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A Bela e a Fera

MARCOS SOFRÍA AO PERCEBER que Ofélia ainda não havia partido e doía mais ainda saber que ela havia contemplado todo o seu chororô em silêncio. A paixão ainda lhe consumia o peito, mas sabia que deveria libertá-la daquele encargo que era a sua outra face, o percurso da imortalidade consumindo o seu corpo.

Percebia agora que ser mortal era a única forma possível de felicidade e que a imortalidade era vazia e sádica, patética, sanguinolenta e, por muitas vezes, o impedia de assumir o controle. Pela primeira vez em doze anos, arrependia-se de maneira sincera por ter quebrado a confiança do mago, mas agora já não seria possível remediar isso, assim como não seria possível remediar a própria tragédia. O fato de ter sido enganado não alteraria a sua culpa se algo ruim acontecesse com Ofélia.

Fez com que a mulher, mesmo a contragosto, fizesse a viagem de volta. Na despedida, parecia conseguir postergar sua face amável por mais alguns minutos, via a bela mulher partir sem volta
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