Capítulo 267NeideO beijo de Nazar estava diferente, mais humano, com um toque que me pegou desprevenida. Ele não tentou avançar, não me puxou com força, não forçou nada. Apenas me beijou, lento e firme, como se estivesse absorvendo aquele momento.Por um instante, fiquei esperando sua mão deslizar pela minha cintura, apertar minha bunda como ele sempre fazia, com aquela confiança irritante e excitante ao mesmo tempo. Mas nada disso veio. Nazar só me segurou, os dedos se fechando levemente na minha cintura, sem intenção de tomar mais do que eu quisesse dar.Eu o beijei de volta. Porque queria, porque precisava sentir que ele ainda estava ali.O gosto dele era o mesmo, mas o toque era outro. Havia algo naquele beijo que eu nunca tinha sentido antes com Nazar. Não era desejo bruto, não era aquela guerra silenciosa que sempre travávamos. Era... outra coisa. Um pedido de conforto, talvez.Quando o beijo se desfez, ele não disse nada. Só ficou ali, me olhando, como se tentasse encontrar a
Capítulo 268 Neide Fiquei ali, segurando Nazar, sentindo sua respiração trêmula se acalmar aos poucos. Ele ainda estava tenso, mas já não tremia tanto, e seu corpo parecia aceitar meu toque de maneira diferente. Não com desejo ou provocação, como sempre fazíamos, mas como se realmente precisasse daquilo. — Sua mãe te amava e sentia um orgulho absurdo de você, Nazar. Tenho certeza — murmurei, deslizando os dedos suavemente por seus cabelos. — Você fez o que podia, e eu tenho certeza de que ela sabia disso. Ele não respondeu, mas seu peito subiu e desceu em um suspiro pesado. Fiquei em silêncio por um tempo, apenas oferecendo conforto. Nazar nunca deixava ninguém vê-lo assim. Se estava permitindo que eu visse agora, era porque o peso dentro dele estava insuportável. Depois de um tempo, ele virou o rosto para mim. Seu olhar estava vermelho, exausto, mas ainda havia algo ali. Algo preso. Algum motivo em especial para que ele estivesse querendo ficar na máfia Kim. — Tem
Capítulo 269 Neide Acordei e Nazar já estava em pé. Ele não me olhava, estava arrumando o cabelo e em seguida arrumando a arma no coldre. Estranho ele não tentar nada. É como se o objetivo dele realmente tivesse mudado. Sentei, fiquei o observando. — Bom dia soldado... — Provoquei. — Sabe que odeio que me chame assim, né? — me olhou diretamente. — Sei. Eu só queria que você olhasse pra mim um pouco — Ele ajeitou melhor a Udav e veio bem perto. — Olha Neide... Se quer que eu me aproxime ou até te pegue de jeito, fala de uma vez. Porque não estou com paciência pra jogos, brincadeiras ou o caralho que seja. Só pense bem antes de decidir se vai ou se fica na minha vida, porque se ficar, não vou te deixar ir. Tenha um bom dia. Nazar saiu e me deixou com a boca aberta, pensando se ainda daria tempo de dizer algo, mas era tarde. Não estou conseguindo acompanhar esse homem, ele mudou bastante. Está muito chateado com o que aconteceu com ele. O pior é que ten
Capítulo 270 Neide Passei o resto do dia esperando Nazar aparecer, mas ele simplesmente sumiu. O vi de longe ao lado de Alexei e Yuri, treinando, resolvendo alguma coisa, mas ele sequer olhou na minha direção. Nem no quarto da Sofia ele veio, o que é estranho, já que sempre dava um jeito de passar por lá. No final do dia, fui para o meu quarto me preparar para dormir. Demorei um pouco mais que o normal, como se estivesse esperando que ele aparecesse, que me chamasse. Mas Nazar não veio. Acabei dormindo antes mesmo de perceber o quanto aquilo estava me incomodando. --- Na manhã seguinte, acordei mais cedo que o habitual. Fiz questão de me ocupar ao máximo para ignorar o incômodo do dia anterior, mas era difícil. Não era só desejo. Eu gostava da presença dele, mesmo que para me incomodar, e agora que parecia estar me evitando, algo dentro de mim revirava. Segui para ajudar Maria Luíza e Tatiana a levar os bebês para o jardim. As duas estavam animadas com a manh
Capítulo 271Yuri Pushkin Cheguei à casa de Alexei e segui direto para a área de treinamento. O som seco de golpes me chamou a atenção antes mesmo de enxergar quem estava ali.Quando virei o corredor, vi Nazar. Ele estava treinando como nunca. Movimentos rápidos, certeiros, como se estivesse canalizando toda a sua energia naquilo. Ele golpeava o saco de pancadas com força e precisão, alternando entre socos e chutes.Parei por um instante para observá-lo. Não era só intensidade, mas um foco quase obsessivo. Como se estivesse tentando exorcizar algo.Quando percebeu minha presença, Nazar parou, respirou fundo e se virou para mim. Fui cumprimentá-lo apenas por educação, mas o que me surpreendeu foi que ele sorriu e apertou minha mão com firmeza.— E aí, moleque! Tudo bem com você? — disse ele, como se estivesse de ótimo humor. Isso era estranho.Franzi a testa. Nazar não costumava ser tão... amigável. Pelo menos, não comigo.— Tudo certo... — respondi, desconfiado. — E você?— Indo — el
Capítulo 272 Anastasia Quando Yuri voltou eu já sabia fazer várias manobras com as facas. Sua cara estava péssima, provavelmente com ciúme pra variar. Ele ficou olhando e não disse nada o dia todo. No momento em que iríamos pra casa, ele avisou já dentro do carro: — Alexei vai nos mandar pra Roma. Disse várias coisas, e o mais importante é que vamos descansar. — O quê? — virei para ele apavorada — Yuri... E a Tatiana? A gente já resolveu o negócio das roupas que ela vai usar, alguns costumes, treinamento..., mas ainda tem uns dez dias. Eu deixei coisas pra contar depois. — Ela é assunto do seu irmão. Do mesmo jeito que me delegou, agora vai cuidar pessoalmente ou talvez passar algo pra Nazar. Isso não é problema nosso. Imediatamente desci do carro. — Me espera um pouquinho, só preciso dizer umas coisas pra ela e já volto. — Tá, mas não demore. Quero ir pra casa. Saí apressada e fui até o quarto da moça. Quando cheguei logo fui entrando.
Capítulo 273 Neide O calor me consome. Já faz tempo que estou deitada, mas o sono não vem. Meu corpo inteiro parece em chamas, cada célula clamando por algo que eu me recuso a nomear. Minhas pernas se apertam uma contra a outra num reflexo instintivo, buscando um alívio que nunca é suficiente. Fecho os olhos e suspiro pesadamente, sentindo o latejar insuportável entre elas. Então, ouço o trinco da porta se mover devagar. Meu coração dispara. Meu corpo já sabia antes da minha mente processar: é ele. Levanto num impulso, atravesso o quarto com os pés descalços e abro a porta sem hesitar. E lá está Nazar. O cabelo levemente bagunçado, uma camisa parcialmente aberta, mostrando seus pelos do peito. "Ah, caramba!" Sua expressão é sedutora, seus olhos me chamam e sua boca se move devagar me dando uma vontade absurda de beijá-lo. O olhar dele encontra o meu, e por um segundo, nenhum de nós diz nada. Mas não há necessidade. Meu corpo já reagiu antes da razão. Seguro o br
Capítulo 274 Neide O calor do corpo de Nazar me envolveu por um tempo, me fazendo dormir profundamente. O cheiro dele ainda estava nos lençóis, misturado ao meu próprio perfume. Foi um descanso pesado, sem sonhos, até que algo me despertou de repente. Minha mão deslizou pela cama em busca de calor, mas tudo o que encontrei foi o vazio. O outro lado do colchão estava frio. Meus olhos se abriram devagar, ajustando-se à escuridão do quarto. Nazar não está aqui. Eu me sento, confusa, sentindo um incômodo crescer no peito. Ele saiu? Quando? Será que eu dormi tão profundamente que não percebi? Meu estômago revira, e um pensamento irritante se instala na minha mente. Claro que ele foi embora. Isso só prova o óbvio: Nazar veio pelo que queria e depois voltou para o próprio quarto. Simples assim. Eu me jogo de volta contra o travesseiro, soltando um suspiro impaciente. Tento ignorar a pontada de dor incômoda na cabeça, mas a insônia já me pegou de jeito. Eu sabia que s