capítulo 6

VIOLET

Quando acordo, a escuridão invade meus olhos. Vejo pela janela que ainda está escuro lá fora; apenas a luz da lua ilumina suavemente o ambiente. Sento-me na cama e percebo que estou novamente no quarto. Quando acordei mais cedo, posso jurar que vi meus supostos maridos matando alguém pela sacada do quarto onde estou.

As únicas coisas que fiz nas últimas 24 horas foram: tentar fugir, quase ser abusada, desmaiar duas vezes e acabar em uma casa que nem sei onde é, com dois assassinos e mafiosos debaixo do mesmo teto.

Ainda não sabia o que poderia ser pior: estar em uma casa que eu literalmente nem sei onde fica, ou saber que estou sentada em uma cama com um pijama que nem lembro de ter colocado. Aí, Deus, será que eles me viram pelada e tocaram em mim? Toco meu corpo rapidamente e não sinto dor na região íntima, então isso poderia ser um bom sinal.

Eu não consigo me lembrar muito bem da fisionomia do homem que tinha visto mais cedo dentro do escritório com meu pai, pois mal tinha coragem de olhar em sua direção. Mas sua estrutura era extremamente forte e ele também era alto.

Saio dos meus pensamentos quando meu estômago começa a roncar de fome. Minha última refeição foi o café da manhã ainda no convento e não queria sair novamente desse quarto e encontrar algum deles matando outra pessoa, mas minha barriga está doendo muito e não para de fazer barulho.

Tomo coragem e finalmente me levanto, jogando as cobertas para o lado. Giro a maçaneta, agradecendo por pelo menos não me manterem trancada aqui em cima. Abro a porta, e tudo está escuro e silencioso. Ando devagar, tentando memorizar o caminho para voltar, desço as escadas cuidadosamente e passo por uma sala.

- Vai a algum lugar? Ouço uma voz grave vindo atrás de mim, do meio do escuro. Eu gelo, virando lentamente em sua direção e vejo o momento em que surge uma sombra alta da escuridão. Era um homem totalmente diferente do que estava mais cedo no escritório com meu pai. Ele era alto, de cabelos negros, e tinha olhos claros. Ao contrário do outro, ele não era exageradamente musculoso, e não tinha piercing nem tatuagem do pescoço até a cabeça, mas seus braços tinham alguns rabiscos. Ele estava com o cabelo desarrumado, sem gravata e com a camisa social desabotoada apenas com alguns botões ainda no lugar, as mangas estavam arregaçadas e um copo de bebida estava em sua mão. Mas o que me chama a atenção são as manchas de sangue que estão em seu corpo. Fico ali parada à sua frente, sem reação.

- Você não respondeu minha pergunta. Aonde você está indo? Ele se aproxima calmamente de mim enquanto termina de beber sua bebida.

- Está tentando fugir novamente? Balanço a cabeça negativamente, e ele se aproxima ainda mais do meu corpo. Acabo dando um passo para trás automaticamente. Mesmo ele não sendo um monstro musculoso como o outro, ainda é duas vezes maior que eu. Com ele em minha frente, vejo que bato na altura de seu peito.

- Você não fala? Ele me pergunta seriamente, mas a única coisa que consigo pensar é que não posso desmaiar pela terceira vez. Então, balanço a cabeça positivamente, já que minha voz insiste em não sair.

- Co... cozinha. Estou tentando achar a cozinha! Digo finalmente. Por que estou com tanto medo assim? E pior, por que achei ele tão lindo com esses olhos claros?

- Vem, vou te levar até lá. Também não comi nada o dia inteiro. Sigo ele até o próximo corredor, tentando analisar os detalhes da casa que não dava para enxergar muito bem por causa do escuro. Quando chegamos a uma cozinha imensa, sento-me em um banco na ilha e fico apenas observando ele fuçando na geladeira em busca de algo.

- Você gosta de sanduíche? Ele pergunta, ainda focado, olhando para dentro da geladeira. Eu apenas faço que sim com a cabeça, respondendo sua pergunta.

- Dá para você parar de balançar a cabeça e me responder quando eu perguntar alguma coisa? Ele me diz agora, parecendo um pouco sem paciência, enquanto me olha. Eu aceno com a cabeça novamente, concordando involuntariamente, quando finalmente consigo dizer: - Sim. Desculpa! Digo a ele.

- Não se desculpe, eu sei que você está com medo. Dá para ver nos seus olhos; eles dizem mais do que podemos imaginar.

- Quem é você? Finalmente tomo coragem e pergunto. O homem à minha frente abre um pequeno sorriso.

- Salvatore! Você sabe quem eu sou e por que está aqui, não é, Violet? Ele me pergunta, e consigo ver em seus olhos um tom de quem estava gostando daquilo.

- Sim. Digo suavemente, mais para mim do que para ele. Salvatore faz quatro lanches de frango desfiado com salada e eu apenas fico ali sentada em silêncio, observando seus movimentos. Assim que ele termina, me serve um prato com dois lanches e comemos em silêncio. Quando acabamos, ele coloca os utensílios na lava-louças e me levanto rapidamente para retornar ao meu quarto.

- Obrigada pelo lanche. Digo e tento sair apressadamente, para fugir o mais rápido possível dele.

- Violet. Ele me chama e me viro lentamente, encarando-o.

- Não tente fugir de nós novamente. Você não tem escapatória. Ele me diz, encarando-me com aqueles olhos gelados. Olho para o chão e simplesmente saio andando, sem ao menos dizer algo para ele. Subo as escadas correndo, tentando chegar em meu quarto o mais rápido que posso. Quando volto deito-me na cama e começo a pensar que tipo de vida eu levaria ao lado desses homens. Eu mal os conheço e creio que eles não são os tipos de homens que conversam civilizadamente já que os vi matarem duas pessoas em menos de 24 horas. Por que eu ? De tantas pessoas que poderiam ter em sua vida, porque querer justamente eu ? Que passei quase toda vida trancada e nem ao menos sei como agir durante essas circunstâncias. Fico Tentando pegar no sono, mas todas as minhas tentativas são em vão, então ligo a TV e fico assistindo até cair no sono novamente

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