Helida
Entro antes que volte para os seus braços, de onde não sairia com facilidade, para dar de cara com uma Gia que tem um sorriso de mil megawatts e aquele olhar de curiosidade e excitação no rosto, sei que não poderei fugir.
— Me conta tudo agora mesmo, quero até os detalhes mais sórdidos! — É a sua saudação, nada tímida.
Era de se esperar, claro que estariam me esperando para dar o bote assim que eu pusesse os pés em casa, faço a melhor cara de não-te-interessa e subo as escadas seguida por Gia e minha mãe.
— Vamos lá, espertinha, não pense que vai fugir da gente, já estamos no seu quarto, e então? — Os olhos das duas estão brilhando tamanha a curiosidade.
— E? Então, nada! — Continuo com minha tática de fazê-las desisti
HelidaNunca pensei que um simples café da manhã poderia ser tão constrangedor, mesmo sabendo que os meus pais são maravilhosamente compreensíveis. Nada evita que fique vermelha ao descer as escadas de mãos dadas com Ethan, logo cedo, em uma manhã de segunda-feira.Não consigo tirar da minha cabeça, o fato que meus pais sabem bem o que fazíamos até pouco mais de uma hora atrás, minha mãe dá um sorriso cúmplice enquanto meu pai faz cara de paisagem, como se fosse uma coisa corriqueira, nada demais, na verdade, não é nada demais mesmo, sou uma mulher adulta, que tem nervosismo de adolescente.É um alívio quando terminamos a refeição e saímos, sinto como se estivesse estampado na minha testa o que fizemos e talvez esteja mesmo, pelo menos o sorriso bobo e o olhar demorado, que meu li
EthanO toque de discagem me irrita, mais do que o normal, não quero parecer irracional, nem nada, mas a falta de resposta de Lim as minhas ligações já levaram a melhor sobre o meu humor, não quero ficar sentado na sala da casa dos pais dela, esperando como um bobo, não fiz nada de mais, apenas quis agradá-la, no entanto, estou aprendo que com Helida, surpresas não são uma boa opção. — Ethan, aconteceu alguma coisa? — A voz de Gia, demonstra surpresa com a minha ligação. — Não sei, aconteceu? — Nem começa, odeio esse jogo de responder com perguntas, eu perguntei primeiro, aconteceu alguma coisa, a Lim
HelidaA vida tem uma forma estranha de fazer as coisas se arrumarem, por muito tempo estive dormente, nada a minha volta parecia ter cor, até Ethan entrar em cena, ele fez tudo mais vívido a minha volta, o que era feio ficou belo, mais do que eu poderia imaginar. Tudo se transforma com apenas um simples sorriso seu, e eu? Sou o que pode se chamar de uma boba apaixonada por ele.A vida segue seu curso, quer você tenha o controle sobre isso ou não. No meu caso fico com a segunda opção. Com o passar dos dias, é possível perceber uma rotina que começa a se formar na minha vida, se bem que, rotina não é a palavra certa, uma vez que Ethan sempre dá um jeito de fazermos algo diferente.Desde passeios no fim de noite apenas para admirar a lua, ou finais de semana fora da cidade curtindo o lado bom de viajar pelo interior do nosso estado, quando tem fo
HelidaA escuridão começa a se desfazer, minha mente registrando os sons confusos a minha volta.— Não há motivo para alarde, Ethan, você está fazendo uma tempestade na porra do copo d’água! — Escuto uma voz ao longe, ela está brigando com Ethan, não gosto da ideia de alguém brigando com ele.Não sei quanto tempo estive desacordada, mas não queria voltar a realidade, porém, nem mesmo a inconsciência me impede de ouvir as vozes, gritos na verdade, e mãos, mais de um par delas me tocando, fazendo com que meu corpo retraia na hora.— Sinta a pulsação dela está normalizando, ela vai ficar bem! — Fala uma voz feminina de forma brusca.— Lim, meu amor, acorda, vamos linda, por favor? Eu te amo! Acorde e poderei explicar tudo! — Uma onda de alívio e
Bom Sossego, cinco anos e meio antesHelida— Acho que deveria considerar a proposta! — Falo enquanto giro o volante para desviar de uma caminhonete que invade a contramão.— Sério, Helida? Quer falar sobre isso na nossa última noite de folga, sabendo que amanhã voltamos à rotina maluca de estudos e estágios? —Pela minha visão periférica, o vejo olhar pela janela e observar os pingos de chuva baterem no vidro e deslizarem.— Caio, não estou querendo estragar nossa lua de mel atrasada, de forma alguma, mas fala sério! Um estágio muito bem remunerado no Hospital das Clínicas em São Paulo, com o melhor amigo do seu pai como chefe do setor ortopédico, e deixa que lá vem a melhor parte, ele é somente a maior referência em cirurgias ortopédicas reparatórias e de alto r
Helida— É na casa ao lado, você não percebeu, mas temos um novo vizinho. — Seu olhar vai para todas as partes, menos para os meus.— Tem alguém morando na casa dos Albuquerque? Isso é estranho. — E uma coisa que não me é muito fácil de aceitar.— Estranho, por que? — Será que não é óbvio?— Filha, é natural que uma casa tão bonita seja vendida, alugada ou o que quer que seja.— Mãe, essa casa não deveria ser passada para outra pessoa, o Caio a construiu para nós dois, era para estarmos juntos agora tomando café da manhã na cozinha, rindo um com o outro...— Chega, Helida! Pare de se torturar! Não se lembra que você assinou um documento abrindo mão de qualquer herança, a casa estava inclusa e os pais dele podem faze
Helida— Nossa, Helida, agora mais do que nunca reafirmo a sua indicação ao prêmio pediatra do ano! Pensei que não fosse parar de chegar criança doente, meu Deus, parece que todos resolveram se resfriar!— É assim mesmo, Gia, garanto que nenhum deles pediu para ficar doente, quando o tempo muda, as viroses também dão o ar da graça, pare de reclamar, já acabamos por hoje!— Por hoje, né? Aposto que na segunda teremos o dobro dessas lindas criaturinhas catarrentas por aqui!É impossível não dar um risinho disfarçado, mesmo que não a deixe perceber.— Que tal uma bebida, para relaxar? Depois uma saidinha para uma dança entre amigas? — Mais uma pergunta esperada numa sexta à noite— Não, obrigada, estou muito cansada, louca para cair na cama. —
HelidaDistraio-me com a forma fluida que ele corre, com fones de ouvidos, parecendo concentrado no que está ouvindo e não dando a mínima para a baba que escorre das bocas do bando de mulheres que o cercam, ainda o olhando seguir em nossa direção, quando acontece o inevitável, eu caio estatelada no chão.— Aí, mas que droga! — Isso sempre acontece quando esqueço de olhar onde meus pés estão pisando, descoordenada como sou, nunca deveria esquecer de prestar atenção neles, nem por um segundo. Meu problema de coordenação motora não é de hoje.— Helida, você está bem!? — Clara grita estridente, atraindo a atenção de todos em um raio de meio quilometro pelo menos, que param para olhar em minha direção. Quero um buraco para me enterrar depois desse alarde desnecess&aacut