Ao chegar no prédio, Vinícius guiou Júlia até o elevador. Eles subiram para um dos andares mais baixos, onde ficava o apartamento que ele havia arranjado para ela, dois andares abaixo de sua própria cobertura.— Aqui está — disse Vinícius, abrindo a porta do apartamento.Júlia entrou e olhou ao redor, surpresa com o que via. O apartamento era compacto, mas extremamente bem decorado e equipado. Ela se virou para Vinícius, sorrindo com gratidão.— Uau, Vinícius, isso é muito mais do que eu esperava. É lindo! — disse Júlia, ainda impressionada.Vinícius sorriu de volta, satisfeito por ver que ela gostara do lugar.— Eu queria que você ficasse confortável. Aqui você terá tudo o que precisa, e qualquer coisa que faltar, é só me avisar.Júlia assentiu, ainda sem acreditar no que estava vendo. A gratidão transbordava de seus olhos, e sem pensar muito, ela se aproximou rapidamente de Vinícius e o abraçou de forma calorosa.— Eu não sei como te agradecer por tudo isso — disse Júlia, empolgada,
Clara ouviu tantas histórias sobre Vinícius, histórias que o pintavam como uma pessoa perigosa e impiedosa. E agora, vivendo ao lado dele, ela começava a ver outra faceta — alguém cuidadoso e preocupado. Mas, e se tudo isso fosse apenas uma fachada? E se, no momento em que ele descobrisse a verdade, sua reação fosse tão implacável quanto as histórias que ela ouviu no passado? Essas dúvidas a corroíam. O medo de Vinícius descobrir o que ela escondia era tão paralisante quanto o medo de Suzana. Ambas as ameaças pareciam convergir, e Clara se encontrava em uma encruzilhada de incertezas. — Clara, você já me perguntou se eu acho que algumas coisas são imperdoáveis. Por que isso? — Vinícius perguntou de repente, a voz calma, mas penetrante. Clara congelou por um segundo. Ela havia sondado Vinícius antes, tentando descobrir o que ele pensava sobre perdão, mas agora, a pergunta dele a pegou desprevenida. Ela sabia que precisava ser cautelosa com sua resposta, especialmente porque ele pa
O silêncio entre Clara e Vinícius se tornou quase insuportável. Mesmo deitada ao lado dele, Clara sentia que o abismo entre os dois crescia a cada minuto. O sono não vinha, e seus pensamentos eram atormentados pela ameaça de Suzana e a sombra do que Vinícius poderia fazer se descobrisse a verdade. A ideia do divórcio ainda pulsava em sua mente como uma saída desesperada para salvar seus pais e ela mesma.Ela se revirou na cama, tentando encontrar uma posição confortável, mas a verdade é que o desconforto vinha de dentro. Como ela poderia continuar assim, mantendo essa farsa por mais tempo? A cada dia, Vinícius parecia mais desconfiado. Ele era um homem inteligente, e Clara sabia que, eventualmente, ele ligaria os pontos. A única saída que ela via era se afastar antes que tudo desmoronasse.Ao seu lado, Vinícius estava acordado. Ele também não conseguia dormir. Algo no comportamento de Clara nas últimas semanas o deixava inquieto. Seus instintos diziam que ela estava escondendo al
Enquanto descia no elevador, Vinícius manteve-se em silêncio. Quando a porta se abriu, ele caminhou até o apartamento de Júlia e bateu suavemente. Não demorou muito para que ela abrisse a porta com um sorriso leve, ajeitando a bolsa no ombro.— Bom dia, Vinícius — disse Júlia, os olhos brilhando de entusiasmo. — Estava quase pronta para sair.— Ótimo, vou te levar para resolvermos algumas coisas sobre seu trabalho e sua nova vida por aqui — respondeu ele, observando-a com uma gentileza controlada. — Vamos?Juntos, desceram até o carro de Vinícius que os aguardava na garagem. Durante o trajeto, o silêncio entre eles era confortável, mas carregado de pensamentos. Júlia estava ansiosa com as novas oportunidades em Belville, enquanto Vinícius, por mais que se concentrasse em ajudá-la, não conseguia tirar Clara da cabeça.— Então, o que você planejou para hoje? — perguntou Júlia, tentando puxar conversa e quebrar o silêncio.— Primeiro, vamos resolver sua situação com o emprego — disse ele
Clara estava em casa, perdida nos próprios pensamentos, quando o telefone vibrou. Ela olhou para a tela e viu o nome de Leonardo. Seu coração se apertou, não por saudade, mas pela revolta que ainda carregava por todas as mentiras e manipulações que ele havia feito.Ela hesitou por alguns instantes, mas sabia que precisava enfrentar Leonardo de uma vez. Com um suspiro pesado, foi para o quarto, onde poderia atender sem que a Dona Marisa ouvisse.— O que você quer, Leonardo? — disse Clara, sua voz firme e carregada de frieza.Leonardo demorou alguns segundos para responder, sua voz soando mais controlada do que ela esperava.— Clara... precisamos conversar. Eu preciso te ver — disse ele, tentando manter a calma, mas Clara sabia que ele estava pressionado.— Conversar sobre o quê? — ela perguntou, sem paciência para rodeios.— Sobre tudo. Sobre nós, sobre Vinícius, sobre o que aconteceu. Eu não suporto mais essa situação. Preciso te ver. — Ele fez uma pausa, quase suplicante. — Estou no
Clara esperava no térreo para subir ao apartamento. Quando as portas do elevador se abriram, ela congelou. Vinícius estava ali, ao lado de Júlia, conversando e rindo de forma descontraída. Já não era a primeira vez que Clara percebia uma proximidade entre os dois, mas agora, ao saber que Júlia estava morando no mesmo prédio e que Vinícius não havia lhe contado nada, a insegurança e desconfiança começaram a se intensificar dentro dela. Ela ficou parada, incapaz de entrar no elevador de imediato, e as portas começaram a se fechar.Vinícius, que estava imerso na conversa, notou Clara parada ali no último segundo. Com um gesto rápido, ele apertou o botão para reabrir o elevador e a olhou com surpresa.— Clara, você não vai entrar? — perguntou ele, com um tom casual, mas seu olhar mostrava que estava tentando ler suas reações.Clara respirou fundo e entrou no elevador, tentando manter a compostura. Ela sabia que precisava esconder suas emoções, mas o desconforto era palpável.— Claro... —
O silêncio entre Clara e Vinícius pairava no ar enquanto estavam na sala. Vinícius quebrou o silêncio com um comentário casual:— Estou com fome. O que será que a Dona Marisa preparou para o jantar?Clara assentiu, indo em direção a cozinha.— Vou ver o que ela preparou.Na cozinha, a mesa já estava posta com a refeição pronta. Dona Marisa sempre cuidava dos detalhes com carinho, o que deu a Clara um breve alívio por não ter que se preocupar com isso. Ela voltou à sala e chamou Vinícius:— A mesa já está pronta. Dona Marisa preparou o jantar.Eles caminharam até a mesa de jantar, mas Clara não conseguia afastar o desconforto que crescia a cada momento. Estar ao lado de Vinícius, sabendo da mentira que sustentava o casamento, era um peso que ela carregava em silêncio.Enquanto comiam, Vinícius comentou:— A comida está muito boa.Clara assentiu, forçando um leve sorriso.— Está sim.Depois do jantar, Clara murmurou que iria tomar um banho e saiu. Vinícius a observou, ainda pensando no
O sol da manhã já iluminava o quarto quando Clara acordou ao lado de Vinícius. A noite anterior ainda pairava em sua mente — o envolvimento físico, os sentimentos confusos e o peso das mentiras. Vinícius ainda dormia, e Clara se levantou silenciosamente, indo até a cozinha preparar o café da manhã. O aroma do café fresco começou a se espalhar pela casa, mas Clara não conseguia se concentrar. O pensamento de Vinícius e Júlia a atormentava, criando um nó em seu estômago. Pouco tempo depois, Vinícius apareceu, com os cabelos desarrumados, e sentou-se à mesa enquanto Clara servia o café. — Dormiu bem? — perguntou ele, com a voz ainda rouca de sono. — Sim, e você? — respondeu Clara, sentando-se à sua frente. — Também. A noite foi... boa — disse Vinícius, com um sorriso leve que trouxe um misto de conforto e desconforto a Clara. O silêncio entre eles foi preenchido pelo som das xícaras. Clara, sem conseguir mais evitar a questão que a consumia, fez uma pergunta, tentando manter o