Capítulo 279 Don Alexei Kim Saí pela porta da frente, feliz. Com um tipo diferente de inquietação, algo que eu não sentia fazia tempo. Um peso havia sido tirado de mim. Meus soldados estavam posicionados ao redor da casa, atentos, prontos para qualquer ordem minha. Quando apareci sozinho, todos endireitaram a postura, esperando instruções. — Vamos embora. Quero todos pra fora, e nunca mais entrem sem a ordem dos moradores. Eles se entreolharam, surpresos. Normalmente, eu mandaria reforçar a segurança, manter a casa sob vigilância. Mas hoje era diferente. Nazar ficaria ali. Com a tia dele. Nossa tia. Um dos homens pigarreou, hesitando. — Tem certeza, Don Alexei? — Quer morrer, soldado? — ergui uma sobrancelha. — Não, senhor. — Então sumam daqui. Agora. Eles obedeceram sem mais perguntas, saindo rapidamente em direção aos carros. Entrei no meu próprio veículo e peguei a estrada. *** O caminho de volta para Moscou foi rápido, mas minha mente não desaceler
Capítulo 280 Don Alexei Kim (Uma hora depois) O toque do telefone ecoou pelo meu escritório, interrompendo meus pensamentos. O número na tela me fez franzir o cenho antes de atender. — Neide. — Don… — A voz dela soou fraca do outro lado da linha, com um cansaço incomum. — Preciso falar com você, Don. Imediatamente, endireitei minha postura. — O que aconteceu? Ela respirou fundo antes de responder. — Eu piorei muito hoje. Fiz alguns exames e… descobriram que estou com COVID 19. Soltei um suspiro pesado, esfregando a têmpora. — Merda. — Eu não vou, de maneira alguma, ficar perto das crianças nos próximos sete dias. — A firmeza na voz dela me fez perceber que essa decisão já estava tomada há algum tempo. — Mas para que vocês não se assustassem ou precisassem resolver isso de última hora, fiz como combinamos antes. Já deixei tudo certo. Só preciso da sua confirmação. Minha mente já trabalhava em todas as possibilidades. — Você confia completamente na sua irm
Capítulo 281 Nazar O dia tinha sido uma loucura. Conhecer minha tia hoje, finalmente saber mais sobre minha família… Era como se uma parte de mim que sempre esteve perdida tivesse encontrado um rumo. Ela me contou histórias que eu nunca tinha ouvido antes, sobre minha mãe, e até sobre os primos que eu não conhecia. Pela primeira vez em muito tempo, me senti conectado a algo além dessa vida de morte e violência. Agora, enquanto me preparava para ir embora, minha tia me olhava com aquele mesmo sorriso tranquilo que manteve o dia inteiro. — Já vai, sobrinho? — Sim. Mas volto no fim de semana. — Ah, é? — Ela cruzou os braços, me analisando. — Que bom! Hesitei por um instante antes de soltar: — Quero trazer alguém pra você conhecer. Ela ergueu as sobrancelhas, claramente surpresa. — Alguém importante? — Lembrei do rosto da Neide. Dei de ombros, tentando disfarçar, mas o sorriso dela só aumentou. — Talvez. — Nazar… — Ela se aproximou, segurando meu rosto entre a
Capítulo 282 Nazar Eu podia ter ficado ali batendo na porta até Neide finalmente abrir e me deixar falar, mas quer saber? Foda-se. Se ela queria agir como uma maluca, problema dela. Soltei um suspiro irritado, massageando os dedos doloridos depois da porrada que levei no batente da porta. — Essa mulher vai me deixar louco... Bufei, me virei e segui para o meu quarto. Me joguei na cama, mas o sono não veio. Não importava o quanto eu fechasse os olhos, minha mente ainda estava acelerada. O dia tinha sido longo, cheio de informações sobre minha família, e agora, no final da noite, Neide tinha me tratado como um estranho. Isso não fazia sentido. Me virei para um lado. Depois para o outro. Porra, será que essa mulher enfeitiçou meu cérebro? Impaciente, me levantei e saí do quarto. Talvez um copo de água ajudasse. Desci as escadas, caminhando em silêncio até a cozinha. O ambiente estava escuro, exceto por uma luz suave vinda de uma das luminárias. Fui até a geladeira
Capítulo 283 Nazar Meus pensamentos ficaram uma bagunça. Neide estava doente. E eu estava aqui, jogando um joguinho idiota, tentando provocar uma mulher que nem era ela. A irmã gêmea dela viu tudo. Passei as mãos no rosto, exasperado. — Porra, Alexei… Por que você não me avisou antes? — Porque você estava com a tia, já disse. Não pensei que viesse. — Deveria ter me avisado, ligado, enfim... Como ela tá? — Com sintomas leves, mas precisa repousar. Está sendo cuidada. Apertei os punhos. Eu deveria estar lá. — Eu vou ver ela. Alexei ergueu uma sobrancelha e bufou. — Já aviso que não pode visitar. Vai querer ficar de quarentena por precaução? Tem as mulheres, crianças e a tia, não dá pra arriscar. Fechei a cara. Ele estava certo, e eu odiava admitir. — Merda. — Pois é. Você foi esperto pra chegar no topo da máfia, mas é burro pra caralho quando se trata de mulher. Alexei riu, balançando a cabeça. — Tá rindo do quê? — rosnei, cruzando os braços. — De
Capítulo 284 Nazar Fiquei ali, olhando para ela, sentindo vontade de contar tudo o que aconteceu, não queria esperar. Eu não conseguia. Talvez fosse egoísmo, mas Neide sempre foi a única pessoa, além do Alexei, que me olhava como se eu fosse alguém que merecesse mais. E agora, depois de tudo, eu queria que ela soubesse. — Neide — chamei, me aproximando um pouco mais da cama. Ela me olhou, os olhos ainda pesados pelo cansaço. — O que foi? — Eu descobri coisas sobre mim. Sobre a minha família. Ela franziu o cenho, curiosa. — Que tipo de coisas? Engoli em seco. Não sabia bem como dizer, então simplesmente soltei. — Alexei é meu irmão. Os olhos dela se arregalaram de surpresa. — O quê? — Assenti. — E não é só isso. A Anastasia também é minha irmã. Eu sou filho do Maxim Kim. Neide piscou algumas vezes, assimilando tudo. — Nazar… — Ela levou uma mão trêmula até a boca, respirando fundo. — Meu Deus… — Eu conheci a minha tia — continuei. — A irmã da minha m
Capítulo 285 Nazar Fiquei ali sentado ao lado da cama, observando Neide enquanto ela dormia. O peito subia e descia devagar, mas sua respiração estava pesada. Algo estava errado. Inclinei-me e toquei sua testa com as costas da mão. — Merda… — Ela estava quente demais. Levantei-me imediatamente e fui até a cômoda, pegando um termômetro azul que vi. Coloquei sob sua axila e esperei, impaciente, enquanto os segundos pareciam se arrastar. Quando o aparelho apitou, olhei o visor. 39,2° graus. Fechei a mão ao redor do termômetro e soltei um longo suspiro pelo nariz. Isso não era bom. Sem perder tempo, fui até o banheiro, peguei uma bacia, enchi com água fria e levei junto com um pano até a cama. Molhei o tecido e torci, depois coloquei suavemente sobre sua testa. Neide se mexeu, desconfortável. — Tá frio… — murmurou, com a voz rouca. — É pra baixar sua febre, mulher teimosa. Ela abriu os olhos apenas o suficiente para me lançar um olhar irritado, mas não teve forças para protes
Capítulo 287 Nazar Os últimos dias foram… diferentes. Passei uma semana inteira cuidando da Neide, algo que nunca imaginei que faria por alguém. No começo, ela tentava reclamar, mas no fundo eu sabia que gostava da atenção. Teimosa do jeito que era, jamais admitiria. As febres foram diminuindo aos poucos, e cada noite que passava eu sentia que ela estava melhor. Mantive minha palavra e não saí do lado dela. Fizemos o teste de COVID assim que ela melhorou e, como eu já esperava, deu negativo. Agora não havia mais desculpas. Já podíamos voltar pra casa. — Não quero arrumar mala — Neide resmungou, jogando uma peça de roupa dentro da bolsa de qualquer jeito. — Ninguém quer. Mas se você quiser deixar pra trás essas lingeries que vi na gaveta, eu não reclamo. Ela me olhou feio e tacou um travesseiro na minha cara. Pelo visto isso é coisa de família. — Bobo. Ri e continuei dobrando algumas roupas. Terminamos de arrumar tudo em pouco tempo, e eu estava prestes a pe