Kate Ferreira
Selena dançava ao nosso lado como se não houvesse amanhã, enquanto Clara ria do exagero da nossa amiga. Eu, apesar de hesitar antes de aceitar o convite para sair, estava feliz por ter vindo. Fazia tempo que eu não me soltava assim. A música alta fazia meu corpo reagir naturalmente, balançando no ritmo. Os olhares ao redor eram inevitáveis, mas eu estava focada em me divertir.
Então, comecei a passar meus olhos pelo lugar, observando as pessoas e quem sabe alguém interessante, mas meus olhos pararam em uma pessoa específica. Na área VIP, Ricardo estava sentado com mais dois homens, rindo de algo que um deles falava. Ele parecia tão à vontade, tão no controle, que por um instante me peguei admirando a forma como ele dominava o ambiente sem esforço. Meu olhar demorou um pouco mais do que deveria, e foi quando percebi que ele estava olhando de volta. Aquele olhar direto, penetrante, como se pudesse desvendar tudo o que eu tentava esconder.
— Kate, você tá bem? — Clara perguntou, cutucando meu braço.
— Tô... É que... — Hesitei antes de continuar, me inclinando levemente para perto delas. — Ricardo também tá aqui.
Clara não perdeu tempo e virou o rosto na direção que eu apontei, enquanto Selena soltava uma risadinha.
— Ricardo é aquele seu chefe gostoso? — Selene perguntou e concordei, fazendo ela rir maliciosa.
— E daí? Por que você tá assim, toda impactada? — Clara perguntou, com um tom provocador.
— Não tô impactada — retruquei, mas minha voz não saiu tão firme quanto eu gostaria.
Clara deu uma risada curta, balançando a cabeça.
— Ah, para, Kate. Todo mundo no trabalho já percebeu o jeito que ele te olha. Esse homem é louco por você.
— Louco por mim? — Revirei os olhos, tentando disfarçar o desconforto. — Vocês tão vendo coisa onde não tem.
— Será? — Selena arqueou a sobrancelha, com um sorriso travesso. — Ou será que você tá fingindo que não percebe?
— Vocês tão viajando — insisti, tentando acabar com a conversa.
Mesmo enquanto negava, era impossível ignorar o olhar constante de Ricardo na minha direção. Ele não disfarçava, e aquilo mexia comigo mais do que eu queria admitir.
Depois de um tempo dançando, decidi buscar mais bebidas. Gostava de cuidar das minhas amigas nessas noites e me ofereci para ir ao bar. Caminhei até o balcão e pedi um balde com algumas garrafas. Enquanto esperava, senti alguém se aproximar.
— Oi, gata. Tá sozinha?
Virei o rosto e encontrei um homem que, embora não fosse feio, tinha uma expressão prepotente e um sorriso ensaiado.
— Tô com minhas amigas — respondi, tentando ser breve.
Ele ignorou completamente minha resposta e se inclinou mais para perto.
— Ah, mas eu aposto que elas não vão se importar se eu te roubar por uns minutos.
Antes que eu pudesse responder, uma voz masculina e grave veio de trás de mim.
— Ela não tá interessada.
Eu sabia quem era antes mesmo de me virar. O arrepio que percorreu meu corpo não deixava dúvidas.
Ricardo estava parado ao meu lado, os braços cruzados e um olhar firme direcionado ao homem. A presença dele era intimidadora, e o desconhecido não demorou a recuar, murmurando algo inaudível antes de desaparecer no meio da multidão.
Ainda tentando entender o que acabara de acontecer, me virei para Ricardo, confusa.
— Quê que foi isso?
Ele descruzou os braços, os olhos descendo brevemente pelo meu corpo antes de voltar ao meu rosto.
— Só achei ele com cara de idiota.
— E o que isso tem a ver comigo? — Cruzei os braços, encarando-o.
— Você não merece um cara assim — respondeu, sério.
Arqueei a sobrancelha, intrigada. — Ah, é? E, na sua opinião, que tipo de homem eu mereço?
Ele deu um passo à frente, aproximando-se mais do que deveria.
— Alguém que te admire de verdade. Que saiba o quanto você é incrível e que não te trate como uma conquista fácil. Especificamente um homem de um metro e noventa e três, com músculos, um cabelo castanho e olhos verdes.
Minha respiração falhou por um momento, mas mantive a compostura.
— Tá falando de alguém específico?
Um sorriso de canto surgiu em seu rosto.
— Talvez.
Eu ri, incrédula, balançando a cabeça.
— Você tá brincando, né?
— Eu não brinco sobre coisas importantes.
O tom sério na voz dele me deixou sem palavras. O que ele queria dizer com aquilo? Por que estava dizendo isso agora? Por que esses flertes não estão parecendo apenas brincadeira?
Antes que eu pudesse perguntar mais alguma coisa, ele quebrou o silêncio:
— O que foi? O gato comeu a sua língua?
Soltei uma risada sem graça antes de responder — Tenho que voltar pra minhas amigas!
Peguei o balde com as bebidas e caminhei de volta para a mesa antes que ele dissesse mais alguma coisa que me deixasse ainda mais confusa, minha cabeça estava uma bagunça. Ricardo não era o tipo de homem que fazia esse tipo de coisa, mas, de alguma forma, ele tinha me defendido de um desconhecido e, de quebra, praticamente me dito que eu merecia algo... mais.
Enquanto Clara e Selena riam e bebiam, olhei de relance para a área VIP. Ele estava de volta ao seu grupo, mas seus olhos não estavam nos amigos. Eles estavam em mim.
Desviei meu olhar, voltando para Clara e Selena, que pareciam competir quem bebia uma dose de uísque primeiro. Peguei um copo e entrei na brincadeira. Depois de um tempo bebendo, as meninas resolveram ir no banheiro, e eu fiquei para cuidar das nossas coisas.
A festa parecia perfeita, gente bonita, música boa, um clima de pura diversão, mas eu não conseguia parar de pensar em Ricardo. Por mais que eu quisesse negar, o olhar dele tinha ficado na minha cabeça.
De repente, senti uma presença ao meu lado. Quando virei o rosto, lá estava ele. Com aquele sorriso provocador e os olhos que me analisavam sem disfarçar nada.
— Tá tentando fugir de mim, Kate? — Ele perguntou, a voz carregada de ironia.
— Fugir? Por que eu fugiria de você? — Retruquei, tentando soar casual, mas meu coração estava disparado.
Ele deu uma risada curta, daquele jeito que só ele conseguia fazer, como se soubesse de algo que eu não sabia.
— Só achei que você tava quieta demais pra alguém que veio se divertir
— Tava aproveitando o momento sozinha.
Ele se inclinou ligeiramente, apoiando uma mão no encosto da cadeira ao meu lado, diminuindo ainda mais a distância entre nós.
— Pode ser, mas acho que esse clima não combina muito com você.
Levantei uma sobrancelha, tentando manter a pose.
— E o que combina comigo, então?
— Tudo isso que você é. — Ele apontou com o olhar, subindo e descendo discretamente, como se me analisasse por completo. — Uma mulher que chama atenção sem nem precisar tentar.
O ar parecia mais quente de repente. Eu engoli seco, tentando não deixar que ele percebesse o efeito das palavras.
— Você tem uma forma interessante de falar as coisas, Ricardo. Parece ensaiado.
Ele riu de novo, dessa vez mais baixo, quase um sussurro.
— Isso não é ensaio, Kate. É só você.
Antes que eu pudesse responder, ele se aproximou mais um pouco.
— Posso te perguntar uma coisa? — Perguntou colando nossos corpos, pude sentir seu hálito bem perto de mim.
— Pode — falei, meio sem pensar, tentando entender onde ele queria chegar.
— Posso te beijar, Kate? — a pergunta soava autoritária, enquanto ele aproximava o rosto do meu.
Minha mente congelou por um instante. Ele não estava brincando, nem provocando. Aquilo era uma pergunta direta, e o jeito como ele olhava pra mim deixava claro que a decisão era minha.
Eu não respondi de imediato, mas não desviei o olhar. E então, com um leve movimento de cabeça, consenti.
Ele não hesitou. A mão dele foi para minha cintura, puxando-me para perto. Seus lábios encontraram os meus, e tudo ao redor desapareceu. O beijo começou lento, como se ele estivesse experimentando, mas logo se tornou mais intenso, mais urgente, cheio de fogo.
Minhas mãos subiram para os ombros dele, e eu senti o calor que vinha do corpo dele. A forma como ele me segurava era ao mesmo tempo firme e cuidadosa, como se soubesse exatamente o que estava fazendo.
E, claro, ele sabia.
Quando finalmente nos afastamos, eu estava sem fôlego. Ricardo me olhou com um sorriso satisfeito, enquanto ainda mantinha uma das mãos na minha cintura, descendo para minha bundå
— Você não me escapava hoje, Kate. — ele disse, a voz rouca, carregada de algo que parecia desejo misturado com certeza.
Antes que eu pudesse responder, ele deu um passo para trás, passando uma mão pelos cabelos e lançando um último olhar intenso.
— Aproveita sua noite, Kate.
E então ele foi embora, deixando-me ali, com o gosto do beijo ainda nos lábios e uma confusão de pensamentos.
Poucos segundos depois, Clara e Selena voltaram para a mesa. Selena estava animada como sempre, mas foi Clara quem percebeu algo estranho no meu rosto.
— O que foi? Tá com uma cara... diferente.
— Nada. — Tentei sorrir, mas não convenci.
— Ah, conta logo. O que foi? Quem tava aqui? — Clara insistiu.
Suspirei.
— Ricardo.
Selena arregalou os olhos, e Clara levou a mão à boca, chocada.
— O quê? — Clara praticamente gritou. — Ele tava aqui? O que ele queria?
— Só... conversar. — Dei de ombros, tentando minimizar o que tinha acabado de acontecer.
Mas enquanto elas especulavam, minha cabeça estava a mil. O que aquilo significava? O que ele queria realmente?
E, mais importante: como isso ia complicar as coisas entre nós no trabalho?
Ricardo SantanaA caminho da empresa, minha mente estava presa à noite anterior. O som alto, as luzes piscando, o calor abafado da pista de dança... e, claro, Kate. Aquela mulher tinha um jeito de me desarmar que ninguém mais tinha.Lembrei do momento em que a segurei pela cintura, do gosto dos lábios dela. Foi difícil me conter, parar por ali. Mas eu sabia que deixar aquilo ir além seria um problema — não só para o trabalho, mas também para o controle que eu me orgulhava tanto de ter. Kate era minha funcionária, e cruzar essa linha complicaria tudo, mesmo que cada fibra do meu corpo quisesse fazer exatamente isso.Cheguei na empresa mais cedo do que o normal, precisando ocupar minha mente com qualquer coisa que não fosse a lembrança daquele beijo. Subi para minha sala, passei um café forte e me sentei para revisar os relatórios do mês. No entanto, por mais que tentasse me concentrar, minha mente voltava sempre para ela. Kate. Ela era mais do que atraente; tinha algo nela que fazia qu
Kate Ferreira Eu estava sentada no meio da minha cama, cercada por roupas, sapatos e acessórios, tentando organizar a mala para passar uma semana em Los Angeles. Apesar do caos, havia uma animação em mim que eu não conseguia conter. Sempre achei Los Angeles uma cidade incrível, com suas praias, palmeiras e aquele glamour que parecia saído direto dos filmes. Já tinha viajado para o exterior antes, mas nunca para lá. Era como realizar mais um pequeno sonho.Enquanto dobrava uma blusa, minha mente começou a divagar. O último mês tinha sido uma verdadeira loucura na empresa. Os preparativos para o desfile tomaram conta de todos, e parecia que ninguém tinha tempo para respirar. Cada setor estava trabalhando no limite, e eu não era exceção. Campanhas publicitárias, ajustes nas redes sociais, planejamento de estratégias para impulsionar a marca... tudo recaía sobre meus ombros e da minha equipe.E, claro, havia Ricardo.Desde aquele dia na empresa, nosso contato mudou. Ele parecia mais dist
Kate Ferreira O aeroporto estava movimentado, comosempre, e a energia no ar parecia diferente. Era empolgante pensar que estávamos prestes a embarcar para Los Angeles. Quando avistei o grupo da empresa, caminhei até eles com minha mala de rodinhas, notando como o entusiasmo era geral. Clara estava entre os primeiros a me ver e, com seu jeito animado, correu até mim.— Finalmente, Kate! Achei que ia perder o voo! — brincou, me puxando para um abraço.— Jamais. Você sabe que eu sempre chego no limite do horário, mas nunca atrasada. — pisquei para ela, rindo.O grupo foi se reunindo na área de embarque. Vi Ricardo conversando com alguns dos diretores de área, sempre com aquela postura impecável. Tentei não reparar demais nele, mas meu olhar parecia ter vontade própria. Ele usava uma jaqueta casual e jeans, uma combinação simples, mas que nele parecia perfeita.Depois de toda a burocracia do embarque, finalmente estávamos dentro do avião. Clara e eu nos sentamos juntas, como já havíamos
Ricardo SantanaEra cedo quando saímos do hotel em direção ao local da sessão de fotos. A atmosfera no carro estava animada, com a equipe comentando sobre as expectativas para o desfile e as possibilidades de expansão da marca. Eu, no entanto, me mantinha mais calado, revisando mentalmente os detalhes da produção e da logística. Precisávamos que tudo saísse perfeito, e qualquer falha poderia comprometer nossa imagem.Ao chegarmos ao estúdio fotográfico, fomos recepcionados por um dos diretores do evento, um homem mais ou menos da minha idade com um olhar atento e postura confiante. Ele nos guiou até o espaço onde a mágica aconteceria: uma área ampla, com iluminação impecável, câmeras de última geração e várias modelos já posicionadas para começarem os testes de figurino.— Vamos escolher as peças e atribuir às modelos — anunciei à equipe, deixando claro que precisávamos ser eficientes.Kate estava ali, ao lado de Clara e de alguns outros membros do marketing. Apesar de estar focada no
Kate FerreiraOrganizar um desfile de alta importância como esse era um trabalho monumental. Cada detalhe, desde a escolha das peças que iriam para a passarela até os mínimos ajustes na iluminação, precisava ser discutido e aprovado. Eu estava imersa na preparação, analisando relatórios, sugerindo ajustes e tentando manter a equipe motivada. Apesar do ritmo intenso, era algo que eu adorava. Sentia que estava no meu elemento.Estávamos na sala de reuniões temporária do local do evento, revisando os últimos pontos antes do grande dia. Clara estava ao meu lado, revisando a lista de modelos confirmadas, enquanto outros membros da equipe traziam atualizações sobre cenários, música e logística. A energia na sala era elétrica, com pessoas falando ao mesmo tempo, tentando solucionar problemas de última hora.E, claro, Ricardo estava lá. Sentado na ponta da mesa, sua postura impecável transmitia autoridade, mas seu olhar severo deixava claro que ele estava no limite da paciência. Ele ouvia ate
Kate FerreiraEra um dia antes do grande desfile, mas o clima entre a equipe estava leve. Ricardo, em uma decisão surpreendente, resolveu nos dar algumas horas livres. Ele parecia entender que o ritmo intenso dos últimos dias havia nos esgotado. O anúncio foi recebido com sorrisos e murmúrios de alívio, e logo todos se espalharam pela cidade.Eu e Clara resolvemos visitar uma famosa feira de rua que ficava a poucos quilômetros do hotel. Era algo que ambas queríamos experimentar: o cenário colorido, os aromas de comida exótica e o artesanato local. Clara estava radiante, tirando fotos de tudo e comprando pequenas lembranças, enquanto eu caminhava ao lado dela, tentando manter o mesmo entusiasmo.Mas minha mente estava longe. Cada passo entre as barracas era uma batalha para afastar o turbilhão de pensamentos que Ricardo havia provocado desde aquela maldita reunião.— Você está muito quieta — Clara comentou, parando ao meu lado enquanto examinava uma pulseira feita à mão. — Isso não é c
Ricardo SantanaO dia do desfile finalmente chegou, e a tensão no ar era quase palpável. Cada detalhe precisava estar impecável, desde a iluminação até os ajustes de última hora nas peças de lingerie. Eu deveria estar focado em garantir que tudo saísse como planejado, mas havia algo – ou melhor, alguém – que constantemente roubava minha atenção.Kate.Ela estava absolutamente deslumbrante. Um vestido longo e colado ao corpo destacava suas curvas de maneira elegante. O cabelo estava preso em um penteado sofisticado, revelando o pescoço delicado, e os acessórios brilhavam sob as luzes do evento. Ela parecia uma visão, quase como se tivesse saído diretamente de uma revista de moda.Eu não era o único que tinha notado. Por onde passava, Kate recebia olhares e sussurros admirados. Mas o que me incomodava não era o fato de outros homens repararem nela. Era a forma como ela parecia tão alheia a tudo isso, como se sua beleza não fosse algo que ela usasse para atrair atenção, mas uma extensão
Kate Ferreira Acordei com os primeiros raios de sol entrando pela cortina fina do quarto. Assim que abri os olhos, a memória da noite anterior inundou minha mente. O beijo. O toque de Ricardo. Sua intensidade. Tudo aquilo ainda fazia meu corpo arrepiar, mesmo que eu tentasse afastar esses pensamentos.Eu não podia negar que ele mexia comigo. A forma como seus olhos pareciam enxergar direto através de mim, como suas mãos seguraram minha cintura com tanta firmeza, como seu cheiro ainda parecia estar impregnado em mim... Mas eu sabia que precisava colocar um freio nisso. Ricardo Santana era o tipo de homem que nunca foi comprometido com ninguém, e eu não estava disposta a ser apenas mais uma história passageira na vida dele.Suspirei e decidi não pensar mais nisso. Tínhamos um voo marcado para a madrugada e precisávamos organizar tudo antes de deixar Los Angeles. Levantei-me, tentando ignorar a pequena pontada de frustração que insistia em permanecer no fundo da minha mente.Clara e Ana