Ela apenas observou Stephen, silenciosa.O CEO foi se aproximando dos presentes já abertos, pegando com cuidado cada peça de roupinha minúscula que o bebê havia ganho, fazendo com que parecessem ainda menores nas suas mãos grandes.Não havia dúvida que estava encantado com o que via. Seus olhos brilhavam como se tivessem estrelas dentro.A emoção era tão patente que Serena se sentiu ainda pior do que quando ele lhe lançou um olhar acusatório e magoado.Joana, Luíza e Mariana se aproximaram dele instantaneamente. Não demorou para que outras amigas também fizessem a mesma coisa, todas apressando-se em mostrar-lhe os presentes e aliviar a tensão no ar. Além da intenção óbvia de acalmar o ambiente, havia mais uma razão para tanta boa vontade, e Serena era bem consciente disso nesse momento: o nova-iorquino parecia haver passado mel em si mesmo. Estava tão atraente que era impossível não ajuntar um bando de mulheres em volta, tal qual abelhas, ansiosas por consolar o belo papai de expressã
Stephen desceu as escadas como um furacão, sem olhar nada a volta, xingando e chutando o vácuo, dando vazão, enfim, à fúria cega que quase o fizera surtar no apartamento de Serena.Como havia conseguido manter a voz em tom moderado era um mistério a ser estudado no futuro. Talvez o fato de que sua namorada podia gostar de plateia, mas ele não. Sua namorada? Não, não mais. Não podia simplesmente pegar a coisa no ponto em que deixara e recomeçar o relacionamento. Não com alguém que o havia traído da forma mais vil. Serena sabia que ele queria um filho, uma família. Como pôde esconder isso dele? Que cretina! E o pior, como ele podia ter errado tanto ao analisar o caráter dela? Sempre fora ótimo nisso, o que lhe trouxe muito sucesso no trabalho e na vida.Estaria fadado a se apaixonar por mulheres que não lhe davam valor algum? A ser tão desconsiderado, inspirar tão pouca confiança? Ter sido abandonado por Carly havia sido ruim, mas ser deixado por Serena fora 10 vezes pior, mesmo estando
Stephen se retesou. Ela estava apavorada? Por que não conversou com ele? Como podia ter imaginado que ele, logo ele, teria uma atitude perversa em relação à ela, e seu bebê? Ela não o conhecia mesmo!— Eu não sou como esse pateta alemão!— Ele também não é um pateta. Klaus é um cara legal, não sei o que deu nele para se comportar daquele jeito com a Roberta.— Hum... Legal como Hitler... — resmungou Stephen, ressentido.Os amigos riram novamente.— Ele tava muito pirado — asseverou Gui.— É! Esqueça isso, cara. O casal já até está junto novamente, de boa. — completou Lipe.— E eu, sem ter nada a ver com isso, me dei mal. A Serena é que estava “pirada”! Mina louca!— Reclamou Stephen, com o sotaque se sobressaindo ainda mais com a raiva que sentia.— Hormônios de gravidez, amigo, muito pior que qualquer TPM. As mulheres se comportam feito loucas — comentou Gui. — Quando minha esposa, ou melhor, minha ex-esposa engravidou, parecia um animal feroz a maior parte do tempo, querendo arrancar
Serena estava na porta do apartamento de Stephen, a chave na mão, aquela que ele próprio havia lhe dado, ansiosa após tocar a campainha algumas vezes e não ser atendida. Sabia, pelo horário tardio em que Chico e Felipe haviam chegado para ver suas namoradas, e pelo estado em que estavam, que a farra entre os rapazes havia sido das boas.Só pela manhã soube que Stie havia estado com eles. Agora avaliava se o ex-namorado estava em coma alcoólico lá dentro, precisando de socorro enquanto ela decidia se era boa ideia entrar numa casa em que provavelmente nem fosse bem vinda. Mas, e se ele apenas estivesse dormindo, cansado demais após tanto farrear em seu primeiro feriado carnavalesco?Pior, e se ela entrasse e o flagrasse na cama com uma mulher que havia se empolgado diante de um homem tão bonito, desinibida graças a combinação perigosa de álcool-carnaval-calor? Ou, e essa era a mais assustadora das opções, se Stephen havia pensado melhor, e por estar tão decepcionado com ela, resolvess
Mal ouviu o barulho da porta se abrindo. Stephen havia entrado pela porta de serviço, guardara a prancha em seu lugar na área, e agora estava parado na sala, com uma expressão surpresa no rosto ao deparar-se com Serena.— Oi. Eu...eu toquei a campainha, mas ninguém atendeu, e então eu tinha a cópia da chave que você me deu quando nós estávamos namorando e... bem... é claro que estou devolvendo a você.Agora o olhar de surpresa de Stephen havia sido substituído por um olhar estranho e fixo, muito semelhante ao que as aves de rapina deviam ter ao encarar um roedor, antes de saltar sobre ele, arrancar-lhe a cabeça e engoli-la. Antes que o predador diante dela tivesse algum pensamento semelhante, Serena apressou-se a continuar seu monólogo:— Desculpe por entrar sem autorização, mas realmente precisamos conversar.Pareceu levar uma eternidade até que Stephen se dignasse a abrir a boca e responder:— Certo. Pode me dar alguns minutos? Preciso de um banho.Serena viu-se compelida a analisá-
Serena estava tensa. Para piorar, Stephen voltara a olhar para ela daquele modo fixo e desconcertante.Tomou fôlego. Sabia que uma vez que começasse a falar, não pararia, pois tinha muito a dizer.— Vim aqui para me desculpar. Por tudo. Por não confiar em você, por brigar pelo telefone, por não lhe contar que estava grávida. Por haver sido intratável. Por favor, me perdoe. Eu sinto muito, de verdade. Fui injusta.Stephen não conseguia responder. Seu coração estava apertado no peito, e seus sentimentos eram contraditórios. Gostaria de gritar com ela, sacudi-la, abraçá-la.— Stie, gostaria que você compreendesse que eu...A mão dele ergueu-se, pedindo que parasse.— O que eu fiz para merecer o tratamento que você me deu? — Stephen perguntou, em voz baixa.— O erro foi meu, você não fez nada. — Os olhos de Serena marejaram: — Tive medo, fiquei insegura...Stephen levantou-se de um pulo, sua voz subindo com ele:— Sempre essa história! Quando você vai crescer? Quando vai parar de me compa
Serena sorriu, admirando-o.— Bem, o assédio dos jornalistas brasileiros sobre você por enquanto é praticamente nulo.— Espero que continue assim. Gostou da sua pesquisa, então? Satisfez sua curiosidade? — Ironizou, tomando um gole de refrigerante.— Descobri que sua ex-noiva é uma cantora famosa.— Ah... — Stephen ficou sério, remexendo sua comida com o garfo, subitamente tenso.— Por que não me contou?— Você não me perguntou.Realmente. Serena sentia um pouco de ciúme daquela mulher, e preferia não saber muito sobre ela. Além disso, o havia deixado quando ele mais precisava dela, às vésperas de uma viagem para um país distante, o que parecia uma atitude sórdida.— Diziam que você a havia ajudado a alcançar o estrelato.— Isso não importa — respondeu, secamente.— Acho que ela foi uma ingrata.Um sorriso malicioso cresceu no rosto de Stephen. Lançou um olhar breve para Serena, antes de dizer: — Bom, essa é a história da minha vida, não é mesmo? Belas cantoras, morenas e ingratas.
Stephen parou o carro próximo ao prédio em que Serena morava. Ajudou-a a abrir o cinto, debruçando-se sobre ela. A proximidade dos corpos trouxe um súbito calor em seu rosto. Tocou-lhe a barriga, cuidadosamente.Quando a mão de Serena colocou-se sobre a dele, sentiu uma emoção indefinida. Sorriu para ela, com ternura, e mal percebeu que seus lábios se aproximavam.O roçar suave de lábios durou pouco. Stephen afastou-se, parecendo embaraçado:— Desculpe, Serena. Acho que é a força do hábito.Serena sentiu o peito enregelar. Se Stephen pedia desculpas por um beijo, eles não estavam juntos. Não eram um casal.Não havia sido desculpada.Provavelmente ele nem a amava mais.Antes que pudesse explodir em lágrimas novamente, saiu do carro correndo e entrou no prédio, sem olhar para trás.Não ia mais pedir desculpas, implorar pelo perdão. Podia ter errado, mas não iria rastejar por um homem, mesmo que o amasse.****Serena estava enroscada na cama, alheia ao barulho que os amigos faziam na sal