Capítulo 271Yuri Pushkin Cheguei à casa de Alexei e segui direto para a área de treinamento. O som seco de golpes me chamou a atenção antes mesmo de enxergar quem estava ali.Quando virei o corredor, vi Nazar. Ele estava treinando como nunca. Movimentos rápidos, certeiros, como se estivesse canalizando toda a sua energia naquilo. Ele golpeava o saco de pancadas com força e precisão, alternando entre socos e chutes.Parei por um instante para observá-lo. Não era só intensidade, mas um foco quase obsessivo. Como se estivesse tentando exorcizar algo.Quando percebeu minha presença, Nazar parou, respirou fundo e se virou para mim. Fui cumprimentá-lo apenas por educação, mas o que me surpreendeu foi que ele sorriu e apertou minha mão com firmeza.— E aí, moleque! Tudo bem com você? — disse ele, como se estivesse de ótimo humor. Isso era estranho.Franzi a testa. Nazar não costumava ser tão... amigável. Pelo menos, não comigo.— Tudo certo... — respondi, desconfiado. — E você?— Indo — el
Capítulo 272 Anastasia Quando Yuri voltou eu já sabia fazer várias manobras com as facas. Sua cara estava péssima, provavelmente com ciúme pra variar. Ele ficou olhando e não disse nada o dia todo. No momento em que iríamos pra casa, ele avisou já dentro do carro: — Alexei vai nos mandar pra Roma. Disse várias coisas, e o mais importante é que vamos descansar. — O quê? — virei para ele apavorada — Yuri... E a Tatiana? A gente já resolveu o negócio das roupas que ela vai usar, alguns costumes, treinamento..., mas ainda tem uns dez dias. Eu deixei coisas pra contar depois. — Ela é assunto do seu irmão. Do mesmo jeito que me delegou, agora vai cuidar pessoalmente ou talvez passar algo pra Nazar. Isso não é problema nosso. Imediatamente desci do carro. — Me espera um pouquinho, só preciso dizer umas coisas pra ela e já volto. — Tá, mas não demore. Quero ir pra casa. Saí apressada e fui até o quarto da moça. Quando cheguei logo fui entrando.
Capítulo 273 Neide O calor me consome. Já faz tempo que estou deitada, mas o sono não vem. Meu corpo inteiro parece em chamas, cada célula clamando por algo que eu me recuso a nomear. Minhas pernas se apertam uma contra a outra num reflexo instintivo, buscando um alívio que nunca é suficiente. Fecho os olhos e suspiro pesadamente, sentindo o latejar insuportável entre elas. Então, ouço o trinco da porta se mover devagar. Meu coração dispara. Meu corpo já sabia antes da minha mente processar: é ele. Levanto num impulso, atravesso o quarto com os pés descalços e abro a porta sem hesitar. E lá está Nazar. O cabelo levemente bagunçado, uma camisa parcialmente aberta, mostrando seus pelos do peito. "Ah, caramba!" Sua expressão é sedutora, seus olhos me chamam e sua boca se move devagar me dando uma vontade absurda de beijá-lo. O olhar dele encontra o meu, e por um segundo, nenhum de nós diz nada. Mas não há necessidade. Meu corpo já reagiu antes da razão. Seguro o br
Capítulo 274 Neide O calor do corpo de Nazar me envolveu por um tempo, me fazendo dormir profundamente. O cheiro dele ainda estava nos lençóis, misturado ao meu próprio perfume. Foi um descanso pesado, sem sonhos, até que algo me despertou de repente. Minha mão deslizou pela cama em busca de calor, mas tudo o que encontrei foi o vazio. O outro lado do colchão estava frio. Meus olhos se abriram devagar, ajustando-se à escuridão do quarto. Nazar não está aqui. Eu me sento, confusa, sentindo um incômodo crescer no peito. Ele saiu? Quando? Será que eu dormi tão profundamente que não percebi? Meu estômago revira, e um pensamento irritante se instala na minha mente. Claro que ele foi embora. Isso só prova o óbvio: Nazar veio pelo que queria e depois voltou para o próprio quarto. Simples assim. Eu me jogo de volta contra o travesseiro, soltando um suspiro impaciente. Tento ignorar a pontada de dor incômoda na cabeça, mas a insônia já me pegou de jeito. Eu sabia que s
Capítulo 275NazarA casa está estranhamente silenciosa. Eu ando pelos corredores e percebo que algo está diferente. Não sei exatamente o quê, mas há um vazio no ar que me incomoda.Passo pela cozinha, pela sala, e nada. Quando subo as escadas, já tenho uma ideia do que está errado. Neide.Não a vi em nenhum momento desde que voltei, e isso me irrita mais do que deveria.Paro diante da porta do quarto dela. Está entreaberta, como se ela tivesse saído com pressa, mas o ambiente está vazio. Nenhum som, nenhum sinal de que esteve ali recentemente.Franzo a testa. Eu passei o dia inteiro fora, e agora já é noite. Se ela estivesse por aqui, eu já teria cruzado com ela em algum momento.Algo dentro de mim aperta.Balanço a cabeça, tentando afastar essa sensação ridícula, e me viro, indo atrás de Alexei.Ele está no escritório, sentado atrás da mesa, digitando algo no celular quando entro sem bater. Ele ergue os olhos e solta um suspiro cansado.— O que foi agora, Nazar?Cruzo os braços, enc
Capítulo 276 Nazar O bairro onde Viktoria Borisova mora é simples, ruas estreitas e prédios desgastados pelo tempo. A vizinhança tem aquele ar de vigilância silenciosa, onde todos sabem quem entra e sai. Meus homens param os carros a uma distância segura, e eu desço primeiro, ajustando minha jaqueta. A casa é modesta, com uma pequena cerca enferrujada na frente. Quando me aproximo, um rapaz jovem surge na porta. Tem o olhar desconfiado, como se já estivesse acostumado com problemas batendo à sua porta. — Quem são vocês? — ele pergunta, cruzando os braços. Seus olhos passam rapidamente pelos soldados atrás de mim, analisando a situação. Ele deve ter por volta de vinte anos, talvez um pouco menos. Não parece assustado, apenas alerta. — Estou procurando por Viktoria Borisova — digo, direto ao ponto. Ele estreita os olhos. — Minha avó. O que quer com ela? — Fico olhando. Será que essa senhora é minha mãe? Ela teve filhos? Netos? Porque fui privado de tudo isso? Culpa
Capítulo 277 Don Alexei Kim Desde que Nazar saiu fiquei inquieto. Tenho visto quantos inconvenientes ele tem vivido, e como a morte da mãe mexeu com ele. Agora veio com essa história de que ela pode estar viva, e de que quer encontrar quem fez isso com ela, mas não consigo resolver as minhas coisas sabendo que ele está sozinho nisso, então resolvi o que era importante e fui onde os soldados disseram que ele estava indo. Não quis avisar o Nazar e deixá-lo incomodado. Parei meu carro quase a uma quadra de onde ele desceu. Meus homens ficaram logo atrás, um deles puxou um zoom de onde filmava e vi que não pareciam confortáveis ao encararem um moleque sequela, desprovido de musculatura. — É o seguinte — chamei os seis soldados que vieram comigo — Não estou confortável com essa situação. Vamos cautelosamente pelos fundos da casa. Eu vou entrar, dois esperam no muro me dando cobertura, dois observam nossos demais soldados, e dois ficam no carro. Sem alarmes, sem sermos
Capítulo 278NazarEu me sentia... sufocado. Como se cada célula do meu corpo estivesse rejeitando aquela verdade, tentando cuspir para fora o gosto amargo do nome que nos unia. Maxim Kim.O desgraçado que destruiu minha mãe. O homem que moldou minha vida ao seu bel-prazer, que me tirou tudo, que me fez crescer como um cão sem dono, sem passado, sem família. E agora, de repente, eu descubro que o sangue dele também corre nas veias de Don Alexei.Minhas mãos tremiam. O peso da arma que eu havia largado no sofá ainda queimava meus dedos. Eu queria gritar. Queria quebrar algo. Queria voltar no tempo e arrancar aquele nome da minha história antes que ele tivesse a chance de me marcar.Mas o que mais me perturbava era Alexei.Ele não reagiu como eu imaginava, na verdade não imaginei nada disso. Não me afastou. Não me olhou com desprezo. Não questionou minha fúria. Ele apenas ficou ali. Me segurou. Me chamou de irmão. Como negar a isso, se ele não tem culpa de ter o sangue daquele demônio n