Kate Ferreira
O som da porta se abrindo de repente me tirou dos meus pensamentos. Ainda com o vibrador em mãos, ergui os olhos e dei de cara com Ricardo entrando na sala. Por reflexo, congelei, como se ele fosse um ladrão flagrando-me em um crime. — Kate... — Ele parou no meio do caminho, seus olhos imediatamente pousando no objeto em minhas mãos. Uma expressão de surpresa, seguida por uma diversão contida, passou por seu rosto. — Estou interrompendo algo? Minha mente disparou em pânico, e senti o rosto esquentar. Largando o vibrador de volta na sacola, ergui as mãos em uma tentativa de parecer despreocupada. — Não é o que parece! — soltei, talvez rápido demais. Ricardo cruzou os braços e arqueou uma sobrancelha, um sorriso dançando nos cantos dos lábios. — Não é o que parece? Então me explique o que parece. Respirei fundo, tentando soar profissional e não como uma adolescente pega no flagra. — Isso foi ideia da equipe de jornalismo. Eles querem que algumas mulheres aqui da empresa testem os novos produtos e escrevam sobre a experiência. — Fiz um gesto vago na direção da sacola. — Não foi algo que eu escolhi, ok? Ele deu um passo à frente, analisando-me com aquele olhar sério, mas com uma pitada de diversão. — Bem, considerando o tipo de empresa em que trabalhamos, não parece tão absurdo. — Exatamente! — respondi, agarrando-me à oportunidade de desviar o foco do meu embaraço. — Somos uma empresa que vende esse tipo de coisa, então, tecnicamente, faz sentido. Ele sorriu, aquele sorriso que fazia meu coração tropeçar, e me encarou com uma intensidade que me deixava sem chão. — Se precisar de ajuda, Kate, é só me chamar. A proposta, ainda que dita em tom de brincadeira, foi como um choque de eletricidade. Meu cérebro tentou processar a frase enquanto eu lutava para parecer natural. Um flerte falso saiu antes que eu pudesse pensar. — Você está se oferecendo para me ajudar a testar os produtos, chefe? Ricardo riu, o som profundo e contagiante ecoando pela sala. Ele balançou a cabeça, como se não esperasse nada menos de mim. — Você sempre tem uma resposta na ponta da língua, não é? — Parte do meu charme. — dei de ombros, tentando esconder o alívio de vê-lo levar tudo na brincadeira. Ele caminhou até minha mesa, colocando alguns papéis sobre ela. — Aqui estão alguns relatórios que quero que você revise e também os horários dos ensaios fotográficos de amanhã. Quero que tudo esteja pronto, sem imprevistos. Assenti, pegando os papéis e tentando ignorar a proximidade dele. — Tudo certo. Vou revisar tudo ainda hoje. — Ótimo. — Ele deu outro daqueles sorrisos desconcertantes antes de se virar para sair. Ao chegar à porta, parou e olhou por cima do ombro. — E, Kate... Boa sorte com a sacola. Eu não sabia se queria rir ou me esconder embaixo da mesa. Assim que a porta se fechou atrás dele, deixei escapar um suspiro e desabei na cadeira. Aquele homem era uma mistura perigosa de charme e mistério, e cada interação com ele parecia me deixar mais envolvida. Olhando novamente para a sacola, balancei a cabeça, incrédula com o rumo que meu dia havia tomado. Se o ensaio fotográfico de amanhã prometia ser um desafio, aquela sacola era um lembrete de que eu já estava bem fora da minha zona de conforto. E, de alguma forma, Ricardo sempre parecia estar no centro de tudo isso. ... O sol começava a se pôr quando entrei no carro e ajustei o espelho retrovisor, encarando meu reflexo por um breve momento. Soltei um suspiro cansado, mas satisfeito. Apesar do caos do dia, eu havia cumprido todas as demandas. A caminho de casa, aproveitei o trânsito lento típico de São Paulo para pensar na cidade. Eu amava São Paulo. A energia pulsante, os prédios imponentes que pareciam tocar o céu e a sensação de que tudo era possível. Essa cidade tinha se tornado meu lar, mas às vezes, principalmente em dias mais introspectivos, sentia falta de Santos, minha cidade natal. Crescer perto do mar havia moldado uma parte essencial de quem eu era. Eu sentia falta do cheiro salgado no ar, do som das ondas quebrando e do pôr do sol refletindo no horizonte. Mas, ao mesmo tempo, os prédios ao meu redor pareciam me abraçar, oferecendo um tipo diferente de conforto. Cheguei ao meu prédio, um edifício moderno em um bairro movimentado. Meu apartamento era pequeno, mas confortável. No momento em que abri a porta, fui recebida por Merlin, meu gato preto e rechonchudo, que se esfregou nas minhas pernas, exigindo atenção. — Oi, meu amor! Como você está? — perguntei e obtive um miado de resposta — Tive um dia longo, mas aposto que o seu foi mais tranquilo. — Disse enquanto largava a bolsa no sofá e me abaixava para acariciá-lo. Ele miou em resposta, como se concordasse. Passei pela sala, que era decorada com móveis em tons neutros, com algumas peças coloridas aqui e ali. A estante de livros ocupava a parede principal, cheia de romances e obras de marketing, enquanto um sofá confortável e uma poltrona compunham o ambiente. A cozinha integrada dava um toque acolhedor ao espaço, e as plantas que cultivava perto da janela davam um ar de vida ao lugar. Depois de alimentar Merlin, fui para o quarto, que era o meu espaço mais pessoal. A cama grande, com lençóis de algodão branco, e uma parede com quadros minimalistas traziam tranquilidade. Deixei a sacola com os produtos da empresa em cima da cama, uma lembrança silenciosa do que eu teria que enfrentar em breve. Decidi que um banho quente seria perfeito para relaxar. Entrei no banheiro, onde os azulejos brancos contrastavam com o piso preto, e liguei o chuveiro. Deixei a água quente escorrer pelo meu corpo, lavando não apenas a tensão do dia, mas também os pensamentos sobre Ricardo, que insistiam em invadir minha mente. Ele era meu chefe, afinal. E pensar nele daquele jeito só complicava as coisas. Depois de me enxugar, enrolei uma toalha no cabelo e vesti meu roupão de seda. Ainda com os ombros relaxados pelo banho, voltei ao quarto e me deparei com a sacola novamente. Ela estava ali, me encarando como um desafio. Caminhei até a cama e sentei na beirada, abrindo a sacola com curiosidade. Meu olhar percorreu os itens: óleos, vibradores de diferentes tamanhos e formatos, lubrificantes e géis comestíveis. Peguei o óleo vibrador, intrigada. O rótulo prometia sensações inéditas e uma experiência única. — Bem, já que faz parte do trabalho... — murmurei para mim mesma, abrindo o frasco. Coloquei um pouco do óleo na palma da mão e passei na pele do meu braço, sentindo uma leve vibração acompanhada de uma onda de calor que parecia intensificar as sensações. Era curioso e, ao mesmo tempo, tentador. Em seguida passei em cima do meu clitórįs. Sentindo a região vibrar e trazer uma ótima sensação. Antes que pudesse pensar demais, peguei um dos vibradores menores da sacola. Ele era discreto, mas sofisticado, com um design minimalista. Liguei-o e um zumbido suave preencheu o quarto. Deitei-me na cama, sentindo meu coração acelerar levemente. Fechei os olhos e deixei o vibrador tocar meu clitórįs. A sensação foi imediata, uma onda de prazer que fez meu corpo se arquear levemente. E então, sem querer, minha mente foi parar nele. Ricardo. Imaginei suas mãos grandes e firmes tocando minha pele, seu olhar intenso fixo em mim, sua boca sussurrando palavras que eu nem sabia que precisava ouvir. A fantasia parecia tão real que minha respiração ficou ofegante, e meus dedos apertaram os lençóis ao meu lado. Na minha imaginação, ele estava sobre mim, sua presença quente e imponente. Ele beijava meu pescoço, seus lábios traçando um caminho de fogo até minha boca. Eu podia quase sentir o toque dele, forte e ao mesmo tempo delicado, como se soubesse exatamente o que eu queria. A intensidade do vibrador aumentava as sensações, e minha mente mergulhava ainda mais fundo naquela fantasia proibida. Ricardo puxava meu cabelo de leve, suas mãos explorando cada parte de mim, e eu me entregava a ele sem reservas. A tensão no meu corpo alcançou o ápice, e uma onda de prazer arrebatadora tomou conta de mim. Respirei fundo, tentando voltar à realidade, enquanto desligava o vibrador e o colocava de lado. Olhei para o teto, ainda ofegante, e senti uma mistura de satisfação e vergonha. Eu não podia continuar pensando nele assim. Ele era meu chefe, e eu sabia que nada bom poderia sair disso. Levantei-me, guardando os produtos de volta na sacola, como se tentar escondê-los pudesse também apagar os pensamentos que me assombravam. Merlin pulou na cama e se aninhou ao meu lado, como se soubesse que eu precisava de conforto. — Acho que isso vai ser mais difícil do que eu imaginava, filho. — murmurei, acariciando sua cabeça. Olhando pela janela, para a imensidão de prédios que me cercavam, prometi a mim mesma que manteria o controle. Mas no fundo, uma parte de mim sabia que Ricardo estava se tornando mais do que apenas meu chefe. Ele era meu desejo mais proibido.Kate FerreiraO som estridente do despertador rasga o silêncio do meu quarto, me arrancando bruscamente de um sonho bom, onde eu estava em uma praia paradisíaca, sem preocupações. Estendo a mão para o criado-mudo e, com um tapa mal calculado, finalmente consigo silenciar aquele barulho infernal. O alívio dura apenas alguns segundos, pois logo sinto algo peludo e quentinho subir em cima de mim.— Bom dia, Merlin — murmuro com a voz ainda rouca de sono, enquanto meu gato esfrega o focinho no meu rosto.Merlin, como sempre, é insistente. Ele mia baixinho, exigindo sua dose matinal de carinho. Respiro fundo e passo a mão em seu pelo macio, sentindo um breve momento de paz antes de encarar o dia que me espera.Hoje não é um dia qualquer. É o dia das sessões de fotos, e, para piorar, Ricardo estará lá fiscalizando tudo pessoalmente. Só de pensar nisso, meu estômago dá um nó. Trabalhar com ele já é complicado, mas tê-lo me observando enquanto tiro fotos de lingerie? Um pesadelo.— Vai ser ót
Ricardo SantanaA manhã seguia como qualquer outra, ou pelo menos era o que eu tentava me convencer enquanto estava em minha sala, com pilhas de relatórios e contratos espalhados sobre a mesa. As responsabilidades da empresa pareciam intermináveis, mas era parte do que fazia a "Sedução Urbana", nosso sex shop de renome, funcionar tão bem.Inclinei-me na cadeira, ajustando a gravata enquanto abria mais um arquivo. Os números das vendas estavam melhores do que o esperado, especialmente com a nova campanha de lingeries inclusivas. A ideia de abraçar diferentes corpos no marketing tinha sido ousada, mas estava valendo a pena. O feedback era extremamente positivo.Ainda assim, mesmo com a montanha de trabalho à minha frente, minha atenção continuava se desviando. Sobre a mesa, a revista com as fotos da nova campanha chamava por mim como uma tentação silenciosa.Eu a ignorei por um tempo, até que a curiosidade venceu. Peguei a revista, folheando-a distraidamente, revisando as imagens de out
Kate Ferreira Selena dançava ao nosso lado como se não houvesse amanhã, enquanto Clara ria do exagero da nossa amiga. Eu, apesar de hesitar antes de aceitar o convite para sair, estava feliz por ter vindo. Fazia tempo que eu não me soltava assim. A música alta fazia meu corpo reagir naturalmente, balançando no ritmo. Os olhares ao redor eram inevitáveis, mas eu estava focada em me divertir.Então, comecei a passar meus olhos pelo lugar, observando as pessoas e quem sabe alguém interessante, mas meus olhos pararam em uma pessoa específica. Na área VIP, Ricardo estava sentado com mais dois homens, rindo de algo que um deles falava. Ele parecia tão à vontade, tão no controle, que por um instante me peguei admirando a forma como ele dominava o ambiente sem esforço. Meu olhar demorou um pouco mais do que deveria, e foi quando percebi que ele estava olhando de volta. Aquele olhar direto, penetrante, como se pudesse desvendar tudo o que eu tentava esconder.— Kate, você tá bem? — Clara perg
Ricardo SantanaA caminho da empresa, minha mente estava presa à noite anterior. O som alto, as luzes piscando, o calor abafado da pista de dança... e, claro, Kate. Aquela mulher tinha um jeito de me desarmar que ninguém mais tinha.Lembrei do momento em que a segurei pela cintura, do gosto dos lábios dela. Foi difícil me conter, parar por ali. Mas eu sabia que deixar aquilo ir além seria um problema — não só para o trabalho, mas também para o controle que eu me orgulhava tanto de ter. Kate era minha funcionária, e cruzar essa linha complicaria tudo, mesmo que cada fibra do meu corpo quisesse fazer exatamente isso.Cheguei na empresa mais cedo do que o normal, precisando ocupar minha mente com qualquer coisa que não fosse a lembrança daquele beijo. Subi para minha sala, passei um café forte e me sentei para revisar os relatórios do mês. No entanto, por mais que tentasse me concentrar, minha mente voltava sempre para ela. Kate. Ela era mais do que atraente; tinha algo nela que fazia qu
Kate Ferreira Eu estava sentada no meio da minha cama, cercada por roupas, sapatos e acessórios, tentando organizar a mala para passar uma semana em Los Angeles. Apesar do caos, havia uma animação em mim que eu não conseguia conter. Sempre achei Los Angeles uma cidade incrível, com suas praias, palmeiras e aquele glamour que parecia saído direto dos filmes. Já tinha viajado para o exterior antes, mas nunca para lá. Era como realizar mais um pequeno sonho.Enquanto dobrava uma blusa, minha mente começou a divagar. O último mês tinha sido uma verdadeira loucura na empresa. Os preparativos para o desfile tomaram conta de todos, e parecia que ninguém tinha tempo para respirar. Cada setor estava trabalhando no limite, e eu não era exceção. Campanhas publicitárias, ajustes nas redes sociais, planejamento de estratégias para impulsionar a marca... tudo recaía sobre meus ombros e da minha equipe.E, claro, havia Ricardo.Desde aquele dia na empresa, nosso contato mudou. Ele parecia mais dist
Kate Ferreira O aeroporto estava movimentado, comosempre, e a energia no ar parecia diferente. Era empolgante pensar que estávamos prestes a embarcar para Los Angeles. Quando avistei o grupo da empresa, caminhei até eles com minha mala de rodinhas, notando como o entusiasmo era geral. Clara estava entre os primeiros a me ver e, com seu jeito animado, correu até mim.— Finalmente, Kate! Achei que ia perder o voo! — brincou, me puxando para um abraço.— Jamais. Você sabe que eu sempre chego no limite do horário, mas nunca atrasada. — pisquei para ela, rindo.O grupo foi se reunindo na área de embarque. Vi Ricardo conversando com alguns dos diretores de área, sempre com aquela postura impecável. Tentei não reparar demais nele, mas meu olhar parecia ter vontade própria. Ele usava uma jaqueta casual e jeans, uma combinação simples, mas que nele parecia perfeita.Depois de toda a burocracia do embarque, finalmente estávamos dentro do avião. Clara e eu nos sentamos juntas, como já havíamos
Ricardo SantanaEra cedo quando saímos do hotel em direção ao local da sessão de fotos. A atmosfera no carro estava animada, com a equipe comentando sobre as expectativas para o desfile e as possibilidades de expansão da marca. Eu, no entanto, me mantinha mais calado, revisando mentalmente os detalhes da produção e da logística. Precisávamos que tudo saísse perfeito, e qualquer falha poderia comprometer nossa imagem.Ao chegarmos ao estúdio fotográfico, fomos recepcionados por um dos diretores do evento, um homem mais ou menos da minha idade com um olhar atento e postura confiante. Ele nos guiou até o espaço onde a mágica aconteceria: uma área ampla, com iluminação impecável, câmeras de última geração e várias modelos já posicionadas para começarem os testes de figurino.— Vamos escolher as peças e atribuir às modelos — anunciei à equipe, deixando claro que precisávamos ser eficientes.Kate estava ali, ao lado de Clara e de alguns outros membros do marketing. Apesar de estar focada no
Kate FerreiraOrganizar um desfile de alta importância como esse era um trabalho monumental. Cada detalhe, desde a escolha das peças que iriam para a passarela até os mínimos ajustes na iluminação, precisava ser discutido e aprovado. Eu estava imersa na preparação, analisando relatórios, sugerindo ajustes e tentando manter a equipe motivada. Apesar do ritmo intenso, era algo que eu adorava. Sentia que estava no meu elemento.Estávamos na sala de reuniões temporária do local do evento, revisando os últimos pontos antes do grande dia. Clara estava ao meu lado, revisando a lista de modelos confirmadas, enquanto outros membros da equipe traziam atualizações sobre cenários, música e logística. A energia na sala era elétrica, com pessoas falando ao mesmo tempo, tentando solucionar problemas de última hora.E, claro, Ricardo estava lá. Sentado na ponta da mesa, sua postura impecável transmitia autoridade, mas seu olhar severo deixava claro que ele estava no limite da paciência. Ele ouvia ate