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5. Treze anos depois.

Treze anos se passaram desde que minhas asas cortaram o céu pela primeira vez, desde que o mundo mágico das harpias se tornou meu lar. Hoje, aos dezesseis, atingi um marco que não é apenas simbólico — é visceral. O baile de debutante não celebra apenas a juventude, mas o despertar da identidade, da coragem e do futuro. E pela primeira vez, senti que deixava de ser a menina que sonhava com um passado esquecido, para me tornar uma jovem harpia com sede de tudo o que está por vir.

A noite caiu serena sobre a montanha ancestral. As estrelas refletiam-se nas rochas polidas como espelhos celestiais, e lanternas flutuantes enchiam o céu com um brilho cálido, como se os próprios ancestrais estivessem nos observando, silenciosos e orgulhosos. O perfume de flores raras se misturava ao som de risos, música e asas que cortavam o ar suavemente. Era como se a cidade cantasse em uníssono, uma sinfonia de tradição e promessa.

Estávamos todas adornadas em trajes sagrados, cada detalhe refletindo nossa linhagem. As plumas que decoravam meus ombros cintilavam sob a luz da lua, e as joias delicadas em meus pulsos carregavam histórias antigas, passadas de geração em geração. Cada harpia naquela sala irradiava beleza, mas mais do que isso, força — a força de quem carrega nas veias a memória de um povo que resistiu às tempestades.

Mas havia algo diferente naquela noite.

Pela primeira vez, o salão recebeu visitantes de fora — seres de outras raças, de terras distantes além das fronteiras aéreas. Suas roupas, seus olhos, seus modos… tudo era novo. E fascinante. Eu conversei com um elfo que falava em versos, ouvi histórias de um ancião draconiano que tinha cicatrizes que pareciam mapas, dancei com uma menina humana de cabelos cor-de-fogo que me contou sobre florestas que cantam.

Cada encontro era uma janela, e através de cada uma, eu enxergava mundos inteiros que ainda não conhecia.

E ali, naquele fluxo de culturas, percebi algo que pulsava dentro de mim há muito tempo. Aquelas lembranças humanas — antes um fardo silencioso — agora ganhavam forma. Elas não eram fantasmas… eram pontes. Pontes entre o que eu fui e o que posso ser. Empatia, escuta, adaptação. Eu compreendia os olhares que hesitam, as palavras que se perdem entre línguas, os silêncios cheios de significado.

Enquanto outras harpias celebravam com o vigor da juventude, eu dançava com a alma de alguém que finalmente havia entendido seu papel: não apenas uma filha da montanha, mas uma tecelã de encontros, de alianças, de futuros possíveis.

E quando a última canção se dissolveu no céu e as lanternas começaram a desaparecer entre as nuvens, senti a chama dentro de mim. Ela não queimava com violência, mas com uma luz constante, firme — como o farol que guia viajantes noturnos.

Naquela noite, descobri que minhas raízes não me prendem. Elas me sustentam. E minhas asas não são apenas para voar, mas para alcançar horizontes onde outras vozes cantam, onde outras mãos constroem, onde outros corações também anseiam por um mundo novo.

O baile foi o início.

Meu futuro, agora, é um céu aberto.

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