Matteo
Tive a péssima ideia de não acompanhar Violet até seu quarto. Sei que minha presença estava lhe causando medo. Infelizmente, causo isso nas pessoas; não sei se são as tatuagens, os piercings ou meu tamanho, mas adoro ser temido apenas com um olhar. Porém, por incrível que pareça, não quero que ela sinta medo, assim como as outras pessoas. Agora, neste momento, estou aqui no salão principal, junto com um bando de freiras e um grupo de adolescentes desesperadas que não param de gritar em meus ouvidos. Tudo isso porque eu tentei ser legal. Poderia ter apenas matado alguém para dar um exemplo, mas não estou aqui ouvindo essa velha do caralho que acha que é nossa avó, dando sermão de como estamos blasfemando em sua escola. Estou quase perdendo o pouco da paciência que ainda me resta, para acabar explodindo a cabeça dela na frente de todo mundo. Ouço barulho de algo caindo no andar de cima, depois ouço passos apressados e um barulho novamente que chama a atenção de todos. - Vou checar o andar de cima - digo para Salvatore, com minha arma em punho. - Deixa que nossos homens cuidem disso - diz Salvatore, mas eu o ignoro completamente. Meu instinto está dizendo que tem algo errado e, uma coisa sobre meu instinto: ele nunca está errado. Subo as escadas rapidamente, chegando ao andar superior. Chego no primeiro corredor e não avisto nada. Acho que vou embora, quando ouço uma voz abafada pedindo socorro em meio ao choro. Vou seguindo a voz e vejo um de meus homens em cima de Violet, que está gritando e chorando desesperadamente. No mesmo instante, o arranco de cima dela e descarrego minha arma em sua cabeça. Quando olho para o lado, vejo Violet aos prantos e ela acaba desmaiando no chão devido à cena. Arranco meu paletó e ouço uma voz vindo de dentro do quarto. Após jogar meu paletó em cima de Violet para cobrir sua blusa que estava rasgada, caminho até o quarto de onde vinha a voz e me deparo com uma irmã amarrada em uma cadeira, também desesperada, aos prantos. - Por favor, não faça nada a ela, é apenas uma menina - a irmã que está amarrada diz para mim, com a voz trêmula. Desenrolo seu corpo magro do lençol e caminho novamente para o corpo de Violet. Eu a pego em meu colo. - Não se preocupe, nunca machucaria minha esposa - digo à irmã e desço as escadas indo de encontro com nossos homens. Dou instruções para sumirem com o corpo do vagabundo. Quando chego no salão principal, todos param olhando o pequeno ser deitado em meus braços. - Por Cristo, o que fizeram com ela? - a irmã pergunta, caminhando até mim, mas eu me afasto. - Não encoste nela. Meu instinto protetor estava em alerta máximo; ninguém chegaria perto dela novamente, a não ser eu e Salvatore. - Espero você no carro - digo para Salvatore, indo em direção ao SUV preto. Enquanto caminho, fico analisando sua feição angelical enquanto dorme. Após alguns minutos, Salvatore entra e seguimos para nossa casa. Durante todo o caminho, fico com ela em meus braços até chegarmos em nossa nova mansão. Antigamente, cada um tinha seu apartamento, mas agora teríamos que assumir a responsabilidade por Violet. Decidimos morar todos na mesma casa, também para ficarmos perto dela o máximo possível e, fora isso, por questão de logística. Muita coisa no submundo acontece de madrugada; às vezes, temos que sair às pressas e voltamos depois de dias. Então, com todos no mesmo lugar, sempre um estaria de olho nela. Por mais que tenhamos nossos seguranças, não quero que ninguém se aproxime dela, principalmente depois do ocorrido de hoje. Então, nada melhor do que eu e Salvatore para cuidarmos de sua segurança. Além disso, toda a nossa casa está acompanhada de um sistema de proteção que foi feito por mim e Salvatore, que envia atualizações para nossos celulares, assim podemos ficar de olho nela quando estivermos fora. Todos os quartos ficam perto uns dos outros. A suíte principal é dela, por ser mulher achamos melhor, por ser mais espaçosa. Seu quarto é neutro, já que deixamos para ela escolher como queria sua decoração. O quarto de Salvatore fica em frente ao de Violet, e o meu à esquerda. Quando entramos, Salvatore vai direto para nosso escritório, enquanto levo Violet para seu quarto. Eu a deito na cama e falo para Dona Rosa ficar responsável por ela e cuidar de tudo que ela precisar quando acordar. Desço as escadas novamente e vou para nosso escritório. Assim que entro, Salvatore estava socando a parede com toda sua raiva. Algo me dizia que essa noite seria extremamente longa e que algumas cabeças iriam rolar. - Ele encostou nela? - meu irmão perguntou, apoiando seus braços sobre a parede. Foco meus olhos em sua mão e vejo os nós de seus dedos estourados. - Responde, porra! Aquele filho da puta tocou nela, Matteo? - Ele avança sobre mim com raiva, segurando o colarinho da minha camisa social. Se ele não fosse do meu sangue e eu não confiasse minha vida a ele, provavelmente agora já teria revidado e o matado. - Não, ele não encostou nela. Cheguei a tempo. Se demorasse mais alguns minutos, talvez não tivesse conseguido impedir. - Respondo a ele. Esse é o momento em que me arrependo profundamente por ter matado aquele verme rapidamente; não deveria ter dado a sua redenção tão fácil como teve. Eu deveria ter feito ele sofrer, deveria ter o deixado em estado irreconhecível. Eu queria, nesse momento, que ele literalmente implorasse para que eu acabasse com sua vida e que ele morresse lembrando o motivo de estar recebendo sua punição. - Como aquele filho da puta estava sozinho com ela lá em cima se mandamos todos os nossos homens em grupos? E quando estão separados, sempre estão em duplas? - Salvatore me questiona, e isso é uma coisa que odeio. Por isso, nunca admito nenhuma falha de nossos homens; um simples erro pode ser literalmente o seu fim. - Mais alguém estava com ele! E o safado simplesmente saiu e iria deixar aquele verme abusar de uma garota e de uma freira. - Digo mais a mim mesmo do que para Salvatore. Imediatamente, ligo para nosso primo e mando ele reunir todos os homens que estavam conosco hoje.SALVATORE Assim que chegamos em nossa casa, vou direto para o nosso escritório, vou ao bar e encho um copo de whisky. Viro o copo de uma vez, deixando o amargo da bebida queimar em minha garganta, enquanto despejo mais um pouco de bebida e viro novamente.Jogo o copo com raiva em direção à parede, mas nada disso me acalma; eu estava furioso. Por causa de poucos minutos, Matteo impediu que algo acontecesse com Violet.Essa noite seria longa. Depois do ocorrido de hoje, meu pico de adrenalina estava nas alturas. Arranco meu paletó, jogando-o em um lugar qualquer, e arranco minha gravata, que parecia estar sufocando. Desaboto alguns botões de minha camisa, arregaço as duas mangas e dou o primeiro soco em direção à parede.Sinto a dor subir rapidamente dos nós dos meus dedos até meu braço, mas isso não consegue acalmar minha raiva. Dou outro soco e mais outro, e assim sigo sucessivamente. Matteo não deveria ter matado aquele verme tão rápido; deveríamos ter trazido ele e tê-lo torturado
VIOLET Quando acordo, a escuridão invade meus olhos. Vejo pela janela que ainda está escuro lá fora; apenas a luz da lua ilumina suavemente o ambiente. Sento-me na cama e percebo que estou novamente no quarto. Quando acordei mais cedo, posso jurar que vi meus supostos maridos matando alguém pela sacada do quarto onde estou.As únicas coisas que fiz nas últimas 24 horas foram: tentar fugir, quase ser abusada, desmaiar duas vezes e acabar em uma casa que nem sei onde é, com dois assassinos e mafiosos debaixo do mesmo teto.Ainda não sabia o que poderia ser pior: estar em uma casa que eu literalmente nem sei onde fica, ou saber que estou sentada em uma cama com um pijama que nem lembro de ter colocado. Aí, Deus, será que eles me viram pelada e tocaram em mim? Toco meu corpo rapidamente e não sinto dor na região íntima, então isso poderia ser um bom sinal.Eu não consigo me lembrar muito bem da fisionomia do homem que tinha visto mais cedo dentro do escritório com meu pai, pois mal tinha
SALVATORE Ontem à noite foi mais longa do que eu pensaria que seria. Depois de muito custo, finalmente consegui acalmar os meus ânimos. Ontem, depois que Matteo foi para seu quarto, fiquei ainda durante um bom tempo observando Violet em seu quarto pela câmera, até que a vejo se movimentando inquietamente em sua cama. Após alguns minutos, ela abre a porta de seu quarto. Fico observando o momento em que ela parece estar apreensiva e com medo; provavelmente deve estar pensando que todos na casa estão dormindo e quer aproveitar esse momento para tentar fugir novamente.E eu aqui, apenas pensando que poderia terminar minha noite em paz tomando meu whisky enquanto vejo seu sono. Mas não, lá vou eu impedir uma jovem mulher que acaba de chegar à maioridade de fugir de sua nova casa e de seus maridos.— Vai a algum lugar? — Pergunto, atrás dela, em meio ao escuro, e vejo seu pequeno corpo se virar em minha direção. Só então começo a perceber o quão bonito é o seu rosto, com cabelos longos e d
VioletSalvatore sai atendendo uma chamada, indo direto para seu escritório, deixando eu e o agro do Matteo à mesa sem ao menos olhar para trás. Como iria conseguir me acostumar a essa nova vida?- Em que festa nós vamos? Pergunto a Matteo em uma tentativa de puxar assunto.- É um jantar para te apresentar aos nossos aliados, então não nos envergonhe. Eu vou te acompanhar hoje às compras. Ele fala, dando uma piscadela em minha direção.- Não preciso da sua companhia! Além de ser obrigada a ir para casa, agora também eles andariam atrás de mim em todos os lugares!- Isso não está em discussão. Ele se levanta, fazendo um gesto para que o acompanhe, e eu o sigo em silêncio. Matteo me guia até uma garagem onde estão vários carros e motos estacionadas. Vou andando atrás dele até chegarmos em frente a uma moto e ele me entrega um capacete.- Eu não vou subir nisso. Digo a ele, olhando para aquela coisa à nossa frente.- Por quê? Ele pergunta, sem entender o motivo.- Porqu
MatteoQuando Violet disse que não gostava de mim e do meu irmão, senti como se minha alma tivesse saído de dentro do meu corpo. Era horrível amar alguém que nem sabe que aquele sentimento está ali.Violet pertence a nós desde o dia de seu nascimento. Quando ela nasceu, Salvatore tinha 12 anos e eu, apenas 10. Ela era a coisa mais linda de todo o mundo. Ela sempre estava em todos os lugares que nossa família estava, e sempre eu e meu irmão ficávamos por perto para protegê-la. Quando pedimos sua mão no ano em que ela completaria 15 anos, tanto nossa família quanto a dela ficaram surpresos e não concordaram. Logo, meus pais tentaram fazer com que namorássemos outras pessoas. Até tentamos, mas não conseguíamos tirar Violet de nossa cabeça. Então, finalmente conseguimos fazer com que ela fosse nossa no seu aniversário de 16 anos, lógico, com várias regras que nossos pais nos impuseram.Mas nada importava se tivéssemos Violet ao nosso lado. Então, hoje, quando el
---SalvatoreViolet nunca soube o poder que tinha sobre mim e Matteo desde que era pequena. Eu não ligava se ela iria aceitar ou não, e muito menos se iria ficar puta com isso, mas hoje ela saberia toda a verdade.Fazemos todo o trajeto em silêncio. Eu já sabia que Matteo iria acabar com os homens de Massimo. O que eu não esperava é que Mattia não quisesse entrar no ringue. Eu nem imagino a merda que tudo isso poderia causar nos negócios, tanto para nós quanto para eles.Com aquilo, poderia surgir uma nova rixa que pode prejudicar muito, já que ninguém quer ficar no fogo cruzado de duas famílias da máfia em briga. Quando saímos do carro, pego Violet pelo braço e a puxo, ignorando seus gritos. Matteo me olha sem entender nada, mas ele percebe quando a levo para nosso escritório e me dirijo à sala secreta.- Que porra você vai fazer? Ela não está pronta! - Matteo fala, tentando intervir à minha frente, mas eu não estou nem aí se ela está pronta ou não. Não aguento mais carregar todo es
VIOLETQuando Salvatore e Matteo saíram do meu quarto, virei-me frustrada em minha cama. Tudo isso é extremamente inacreditável; eles casaram-se comigo sem o meu consentimento porque acham que me amam.Quando Salvatore me arrastou e me mostrou todo o conteúdo daquele quarto, não conseguia acreditar no que meus olhos viam. Todas aquelas fotos minhas grudadas na parede, desde quando era criança até os sete anos que passei no colégio, eles me vigiavam; cada passo meu era monitorado por seus olhos. Como fui tão inocente em não perceber nada em todo esse tempo?Uma coisa eu tenho certeza: nunca vou conseguir me livrar deles. A única solução seria eu morrer, mas ninguém em sã consciência me ajudaria a forjar uma morte, muito menos fugir novamente de Salvatore e Matteo Risso. Finalmente, depois de um tempo, algumas recomendações começam a vir em minha memória.**Passado**Sento-me atrás de uma árvore no jardim da mansão Risso e abraço a margarida, deixando as lágrimas rolarem. Todo mundo est
--- SalvatoreViolet entrou em meu escritório furiosa. A menina que estava assustada ontem não estava aqui; às vezes esqueço que, apesar de tudo, ela é jovem e não viveu nada da vida.Eu e Matteo já sabíamos que isso seria um problema, porém não achei que fosse chegar tão rápido. Sei que estou sendo um cretino filho da puta por impedir ela de fazer suas coisas, mas só de pensar em alguém com os olhos nela, meu sangue ferve e não saberia o que seria capaz de fazer.Há onze anos, decidi me afastar para não impedir que ela tivesse amigos e uma vida normal. A lembrança dela chorando na casa da árvore me pega novamente. Naquele dia, eu vi o quanto poderíamos ser possessivos com ela, mesmo ainda sendo apenas uma criança. Violet chorava porque não tinha amigos, mas não sabia que o motivo disso éramos nós.Todas as pessoas que chegavam perto de Violet, dávamos um jeito de tirar de perto dela; queríamos só para nós. Eu não ligava para brincar de bonecas com ela, se fosse só para ter s