— Vocês são bem vindos! São convidados do soberano de Oslen! Saibam que lamento muito pela tirania de Alftór, meu pai — o rei os cumprimentou — Quais os nomes de vocês? Vejo que entre vocês há uma bruxa, um gigante e um… mago? Você é um mago? — Loen se dirigiu a Klaus, percebendo que as roupas dele eram esquisitas àquele mundo.— Uma bruxa, um gigante e um homem, senhor… — Lóbus consertou.— Outro homem em Oslen? Pode me explicar o que está acontecendo com a Terra?! — o rei parecia confuso e revoltado.— Temos muito o que conversar…— Aslie começou— Não é apenas a tirania do seu pai que está tirando a paz de Oslen e da Terra, há alguém na terra usando o poder do cristal para fazer atrocidades.— Essa denúncia é gravíssima! — o soberano se levantou — Por que acredita nisso?Klaus exibiu a tatuagem, deixando o rei perplexo:— Tenho razões suficientes para acreditar nisso.— Fez um pacto com um cysmos?! Isso é poesia báltica… — Loen analisou.— Este ser que comanda a Terra, usa o nome de
— Não. Aslie é minha! — respondeu Klaus, desconfortável.— Perdão, Klaus, eu não fazia ideia… — o homem olhava perplexo para ele — Se eles já se envolveram, é natural sentir um clima, Klaus… Jovens! Jovens se apaixonam com facilidade.— Aslie não.— Acredite no que quiser… Sorte a sua que mandei meus homens com eles — Loen provocou.— Acha mesmo que tem um “clima” entre eles? — o Sanz indagou desacreditado.— Não quero desanimá-lo, mas eu sempre acerto — Loen virava outra taça de vinho tinto.Percebendo que Klaus ficava triste com seu palpite, o rei dos baltos mudava de assunto:— Diga, Klaus. Você não parece um assassino sanguinário… Como arrumou esse pacto, essa tatuagem?— Eu queria trabalhar na fábrica de armas que meu pai trabalhava, só não sabia que era uma sociedade secreta, que meu pai era um atirador, ou que o acidente que matou meus pais era uma armação de Sarbeth.— Que imbecil contrataria o filho de um inimigo? — o rei gargalhou.— Um inimigo oculto — Klaus revelou, deixan
— Pelo visto, eu estava enganado sobre as bruxas… — Klaus parecia indignado — Ela não deixou sequer uma carta de despedida?— Não… — Amália olhava para ele com alguma tristeza.Aos poucos, Loen adentrava o cômodo:— Klaus… Você acordou! — o balto demonstrou alguma surpresa.— Eu agradeço a hospitalidade, mas eu preciso… eu devo ir embora… — Klaus disse a Loen ainda trêmulo com as notícias que recebia.— Você fica, Sanz! Você não deixa de ser bem vindo porque seus amigos quiseram ir embora.— Confesso que esse comportamento deles me pegou de surpresa, mas eu tenho uma vingança… eu não deveria ter me esquecido disso.— Nós temos uma vingança, Klaus! Eu descobri algumas coisas sobre a sua tatuagem enquanto esteve desacordado. Pelo que contou sobre a Árvore, Sarbeth está criando um exército sombrio muito superior ao meu exército.— O que descobriu sobre a minha tatuagem? — Klaus parecia curioso.— Não deve correr riscos desnecessários. Sua tatuagem implica uma servidão eterna a Sarbeth, s
O Sanz apenas permanecia envolto naquele abraço, pensando em uma forma de se desculpar com Aslie, mesmo que não a tivesse traído.— Klaus, não tem nenhuma casa de mago por aqui. Nós estamos presos nesse lugar, os bálticos que vieram conosco foram atacados — Aslie desabafou angustiada — Loen precisa saber disso!— Não, Aslie! — Klaus a conteve — Loen não é confiável! Ele planejou tudo isso.— Está dizendo que ele nos mandou aqui com seus homens para morrer?! — a bruxa se assustou.— Sim. Ele me envenenou e eu fiquei em coma por vinte dias. Quando acordei, ele disse que tinham voltado ao palácio com um mapa de fuga, que seguiriam para a Terra e que decidiram não esperar por mim.— Isso é uma grande mentira! Eu nunca deixaria você!— Me perdoe, Aslie… — Klaus se desesperou, pensando na forma como a bruxa reagiria quando soubesse sobre seu casamento diplomático.— Não é sua culpa… Por que está pedindo perdão? — Aslie estranhou.— Eu acreditei nele.— Klaus! — Aslie parecia desapontada.—
Um Jantar para MízciasKLAUS MANTINHA alguma preocupação com o pequeno mago que sumiu de maneira misteriosa em um quadro no palácio báltico. Pensava se Calisto não estava certo, se Aslie não havia cometido um erro grosseiro ao contar a Loen que ele estava vivo.Aslie olhava para as criaturas que rondavam o casebre, evitando, no entanto, fitá-las nos olhos, pois as mízcias não podem confrontar uma alma, sentem desejo de devorá-la.São seres que fazem quaisquer atrocidades em vida para elevarem-se à um grau de importância e quando condenadas a se tornarem imortais, invejam o mais pequeno dos homens, a sua fragilidade, a felicidade, os sonhos… não possuem mais uma alma e já não reconhecem nenhuma beleza na pequenez das coisas.Lóbus era medroso demais para encará-las frente à frente. Aslie tinha apenas alguns rebarbos consigo, as últimas poções que havia produzido com sementes da sementeira.A tatuagem de Klaus o tornava repelente para aquelas criaturas; ele era o único entre eles que se
— Tia! — Dário correu em direção à Marta, que chorava compulsivamente, não conseguindo acreditar que ele estava vivo.— Fico feliz que tenha encontrado sua amiga! — Klaus afirmou, dirigindo-se à Clarice.— Marta a encontrou desmaiada enquanto seguia para a padaria. Vitor realmente a estava envenenando, o que é ainda pior do que eu imaginava — a cartomante revelou.— Ele vai ter o que merece — Klaus bradou.— Eu fiquei tão preocupada… Meu filho, que bom que está vivo! — a velha abraçava o sobrinho Dário.— Como vieram parar aqui? — Morgana perguntou.— É uma longa história… — suspirou Etéro.Clarice emprestou roupas para Aslie, que caíram como uma luva. A bruxa agora vestia um vestido preto, reto, que acabava por enaltecer uma curva e outra, ficando perfeito no seu corpo.— Clarice, ainda tem aquele baralho espanhol? — Klaus perguntou, percebendo que a mulher manuseava o seu tarot de Marselha cotidiano.— Não tenho mais… — Clarice afirmou, cabisbaixa — Sinto muito, Klaus, acredito que
— Voltando a sua pergunta, Senhorita… — Carl interrompeu — Não. Mandar você com Klaus para esse fim só complicaria as coisas.— Por quê? — a bruxa indagou incrédula.— Não estamos em um conto de fadas, minha querida, um deles pode morrer e o nosso plano não pode fracassar “por amor” — o mágico concluiu — Só um tolo mandaria um casal para essa missão.— Eu não estou gostando nada disso… — Aslie resmungou.Os rapazes se olharam de relance, nenhum deles desejava morrer, mas pelo que Carl revelava, era um resultado completamente possível.— Nesse caso, eu espero ter sorte — Lóbus afirmou.— E por onde começar a procurar? — Klaus perguntou, tentando manter um semblante positivo para que a bruxa não se preocupasse com ele.— Ash vai ajudá-lo com alguma poção — respondeu Carl — Vocês vão precisar voltar para Oslen…— Está brincando que me fez sair de lá para morrer lá? — Lóbus se indignou.— Eu achava que Sarbeth morava na Terra… — Klaus estranhou.— Ele sempre morou em Oslen, não gosta de l
A Bela e a FeraMARCOS SOFRÍA AO PERCEBER que Ofélia ainda não havia partido e doía mais ainda saber que ela havia contemplado todo o seu chororô em silêncio. A paixão ainda lhe consumia o peito, mas sabia que deveria libertá-la daquele encargo que era a sua outra face, o percurso da imortalidade consumindo o seu corpo.Percebia agora que ser mortal era a única forma possível de felicidade e que a imortalidade era vazia e sádica, patética, sanguinolenta e, por muitas vezes, o impedia de assumir o controle. Pela primeira vez em doze anos, arrependia-se de maneira sincera por ter quebrado a confiança do mago, mas agora já não seria possível remediar isso, assim como não seria possível remediar a própria tragédia. O fato de ter sido enganado não alteraria a sua culpa se algo ruim acontecesse com Ofélia.Fez com que a mulher, mesmo a contragosto, fizesse a viagem de volta. Na despedida, parecia conseguir postergar sua face amável por mais alguns minutos, via a bela mulher partir sem volta