VIOLET
Assim que cheguei ao dormitório, fui direto para o quarto da irmã Helena. Ela foi minha melhor amiga aqui dentro, me ajudou desde o primeiro dia e nós duas nos demos bem logo de cara. Eu, assim como ela, éramos novatas. Helena tinha acabado de fazer seus votos há menos de um mês. - Irmã, me ajude, por favor. Não quero ir. Digo a ela, abraçando seu corpo como se fosse minha tábua de salvação, e choro copiosamente em seu braço. - Minha menina, acho tudo isso um absurdo. Onde já se viu seu pai casar você com um desses homens e ainda com o dobro da sua idade? - O que eu vou fazer, irmã? Eles vão me matar se não quiser me deitar com eles. Eu não quero passar minha vida assim. - Como assim, eles, Violet? Com quem seu pai lhe casou? - Com Salvatore e Matteo Risso. Eu estou casada, não com um, mas com os dois. Digo a ela, que me olha de forma incrédula, colocando as mãos sobre a boca. - Querida, se realmente quiser se livrar disso, eu posso te ajudar a fugir, mas teremos que ser rápidas antes que eles sintam sua falta. - Você está falando sério, Helena? Pergunto a ela, cheia de esperança. - Sim. Mas não será fácil. Vamos ao menos tentar e fazer você ter uma vida normal. Eu tenho um dinheiro guardado, deve ser o suficiente para você fugir. Vou entrar em contato com a minha irmã; ela pode te acolher até você se estabilizar e eu posso pedir transferência para algum lugar mais perto. - Mas e se eles descobrirem onde estou e virem atrás de mim? Pergunto, ainda com medo do que possa acontecer. - Você tem que, pelo menos, saber que tentou, Violet. Ninguém tem que decidir sua vida além de você mesma. Helena fala, me encorajando. No momento em que ela diz isso, escutamos gritos e correria na parte de baixo. Quando a irmã Helena espia pela janela, vê um bando de homens armados indo para todas as direções pela escola. Nós duas saímos correndo em direção ao quarto de outra irmã para tentar me esconder até a poeira abaixar para eu fugir. Trancamos a porta e tentamos achar um bom esconderijo para eu me esconder. Olhamos para o teto e vemos uma entrada para dentro do forro. Só temos que tentar abrir, mas sem escada é praticamente impossível. Escutamos batidas na porta e eu entro rapidamente embaixo da primeira cama que vejo. Em menos de alguns segundos, a porta é arrombada e vejo quatro pernas vestidas com botas de combate. - O que está fazendo aqui, irmã? Você deveria estar lá embaixo. Por que está se escondendo? Ouço uma voz grave questionar Helena e vejo, no momento, ela dar um passo para trás. - Vão embora daqui, homens não podem entrar nesse local. Ela responde firmemente para as pessoas que estão à sua frente. - Bom, isso não se aplica a gente, já que estamos aqui. Ouço outra voz rouca, só que um pouco mais grave, responder. Fico em silêncio, tentando controlar minha respiração ofegante, para que nenhum deles saiba que estou embaixo da casa. - O que uma mulher tão linda faz vestida desse jeito, privando o mundo de sua beleza? Aposto que por baixo dessa roupa deve ter um corpinho todo gostoso. Uma das vozes diz para Helena e ela dá mais um passo para trás. - Qual é, cara? Deixa ela em paz, ela é uma freira. - Melhor ainda. Faz quanto tempo que um pau não entra nessa sua buceta? Uma das vozes roucas fala e vejo quando ele dá dois passos para frente em direção a Helena. Vejo quando um par de pés vai na direção de Helena. - Saia daqui, se não eu grito! Ela fala firme e, para tentar intimidar o homem, coloco a mão em meu peito e meu coração parece que vai parar a qualquer momento de tanto que está acelerado. - Pode gritar, irmã. Eu amo mulheres escandalosas e acho que o chefe não vai se importar de eu me divertir um pouco, já que ele está ocupado demais atrás de sua mulher. - Qual é, vamos embora. Se o chefe descobre que você está aqui fazendo isso, você está morto. - E quem vai contar? Se não for participar, saia daqui e feche a porta. Vejo um par de pés saindo e encostando a porta, achando que tinha deixado Helena com esse homem sozinhos. - Agora somos só nós dois. Deixa eu te fazer gozar. Começo a ouvir o choro abafado de Helena e ela implorando para ele não encostar nela. Tenho que dar um jeito de ajudar ela sem ser descoberta. Tudo está acontecendo porque ela quis me ajudar. Saio debaixo da cama, tentando fazer o mínimo de barulho possível, e vejo que o cara já está com as calças abaixadas e ele tinha arrancado o véu dos cabelos da irmã. Enquanto ele estava rasgando seu vestido, procuro alguma coisa rapidamente para bater nele, quando vejo Helena me mandar ir embora chorando e eu faço que não com a cabeça. Acho um vaso e taco na cabeça dele. Ele rodopia para trás, mas nada adianta; ele se vira para mim e aponta sua arma em minha direção. - Olha só, não é que temos companhia? E é uma gracinha também. Ele fala com sua arma apontada, piscando em minha direção. - Vai para o lado dela agora. Ele me diz e eu vou caminhando, ficando ao lado de Helena. - Pega o lençol e amarra ela. Ele manda. - Não! Grito para ele, enfrentando-o. - Amarra ela antes que eu estore sua cabeça. Helena se senta na cadeira e passo o lençol, dando dois nós em volta de seu corpo. - Jajá terminamos, freirinha, mas antes vou ensinar uma lição para essa putinha. Ele me puxa pelos cabelos e faz meu rosto ficar exposto para ele e me dá uma lambida. Eu começo a chorar; eu não podia deixar isso acontecer comigo e com Helena. - E você já viu um pau, garotinha? Vou fazer você me chupar antes de te foder. Assim que ele chega perto de mim, mordo sua bochecha e saio correndo em direção à porta. - Eu vou te matar, sua vagabunda! Ele grita, colocando as mãos em seu rosto. Eu abro a porta, mas assim que vou sair, tropeço em meus pés, caindo ao chão. Ele começa a me puxar pelas pernas, começo a espernear e gritar o mais alto possível, na esperança de que alguém consiga me ouvir. Ele me imobiliza, prendendo meus braços acima da cabeça, e começa a desabotoar minha blusa social do uniforme. Meus olhos estão cheios de lágrimas, mas consigo ver perfeitamente quando um vulto preto o tira de cima de mim. Ouço vários disparos. Assim que me levanto, vejo o estado em que sua cabeça está. Fico em choque com a cena e começo a gritar, sentindo uma falta de ar que vai me sufocando até tudo escurecer à minha frente.MatteoTive a péssima ideia de não acompanhar Violet até seu quarto. Sei que minha presença estava lhe causando medo. Infelizmente, causo isso nas pessoas; não sei se são as tatuagens, os piercings ou meu tamanho, mas adoro ser temido apenas com um olhar. Porém, por incrível que pareça, não quero que ela sinta medo, assim como as outras pessoas.Agora, neste momento, estou aqui no salão principal, junto com um bando de freiras e um grupo de adolescentes desesperadas que não param de gritar em meus ouvidos. Tudo isso porque eu tentei ser legal.Poderia ter apenas matado alguém para dar um exemplo, mas não estou aqui ouvindo essa velha do caralho que acha que é nossa avó, dando sermão de como estamos blasfemando em sua escola. Estou quase perdendo o pouco da paciência que ainda me resta, para acabar explodindo a cabeça dela na frente de todo mundo.Ouço barulho de algo caindo no andar de cima, depois ouço passos apressados e um barulho novamente que chama a atenção de todos.- Vou checa
SALVATORE Assim que chegamos em nossa casa, vou direto para o nosso escritório, vou ao bar e encho um copo de whisky. Viro o copo de uma vez, deixando o amargo da bebida queimar em minha garganta, enquanto despejo mais um pouco de bebida e viro novamente.Jogo o copo com raiva em direção à parede, mas nada disso me acalma; eu estava furioso. Por causa de poucos minutos, Matteo impediu que algo acontecesse com Violet.Essa noite seria longa. Depois do ocorrido de hoje, meu pico de adrenalina estava nas alturas. Arranco meu paletó, jogando-o em um lugar qualquer, e arranco minha gravata, que parecia estar sufocando. Desaboto alguns botões de minha camisa, arregaço as duas mangas e dou o primeiro soco em direção à parede.Sinto a dor subir rapidamente dos nós dos meus dedos até meu braço, mas isso não consegue acalmar minha raiva. Dou outro soco e mais outro, e assim sigo sucessivamente. Matteo não deveria ter matado aquele verme tão rápido; deveríamos ter trazido ele e tê-lo torturado
VIOLET Quando acordo, a escuridão invade meus olhos. Vejo pela janela que ainda está escuro lá fora; apenas a luz da lua ilumina suavemente o ambiente. Sento-me na cama e percebo que estou novamente no quarto. Quando acordei mais cedo, posso jurar que vi meus supostos maridos matando alguém pela sacada do quarto onde estou.As únicas coisas que fiz nas últimas 24 horas foram: tentar fugir, quase ser abusada, desmaiar duas vezes e acabar em uma casa que nem sei onde é, com dois assassinos e mafiosos debaixo do mesmo teto.Ainda não sabia o que poderia ser pior: estar em uma casa que eu literalmente nem sei onde fica, ou saber que estou sentada em uma cama com um pijama que nem lembro de ter colocado. Aí, Deus, será que eles me viram pelada e tocaram em mim? Toco meu corpo rapidamente e não sinto dor na região íntima, então isso poderia ser um bom sinal.Eu não consigo me lembrar muito bem da fisionomia do homem que tinha visto mais cedo dentro do escritório com meu pai, pois mal tinha
SALVATORE Ontem à noite foi mais longa do que eu pensaria que seria. Depois de muito custo, finalmente consegui acalmar os meus ânimos. Ontem, depois que Matteo foi para seu quarto, fiquei ainda durante um bom tempo observando Violet em seu quarto pela câmera, até que a vejo se movimentando inquietamente em sua cama. Após alguns minutos, ela abre a porta de seu quarto. Fico observando o momento em que ela parece estar apreensiva e com medo; provavelmente deve estar pensando que todos na casa estão dormindo e quer aproveitar esse momento para tentar fugir novamente.E eu aqui, apenas pensando que poderia terminar minha noite em paz tomando meu whisky enquanto vejo seu sono. Mas não, lá vou eu impedir uma jovem mulher que acaba de chegar à maioridade de fugir de sua nova casa e de seus maridos.— Vai a algum lugar? — Pergunto, atrás dela, em meio ao escuro, e vejo seu pequeno corpo se virar em minha direção. Só então começo a perceber o quão bonito é o seu rosto, com cabelos longos e d
VioletSalvatore sai atendendo uma chamada, indo direto para seu escritório, deixando eu e o agro do Matteo à mesa sem ao menos olhar para trás. Como iria conseguir me acostumar a essa nova vida?- Em que festa nós vamos? Pergunto a Matteo em uma tentativa de puxar assunto.- É um jantar para te apresentar aos nossos aliados, então não nos envergonhe. Eu vou te acompanhar hoje às compras. Ele fala, dando uma piscadela em minha direção.- Não preciso da sua companhia! Além de ser obrigada a ir para casa, agora também eles andariam atrás de mim em todos os lugares!- Isso não está em discussão. Ele se levanta, fazendo um gesto para que o acompanhe, e eu o sigo em silêncio. Matteo me guia até uma garagem onde estão vários carros e motos estacionadas. Vou andando atrás dele até chegarmos em frente a uma moto e ele me entrega um capacete.- Eu não vou subir nisso. Digo a ele, olhando para aquela coisa à nossa frente.- Por quê? Ele pergunta, sem entender o motivo.- Porqu
MatteoQuando Violet disse que não gostava de mim e do meu irmão, senti como se minha alma tivesse saído de dentro do meu corpo. Era horrível amar alguém que nem sabe que aquele sentimento está ali.Violet pertence a nós desde o dia de seu nascimento. Quando ela nasceu, Salvatore tinha 12 anos e eu, apenas 10. Ela era a coisa mais linda de todo o mundo. Ela sempre estava em todos os lugares que nossa família estava, e sempre eu e meu irmão ficávamos por perto para protegê-la. Quando pedimos sua mão no ano em que ela completaria 15 anos, tanto nossa família quanto a dela ficaram surpresos e não concordaram. Logo, meus pais tentaram fazer com que namorássemos outras pessoas. Até tentamos, mas não conseguíamos tirar Violet de nossa cabeça. Então, finalmente conseguimos fazer com que ela fosse nossa no seu aniversário de 16 anos, lógico, com várias regras que nossos pais nos impuseram.Mas nada importava se tivéssemos Violet ao nosso lado. Então, hoje, quando el
---SalvatoreViolet nunca soube o poder que tinha sobre mim e Matteo desde que era pequena. Eu não ligava se ela iria aceitar ou não, e muito menos se iria ficar puta com isso, mas hoje ela saberia toda a verdade.Fazemos todo o trajeto em silêncio. Eu já sabia que Matteo iria acabar com os homens de Massimo. O que eu não esperava é que Mattia não quisesse entrar no ringue. Eu nem imagino a merda que tudo isso poderia causar nos negócios, tanto para nós quanto para eles.Com aquilo, poderia surgir uma nova rixa que pode prejudicar muito, já que ninguém quer ficar no fogo cruzado de duas famílias da máfia em briga. Quando saímos do carro, pego Violet pelo braço e a puxo, ignorando seus gritos. Matteo me olha sem entender nada, mas ele percebe quando a levo para nosso escritório e me dirijo à sala secreta.- Que porra você vai fazer? Ela não está pronta! - Matteo fala, tentando intervir à minha frente, mas eu não estou nem aí se ela está pronta ou não. Não aguento mais carregar todo es
VIOLETQuando Salvatore e Matteo saíram do meu quarto, virei-me frustrada em minha cama. Tudo isso é extremamente inacreditável; eles casaram-se comigo sem o meu consentimento porque acham que me amam.Quando Salvatore me arrastou e me mostrou todo o conteúdo daquele quarto, não conseguia acreditar no que meus olhos viam. Todas aquelas fotos minhas grudadas na parede, desde quando era criança até os sete anos que passei no colégio, eles me vigiavam; cada passo meu era monitorado por seus olhos. Como fui tão inocente em não perceber nada em todo esse tempo?Uma coisa eu tenho certeza: nunca vou conseguir me livrar deles. A única solução seria eu morrer, mas ninguém em sã consciência me ajudaria a forjar uma morte, muito menos fugir novamente de Salvatore e Matteo Risso. Finalmente, depois de um tempo, algumas recomendações começam a vir em minha memória.**Passado**Sento-me atrás de uma árvore no jardim da mansão Risso e abraço a margarida, deixando as lágrimas rolarem. Todo mundo est