Capítulo 12

Passei o resto do dia folheando revistas teen da minha adolescência, enquanto no pé ainda descansava numa bolsa térmica.

Olhando ao redor eu era uma bela nerd, quem usava meias com sapatilha? A Cassie, ou melhor, Cassandra do passado adorava, provavelmente ela estaria triste por foder com o namorado da irmã, em contra ponto me sinto vingada, mas ela não era assim.

Coloco a revista no meu colo suspirando, toda essa situação me deixou esgotada. Queria contar a Amanda tudo, mas ao mesmo tempo me sentia tão culpada por ainda ter meus sentimentos envolvidos nisso, vê-lo casar com minha irmã doeria de qualquer forma.

Duas batidas na porta me tiram do meu devaneio, era o minha mãe.

— Acha que consegue descer para o jantar? Tem alguém querendo vê-la no andar de baixo. — Anunciou em um tom confortável.

— Quem?

Ela sorrir e permanece calada.

— Certo, minha curiosidade consegue ser maior que minha dor. — Digo tentando me levantar.

Minha mãe me ajudou a levantar da cama e descer as escadas, mas assim que avistei aquele rosto familiar tive forças o suficiente para me segurar sozinha. Liam estava frente a frente comigo após anos, seus cabelos permaneciam escuros, porém agora seu rosto estava mais maduro e contornado por uma barba, sua pele também estava em um tom bronzeado, talvez por cuidar da fazenda em dias ensolarados.

Coloquei as duas mãos em frente aos lábios, ele sorrio para mim com a mesma timidez de sempre.

Nos abraçamos com força, fazia tantos anos que não nos falamos.

— Finalmente você resolveu nos visitar. — Ele quando desfez o abraço. — Uau, você tá incrível, é o que Nova York faz com as pessoas.

Sorrio sentindo minhas bochechas formigarem.

— Imagina, pra alguém de 27 anos você continua muito bem. — Digo.

Ele me puxa para seus braços novamente, percebi que seu perfume agora era mais amadeirado. Liam era um homem.

— Caramba, que saudade. — Me soltou colocando as mãos nos bolsos, uma característica dele quando estava com vergonha. Certas coisas nunca mudam. — Sua mãe falou sobre seu tornozelo.

Olho para meu pé roxo, então lembrei que o mundo ao nosso redor ainda existia e que Nial olhava para nós dois discretamente enquanto arrumava os pratos na mesa para o jantar.

— Pois é, o incidente hoje de manhã.

— Quando se sentir melhor podemos visitar os lugares de antes, o que me diz? — Perguntou ele.

— Eu adoraria. — Abro o sorriso mais radiante que pude. — Não quer ficar para o jantar?

Nial derruba uma colher no chão, fazendo o barulho ecoar por toda a casa.

— Claro, aceito. — Ele responde alto o suficiente para Nial olhar para mim.

O jantar foi agradável, Liam tinha uma energia boa, seu humor fazia todos da mesa rirem, menos o Nial que observava a cena pelo rabo do olho.

Eu fazia questão de rir de qualquer coisa que o Liam falasse, jogando a cabeça para trás e tocando seu braço sugestivamente, se o Nial tivesse nervos provavelmente estaria os perdendo agora.

— Eram inseparáveis na escola, por que não manteram contato? — Minha mãe pergunta colocando uma garfada de bolo na boca em seguida.

Deixo Liam explicar, ele olhou para mim pensando, provavelmente não diria o real motivo de termos nos separado na escola.

— Caminhos diferentes, Cassie seguiu sua vida, cresceu, mas eu tinha um bebe para cuidar. — Respondeu.

— Eu não acredito que tenha trocado Stanford para cuidar da Nancy e a loja da fazenda do seu pai. — Amanda retrucou. — Ter sido pai tão novo deve ter acabado com seus planos.

Liam olhou para ela com um sorriso nos lábios.

— Parece que seguimos o mesmo caminho, Amanda. Você sempre dizia que seria uma excelente atriz, hoje trabalha com seu pai. — Virou-se para meu pai — não que seja algo ruim. E muito pelo contrário, eu amo cuidar da minha filha e a fazenda.

Segurei o riso tomando um gole de vinho, Amanda ficou tão vermelha que quase explodiu, enquanto Nial parecia não estar mais ali, tomando seu chá em silêncio.

— Não acredito que nunca nem se beijaram. — Amanda provoca.

Liam pensou, não fazia sentido esconder que a quase 8 anos atrás nos beijamos durante a última partida de futebol da temporada, debaixo das arquibancadas até ele passar suas mãos na minha bunda e eu sair correndo. Não me importaria se ele falasse, não a primeira parte, porque depois disso houve mais.

— Nos beijamos, uma única vez. — Digo por fim, arrancando surpresas de todos, menos Nial, ele rolou os olhos até mim com as sobrancelhas arqueadas. — Faz muito tempo, mais do que podemos contar.

Minha irmã abriu a boca com um sorriso inesperado.

— Meu deus, eu sabia! — Bateu a mão na mesa. — Você não perdeu a virgindade na faculdade, tinha quase certeza disso.

— Foi um beijo. — Afirmo.

Ela me lança um olhar duvidoso.

— Um beijo? Duvido. Liam não deve ser tão lerdo a esse ponto. Eu sei que garotos caipiras são meio... parados, mas não desta maneira. — Seu tom de voz desesperado fez Nial alargar as narinas. — Você não quis dizer, mas agora sei quem tirou seu lacre.

Vejo meu pai e meu avô desconfortáveis, com certeza a minha virgindade não era um assunto bom de se ter a mesa. Minha mãe, por sua vez olhava para Amanda com o queixo caído, mas ela não iria dizer nada a Amanda, ela não sabia colocar limites na Amanda desde sempre.

— Querida, chega desse assunto. — Nial indagou segurando seu braço, em um tom de voz ameno, porém firme.

Amanda revirou os olhos azuis como uma criança birrenta.

— Mesmo assim, seria divertido um encontro entre nós, o que acham?

Liam larga o guardanapo em cima do seu prato como se desistisse daquela conversa.

— O que você acha que está fazendo? — Pergunto com as pestanas juntas.

— Só acho que seria legal as duas irmãs em um encontro com seus parceiros.

Nial empurrou a taça de vinho dela para longe, levantou jogando o guardanapo em cima do resto de bolo.

— Agradeço pelo jantar, mas não me sinto bem essa noite. — Disse ele, em seguida foi embora nos deixando boquiabertos.

Amanda mostrou um sorriso amarelo e sumiu atrás dele em seguida.

Ficamos em silêncio por algum tempo, olhando uns para os outros, se perguntando que merda aconteceu ali.

— Eu ajudo a tirar a mesa. — Liam oferece.

Quando minha mãe subiu para o quarto com meu pai e meu avô, começamos a limpar a mesa. Enquanto lavava as louças, Liam as enxugava e colocava em cima do balcão, ele me ajudava com meu tornozelo machucado. Naquele momento esqueci que tínhamos brigado, voltamos a ser os amigos inseparáveis.

Após tudo estar limpo, servi uma taça de vinho para nós, fomos para a área externa onde ficava a piscina e o jardim da minha mãe. Sentamos com as pernas dentro da piscina. Somente as luzes lá dentro fazia com que não ficássemos no completo escuro.

— Como foram os anos para você? — Ele pergunta.

Olho para o vinho na taça.

— Cruelmente bons, e para você?

Liam suspira, limpando as palmas das mãos na calça jeans.

— Minha vida só começou mesmo depois que o meu pai morreu e a Nancy descobriu a gravidez, tive que largar tudo pra trabalhar, virar adulto aos dezoito e tocar a fazenda cheia de dívidas. — Ele j**a a cabeça na minha direção — foi difícil, mas agora estou bem. Seu pai me falou sobre a tal revista.

— Perguntava sobre mim?

Ele sorrir.

— Não nos falamos, mas sei sobre a sua vida.

Olho para ele desconfiada.

— Até os inúmeros fracassos?

— Todos eles.

Bebo o vinho.

— Ah — suspiro —, é o meu grande sonho.

— Mas você não parece muito animada com isso.

Olho para a taça, em seguida para ele. Liam me encarava com seus olhos castanhos claros com tons de verde proximo á pupila, mas assim que olhei de volta ele desvia, soltando um sorriso amarelo.

— O que você acha sobre o noivo da Amanda?

— Eu? — Pigarreio — não acho nada, o noivo é dela.

— Foi bem estranho o que aconteceu hoje. Sua irmã é evasiva, mas não achei justo a maneira que ele agiu.

Nial saiu como se estivesse enciumado.

Problema dele, pensei.

Dei de ombros.

— Deve ser algum problema entre eles dois.

Torço para ele mudar de assunto.

— Amanda comentou que voce será madrinha dela.

Solto um suspiro.

— É, ela praticamente me obrigou.

— Eu te desejo meus mais sinceros boa sorte.

Após mais alguma hora de conversa Liam foi embora, fui deixá-lo em seu carro, me sentindo melhor por ter alguém com quem conversar.

Entrei em casa sorridente, lembrando do lado bom da escola.

Fui até a cozinha, ainda mancando, lavar as taças usadas. Enxaguava quando Nial adentrou a cozinha sorrateiramente. Levei um pequeno susto.

— Como está o tornozelo? — Ele pergunta.

— Ótimo. — Respondo ríspida.

Ele passou por mim indo em direção a geladeira.

— Seu amigo já foi?

Exclamo um "humpt".

— Ficou abalado com a visita dele? — Provoco.

Nial colocou uma uva nos lábios olhando para mim. Mataria por um beijo seu, mas minha consciência pesaria no dia seguinte.

— Não, Cass.

Der repente ele se aproxima de mim com astúcia, caminho para trás colidindo minha bunda com o balcão, mas nem isso interrompeu que ele ultrapassasse o limite entre nós.

Pedi até ao Olimpo que ninguém resolvesse beber água agora, como explicaria essa cena?

Olhei para cima, encarando ele, tentando ser firme mesmo com o calor da sua respiração bater em meu rosto.

Nial olha bem para mim, intercalando entre meus olhos e lábios. Tive a plena certeza que ele me beijaria e arriscaria perder tudo por mim, mas ao invés disso ele colocou o copo que bebia água na pia atrás de mim.

— Não, porque sei que tudo que seu amigo fizer vai ser em vão — falou em um tom confortável —, pois você nunca vai esquecer de como te fodi naquela noite.

Engulo a seco, apertando meus joelhos um contra o outro.

Nial se abaixa a minha altura, quase juntando nossos lábios, mas eu desvio olhando para o outro lado.

— Também não vou esquecer que você vai se casar com a minha irmã.

Antes de qualquer outro impasse sai da cozinha.

Já no quarto, pude respirar apesar das minhas pernas estarem bambas.

Apertei os olhos.

Essas coisas só me faziam lembrar do risco que corremos, até um cego conseguiria ver a tensão sexual entre nós. Esperava que Aysha estivesse certa, que eu seria forte para sair dessa situação o mais rápido possível.

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