O Sanz apenas permanecia envolto naquele abraço, pensando em uma forma de se desculpar com Aslie, mesmo que não a tivesse traído.— Klaus, não tem nenhuma casa de mago por aqui. Nós estamos presos nesse lugar, os bálticos que vieram conosco foram atacados — Aslie desabafou angustiada — Loen precisa saber disso!— Não, Aslie! — Klaus a conteve — Loen não é confiável! Ele planejou tudo isso.— Está dizendo que ele nos mandou aqui com seus homens para morrer?! — a bruxa se assustou.— Sim. Ele me envenenou e eu fiquei em coma por vinte dias. Quando acordei, ele disse que tinham voltado ao palácio com um mapa de fuga, que seguiriam para a Terra e que decidiram não esperar por mim.— Isso é uma grande mentira! Eu nunca deixaria você!— Me perdoe, Aslie… — Klaus se desesperou, pensando na forma como a bruxa reagiria quando soubesse sobre seu casamento diplomático.— Não é sua culpa… Por que está pedindo perdão? — Aslie estranhou.— Eu acreditei nele.— Klaus! — Aslie parecia desapontada.—
Um Jantar para MízciasKLAUS MANTINHA alguma preocupação com o pequeno mago que sumiu de maneira misteriosa em um quadro no palácio báltico. Pensava se Calisto não estava certo, se Aslie não havia cometido um erro grosseiro ao contar a Loen que ele estava vivo.Aslie olhava para as criaturas que rondavam o casebre, evitando, no entanto, fitá-las nos olhos, pois as mízcias não podem confrontar uma alma, sentem desejo de devorá-la.São seres que fazem quaisquer atrocidades em vida para elevarem-se à um grau de importância e quando condenadas a se tornarem imortais, invejam o mais pequeno dos homens, a sua fragilidade, a felicidade, os sonhos… não possuem mais uma alma e já não reconhecem nenhuma beleza na pequenez das coisas.Lóbus era medroso demais para encará-las frente à frente. Aslie tinha apenas alguns rebarbos consigo, as últimas poções que havia produzido com sementes da sementeira.A tatuagem de Klaus o tornava repelente para aquelas criaturas; ele era o único entre eles que se
— Tia! — Dário correu em direção à Marta, que chorava compulsivamente, não conseguindo acreditar que ele estava vivo.— Fico feliz que tenha encontrado sua amiga! — Klaus afirmou, dirigindo-se à Clarice.— Marta a encontrou desmaiada enquanto seguia para a padaria. Vitor realmente a estava envenenando, o que é ainda pior do que eu imaginava — a cartomante revelou.— Ele vai ter o que merece — Klaus bradou.— Eu fiquei tão preocupada… Meu filho, que bom que está vivo! — a velha abraçava o sobrinho Dário.— Como vieram parar aqui? — Morgana perguntou.— É uma longa história… — suspirou Etéro.Clarice emprestou roupas para Aslie, que caíram como uma luva. A bruxa agora vestia um vestido preto, reto, que acabava por enaltecer uma curva e outra, ficando perfeito no seu corpo.— Clarice, ainda tem aquele baralho espanhol? — Klaus perguntou, percebendo que a mulher manuseava o seu tarot de Marselha cotidiano.— Não tenho mais… — Clarice afirmou, cabisbaixa — Sinto muito, Klaus, acredito que
— Voltando a sua pergunta, Senhorita… — Carl interrompeu — Não. Mandar você com Klaus para esse fim só complicaria as coisas.— Por quê? — a bruxa indagou incrédula.— Não estamos em um conto de fadas, minha querida, um deles pode morrer e o nosso plano não pode fracassar “por amor” — o mágico concluiu — Só um tolo mandaria um casal para essa missão.— Eu não estou gostando nada disso… — Aslie resmungou.Os rapazes se olharam de relance, nenhum deles desejava morrer, mas pelo que Carl revelava, era um resultado completamente possível.— Nesse caso, eu espero ter sorte — Lóbus afirmou.— E por onde começar a procurar? — Klaus perguntou, tentando manter um semblante positivo para que a bruxa não se preocupasse com ele.— Ash vai ajudá-lo com alguma poção — respondeu Carl — Vocês vão precisar voltar para Oslen…— Está brincando que me fez sair de lá para morrer lá? — Lóbus se indignou.— Eu achava que Sarbeth morava na Terra… — Klaus estranhou.— Ele sempre morou em Oslen, não gosta de l
A Bela e a FeraMARCOS SOFRÍA AO PERCEBER que Ofélia ainda não havia partido e doía mais ainda saber que ela havia contemplado todo o seu chororô em silêncio. A paixão ainda lhe consumia o peito, mas sabia que deveria libertá-la daquele encargo que era a sua outra face, o percurso da imortalidade consumindo o seu corpo.Percebia agora que ser mortal era a única forma possível de felicidade e que a imortalidade era vazia e sádica, patética, sanguinolenta e, por muitas vezes, o impedia de assumir o controle. Pela primeira vez em doze anos, arrependia-se de maneira sincera por ter quebrado a confiança do mago, mas agora já não seria possível remediar isso, assim como não seria possível remediar a própria tragédia. O fato de ter sido enganado não alteraria a sua culpa se algo ruim acontecesse com Ofélia.Fez com que a mulher, mesmo a contragosto, fizesse a viagem de volta. Na despedida, parecia conseguir postergar sua face amável por mais alguns minutos, via a bela mulher partir sem volta
Preço CaroO HOMEM GRISALHO CHEGAVA a sala do trono e notava dessa vez que haviam dois reis à sua frente.— Marcos?! — Sarbeth exibiu alguma preocupação quanto a presença dele ali.— Soberanos… — Marcos cumprimentava gélido.— Diga… — uma deles cobrou.— Libertem Ofélia… — pediu o homem temeroso.— Então é essa a razão que o traz aqui? Essa mulher?! — o rei mascarado se revoltou.— Ela foi capturada pelo exército sombrio, Marcos, estava sob influências ruins — Loen avisou, fingindo se preocupar.— Quero que a mande de volta ao Brasil — Marcos exigiu — Ela foi até a Espanha para me procurar e eu a mandei de volta.— Nem todas as ações da Árvore dependem de uma decisão sua! — Sarbeth parecia revoltado.— Ok, Marcos, ela será mandada ao manicômio no qual foi internada no Brasil e ficará lá até a morte, como você tanto deseja — Loen decidiu, testando o homem à sua frente.— Deixe-a em paz! Eu estou cumprindo nosso acordo, não estou?! — Marcos exigiu desesperado.— De fato, está… Mas algo
— É a única forma de conseguir resolver isso? — Klaus indagou.— É, mas se não sabe… Aliester é o guardião dos aposentos de Sarbeth. Ele sequestrou a criança apenas para isso, para torná-la uma criatura assustadora que põe medo e eu diria que conseguiu…— Nesse caso, eu tenho pelo menos três vinganças a executar… O que estamos esperando? — Klaus seguiu.— Eu acho engraçada a forma como você vive disposto a arriscar tudo como se não fosse perder nada.— O fato é que, querendo ou não, eu sempre perco. Pelo menos em uma luta, minhas perdas se tornam justificáveis.Uma leva de sombras seguia ao redor deles e Klaus se abaixava ao chão puxando Marcos com ele. Era o momento em que as poções de Ash e Carl Hug deveriam brilhar.O rapaz jogou quatro das seis garrafas pequenas que estavam com ele, aliviado porque faziam efeito, temeroso porque Aslie e Lóbus não estavam com eles.Aos poucos as sombras desapareciam…Todos os meus poderesASLIE CAMINHAVA por outra área, invisível.Finalmente…Final
TraiçãoKLAUS DARIA O MELHOR de si. Loen e Sarbeth sabiam disso e era exatamente isso que os incomodava. Prosseguiam irados pelos corredores. Como seres tão poderosos se deixavam passar por uma vergonha daquelas? Deixar escapar o Sanz…E enquanto procuravam pelo Sanz topavam Lóbus à sua frente, que até tentava se desviar deles.Sarbeth tentava levantar o rapaz pelo pescoço, certificava-se de esse era bem mais pesado do que o outro.— Quem é esse? — perguntou a Loen.— O último gigante de Oslen — Lóbus resistia.—Pelo visto, somos parentes… Você não é o órfão imundo que o Lan adotou? — o rei mascarado insultou.— Órfão imundo é você! — Lóbus devolveu um soco tão forte que jogou a criatura no chão.— Vai pagar caro por isso! — a criatura corria em sua direção.— Klaus falou que você é imune às balas. Mas pelo que eu vejo, não é imune a socos bem-dados…Enquanto o gigante jogava o outro rei de um lado para o outro, Loen procurava pelo Sanz. Era vergonhoso para ele ver Sarbeth, Osme ou o