Capítulo 46 Maria Luíza Duarte Acordei e Alexei não estava. A ausência dele ao meu lado era um alívio e uma inquietação ao mesmo tempo. Não sabia onde ele estava, mas preferia assim; sua presença era sufocante, ainda que ausente ele não saísse da minha mente. Levantei devagar, Sofia precisava de mim. Caminhei até o quarto dela, e aquele pequeno ser tão inocente trouxe um sopro de leveza ao meu coração. — Bom dia, meu anjo — sussurrei enquanto ela agitava os bracinhos, já desperta. Peguei-a no colo e a embalei, sentindo sua pele quente e macia contra a minha. Troquei sua fralda, vesti uma roupinha limpa e a alimentei. — Senhora, o Don me explicou um pouquinho do seu transtorno, pediu que eu a auxiliasse. Pode ficar tranquila, estarei aqui pra isso. — Me surpreendeu a atitude do Alexei. — Obrigada. Ela parece bem, hoje — evitei falar sobre isso. — Não está mais febril. — Que bom. Decidi levá-la para dar uma volta pela casa. Era uma mansão fria, ch
Capítulo 47 Don Alexei Kim A raiva queimava dentro de mim como uma chama que eu mal conseguia controlar. Saí do quarto sem olhar para trás, meus passos ecoando pelos corredores frios da casa. A cada segundo, a imagem da minha mãe tremendo na frente da Malu e da Sofia me fazia ferver ainda mais. E Anton... aquele desgraçado ousou desrespeitá-la. Não precisei procurar muito. Anton estava no pátio, perto dos carros, conversando com um dos seguranças. Ele parecia relaxado, alheio ao que havia feito. Aquilo só aumentou minha fúria. — ANTON! — gritei, e ele virou-se, confuso. — O que foi agora, Alexei? — perguntou com desdém, como se já soubesse que vinha bronca. Não respondi. Cruzei o espaço entre nós em segundos e acertei um soco direto no rosto dele. Anton cambaleou para trás, segurando o nariz que começou a sangrar imediatamente. — VOCÊ OUSOU HUMILHAR A NOSSA MÃE? — gritei pelo pátio. Anton se recompôs, esfregando o sangue do nariz, mas não demonstrou arre
Capítulo 48 Don Alexei Kim — Minha mãe era uma mulher incrível, forte, corajosa... Ela era a base dessa família... pelo menos pra mim. Quando Selena, morreu... a casa toda ficou numa situação bagunçada. Acho que descuidamos da segurança, e uma máfia inimiga a levou, quando a recuperamos... ela estava bem machucada e sem a língua. Depois disso, ela nunca mais foi a mesma. — Parei por um instante, sentindo o nó na garganta apertar. — Meu pai tenta fingir que não existe algo dela aqui, mas eu sei que existe, ela só está... ausente. Malu segurou minha mão, os dedos quentes contra minha pele fria. — Meu Deus! Que crueldade com uma pessoa boa. Cortaram a língua dela? Por isso ela não fala? — Sim, nem gosto de lembrar. — Conseguiram matar essas pessoas? — Sim, meu pai matou. Depois ele ficou doente também, e eu com muita coisa na cabeça, acabei deixando Sofia aos cuidados de Zaia. Até por esse motivo, achei benéfico ter um acordo com a máfia Strondda. — Coita
Capítulo 49 Don Alexei Kim Caminhei para o escritório com passos firmes, a cabeça a mil. Nazar chegou em poucos minutos, carregando o tablet dele com as imagens que pedi. — Aqui estão, Don Alexei — disse ele, estendendo o aparelho. Peguei o tablet e me sentei na cadeira de couro, fixando os olhos na tela. Nazar permaneceu em pé ao lado, atento. Reproduzi as imagens do corredor em velocidade normal. Os minutos passaram até que vi Anton entrando no quarto da nossa mãe. Meu corpo enrijeceu. Ele ficou lá por alguns minutos e, logo depois, meu pai apareceu. O rosto de Nazar refletia minha própria confusão. — Ele entrou logo depois? — perguntei, franzindo o cenho. — Sim, senhor. Pelas câmeras, parece que não houve mais ninguém além deles. Os pensamentos começaram a se atropelar. Anton tinha um histórico de provocar a nossa mãe, mas o que meu pai estaria fazendo lá? Ele quase nunca a visitava, só aparecia para as consultas. Aquilo não fazia sentido. Fechei o ta
Capítulo 50 Don Alexei Kim Ela sorriu para mim, aquele sorriso sedutor, com um toque de desafio. Malu sabia como me desarmar, mas também havia aprendido como me provocar. Quando senti suas mãos em meus ombros, me empurrando contra o closet, fiquei surpreso. Não pelo movimento em si, mas pela intensidade. — Você acha que pode ser o chefe aqui dentro também, Alexei? — ela perguntou, a voz baixa, enquanto me olhava nos olhos. — Não acho, eu sou — rebati, mantendo o tom firme, mas ela sabia que havia algo mais no fundo. Malu riu, um som suave e cheio de malícia, e num piscar de olhos pulou em meu colo, cruzando as pernas ao redor da minha cintura, completamente nua. — Puta que pariu! Qualquer hora você me mata, Maria Luíza! Minhas mãos automaticamente foram para suas coxas, segurando-a no lugar, enquanto ela me provocava com o movimento do quadril. — Parece que está mudando de ideia... — murmurou perto do meu ouvido, mordendo o lóbulo levemente. — Como conseg
Capítulo 51 Maria Luíza Duarte Saí do banheiro com os cabelos ainda úmidos, o corpo envolto na toalha e um sorriso de pura satisfação no rosto. Sentia cada músculo do meu corpo ainda vibrando pela intensidade do que havia acontecido momentos antes. Alexei mal olhou para mim ao passar em direção ao banheiro, mas o brilho predatório em seus olhos foi suficiente para me fazer estremecer. Ele sabia o que tinha feito comigo, e eu sabia o que tinha feito com ele. Fui até o closet, me vesti com calma e, quando terminei, ele já estava de volta. Banho rápido como sempre, cabelo ainda pingando água, mas impecável. Ele vestiu-se em silêncio, enquanto eu finalizava os últimos retoques no espelho. Troquei um olhar rápido com ele pelo reflexo, e Alexei apenas arqueou uma sobrancelha, um gesto que me dizia que, mesmo sem palavras, ele sabia que estávamos ficando conectados. Pouco tempo depois, estávamos no restaurante, um local discreto e sofisticado como Alexei preferia. As p
Capítulo 52 Don Alexei Kim Tirei Malu daquele restaurante. Não sei que merda é essa que essas mulheres resolveram perturbar a minha vida. De volta em casa, percebi ela inquieta. — O que foi, Malu? — encostei na porta, ela me olhou e sentou na cama. — Quem era aquela mulher? Primeiro foi Irina, agora... — balançou a cabeça, sem terminar de falar. — Eu nunca fui de relacionamentos, Malu. Tive várias mulheres, todas virgens que não podiam se relacionar com outros homens. Eu banquei todas elas, mas quando casamos isso acabou. Meu pai pagou uma compensação a cada uma, mas imagino que não estejam satisfeitas com a boa vida que perderam. Talvez ainda precisemos colocar algumas no lugar. — Que horror... por isso ela se achava tanto, esbanjando joias. — É mais isso acabou, espero que tenha ficado claro para elas e para você. Odeio mulher ciumenta — ela balançou a cabeça. — Não sou eu, é você. Deveria rever alguns conceitos. Agora me dê licença que
Capítulo 53 Don Alexei Kim Precisei sair de casa, acompanhar a entrega do armamento que chegou. Só voltei no final do dia. Distraído abri a porta do quarto e me deparei com Maria Luíza sentada na cama, o celular encostado ao ouvido. Ela estava de costas pra mim, concentrada, não pareceu perceber a minha presença, o que imediatamente chamou minha atenção. Não era comum vê-la assim, tão focada em uma ligação. — Marco, você tem certeza disso? — ouvi-a dizer, o tom quase autoritário, algo que raramente usava. Minha mandíbula travou. Marco, aquele maldito soldado. O nome dele ecoou na minha cabeça como um alarme. Fechei a porta com um pouco mais de força do que pretendia. — Preciso que você investigue, Marco. Quero saber quem é essa mulher e quais as ligações dela com Anton. Sabe que me deve isso — Ela se levantou, caminhando até a janela enquanto falava e minha raiva só aumentava — Sim, a Chiara. Quero tudo o mais rápido possível sobre essa mulher. Antes que pudesse dizer mais