VioletSubo as escadas em direção ao meu quarto, entro no banheiro trancando a porta. Esse é o único lugar agora que tenho privacidade, já que Salvatore arrombou a porta do quarto. Fico sentada no chão e deixo as lágrimas me invadirem. Eu sei que estou sendo estúpida, mas não sei o que fazer. Sinceramente, eu me sinto insegura e imatura em relação a tudo que está acontecendo ao meu redor.Eu sei que em algum momento eu teria que me casar com alguém, e isso não estava em discussão desde quando eu nasci, mas eu nunca estive perto de nenhum homem. A única pessoa que eu beijei até hoje foi Mattia, e foi uma única vez, quando ele roubou um beijo e eu saí correndo dele com medo.Eu estava nessa casa sozinha, não tinha ninguém com quem eu pudesse desabafar. Era apenas eu e dois homens que, a qualquer momento, poderiam entrar aqui e pegar o que quisessem, porque ninguém iria impedir ou me proteger, já que sou legalmente esposa.Até os empregados dessa casa agem como se fossem robôs; não falam
VioletFinalmente desenformei o bolo e o recheio com a calda. Logo em seguida, sirvo um pedaço de bolo para Salvatore e Matteo e depois me sento ao lado deles, comendo o meu pedaço em silêncio e pensando no que poderia fazer para que eles desistissem dessa ideia maluca de eu ser esposa deles. Se eu tentasse fugir mais uma vez, sei que essa maré de calmaria viraria um inferno e eles provavelmente me deixariam trancada dentro dessa casa para sempre.Os dois acabam percebendo o meu pequeno momento de devaneio e me observam como se eu fosse uma presa pronta para o abate.— O que foi, Violet? Por que está tão pensativa? — Salvatore pergunta, olhando friamente em meus olhos, e eu acabo desviando o olhar.— Nada — digo e coloco mais um pedaço de bolo na boca para tentar fugir do assunto.— Não minta pra gente, você não é boa nisso. — Olho de relance e eles estão sérios, me olhando, esperando minha resposta.— Eu estava pensando sobre a nossa conversa no jantar de hoje e, sinceramente, não me
VioletQuando acordo, tanto Salvatore quanto Matteo não estão mais ao meu lado. Faço minha higiene matinal, trocando de roupa; visto um vestido midi com uma jaqueta e um par de sapatilhas. Passo rapidamente pela sala de jantar, aproveitando que Salvatore e Matteo não estavam à mesa.Vou direto para a garagem e peço ao motorista que me leve para o convento, mas aquele medroso nega, já que não poderia sair sem permissão de Salvatore e Matteo.Então, chamo um carro de aplicativo pelo celular e saio sorrateiramente pelos arbustos da lateral da mansão. Quando estamos na metade do caminho, meu celular começa a tocar e vejo na tela o nome de Salvatore, junto com várias mensagens dele e de Matteo. Decido ignorar e encosto minha cabeça no banco de trás. Quando vejo que o motorista não para de olhar pelo retrovisor do carro, olho para trás e vejo dois carros pretos em alta velocidade, acompanhados de duas motos que ficam pareadas ao carro de aplicativo. Do lado esquerdo está Matteo e do outro l
Violet é filha única de um dos maiores braços direitos da Máfia Italiana, os Risso. Antes mesmo de nascer, seu destino já estava traçado: casar com alguém da máfia. Naquele meio, mulheres eram negociadas assim como contratos eram feitos, tudo para ter mais poder e vantagem sobre os outros.Desde seus 12 anos de idade, Violet vivia isolada do mundo em um convento só de mulheres. Raramente visitava sua família e tinha muito pouco contato com o mundo exterior. Ela sairia assim que completasse a maioridade para se casar, o que ela não sabia era que já estava casada desde seus dezessete anos, e só não foi tirada de lá porque seus companheiros nunca fizeram questão.Salvatore e Matteo Risso são filhos do grande chefe Lorenzon Risso. Salvatore era o mais velho, com vinte e oito anos; ele era o chefe da família na máfia, assumindo o lugar do seu pai, que já tinha se aposentado dos negócios do submundo. Já Matteo era o caçula, subchefe e capô, com apenas vinte e sete anos. Eles eram os mais jo
SALVATORE Aproveitamos o período da manhã para irmos ao convento buscar nossa pequena esposa Violet; tudo já estava preparado esperando por ela. No nosso meio, é comum o casamento por negócios, e uma das condições impostas por nosso pai para ganharmos nossos cargos era casar com ela. Essa foi a sua única exigência para deixar todo o seu império em nossas mãos. Para nós, era vantajoso; teríamos controle total dos negócios da nossa família, e vivemos seis anos livremente por ela estar no convento até agora, que completou a maioridade.Violet é filha do melhor amigo de nosso pai e foi um dos seus braços direitos, o que complicava um pouco as coisas. Nosso pai provavelmente iria ficar em cima para ver como estamos tratando bem a garota, do mesmo jeito que fica para ver como comandamos os negócios, o que ele não deveria nem se preocupar, porque somos uma equipe perfeita. Eu sou quem toma todas as decisões importantes; entre mim e Matteo, sou o mais parecid
VIOLETAssim que cheguei ao dormitório, fui direto para o quarto da irmã Helena. Ela foi minha melhor amiga aqui dentro, me ajudou desde o primeiro dia e nós duas nos demos bem logo de cara. Eu, assim como ela, éramos novatas. Helena tinha acabado de fazer seus votos há menos de um mês.- Irmã, me ajude, por favor. Não quero ir. Digo a ela, abraçando seu corpo como se fosse minha tábua de salvação, e choro copiosamente em seu braço.- Minha menina, acho tudo isso um absurdo. Onde já se viu seu pai casar você com um desses homens e ainda com o dobro da sua idade?- O que eu vou fazer, irmã? Eles vão me matar se não quiser me deitar com eles. Eu não quero passar minha vida assim.- Como assim, eles, Violet? Com quem seu pai lhe casou?- Com Salvatore e Matteo Risso. Eu estou casada, não com um, mas com os dois. Digo a ela, que me olha de forma incrédula, colocando as mãos sobre a boca.- Querida, se realmente quiser se livrar disso, eu posso te ajuda
MatteoTive a péssima ideia de não acompanhar Violet até seu quarto. Sei que minha presença estava lhe causando medo. Infelizmente, causo isso nas pessoas; não sei se são as tatuagens, os piercings ou meu tamanho, mas adoro ser temido apenas com um olhar. Porém, por incrível que pareça, não quero que ela sinta medo, assim como as outras pessoas.Agora, neste momento, estou aqui no salão principal, junto com um bando de freiras e um grupo de adolescentes desesperadas que não param de gritar em meus ouvidos. Tudo isso porque eu tentei ser legal.Poderia ter apenas matado alguém para dar um exemplo, mas não estou aqui ouvindo essa velha do caralho que acha que é nossa avó, dando sermão de como estamos blasfemando em sua escola. Estou quase perdendo o pouco da paciência que ainda me resta, para acabar explodindo a cabeça dela na frente de todo mundo.Ouço barulho de algo caindo no andar de cima, depois ouço passos apressados e um barulho novamente que chama a atenção de todos.- Vou checa
SALVATORE Assim que chegamos em nossa casa, vou direto para o nosso escritório, vou ao bar e encho um copo de whisky. Viro o copo de uma vez, deixando o amargo da bebida queimar em minha garganta, enquanto despejo mais um pouco de bebida e viro novamente.Jogo o copo com raiva em direção à parede, mas nada disso me acalma; eu estava furioso. Por causa de poucos minutos, Matteo impediu que algo acontecesse com Violet.Essa noite seria longa. Depois do ocorrido de hoje, meu pico de adrenalina estava nas alturas. Arranco meu paletó, jogando-o em um lugar qualquer, e arranco minha gravata, que parecia estar sufocando. Desaboto alguns botões de minha camisa, arregaço as duas mangas e dou o primeiro soco em direção à parede.Sinto a dor subir rapidamente dos nós dos meus dedos até meu braço, mas isso não consegue acalmar minha raiva. Dou outro soco e mais outro, e assim sigo sucessivamente. Matteo não deveria ter matado aquele verme tão rápido; deveríamos ter trazido ele e tê-lo torturado