SALVATORE
Aproveitamos o período da manhã para irmos ao convento buscar nossa pequena esposa Violet; tudo já estava preparado esperando por ela. No nosso meio, é comum o casamento por negócios, e uma das condições impostas por nosso pai para ganharmos nossos cargos era casar com ela. Essa foi a sua única exigência para deixar todo o seu império em nossas mãos. Para nós, era vantajoso; teríamos controle total dos negócios da nossa família, e vivemos seis anos livremente por ela estar no convento até agora, que completou a maioridade. Violet é filha do melhor amigo de nosso pai e foi um dos seus braços direitos, o que complicava um pouco as coisas. Nosso pai provavelmente iria ficar em cima para ver como estamos tratando bem a garota, do mesmo jeito que fica para ver como comandamos os negócios, o que ele não deveria nem se preocupar, porque somos uma equipe perfeita. Eu sou quem toma todas as decisões importantes; entre mim e Matteo, sou o mais parecido com nosso pai nos negócios. Quer esconder alguma coisa de mim? Não esconda nada, em eletrônicos também cuido da parte de tecnologia e organização de missões. Matteo, como o apelido já diz, "o colecionador de ossos", é o assassino mais temido do nosso país, além de ser a pessoa em quem mais confio em todo este mundo. Estou perdido em meus pensamentos quando a figura de Matteo vem pisando duro em minha direção até o carro, e pelo jeito que ele está, não são boas notícias. - O que houve? Pergunto a ele enquanto tiro meus óculos escuros e os guardo dentro do bolso do terno. - Uma freira fugiu com a nossa mulher - ele pigarreia, andando de um lado para outro enquanto acende um cigarro. - Como assim uma freira fugiu com nossa mulher? Era sua responsabilidade ficar junto com ela o tempo todo - digo, arqueando uma sobrancelha, e Matteo me olha ainda mais com raiva. - Aquela velha, a tal de Dulce, disse que era contra as regras homens entrarem nos dormitórios. Então, ficamos esperando no salão principal até que uma das irmãs veio avisar da fuga. - Era só o que me faltava: ter que matar um bando de freiras - digo a Matteo, que abre um lindo sorriso diabólico. Eu sei que no fundo meu irmão tem um coração, mas ele conseguia ser extremamente diabólico quando queria. - Chame nossos homens e mande-os ficarem de guarda em todas as saídas. Ninguém entra e ninguém sai desse convento até acharmos Violet. Eu e Matteo entramos no convento, reunindo todas as estudantes e irmãs que estavam lá para começarmos o interrogatório e termos alguma pista de quem poderia estar ajudando Violet. Todas ficam em silêncio e amontoadas, nos encarando como se estivessem vendo demônios à sua frente. Puxo uma cadeira e a coloco no centro do salão. - Senhoras, então quem vai ser a primeira a nos dar a honra de se sentar nessa cadeira? - eu digo, apontando, mas todas ainda ficam em silêncio e se amontoam ainda mais, parecendo cordeiros indefesos. - Acho que devemos começar pela velhota ali! - Matteo aponta para a irmã que é a diretora. - Tenha mais respeito comigo, garoto. Tenho idade para ser sua avó - ela retruca, enquanto caminha em nossa direção. - Se fosse minha avó, já tinha infartado. - A velha senta-se na cadeira, e eu me aproximo, ficando frente a frente com ela. - Aonde está minha esposa, irmã? Não vou sair daqui sem ela, e se não me ajudarem, vai ter um banho de sangue para a senhora limpar - digo, olhando no fundo dos seus olhos. Uma coisa que Matteo e eu sempre concordamos foi nunca matar mulheres e crianças, a não ser que seja extremamente necessário. - Não blasfêmie no meu colégio, seu monstro. Tenho pena da Violet, tão nova e sendo entregue assim, como se fosse nada, para um bando de assassinos. Não sei quem é mais terrível: o pai dela ou vocês, por terem obrigado a isso - a velha me enfrenta, olhando em meus olhos, e vejo que ela não estava com medo por dizer a verdade sobre nós e o pai de Violet. Escuto o clique da arma de Matteo se destravando; ele já estava, assim como eu, sem um pingo de paciência. - Foi mal, senhora, mas não estou afim de ouvir sermão. Entregue a garota para a gente ou eu estourarei sua cabeça - ele aponta a arma sobre a cabeça da irmã, e ela fecha os olhos e começa a rezar, segurando seu terço em mãos, como se estivesse preparada para finalmente conhecer o seu criador. - Não atire! - digo para Matteo, que me olha sem entender. - Ela será a última a morrer. Primeiro iremos começar pelas alunas, das mais novas para as mais velhas! - olho para Matteo, que já tinha entendido perfeitamente o que estava planejando. Meu irmão caminha em direção ao bando de meninas que não devem passar dos doze anos e puxa uma pelos braços, que logo começa a chorar desesperada. Sei que isso pode ser extremamente traumático para ela, mas a grande maioria aqui já está praticamente com o destino traçado, assim como Violet, que já estava com o seu destino ligado ao nosso. - Não faça isso, ela é apenas uma criança - a velha irmã diz, olhando para a menina que não para de chorar desde que Matteo a pegou. - Entregue minha esposa, e eu garanto que ninguém sairá machucado, irmã, e nenhuma de vocês nunca mais irá nos ver novamente - Matteo diz para a velha, já com sua arma apontada em sua cabeça. - Eu não sei onde Violet poderia estar e quem pode ter ajudado a fugir - a irmã para, olhando novamente para a menina, quando finalmente parece ter desistido. - Minha missão é proteger todas essas meninas; isso é o que suas famílias esperam de mim. Tem uma irmã que não estou vendo em nenhum lugar. Ela chama Helena e, desde que Violet chegou, ela se apegou bastante à menina. Talvez possa ser ela quem está ajudando a Violet. - E como sabemos onde elas estão? - pergunto, abaixando-me em frente à cadeira, com o olhar firme sobre a velha senhora. - Em meu escritório, na segunda gaveta de minha mesa, tem a planta dessa casa. Lá mostra todas as saídas e túneis que temos aqui desde a época da antiga guerra. Assim que ela termina de falar, Matteo vai para o seu escritório em busca da planta, e logo nossos homens começam a revistar toda a casa.VIOLETAssim que cheguei ao dormitório, fui direto para o quarto da irmã Helena. Ela foi minha melhor amiga aqui dentro, me ajudou desde o primeiro dia e nós duas nos demos bem logo de cara. Eu, assim como ela, éramos novatas. Helena tinha acabado de fazer seus votos há menos de um mês.- Irmã, me ajude, por favor. Não quero ir. Digo a ela, abraçando seu corpo como se fosse minha tábua de salvação, e choro copiosamente em seu braço.- Minha menina, acho tudo isso um absurdo. Onde já se viu seu pai casar você com um desses homens e ainda com o dobro da sua idade?- O que eu vou fazer, irmã? Eles vão me matar se não quiser me deitar com eles. Eu não quero passar minha vida assim.- Como assim, eles, Violet? Com quem seu pai lhe casou?- Com Salvatore e Matteo Risso. Eu estou casada, não com um, mas com os dois. Digo a ela, que me olha de forma incrédula, colocando as mãos sobre a boca.- Querida, se realmente quiser se livrar disso, eu posso te ajuda
MatteoTive a péssima ideia de não acompanhar Violet até seu quarto. Sei que minha presença estava lhe causando medo. Infelizmente, causo isso nas pessoas; não sei se são as tatuagens, os piercings ou meu tamanho, mas adoro ser temido apenas com um olhar. Porém, por incrível que pareça, não quero que ela sinta medo, assim como as outras pessoas.Agora, neste momento, estou aqui no salão principal, junto com um bando de freiras e um grupo de adolescentes desesperadas que não param de gritar em meus ouvidos. Tudo isso porque eu tentei ser legal.Poderia ter apenas matado alguém para dar um exemplo, mas não estou aqui ouvindo essa velha do caralho que acha que é nossa avó, dando sermão de como estamos blasfemando em sua escola. Estou quase perdendo o pouco da paciência que ainda me resta, para acabar explodindo a cabeça dela na frente de todo mundo.Ouço barulho de algo caindo no andar de cima, depois ouço passos apressados e um barulho novamente que chama a atenção de todos.- Vou checa
SALVATORE Assim que chegamos em nossa casa, vou direto para o nosso escritório, vou ao bar e encho um copo de whisky. Viro o copo de uma vez, deixando o amargo da bebida queimar em minha garganta, enquanto despejo mais um pouco de bebida e viro novamente.Jogo o copo com raiva em direção à parede, mas nada disso me acalma; eu estava furioso. Por causa de poucos minutos, Matteo impediu que algo acontecesse com Violet.Essa noite seria longa. Depois do ocorrido de hoje, meu pico de adrenalina estava nas alturas. Arranco meu paletó, jogando-o em um lugar qualquer, e arranco minha gravata, que parecia estar sufocando. Desaboto alguns botões de minha camisa, arregaço as duas mangas e dou o primeiro soco em direção à parede.Sinto a dor subir rapidamente dos nós dos meus dedos até meu braço, mas isso não consegue acalmar minha raiva. Dou outro soco e mais outro, e assim sigo sucessivamente. Matteo não deveria ter matado aquele verme tão rápido; deveríamos ter trazido ele e tê-lo torturado
VIOLET Quando acordo, a escuridão invade meus olhos. Vejo pela janela que ainda está escuro lá fora; apenas a luz da lua ilumina suavemente o ambiente. Sento-me na cama e percebo que estou novamente no quarto. Quando acordei mais cedo, posso jurar que vi meus supostos maridos matando alguém pela sacada do quarto onde estou.As únicas coisas que fiz nas últimas 24 horas foram: tentar fugir, quase ser abusada, desmaiar duas vezes e acabar em uma casa que nem sei onde é, com dois assassinos e mafiosos debaixo do mesmo teto.Ainda não sabia o que poderia ser pior: estar em uma casa que eu literalmente nem sei onde fica, ou saber que estou sentada em uma cama com um pijama que nem lembro de ter colocado. Aí, Deus, será que eles me viram pelada e tocaram em mim? Toco meu corpo rapidamente e não sinto dor na região íntima, então isso poderia ser um bom sinal.Eu não consigo me lembrar muito bem da fisionomia do homem que tinha visto mais cedo dentro do escritório com meu pai, pois mal tinha
SALVATORE Ontem à noite foi mais longa do que eu pensaria que seria. Depois de muito custo, finalmente consegui acalmar os meus ânimos. Ontem, depois que Matteo foi para seu quarto, fiquei ainda durante um bom tempo observando Violet em seu quarto pela câmera, até que a vejo se movimentando inquietamente em sua cama. Após alguns minutos, ela abre a porta de seu quarto. Fico observando o momento em que ela parece estar apreensiva e com medo; provavelmente deve estar pensando que todos na casa estão dormindo e quer aproveitar esse momento para tentar fugir novamente.E eu aqui, apenas pensando que poderia terminar minha noite em paz tomando meu whisky enquanto vejo seu sono. Mas não, lá vou eu impedir uma jovem mulher que acaba de chegar à maioridade de fugir de sua nova casa e de seus maridos.— Vai a algum lugar? — Pergunto, atrás dela, em meio ao escuro, e vejo seu pequeno corpo se virar em minha direção. Só então começo a perceber o quão bonito é o seu rosto, com cabelos longos e d
VioletSalvatore sai atendendo uma chamada, indo direto para seu escritório, deixando eu e o agro do Matteo à mesa sem ao menos olhar para trás. Como iria conseguir me acostumar a essa nova vida?- Em que festa nós vamos? Pergunto a Matteo em uma tentativa de puxar assunto.- É um jantar para te apresentar aos nossos aliados, então não nos envergonhe. Eu vou te acompanhar hoje às compras. Ele fala, dando uma piscadela em minha direção.- Não preciso da sua companhia! Além de ser obrigada a ir para casa, agora também eles andariam atrás de mim em todos os lugares!- Isso não está em discussão. Ele se levanta, fazendo um gesto para que o acompanhe, e eu o sigo em silêncio. Matteo me guia até uma garagem onde estão vários carros e motos estacionadas. Vou andando atrás dele até chegarmos em frente a uma moto e ele me entrega um capacete.- Eu não vou subir nisso. Digo a ele, olhando para aquela coisa à nossa frente.- Por quê? Ele pergunta, sem entender o motivo.- Porqu
MatteoQuando Violet disse que não gostava de mim e do meu irmão, senti como se minha alma tivesse saído de dentro do meu corpo. Era horrível amar alguém que nem sabe que aquele sentimento está ali.Violet pertence a nós desde o dia de seu nascimento. Quando ela nasceu, Salvatore tinha 12 anos e eu, apenas 10. Ela era a coisa mais linda de todo o mundo. Ela sempre estava em todos os lugares que nossa família estava, e sempre eu e meu irmão ficávamos por perto para protegê-la. Quando pedimos sua mão no ano em que ela completaria 15 anos, tanto nossa família quanto a dela ficaram surpresos e não concordaram. Logo, meus pais tentaram fazer com que namorássemos outras pessoas. Até tentamos, mas não conseguíamos tirar Violet de nossa cabeça. Então, finalmente conseguimos fazer com que ela fosse nossa no seu aniversário de 16 anos, lógico, com várias regras que nossos pais nos impuseram.Mas nada importava se tivéssemos Violet ao nosso lado. Então, hoje, quando el
---SalvatoreViolet nunca soube o poder que tinha sobre mim e Matteo desde que era pequena. Eu não ligava se ela iria aceitar ou não, e muito menos se iria ficar puta com isso, mas hoje ela saberia toda a verdade.Fazemos todo o trajeto em silêncio. Eu já sabia que Matteo iria acabar com os homens de Massimo. O que eu não esperava é que Mattia não quisesse entrar no ringue. Eu nem imagino a merda que tudo isso poderia causar nos negócios, tanto para nós quanto para eles.Com aquilo, poderia surgir uma nova rixa que pode prejudicar muito, já que ninguém quer ficar no fogo cruzado de duas famílias da máfia em briga. Quando saímos do carro, pego Violet pelo braço e a puxo, ignorando seus gritos. Matteo me olha sem entender nada, mas ele percebe quando a levo para nosso escritório e me dirijo à sala secreta.- Que porra você vai fazer? Ela não está pronta! - Matteo fala, tentando intervir à minha frente, mas eu não estou nem aí se ela está pronta ou não. Não aguento mais carregar todo es