Álvaro se inclinou ligeiramente para frente, e sua expressão mudou. Havia uma nítida irritação ali, mas também uma determinação. Ele sentia que precisava falar aquilo, precisava resolver sua história com Isabele e dessa vez ela terá que ouvi-lo. — Pois para mim não está encerrado. Eu acho que, depois do que aconteceu, temos muito o que conversar. Eu também tomei uma decisão: ser honesto com sua mãe e com meu pai. Vou contar a verdade — fui eu quem te fez tanto mal no passado. As palavras de Álvaro caíram como uma bomba no ambiente, e Isabele engasgou com a ideia. Ela olhou para ele, atônita, e a reação foi imediata. Ela sabia que aquilo era inconcebível. Não só porque a confusão que isso causaria em sua vida, mas também porque essa revelação poderia destruir o delicado equilíbrio que ela ainda tentava manter. Sua mãe, que havia visto o quanto ela sofreu por causa de Álvaro,sem saber que foi o homem que lhe fez tanto mal no passado, ficaria magoada, e seu pai de Álvaro, com certeza,
Isabele manteve o olhar fixo nele, um brilho de desdém nos olhos. Ela sabia o quanto isso o machucava, mas precisava ser clara. Queria deixar que ele acreditasse que ela havia se entregado a algo que não significava nada para ela. — Mas foi exatamente isso para mim, apenas sexo. Se eu soubesse que depois você ia se comportar como um adolescente apaixonado, fazendo planos e incluindo eu e o meu filho neles, eu não teria transado com você — ela disse, sua voz calma, mas cortante. Aquelas palavras, tão diretas e impiedosas, pareciam ter o poder de destruir qualquer esperança que Álvaro ainda nutrisse. Ele ficou em silêncio por um momento, a dor estampada em seu rosto. Mas a raiva ainda estava lá, viva, como um fogo incontrolável. — Por que não para de fingir ser essa mulher fria e distante que quer me fazer acreditar que é? — ele disse, a voz baixa, mas cheia de intensidade. — Assume de uma vez que você só se entregou para mim porque ainda me ama. Assim como eu ainda te amo. Para
_Que bom que se deu conta disso ,porque é mais um motivo para saber que eu não me deixou enganar tão facilmente por suas boas intenções ,Álvaro.Disse Isabele com um sorriso carregado de sarcasmo. Por um bom tempo depois do que ela disse ,o silêncio no escritório se estendeu por alguns segundos, quebrado apenas pelo som suave da porta sendo aberta. Isabele, com uma expressão cansada, se preparou para sair, como se já tivesse encerrado tudo. Mas antes que pudesse dar o último passo, Álvaro falou, sua voz firme e carregada de uma tensão que ele mal conseguia controlar. — Ao contrário, ainda temos muito o que conversar — disse ele, dando um passo à frente, seus olhos fixos nos dela. — E uma das coisas que preciso dizer é que, como mencionei antes, não vou omitir de sua mãe e do meu pai que tivemos um passado juntos. Mesmo que não tenhamos um futuro, como você deixou claro, eu quero ser honesto com eles sobre tudo o que aconteceu entre nós. Isabele se virou, o semblante endurecido,
A acusação caiu como uma bomba entre eles, mas Álvaro não recuou. — Eu não estou admitindo nada, porque eu não fiz aquilo. Estou admitindo que sou culpado por me aproximar de você por causa daquela aposta estúpida, e um dia ainda vou te provar minha inocência. Isabele cruzou os braços, seus olhos desafiadores. — Não perca seu tempo, Álvaro. Porque nós sabemos que você é culpado e não tem como mudar isso. E, por favor, não diga nada à minha mãe ou ao seu pai sobre a minha viagem. Se, por acaso, eles telefonarem, deixa que depois eu ligo para ela e explico tudo sobre minha partida. Álvaro olhou para ela com uma determinação inabalável. — Eu não direi nada, simplesmente porque você não vai a lugar nenhum. Dessa vez, não vou deixar você fugir, Isabele. — O que você quer dizer com isso? — Ela tentou manter a compostura, mas a inquietação na voz entregava o quanto aquela conversa a afetava. Álvaro deu um passo à frente, o olhar fixo nela com a precisão de um predador. Ele sabia
Ele estava tão próximo, tão perto que ela podia sentir sua respiração quente em seus lábios. Isabele queria empurrá-lo para longe, queria gritar, mas algo nela se aquecia, algo que ela não conseguia controlar. A mistura de raiva e desejo era como um fogo que queimava seu peito. Ela odiava isso, odiava como ele conseguia desestabilizá-la, como ele ainda tinha esse poder sobre ela. Ela deu um passo para trás, a respiração acelerada, tentando se afastar da presença dele. Mas dentro dela, uma batalha estava sendo travada. O desejo de fugir e o desejo de enfrentá-lo, de não ser submissa a ele, mas ao mesmo tempo, um conflito de sentimentos que ela não conseguia resolver. Álvaro a observava com uma expressão enigmática, como se estivesse ciente de todo o turbilhão de emoções que ela estava sentindo. Ele não se movia, mas também não tirava os olhos dela. Ele sabia que ela estava em um dilema, e isso, de alguma forma, o fazia querer-la ainda mais. — Então, o que vai ser, Isa? — ele pergu
O som contínuo dos motores do avião preenchia o ambiente com uma calmaria quase hipnotizante. Isabele olhava pela pequena janela, vendo as luzes de Florianópolis desaparecerem ao longe enquanto o avião se afastava da cidade que havia sido sua casa nos últimos anos. Seu coração estava inquieto, mas ela tentava se concentrar no presente.Ao seu lado, Davi dormia profundamente. O pequeno menino de 6 anos estava enrolado em uma coberta, e o rosto sereno exibia um leve sorriso. Isabele não conseguiu evitar um sorriso ao observá-lo. Ele era sua razão de viver, o motivo pelo qual ela enfrentara tantas dificuldades e superara tantos obstáculos.Ela passou os dedos delicadamente pelos cabelos macios do filho, sentindo uma mistura de amor e orgulho inundá-la. Davi era tudo para ela. Sempre fora. Mesmo quando tudo parecia perdido, ele tinha sido a luz que a guiara.Mas voltar a São Paulo trazia lembranças que ela preferia esquecer.Isabele fechou os olhos e deixou que as memórias a envolvessem,
A porta se abriu quase imediatamente, e sua mãe, com um sorriso largo e olhos marejados, a recebeu com um abraço caloroso.— Minha filha! Que saudade! — disse ela, apertando Isabele com força. Depois, abaixou-se para encarar Davi, que, tímido, se escondia atrás da mãe.— E você, meu príncipe, ficou ainda mais lindo! Desde que a vovó te viu a última vez, quando estava em Floripa, era apenas um bebezinho, agora está um lindo rapazinho.Davi sorriu timidamente, permitindo que a avó o abraçasse. Isabele observou a cena com um aperto no peito. Apesar de tudo, era bom estar de volta ao lado de sua mãe.Depois de um tempo conversando e desfazendo as malas, sua mãe sugeriu:— Vamos sair para jantar? Quero que conheça meu noivo e o filho dele. Eles estão nos esperando em um restaurante maravilhoso.O restaurante era elegante, com seu ar sofisticado e acolhedor, como se cada detalhe tivesse sido pensado para criar uma experiência inesquecível. Isabele estava sentada ao lado de sua mãe, Angélica
Ela olhou rapidamente para a mãe, percebendo o sorriso curioso no rosto dela. Gabriel também ergueu uma sobrancelha, interessado. — É verdade? — Gabriel perguntou, olhando de Isabele para Álvaro, que estava sentado do outro lado da mesa. Álvaro abriu a boca para responder, mas Isabele foi mais rápida. — Sim, nos conhecemos... há muito tempo. — Ela tentou soar casual, mas a tensão em sua voz era evidente. Álvaro inclinou a cabeça, surpreso, e antes que pudesse questionar, Isabele continuou: — Foi na minha ida para Florianópolis. Na época, embarcamos no mesmo avião. Ele estava indo para lá, assim como eu. Ela lançou um olhar firme a Álvaro, como se implorasse para que ele confirmasse sua mentira. Houve um momento de silêncio. Álvaro arqueou uma sobrancelha, claramente confuso, mas logo pareceu entender que ela estava tentando evitar algo. — Ah, claro, minha ida para Florianópolis. Foi isso mesmo. Sua voz era baixa e controlada, mas havia uma ponta de curiosidade que ele não con