Capítulo 04

Os cabelos de kemal esvoaçavam pela brisa fresca daquele campo aberto e árido. Seus olhos já marejados de lágrimas estavam presos no semblante de apreensividade criados pelas linhas que compunham o rosto de Oliver.

__ Kemal fale alguma coisa __ suplicou Oliver. __ Não fique no silêncio, por favor.

Naquele momento à intensidade das lágrimas nos olhos de kemal se intensificaram ainda mais, fazendo com que seus olhos ficassem extremamente avermelhados. Sua respiração à aquela altura já estava acelerada ao ponto de fazer às veias dos seus braços saltarem sobre sua pele.

__ Kemal __ insistiu Oliver tocando levemente seu braço.__ Por eles kemal, por minha família irei me sacrificar, não suportaria vê-los perder tudo enquanto posso fazer alguma coisa.

Kemal direcionou seus olhos para à mão de Oliver em seu braço e de seguida ergueu sua cabeça tomando sua atenção.

__ E se entregar para aquele homem é à melhor solução? __ perguntou kemal.

Oliver engoliu em seco, suspirou e disse.

__ Nesse momento é __ exclamou.

Rapidamente Kemal começou a retirar os documentos e às passagens de comboio da sua pasta, jogando tudo na cara de Oliver o que fez com que alguns papéis caíssem ao chão.

__ VOCÊ SABE O QUE É ISSO? __ Indagou aos berros.

Sem pensar duas vezes,Oliver agachou- se ao chão para apanhar os papéis e quando pegou a primeira passagem e depois os passaportes, o mesmo travou e dos seus olhos caíram lágrimas sobre os papéis em suas mãos.

__ Esses são os papeis da nossa liberdade __ murmurou kemal __ Os papeis do que seria o início da nossa felicidade e simplesmente você quer desistir sem ao menos lutar contra o Demir Ylmaz.

Lentamente Oliver ergueu sua cabeça tomando a atenção de Kemal em pé.

__ Lutar como?

Kemal rapidamente agachou-se colocando suas duas mãos sobre o rosto de Oliver banhado de lágrimas.

__ simplesmente confia em mim, eu vou arranjar uma maneira de sairmos dessa situação, mas com o Demir você não fica, eu te prometo __ concluiu abraçando de seguida Oliver,que não exitou em entregar-se aos seus braços.

                                         ***

Na fazenda dos Ylmaz, yünkar estava na varanda do seu quarto olhando o horizonte com feição de apreensividade, enquanto esperava por notícias de Demir sobre o desaparecimento de sua mãe, a idosa sultan, que mal conseguia se comunicar com outras pessoas devido a um distúrbio mental causado pela idade.

O ar fresco daquela tarde de 30 de janeiro de 1970, passeava por seu rosto fazendo com que ela por vezes fechasse seus olhos acastanhados após o afago do vento. E sempre que os abrisse, seus olhos refletiam a luz alaranjada do sol que se despedia anunciando a noite que viria a cair em pouco tempo. Possivelmente yünkar viu no ceu misturado de cores vivas seus pensamentos de preocupação e aflição por saber onde estaria sua mãe.

Naquele momento a tristeza de sua alma, trouxe atona lembranças dolorosas do seu passado, lembranças estás que yünkar tentava enterrar por anos, mais sem ter sucesso algum.

__ A dor da perda de alguém que se ama, jamais será superada.__ murmurou em baixo tom.

Lentamente à mesma virou-se para trás e logo seus olhos seguiram caminho em direção da comoda de madeira que tinha no seu quarto com móveis luxuosos e clássicos da época em que aquele momento ocorria. Yünkar começou à caminhar até chegar a comoda, onde abriu a terceira gaveta das seis que tinham, e de dentro da mesma retirou um caderno Castanho que aparentava ser um diário.

Pegando o caderno, yünkar caminhou em direção de sua cama, onde sentou-se na borda.

Lentamente a mesma abriu a capa do caderno , e de seguida começou a esfoliar o caderno totalmente escrito à mão até travar seus dedos em um envelope de cor creme. yünkar abriu o envelope e de dentro do mesmo retirou um pedaço de papel que tinham suas pontas queimadas.

__ Aquele incêndio __ murmurou passeando seus dedos pelas partes queimadas do pedaço de papel.

Dos seus olhos cairam lagrimas que pingaram directamente no papel em sua mão. Yünkar começou a ler a carta à medida em que às lembranças vinham cada vez mais atona.

" 21 de setembro de 1930

Minha amada yünkar, quando olho às estrelas todas noites, sinto seus olhos em mim, olhando por mim como você me prometeu naquele dia, você se lembra?. guardo comigo o lenço com seu perfume e nele encontro forças suficientes para suportar essa prisão e essa sentença injusta. Hoje Fui condenado à morte e sabes que sou inocente, amanhã serei executado mas levarei te comigo para sempre no meu coração. Por mim faça o que seu pai sempre quis que fizesses, aceite se casar com o Fersil Ylmaz e tente ser feliz, te amo hoje e sempre. Do seu eterno Garip Yaman. "

Após ultimar de ler a carta, os olhos de yünkar estavam totalmente marejados e de seguida murmurou.

__ Você se foi sem saber que deixou-me uma parte de si, o nosso filho, e eu tive que abandona-lo na roda dos rejeitados para salvar sua vida do meu pai que estava disposto a mata-lo se fosse necessário, e essa culpa eu vou carregar para o resto da minha vida.

                                            ***

Enquanto isso acontecia Demir e seus capangas cavalgavam em seus cavalos pelas terras da extensa fazenda, até que chegaram a aldeia dos Camponeses, um lugar repleto de cabanas onde viviam os camponeses que trabalhavam nas suas terras.

__ SAIAM TODOS, O SENHOR DEMIR YLMAZ DESEJA FALAR COM VOCÊS.__ Gritou Cetim um dos capangas.

De repente a aldeia ficou tumultuosa, dos idosos, mulheres, homens e crianças e todos estavam trajados com roupas encardidas que mais pareciam farapos velhos o que deixava em evidência à extrema pobreza em que viviam.

Minutos depois toda à aldeia estava reunida e a feição no rosto de todos era de total medo e pavor.

__ Toda aldeia está aqui, o que o senhor quer de nós?__ indagou um idoso .

__ De vocês nada à não ser às mãos do vosso trabalho __ afirmou Demir altivo em cima do seu cavalo preto. __ A minha avó Sultan desapareceu da Fazenda hoje, e por isso eu quero que todos vocês vasculhem cada grau de terra de Adana, até à encontrarem ou…

__ Ou o quê ? __ Indagou o idoso apreensivo.

__ Eu mando colocar fogo nessas cabanas imundas que vocês chamam de casa.

Naquele momento todos ficaram ainda mais apreensivos com o que acabavam de ouvir.

__ OUVIRAM O QUE O PATRÃO MANDOU, COMESSEM A PROCURAR AGORA __ DISSE CETIM.

__ Vocês têm até o cair da noite ou caso não, Vocês já sabem o que irá acontecer __ exclamou Demir.

__ Senhor e às crianças? Essas terras são perigosas de noite e… __ tentou intervir uma mulher, porém foi cortada por Demir.

__ Voces vivem nas minhas terras, bebem da minha água e comem da minha comida , por acaso vocês acharam que isso seria de graça? __ perguntou rindo sinicamente.__ O que acontece ou não com às crianças desse lugar NÃO ME IMPORTA__ Exclamou mudando sua feição para raiva.__ ISSO É PROBLEMA VOSSO E NÃO MEU, PORTANTO EU QUERO TODO MUNDO ENVOLVIDO NAS BUSCAS DA MINHA AVÓ, E SE EU DESCOBRIR QUE UM DE VOCÊS NÃO FEZ NADA, EU JURO QUE ENTREGO ESSA PESSOA AOS MEUS CÃES PARA SER DEVORADO.

__ ISSO NÃO É JUSTO, EXISTEM LEIS QUE….__ Tentou intervir o idoso porém Demir o cortou rapidamente.

__ EU SOU A LEI, EM ADANA NÃO EXISTE OUTRA LEI À NÃO SER AQUELA QUE EU DEMIR YLMAZ IMPOR.

O idoso nada respondeu e de seguida todos os camponeses começaram a se dividir para se espalharem pelas terras em busca da senhora Vahide.

                                          ***

Já havia anoitecido e na casa de Oliver, zuleyha discutia com Osman. Em um canto da sala Mert chorava encolhido enquanto tentava fechar seus olhos e ouvidos para não escutar os berros da discussão que o atormentavam.

__ Como você teve a coragem de fazer uma coisa dessas Osman?__ indagou Zuleyha em prantos. __ Como você pode vender o nosso filho para aquele homem, o Demir Ylmaz é um monstro e…

__ O OLIVER NÃO É MEU FILHO __ Gritou osman a cortando__ , EU NÃO SOU PAI DE UM INVERTIDO COMO ELE, AQUILO QUE VOCÊ CHAMA DE FILHO É UMA ABERRAÇÃO E ME AGRADEÇA POR NÃO ENTREGA-LO AO POVO, VOCÊ SABE MUITO BEM O QUE ACONTECESE COM PESSOAS COMO ELE EM ADANA.

__ EU NUNCA VOU TE PERDOAR OSMAN, NUNCAAAA! INVERTIDO OU NÃO, O OLIVER É MEU FILHO E EU NÃO VOU PERMITIR QUE VOCÊ DESTRUA A VIDA DELE POR CAUSA DE UMA DIVIDA QUE VOCÊ MESMO FEZ PARA ALIMENTAR OS SEUS VICIOS. ISSO NÃO É JUSTOOOOOO!

Naquele momento Oliver adentrou pela porta acompanhado de Kemal, e logo que o mesmo viu Mert encolhido em sua direcção, correu o logo o abraçou.

Em meio ao abraço Mert chorava e Oliver tentava acalma-lo dizendo que estava ali e que jamais iria abandona-lo.

Com cuidado Oliver se desvencilhou de mert, virou para o lado e deu de cara com sua mãe Zuleyha olhando fixadamente para algo que estava a sua trás, o quê fez com que Oliver levantasse e rapidamente virasse para tras para ver o que havia deixado sua mãe tão atônita.

__ Você? __ Indagou Oliver apreensivo.

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