Elisabeth. As últimas semanas tem sido uma tortura para mim. Basta eu fechar os olhos que as lembranças daquele dia inundam a minha mente, meus sonhos, minha vida. Sempre acordo aos gritos, implorando por ajuda e que eles parem de me torturar. Tentei me matar por diversas vezes, mas nunca deu certo porque um dos cinco irmãos sempre aparece e impede que eu cometa o ato. Para muitos, isso é visto como loucura da minha parte, só que está sendo muito difícil para mim tentar viver com tudo isso preso em minha mente e em meu corpo, pois sinto nojo de mim mesma. Basta olhar-me no espelho que me sinto imunda. Os meninos tentam fazer de tudo para me animar. Lorenzo faz algumas palhaçadas e eu até consigo achar um pouco de graça, mas não é suficiente para mim. Às vezes eles até tentam me levar para dar uma volta no jardim da mansão, só que não tenho vontade de sair e de fazer nada. Confesso que tenho medo de sair de dentro desta casa, medo de aquilo acontecer comigo de novo. Não confio nos se
Elisabeth. Depois que Lorenzo sai do quarto e me deixa sozinha, resolvo banhar-me para tentar relaxar um pouco. Não quero sair do quarto, mas sinto que vou acabar ficando mal se continuar aqui. Solto um pequeno suspiro ao ver o meu reflexo no espelho, estou muito magra e com olheiras abaixo dos meus olhos.Como eles ainda me amam desse jeito?Meneio a cabeça e sigo para o closet. Escolho um vestido longo preto e deixo os meus cabelos soltos, pego uma sapatilha também preta e saio do quarto depois de pronta. Olho para o corredor e não vejo ninguém. Mordo os lábios, um pouco nervosa.Será que devo sair ou não? Ando pelo corredor hesitante, desço as escadas e não encontro ninguém na sala de estar.Onde eles poderiam estar? Decido ir à cozinha e me surpreendo ao encontrá-los, ainda por cima discutindo algo que não estou por dentro. — Mas Tom… — Alex cruza os braços, com um bico nos lábios. Sorrio de leve. Ele consegue ser tão fofo quando quer.― Tom uma porra! Eu avisei que não era p
Elisabeth. ― Ah, vá se foder, Alex, você é chato pra caralho! ― Thomas fala, bem irritado com o irmão. Chegamos ao aeroporto para a nossa viagem a mais ou menos duas horas e, do nada, esses dois começaram a brigar por algo que não faço ideia do que seja. ― Pessoal, pelo amor de Deus, parem com essa briga infantil de vocês. ― Dylan ralha, um tom tão calmo que chama a atenção dos dois. ― A culpa é do Thomas, Dylan. Ele vive pegando no meu pé por coisas idiotas — Alex cruza os braços. ― Culpa minha porra nenhuma! Dylan revira os olhos, cansado dessa briga estúpida e sem sentido. ― Eu não quero saber de quem é a culpa, eu quero que vocês parem com isso agora. ― Seu tom é sério e os outros dois bufam, acatando a ordem, mas não antes de mostrarem a língua um para o outro. São mesmo infantis quando querem ser. Estamos indo para a França. Sempre quis conhecer esse lugar e parece que os meninos possuem uma casa lá, portanto, a decisão foi unânime. Todos tivemos que acordar bem ce
Elisabeth. Desapareça… ninguém vai sentir sua falta… Começo a soluçar de tanto chorar e assusto-me quando sinto alguém me abraçando, só não grito porque logo reconheço o cheiro. ― Por que está chorando, meu amor? O que está acontecendo? ― Dylan pergunta, preocupado. ― A-a-as vozes. ― Sussurro. ― Vozes? Assinto com a cabeça. ― D-d-dizendo que ninguém me ama… q-q-que eu deveria morrer. ― Gaguejo com muita dificuldade e volto a chorar, o abraçando com força. ― Meu amor, não escute essas vozes porque não é verdade. Todos nós te amamos tanto que somos capazes de fazer qualquer coisa por você. Não escute essa voz, ela está mentindo, sua vida é muito importante para nós. ― Ele beija a minha testa com carinho. ― Te amamos tanto, Elisa, lembre-se sempre disso. ― M-m-m-mas elas dizem… dizem que amei os toques daqueles homens. ― O abraço com mais força e molho a sua camisa. ― Meu amor. ― Ele passa suas mãos em meus cabelos, com carinho. ― Nós sabemos que você não gostou de nada que a
Elisabeth.Retiro-me imediatamente do jardim, sentindo uma forte dor de cabeça. Não posso estar tão louca a ponto de ficar alucinando, isso não pode acontecer, de jeito nenhum. Adentro na mansão velozmente e passo por Dylan, sem falar nada, e me esbarro em Jéssica por estar devidamente desatenta. ― Garota, que pressa é essa? ― ela pergunta, massageando o seu ombro por causa do impacto. ― N-não é nada demais. ― Desvio os meus olhos e fito o chão, não tenho coragem de encará-la, mesmo sabendo que tudo não passou de ilusão. — Só estou com dor de cabeça. Vou me deitar um pouco. ― Tudo bem, então. Tome um remédio e vá dormir. ― Ela sorri e vai embora, deixando-me sozinha no corredor. Esfrego minha testa e decido ir à biblioteca. Talvez ler algum livro possa me distrair um pouco. Ando um pouco devagar e, ao entrar, olho em volta, surpresa ao ver Lorenzo deitado no sofá de couro com as pernas para cima, de óculos de grau e lendo. Ando até ele, que tira a atenção do livro e me encara, so
Dylan Thompson. Estou no escritório resolvendo algumas coisas da máfia e logo começo a ouvir uma gritaria no andar de baixo. Que merda está acontecendo? Saio em disparada do escritório e atravesso o corredor numa velocidade inumana. — O que está havendo, pessoal? — Desço as escadas, mas paro no último degrau ao ver Elisa no chão, desacordada e com a cabeça sangrando, enquanto Alex tenta pressionar o sangue para contê-lo. — Que porra vocês estão fazendo parados aí? Temos que levá-la ao hospital imediatamente! Vamos, Lorenzo, ligue para a ambulância! — Grito, assustando-os. Não demora muito para a ambulância chegar e assisto à remoção dela com um peso chato no peito. O sangue escorre sem parar, sua pele está translúcida de tão pálida. Christopher a acompanha enquanto eu e os demais seguimos no carro logo atrás. — E Jéssica? — pergunto, sem tirar os olhos da ambulância logo à frente. — Ela saiu para dar uma volta antes de Elisa cair da escada — Alex explica. — Ela estava muito a
Elisabeth. Cinco anos depois. Sinto meus olhos muitos pesados e isso me incomoda bastante. Remexo na cama e finalmente consigo abri-los, irritando-os imediatamente com a claridade. Respiro fundo várias vezes e tento abri-los de novo, desta vez conseguindo fitar o teto branco. Eu morri? Onde estou?Pisco algumas vezes para tentar me acostumar com a claridade, e olho em volta, percebendo que estou em um lugar que se parece com quarto de hospital. Por que estou aqui? Onde estão os meninos? Ouço a porta ser aberta e olho para o lado, encontrando uma enfermeira carregando um carrinho auxiliar com um soro pequeno e mais alguns outros instrumentos, e, assim que ela me encarou, deu um grito alto, que me fez fechar os olhos devido à dor em minha cabeça. ― Meu Deus! Você finalmente acordou. ― Ela diz, toda eufórica. ― Eu já volto! Rapidamente sai do quarto, deixando-me completamente sozinha de novo. Suspiro e sinto minha garganta extremamente seca. Fico louca para beber água e comer al
Elisabeth.Continuamos olhando uma para outra, sem dar um pio. Jéssica parece travada até soltar uma lufada e agir por impulso. — Elisa? — Vem correndo até mim e me abraça com tanta força, que logo sinto suas lágrimas molharem o meu ombro. — E-e-eu senti tanto sua falta — diz, com a voz embargada. Emocionada, não controlo o meu choro e a abraço de volta. ― E-e-eu também senti muito a sua falta, amiga, muito mesmo. Nos apertamos. ― Eu já estava perdendo a esperança, Lisa. ― Solta-me com bastante cautela e segura meu rosto. — Todos os dias eu vinha aqui e nada de melhoras suas, até que os médicos disseram que você poderia não acordar mais. — Eu sinto muito por isso — sussurro e logo ela nega. — Não tem que sentir nada, amiga, não foi sua culpa. O que importa nesse momento é que você acordou! — beija minha testa. — Mas você vai demorar a ter alta, né? ― Sim, não sinto as minhas pernas direito, Jéssica. ― Ela me encara com espanto. — O médico disse que isso é normal, muito te