Preço CaroO HOMEM GRISALHO CHEGAVA a sala do trono e notava dessa vez que haviam dois reis à sua frente.— Marcos?! — Sarbeth exibiu alguma preocupação quanto a presença dele ali.— Soberanos… — Marcos cumprimentava gélido.— Diga… — uma deles cobrou.— Libertem Ofélia… — pediu o homem temeroso.— Então é essa a razão que o traz aqui? Essa mulher?! — o rei mascarado se revoltou.— Ela foi capturada pelo exército sombrio, Marcos, estava sob influências ruins — Loen avisou, fingindo se preocupar.— Quero que a mande de volta ao Brasil — Marcos exigiu — Ela foi até a Espanha para me procurar e eu a mandei de volta.— Nem todas as ações da Árvore dependem de uma decisão sua! — Sarbeth parecia revoltado.— Ok, Marcos, ela será mandada ao manicômio no qual foi internada no Brasil e ficará lá até a morte, como você tanto deseja — Loen decidiu, testando o homem à sua frente.— Deixe-a em paz! Eu estou cumprindo nosso acordo, não estou?! — Marcos exigiu desesperado.— De fato, está… Mas algo
— É a única forma de conseguir resolver isso? — Klaus indagou.— É, mas se não sabe… Aliester é o guardião dos aposentos de Sarbeth. Ele sequestrou a criança apenas para isso, para torná-la uma criatura assustadora que põe medo e eu diria que conseguiu…— Nesse caso, eu tenho pelo menos três vinganças a executar… O que estamos esperando? — Klaus seguiu.— Eu acho engraçada a forma como você vive disposto a arriscar tudo como se não fosse perder nada.— O fato é que, querendo ou não, eu sempre perco. Pelo menos em uma luta, minhas perdas se tornam justificáveis.Uma leva de sombras seguia ao redor deles e Klaus se abaixava ao chão puxando Marcos com ele. Era o momento em que as poções de Ash e Carl Hug deveriam brilhar.O rapaz jogou quatro das seis garrafas pequenas que estavam com ele, aliviado porque faziam efeito, temeroso porque Aslie e Lóbus não estavam com eles.Aos poucos as sombras desapareciam…Todos os meus poderesASLIE CAMINHAVA por outra área, invisível.Finalmente…Final
TraiçãoKLAUS DARIA O MELHOR de si. Loen e Sarbeth sabiam disso e era exatamente isso que os incomodava. Prosseguiam irados pelos corredores. Como seres tão poderosos se deixavam passar por uma vergonha daquelas? Deixar escapar o Sanz…E enquanto procuravam pelo Sanz topavam Lóbus à sua frente, que até tentava se desviar deles.Sarbeth tentava levantar o rapaz pelo pescoço, certificava-se de esse era bem mais pesado do que o outro.— Quem é esse? — perguntou a Loen.— O último gigante de Oslen — Lóbus resistia.—Pelo visto, somos parentes… Você não é o órfão imundo que o Lan adotou? — o rei mascarado insultou.— Órfão imundo é você! — Lóbus devolveu um soco tão forte que jogou a criatura no chão.— Vai pagar caro por isso! — a criatura corria em sua direção.— Klaus falou que você é imune às balas. Mas pelo que eu vejo, não é imune a socos bem-dados…Enquanto o gigante jogava o outro rei de um lado para o outro, Loen procurava pelo Sanz. Era vergonhoso para ele ver Sarbeth, Osme ou o
ResgatadaNA MENTE DE ASLIE, o que não era dor, era tristeza. Queria ao menos pensar que Klaus estava bem. Aos poucos, enfraquecia e era tomada por uma sede irresistível, sintoma que revelava que seu corpo perdia muito sangue.Calisto chegava como um vulto trêmulo e desesperado diante das visões que tinha a pouco, trazia Carl Hug consigo. Seria preciso muita mágica para salvá-la agora.— Aslie! Quem fez isso com você?! — o mágico se preocupou, aos poucos se dando conta que Etéro estava morto.— Dário… — Marcos Town chegava ali e se apressava a remover aquele metal dos pulsos da moça.— O que tem Dário? Ele também está em perigo?! — Carl Hug se assustou.— Dário mudou de lado… — Marcos continuava, causando espanto nos presentes — Ele foi seduzido pelas promessas de Loen. Eu os vi gargalhando pelos corredores.— Ela precisa ser levada daqui para um hospital — Carl Hug observava.— Não… Ela não pode ser levada para um hospital. Ela não é desse mundo, ela pode morrer aqui — Calisto pareci
— O que foi, Klaus? — Lóbus perguntou.— Nós já conseguimos — o rapaz olhava para baixo.— Está louco? Nós temos que procurar pelo cristal… — o gigante insistiu.— Eu já o encontrei — o Sanz evitava olhar para eles.— Klaus? — indagaram em conjunto.O rapaz descobria o peito deixando-os assustados:— Onde está a tatuagem? — a bruxa perguntava.— Está tudo no passado, infelizmente… Agora vocês são apenas memórias na minha cabeça. Vocês não existem, não é? Só existem aqui… — Klaus desabafou, acordando e se dando conta de que aquele era realmente um sonho.— É… morte, você estava certa… Eu tenho que lidar agora com alguém bem pior do que você — Klaus suspirava angustiado enquanto acordava.Até quando duraria isso?Caos internoNA CASA DE MORGANA, as mulheres estavam desoladas pelas perdas repentinas. A morte de Etéro, Dário, Marta, o sumiço de Aslie em situação tão precária, o gigante que desaparecia e Dériqui que Marcos não via em lugar algum, mesmo chamando por ele.Ofélia estava feliz
— Eu também não tenho mais a tatuagem, Sr. Town e mesmo assim tenho a impressão de que não me querem por perto, que se afastam. Sinto desanimá-lo, mas não será tão fácil reconstruirmos nossas vidas por aqui…Ofélia adentrava a sala lentamente em tom de surpresa:— Eu tenho uma boa notícia pra vocês!— O que seria, minha linda? — Marcos se empolgou.— Espero que dessa vez seja uma boa notícia mesmo — o rapaz resmungou entediado, imaginando pelo semblante dela que seria uma gravidez.— Fomos convidados para uma apresentação — a mulher parecia cheia de felicidade.— Eu não vou! — Klaus olhava para Morgana que abria a porta.— Eu garanto que não vai querer perder — a ruiva encarava-o com animação.— O que há de tão especial nessa apresentação? — Marcos indagou confuso.— “Vocês estão convidados para a reinauguração e apresentação de Carl Hug no Teatro de Bórdon” — a ruiva lia eufórica.— Não… Tem certeza que o mágico não perdeu isso por aqui? Isso deve ser velho… — Marcos estava crente de
— Se isto é sério, eu deveria ser condenado ao mízcio… — Marcos Town sentia-se culpado.— Você venceu a si mesmo, Sr. Town. A verdadeira salvação gera uma mudança verdadeira, sacrificar a si mesmo pela verdade. Diferente de muitos, você estava disposto a pagar por todos os seus erros e também pelos erros daqueles que o levaram a errar — Ash acalmava-o, enquanto Ofélia se alegrava por ele.— Se não fosse por você, eu não estaria aqui — o homem grisalho contemplava Ofélia com paixão.O pequeno mago seguia seu caminho enquanto Klaus pensava sobre tudo o que eles haviam dito.Estavam cansados da caminhada, mas rapidamente foi possível vislumbrar o Teatro de Bórdon, o grandioso Teatro de Bórdon rebuscado em tom vermelho.— Eu sempre quis trazê-lo ao teatro de Bórdon, Klaus! — Lóbus contemplou-o ao longe e correu a abraçá-lo.— É bom vê-lo novamente! — Klaus se entusiasmou — Aliás… me perdoe por não ter dado nenhuma atenção a você quando estive em posse do cristal. Se não fosse por você, eu
Um corvo faminto na minha janelaEM UM DIA QUALQUER, em uma simples janela de uma casa velha, apareceu um pequeno vulto voador: destemido, brincalhão, sério, elegante e misterioso. Poderia ser um presságio, uma premonição, um alerta, um mau agouro, como dizem, mas era apenas um corvo que queria milho.Como um bom negociador, pedia insistentemente a atenção que lhe pertencia, e eu o ignorava no início. Corvos não eram comuns ali, e eu, se bem me recordava, nunca fui fã deles.Não acreditava que pudesse me mostrar algo importante; qualquer coisa além do fato de que estava faminto e que sabia imitar meus resmungos tão bem quanto um papagaio.Como permanecia ali, trouxe um pequeno pote de milho, que ele fez questão de recusar... Agia de maneira esquisita, foi a única impressão que tive inicialmente. Mas quem era eu para dizer que um corvo agia de maneira esquisita se nunca estivera tão perto de um? A ave parecia me encarar até que eu retribuísse o olhar. Ainda que eu evitasse aquele peque