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Capítulo 02 - Testando os Produtos

Kate Ferreira

O som da porta se abrindo de repente me tirou dos meus pensamentos. Ainda com o vibrador em mãos, ergui os olhos e dei de cara com Ricardo entrando na sala. Por reflexo, congelei, como se ele fosse um ladrão flagrando-me em um crime.

— Kate... — Ele parou no meio do caminho, seus olhos imediatamente pousando no objeto em minhas mãos. Uma expressão de surpresa, seguida por uma diversão contida, passou por seu rosto. — Estou interrompendo algo?

Minha mente disparou em pânico, e senti o rosto esquentar. Largando o vibrador de volta na sacola, ergui as mãos em uma tentativa de parecer despreocupada.

— Não é o que parece! — soltei, talvez rápido demais.

Ricardo cruzou os braços e arqueou uma sobrancelha, um sorriso dançando nos cantos dos lábios.

— Não é o que parece? Então me explique o que parece.

Respirei fundo, tentando soar profissional e não como uma adolescente pega no flagra.

— Isso foi ideia da equipe de jornalismo. Eles querem que algumas mulheres aqui da empresa testem os novos produtos e escrevam sobre a experiência. — Fiz um gesto vago na direção da sacola. — Não foi algo que eu escolhi, ok?

Ele deu um passo à frente, analisando-me com aquele olhar sério, mas com uma pitada de diversão.

— Bem, considerando o tipo de empresa em que trabalhamos, não parece tão absurdo.

— Exatamente! — respondi, agarrando-me à oportunidade de desviar o foco do meu embaraço. — Somos uma empresa que vende esse tipo de coisa, então, tecnicamente, faz sentido.

Ele sorriu, aquele sorriso que fazia meu coração tropeçar, e me encarou com uma intensidade que me deixava sem chão.

— Se precisar de ajuda, Kate, é só me chamar.

A proposta, ainda que dita em tom de brincadeira, foi como um choque de eletricidade. Meu cérebro tentou processar a frase enquanto eu lutava para parecer natural. Um flerte falso saiu antes que eu pudesse pensar.

— Você está se oferecendo para me ajudar a testar os produtos, chefe?

Ricardo riu, o som profundo e contagiante ecoando pela sala. Ele balançou a cabeça, como se não esperasse nada menos de mim.

— Você sempre tem uma resposta na ponta da língua, não é?

— Parte do meu charme. — dei de ombros, tentando esconder o alívio de vê-lo levar tudo na brincadeira.

Ele caminhou até minha mesa, colocando alguns papéis sobre ela.

— Aqui estão alguns relatórios que quero que você revise e também os horários dos ensaios fotográficos de amanhã. Quero que tudo esteja pronto, sem imprevistos.

Assenti, pegando os papéis e tentando ignorar a proximidade dele.

— Tudo certo. Vou revisar tudo ainda hoje.

— Ótimo. — Ele deu outro daqueles sorrisos desconcertantes antes de se virar para sair. Ao chegar à porta, parou e olhou por cima do ombro. — E, Kate... Boa sorte com a sacola.

Eu não sabia se queria rir ou me esconder embaixo da mesa. Assim que a porta se fechou atrás dele, deixei escapar um suspiro e desabei na cadeira. Aquele homem era uma mistura perigosa de charme e mistério, e cada interação com ele parecia me deixar mais envolvida.

Olhando novamente para a sacola, balancei a cabeça, incrédula com o rumo que meu dia havia tomado. Se o ensaio fotográfico de amanhã prometia ser um desafio, aquela sacola era um lembrete de que eu já estava bem fora da minha zona de conforto. E, de alguma forma, Ricardo sempre parecia estar no centro de tudo isso.

...

O sol começava a se pôr quando entrei no carro e ajustei o espelho retrovisor, encarando meu reflexo por um breve momento. Soltei um suspiro cansado, mas satisfeito. Apesar do caos do dia, eu havia cumprido todas as demandas. A caminho de casa, aproveitei o trânsito lento típico de São Paulo para pensar na cidade.

Eu amava São Paulo. A energia pulsante, os prédios imponentes que pareciam tocar o céu e a sensação de que tudo era possível. Essa cidade tinha se tornado meu lar, mas às vezes, principalmente em dias mais introspectivos, sentia falta de Santos, minha cidade natal. Crescer perto do mar havia moldado uma parte essencial de quem eu era. Eu sentia falta do cheiro salgado no ar, do som das ondas quebrando e do pôr do sol refletindo no horizonte. Mas, ao mesmo tempo, os prédios ao meu redor pareciam me abraçar, oferecendo um tipo diferente de conforto.

Cheguei ao meu prédio, um edifício moderno em um bairro movimentado. Meu apartamento era pequeno, mas confortável. No momento em que abri a porta, fui recebida por Merlin, meu gato preto e rechonchudo, que se esfregou nas minhas pernas, exigindo atenção.

— Oi, meu amor! Como você está? — perguntei e obtive um miado de resposta — Tive um dia longo, mas aposto que o seu foi mais tranquilo. — Disse enquanto largava a bolsa no sofá e me abaixava para acariciá-lo. Ele miou em resposta, como se concordasse.

Passei pela sala, que era decorada com móveis em tons neutros, com algumas peças coloridas aqui e ali. A estante de livros ocupava a parede principal, cheia de romances e obras de marketing, enquanto um sofá confortável e uma poltrona compunham o ambiente. A cozinha integrada dava um toque acolhedor ao espaço, e as plantas que cultivava perto da janela davam um ar de vida ao lugar.

Depois de alimentar Merlin, fui para o quarto, que era o meu espaço mais pessoal. A cama grande, com lençóis de algodão branco, e uma parede com quadros minimalistas traziam tranquilidade. Deixei a sacola com os produtos da empresa em cima da cama, uma lembrança silenciosa do que eu teria que enfrentar em breve.

Decidi que um banho quente seria perfeito para relaxar. Entrei no banheiro, onde os azulejos brancos contrastavam com o piso preto, e liguei o chuveiro. Deixei a água quente escorrer pelo meu corpo, lavando não apenas a tensão do dia, mas também os pensamentos sobre Ricardo, que insistiam em invadir minha mente. Ele era meu chefe, afinal. E pensar nele daquele jeito só complicava as coisas.

Depois de me enxugar, enrolei uma toalha no cabelo e vesti meu roupão de seda. Ainda com os ombros relaxados pelo banho, voltei ao quarto e me deparei com a sacola novamente. Ela estava ali, me encarando como um desafio.

Caminhei até a cama e sentei na beirada, abrindo a sacola com curiosidade. Meu olhar percorreu os itens: óleos, vibradores de diferentes tamanhos e formatos, lubrificantes e géis comestíveis. Peguei o óleo vibrador, intrigada. O rótulo prometia sensações inéditas e uma experiência única.

— Bem, já que faz parte do trabalho... — murmurei para mim mesma, abrindo o frasco.

Coloquei um pouco do óleo na palma da mão e passei na pele do meu braço, sentindo uma leve vibração acompanhada de uma onda de calor que parecia intensificar as sensações. Era curioso e, ao mesmo tempo, tentador. Em seguida passei em cima do meu clitórįs. Sentindo a região vibrar e trazer uma ótima sensação.

Antes que pudesse pensar demais, peguei um dos vibradores menores da sacola. Ele era discreto, mas sofisticado, com um design minimalista. Liguei-o e um zumbido suave preencheu o quarto.

Deitei-me na cama, sentindo meu coração acelerar levemente. Fechei os olhos e deixei o vibrador tocar meu clitórįs. A sensação foi imediata, uma onda de prazer que fez meu corpo se arquear levemente.

E então, sem querer, minha mente foi parar nele. Ricardo.

Imaginei suas mãos grandes e firmes tocando minha pele, seu olhar intenso fixo em mim, sua boca sussurrando palavras que eu nem sabia que precisava ouvir. A fantasia parecia tão real que minha respiração ficou ofegante, e meus dedos apertaram os lençóis ao meu lado.

Na minha imaginação, ele estava sobre mim, sua presença quente e imponente. Ele beijava meu pescoço, seus lábios traçando um caminho de fogo até minha boca. Eu podia quase sentir o toque dele, forte e ao mesmo tempo delicado, como se soubesse exatamente o que eu queria.

A intensidade do vibrador aumentava as sensações, e minha mente mergulhava ainda mais fundo naquela fantasia proibida. Ricardo puxava meu cabelo de leve, suas mãos explorando cada parte de mim, e eu me entregava a ele sem reservas.

A tensão no meu corpo alcançou o ápice, e uma onda de prazer arrebatadora tomou conta de mim. Respirei fundo, tentando voltar à realidade, enquanto desligava o vibrador e o colocava de lado.

Olhei para o teto, ainda ofegante, e senti uma mistura de satisfação e vergonha. Eu não podia continuar pensando nele assim. Ele era meu chefe, e eu sabia que nada bom poderia sair disso.

Levantei-me, guardando os produtos de volta na sacola, como se tentar escondê-los pudesse também apagar os pensamentos que me assombravam. Merlin pulou na cama e se aninhou ao meu lado, como se soubesse que eu precisava de conforto.

— Acho que isso vai ser mais difícil do que eu imaginava, filho. — murmurei, acariciando sua cabeça.

Olhando pela janela, para a imensidão de prédios que me cercavam, prometi a mim mesma que manteria o controle. Mas no fundo, uma parte de mim sabia que Ricardo estava se tornando mais do que apenas meu chefe. Ele era meu desejo mais proibido.

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