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02 - A criada e o Príncipe

10 anos depois

– Bom dia, Milady! – Saudou Isabelle com um sorriso ra­diante, levando e colocando sobre um criado mudo uma ban­deja prateada, com uma jarra de suco extraído de laranjas, uma taça e alguns pães feitos pelo melhor padeiro do Reino. – Dor­miu bem? – Perguntou já forrando a cama da protegida do Rei, Anabela.

– Melhor que ontem, Isa. Grata! – Agradeceu com um sor­riso meigo e educado, sentada diante de um espelho, pentean­do seu longo cabelo loiro.

Creio que devo contar essa pequenina história, sobre como a protegida do Rei, Anabela, chegou ao Reino de Carmim, Rei­no das rosas.

Há dez anos, uma guerra estava acontecendo entre dois Reinos inimigos. Lisan, Reino das rochas e Nothes, Reino do ouro. Mas apenas um deles poderia ganhar e o que estava em

mais vantagem fora o Reino do Rei Osorio Laywolf, conhecido como um grande massacrador e devastador, que sempre ataca­va aqueles que teimavam em lhe dizer “não”, e foi exatamente o que houve com o Reino de Nothes.

O Rei Osorio estava em busca de uma esposa, para reger seu Reino juntamente com ele, e então jaziam boatos de que a filha mais velha do Rei Corian Trevelyn (Rei de Nothes), era a mais formosa que todos já viram. Pai ciumento e possessivo negou a mão de sua primogênita para o massacrador, também bem famoso por maltratar suas esposas, ele, tomado pelo ódio declarou guerra.

O Reino de Nothes não conseguiu vencer a batalha, o Rei caiu morto diante de todos. A Rainha que tentava fugir fora pega, estuprada e mutilada. A Princesa formosa e tão desejada, pegou sua irmã menor, Anabela e conseguiu escapar.

Próximo às províncias do Reino Carmim, cavaleiro fie ao Rei Osorio conseguiu capturar a mais velha, por enquanto que a menor conseguiu entrar na área protegida de Carmim, mas quando cavaleiros do local fora salvar sua irmã, já era tarde... Morta. Tudo aconteceu horas depois da grande Cerimônia de comemoração de aniversário da grande batalha, onde a Isabel­le fora escolhida para trabalhar no castelo.

– Espero que goste do suco, ultimamente os cozinheiros estão exagerando muito na água. – Isabelle sussurrou toman­do o pente das mãos da Princesa e começou a pentear seu lon­go e loiro cabelo.

– Como você suporta? – Anabela indagou.

– O quê, Milady?

– Servir ao castelo. Você é tão bela, nem parece ser uma criada. Tirando essas suas vestes, você... – Isa a interrompeu.

– Esse é meu dever, certo? Não tenho outra escolha, não tive a sorte de nascer... – Isabelle deu uma pausa, fixou seus olhos na Princesa e soltou um pequeno suspiro. – Nobre! – Concluiu, deixou o pente na banquinha e se afastou em dire­ção a saída do aposento.

– Isabelle, não foi minha... – Anabela tentou se desculpar, mas Isa já havia saído.

Isabelle já estava com 18 anos. Mantinha seu cabelo lon­go e vermelho como fogo, assim como a da sua mãe. Sua pele fina, branca e magra. Sentia uma grande inveja oculta da prote­gida do Rei, ela queria sim, ser nobre, ter criadas ao seu dispor, mas considerava a Anabela como uma melhor e única amiga, então abolia de si qualquer vestígio de inveja, ciúmes ou algu­ma sensação ruim que poderia estragar essa amizade. Ou ten­tava, algo que chegava a ser complicado.

A criada caminhou apressadamente pelo grande corredor de aposentos dos criados e ao chegar à sua porta, reparou que a mesma estava entreaberta. Franziu o cenho e entrou preocupa­da. Olhou em volta e ouviu a porta bater atrás de si, virou-se e o viu, parado ali, lhe encarando, com um sorriso torto e desejoso.

– O que fazes aqui? – Perguntou ela.

– Não posso mais lhe visitar? – Ele perguntou ainda sorrindo.

– Claro que pode, mas... Não deveria. – O repreendeu dan­do passos para trás por enquanto que o mesmo dava para fren­te, exatamente em sua direção.

– E quem viria aqui? Anda se encontrando com outros? – Perguntou intrigado, se aproximando mais.

– Claro que não! O que anda insinuando de mim? Que sou uma vadia qualquer? – Isa perguntou com raiva alterando a voz.

– Sim. Minha vadia! – Afirmou o Príncipe Dominik agar­rando-a pela cintura, lhe beijando ferozmente.

Nunca foi o que Isabelle esperou, ela queria mais do que coito e beijos brutos, ela queria ter o Príncipe só para si, ela que­ria casar com o mesmo e receber seu amor. Mas infelizmente, Dominik era um nobre rapaz... Como posso dizer? Galinha? Sempre que sentia vontade, procurava a criada da protegida do Rei para saciar seus desejos carnais e no final fazia tudo que uma mulher odeia até hoje.

O Príncipe Dominik levantou-se da cama e vestiu-se. Com o lençol caído, enxugou o suor da sua face e saiu do peque­no aposento sem ao menos olhar para a mulher que acabou de usar.

Melhor do que nada, era poder se deitar com o Príncipe que ela sempre foi apaixonada. Isabelle olhou para o teto e sus­pirou, como se aquela noite fosse a primeira de muitas. Levan­tou-se, se vestiu e arrumou seu cabelo vermelho, precisava vol­tar as suas tarefas, mas no meado do caminho encontrou um velho amigo.

– Olá, Hadrian! – Cumprimentou um jovem, magro, pá­lido e de olhos fundos. Aquele que também fora escolhido no mesmo dia que ela para servi ao castelo e que ficou ao seu lado. – Estava limpando o estabulo? – Perguntou olhando para os sa­patos do rapaz, sujos de estrume.

– Ah... Isa... E-Eu estava sim. – Gaguejou nervoso e cora­do. – Você viu o Príncipe Dominik? – Perguntou.

– Ah, ele... – Isa estava com muita vontade de responder “ele estava na minha cama, dentro de mim agora a pouco”, mas conteve-se. – Ele é seu senhor e não o meu. Então, lamento, não posso e nem tenho como saber.

– Desculpa, mas não precisa falar comigo assim. – Hadrian retrucou com raiva, ainda mais corado.

– E o que um Príncipe como ele, estaria fazendo aqui no corredor dos aposentos da criadagem? – Isabelle questionou de­bochando a finesse da alteza. Levou as suas mãos à cintura ba­tendo os pés.

– É, não sei. Mas alguns guardas os viram subi.

– Pois eu não sei... Poderia procurar você ou uma vagi­na quente para devorar. – Isa sugeriu rosnando em seguida e conteve-se para não ri da feição do seu amigo. – Esqueci que você ainda é virgem, Hadrian, perdoe-me. – Deu um beijo na bochecha do rapaz que enrubesceu e afastou-se com passos rápidos.

– Isa! – Ele a chamou antes da mesma sumi. Ela virou-se e o encarou falando “oi!”. – Você... Bom, eu sou solteiro, você também... Poderíamos tentar algo um dia desses. – Ela garga­lhou e sumiu de vista, descendo as escadas.

Hadrian quando começou seus serviços juntamente com Isabelle, limpando e ajudando na cozinha, era muito tímido e quase não falava nada e quando resolvia abri a boca para di­zer alguma palavra era “desculpa” por ter feito ou derrubado algo errado. Sempre foi muito estabanado, mas tudo isso fora melhorando quando começou a fazer amizade com Isa, uma

menina que sempre fora falastrona e deveras irritante com suas diversas perguntas. Mesmo estando triste por dentro.

Mas algo incomodava bastante a ruiva. O pequeno Prínci­pe Dominik sempre implicou com o seu amigo tímido e esta­banado. Uma noite, o nobre entrou na cozinha de proposito já que nobres não andavam por ali, querendo conhecer os no­vos “escravos”.

– Então são vocês dois? – Perguntou Dominik com um ar desdenhoso encarando Isabelle e Hadrian que acabavam de limpar os pratos. – Esperava coisas melhores!

– Alteza! – Hadrian simulou uma feia reverencia, por en­quanto que Isabelle tentava acalmar seu coração por estar na frente de sua paixão. O Príncipe a encarou esperando a mes­ma ação do seu amigo.

– Você deve se reverenciar quando um nobre estiver à sua frente, empregada. – Aquelas palavras lhe acordaram do tran­se. A ruiva o encarou e franziu o cenho abobada e um pouco confusa.

– Alteza! – Falou ela o reverenciando, depois de um tempo, estava se controlando para não xingar o Dominik, ele era total­mente diferente do que esperava e imagina.

– Muito bem! – Falou e olhou o menino de olhos fundos. – Agora, você! Beije meus pés. – Ordenou com um sorriso sar­cástico. Isabelle arregalou os olhos e de relance olhou para seu amigo. O menino estava relutando, ele não queria fazer tal ato humilhante, mas via que era necessário. – Estou esperando!

– Não precisa fazer isso Hadrian. – Isabelle o impediu de se agachar segurando seu braço.

– Como ousa? Ele vai beijar os meus pés sim, sua escrava malcriada, imunda. – Dominik bradou furioso e vermelho por ser contrariado por uma garota mais nova e subalterna.

– Você não pode humilhar quem quiser, só por causa de um título que tem. Se não fosse Príncipe, aposto que não gos­taria de tal atitude que está demonstrando aqui agora. – A rui­vinha falou calmamente segurando a mão do seu amigo.

– Como ousa se dirigi a mim assim? COMO OUSA? – Dominik gritou vermelho de raiva. – Vai receber o que mere­ce! – Afirmou com autoridade e mimo, estendeu a mão para acertar a face da menina e quando ia descê-la com força, fora interrompido.

– Dominik! – Uma voz fina e enjoada o chamou, Dom vi­rou-se lentamente e encarou uma menina com vestes reais e uma pequena tiara de brilhantes na cabeça. A protegida do Rei, Anabela.

Depois desse dia, tudo começou a virar monótono.

O Príncipe Dominik implicava e Anabela interrompia dan­do broncas. Porém, na adolescência tudo começou a mudar, o nobre rapaz começou a entrar naquela fase especial que se chama “puberdade”. Uma atração e um grande desejo pela ruiva surgiram, como a paixão que ela sentia por ele nunca morreu, entregou-se e aceitou ser tratada sempre como uma qualquer que lhe era visível apenas quando estava cheio da li­bido. Não ouso nem citar do que ela seria chamada se fosse aqui em nosso mundo. Mas, ai de mim se não contar como isso tudo começou.

Uma noite, Isabelle estava voltando para seu aposento, ela tinha apenas 15 anos, costumava dividi o quarto com outra criada. Quando a mesma entrou e acendeu o lampião, depa­rou-se com uma figura inesperada deitado em sua cama sem roupa alguma. Era o Príncipe Dominik, um garoto loiro de olhos bonitos que tinha apenas 17 anos. Isabelle estava enver­gonhada, não sabia o que fazer, estava diante de sua paixão so­bre sua cama, despido lhe encarando e sorrindo.

– O que fazes aqui? – Ela perguntou ficando de costas, não queria continuar vendo aquilo (ah e como ela queria) e mos­trar-se ser fácil.

– Feche a porta e se deite comigo... Agora! – Ordenou ele alisando seu próprio corpo.

– E o que lhe faz pensar que me entregarei logo a você?

– Sou um Príncipe, quer algo melhor?

Isabelle parecia pensativa. O Dominik não estava vendo, mas a criada mantinha sua pele alva bem vermelhinha, o fa­moso enrubescer. Ela queria, tirar suas roupas e entregar sua virgindade ao Príncipe, algo raro à qualquer outra criada, mas estava acontecendo com ela, não era um sonho e sim uma oportunidade que lhe parecia e poderia ser única.

A garota não perdeu mais tempo, despiu-se, deitou-se com o Príncipe e se entregou. Depois daquela noite, outras iguais foram constantes.

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