguiu em direção a porta.Enzo não esperava aquela atitude dela, mesmo quando foi humilhada e injustiçada, aguentava calada ou quando reclamava, acabava cedendo depois.Não foi assim agora, mas ele achou que ela voltaria atrás ao passar pela porta, ela continuou e não olhou para trás.Alana caminhou em direção ao portão, nem via o caminho, seus olhos estavam banhados pelas lágrimas que agora caiam lavando seu rosto, passou pelo portão e tomou um rumo qualquer sem pensar.Caminhou e encontrou uma ponte, enquanto caminhava por ela, lembranças das humilhações sof
- Ah! Então você os conhece? É um acordo entre famílias? Já ouvi falar da família Veronese, Enzo te vendeu para salvar a filha do Panini.- Não, eu não sei do que está falando. Ela disse, suas lágrimas começaram a cair, seu coração estava acelerado e sua cabeça começou a rodopiar. Ela veio ao chão.- Levem-na! Deem-lhe um banho e depois o que comer, essa criatura deve estar desde ontem sem comer. Ele disse isso e olhou para Marcelo e Luigi como um aviso.Luigi deixou Alana no quarto com as empregadas e desceu, não sabia o que dizer ao seu chefe.- Pegue a certidão de casamento. Ele ordenou, pouco tempo depois Luigi voltou com a folha nas mãos.Ele a pegou e lá estava a assinatura da garota, sua letra era graciosa, Alana Veronese.- Alguém consegue me dar uma explicação plausível para essa loucura? Ele disse furioso, ao encará-los.- Senhor a garota dos Panini ...- E Então não fui convidado para o casamento? Antoni, pai de Edgard, entrou porta a dentro seguido de sua fiel enfermeira.
- Como assim? Ela não entendeu o que ele queria dizer.- Fui falar com ela em sua casa, mas seu pai disse que ela não havia dormido em casa! Ele estava irritado.- Não sei, não somos mais tão próximas, ela mudou bastante. Talvez tenha algum amigo novo e tenha dormido por lá.- Não acredito! Rodrigo disse jogando uma revista que estava em sua mão sobre uma poltrona.- O que você acha? Acredita que Alana é uma santa?Ele saiu sem responde-la, Michele ficou enfurecida. “Ele gosta mesmo da sonsa da Alana? ”Rodrigo partiu deixando o hospital, sem rumo ele dirigiu pela cidade, se lembrando da primeira vez que viu Alana. Ligou novamente para o telefone dela, estava fora de área ou desligado.Era manhã, o sol estava invadindo o quarto através das cortinas, Edgard não havia voltado ao quarto.Ele dormiu em outro quarto e ficou pensando o que aquela garota estava fazendo ali, vestida de noiva a ponto dos imbecis de seus homens a confundirem com sua noiva.Ele estava no corredor quando Alana s
- Kakakaka, você acha que um homem como eu se casaria por amor? Edgard achou graça da praticidade dela.- Eu não sei, como vou saber, não te conheço! Ela disse um pouco irritada.- Terá tempo para me conhecer! Ele disse seguindo.- Como é? Ela saiu andando apressada atrás dele. “Ele está dizendo que terei que viver com ele? ”. Ela não queria acreditar.- Não vou entrar. Ela disse quando o alcançou.- Ah, vai! Não quer entrar carregada quer? Ele disse a ela, de forma despreocupada.- Você não faria isso! Ela disse.Ele estalou os dedos e Luigi se aproximou dela.- Está bem! Ela disse apressada, já havia sido humilhada demais.Luigi tocou a campainha e quando a porta se abriu Edgard passou pelo criado, sem nem o cumprimentar, Luigi o seguiu e Alana tentou ficar o mais para trás possível.Luigi também estava com o coração acelerado, afinal ele e Marcelo para que o chefe não soubesse, mandou que a família Panini mandasse a garota embora e agora seu chefe estava lá.Quando Alexandre e Ceci
- Está bem, mas o que fará com ela? Ele se referia a Alana.- Não sei, por enquanto ela me é útil, já estou casado mesmo e para todos os efeitos ela é minha esposa, como meu pai queria.De volta a mansão, abriram a porta e Alana saiu batendo o pé e entrou diretamente.Edgard e os homens achou engraçada a atitude dela.Alana, irritada e magoada, subiu para o quarto e se jogou na cama, chorou da sua falta de sorte.Rodrigo a abandonou e ela estava sendo mantida como prisioneira ali por um capricho de um estranho. Sua família pouco se importava com ela, saiu de casa naquelas condições e até agora ninguém a procurou.“ Se tivesse me jogado da ponte um estranho acharia meu corpo, será que eles se importariam? ” Ela pensou com tristeza.Edgard a viu chorando e se irritou. – Está chorando por causa do seu noivo ? Aquele que a abandonou no altar por outra? Ele disse de forma irônica.- O que você sabe? Saia!- É sério? Você quer que eu saia da minha casa? Do meu quarto? Kakaka ele gargalhou.
- Ainda não dormiu? Ele disse.A voz de Edgard mexia com Alana, era uma voz grave e naturalmente sedutora.- Ainda não, estou pensando, preciso pegar minhas coisas, documentos, perdi meu celular, preciso comprar outro.- Onde estão suas coisas?- Na casa do meu pai, eu também tenho um trabalho, preciso voltar.- Você não precisa trabalhar, posso sustentar você.- Você está levando isso a sério? Isto é um engano!- Não, não é! Está no papel, o que irão pensar de mim se minha mulher estiver trabalhando, onde mesmo você trabalha?- Sou gerente em uma floricultura. Ela disse, orgulhosa.- Não deve ganhar muito. Ele disse um pouco esnobe.- É não dá para ter uma casa como a sua. Ela disse fechando a cara.- Posso providenciar documentos novos para você, não precisa voltar lá, parece-me que você não foi bem recebida lá.- Quem te disse isso? Tenho olhos em todos os cantos dessa cidade, sou Edgard Curioni.- Não importa quem você é, não pode ficar bisbilhotando minha vida e ainda assim irei.