Capítulo 246 Ivete — Quem foi o maledetto que fez isso em você? — Fred puxou a arma do coldre com raiva ao perguntar. — Não importa mais. — Me senti ridícula, exposta, meu corpo todo tremeu. — Como não importa? Não estou dizendo pelas marcas simples nos seus seios, mas o que ficou aqui... — colocou a mão no lugar do meu coração. — O figlio de puttana que te cortou vai ser picado em pedaços. Quem foi? — eu apenas neguei e abaixei a cabeça. Fred deve estar pensando o mesmo que eu, que não deveria ter visto as marcas de cortes com facas. Ele colocou a arma sobre o móvel, veio e beijou meu rosto, depois meu pescoço, mas eu não conseguia olhar pra ele. — Meu amor, vem comigo? Vem e dá uma olhada nesse espelho... — ele me virou devagar e quando percebi já estava de olhos abertos — Olha como você é linda. Não precisa esconder nada de mim. — Faz muitos anos que não me olho no espelho — criei coragem, observei a minha imagem. — Me descreva o que vê... — acaric
Capítulo 247FredEu nunca senti algo tão devastador. Nunca pensei que pudesse doer tanto ouvir a dor de alguém que amo. Mas doeu. Doeu como se cada cicatriz no corpo dela fosse cravada em mim. Como se cada golpe que ela levou tivesse atingido minha pele.Eu só queria proteger Ivete, mas nesse momento, percebo que não posso protegê-la do passado. Ele já tinha acontecido. Eu não podia impedir que a ferissem, que a marcassem, que a transformassem na mulher que se esconde de si mesma, e por mais raiva que eu sinta daqueles maledettos que a agrediram, não posso ressuscitar para fazê-los pagar com minhas próprias mãos. Mas pelo menos agora, eu podia impedir que ela se escondesse de mim.Ela estava ali, nos meus braços, e eu acariciava cada centímetro dela como se minha vida dependesse disso. Talvez dependesse mesmo. Eu nunca me senti assim por ninguém. Eu já tinha desejado mulheres antes, já tinha me encantado, me apaixonado, mas nunca tinha sentido essa necessidade de fazer alguém se sent
Capítulo 248 Ivete Acordei com uma leveza que há muito tempo não sentia. Durante anos, guardei minha história dentro de mim como um segredo sujo, um peso que me impedia de respirar livremente. Mas agora… agora Fred sabia. E ele continuava aqui. Virei o rosto devagar e encontrei-o ao meu lado, dormindo tranquilamente. O peito subia e descia em um ritmo sereno, e sua mão ainda estava pousada sobre minha cintura, como se quisesse garantir que eu não sumiria. Sorri sozinha. Eu era dele, mas, acima de tudo, estava aprendendo que ainda era de mim mesma. Saí da cama sem fazer barulho e fui até o banheiro. Lavei o rosto, passei uma água nos cabelos e, ao sair, tirei o uniforme que acabei dormindo e me peguei olhando no espelho depois de tanto tempo sem fazer isso por conta própria. Talvez ele tivesse razão, eu não fosse tão feia quanto pensava. A minha barriga reta, uma cintura discreta, mas pernas bonitas. Os seios eu evitei, embora já não estivesse tão feias as cicatriz
Capítulo 249FredAndei de um lado para o outro no corredor, sentindo o peso da ansiedade no peito. Já fazia alguns minutos que eu tinha deixado Ivete sozinha com o presente, e agora tudo o que eu conseguia pensar era: Ela aceitou?A ideia de que ela poderia simplesmente ignorar o vestido e o hijab, continuar com seu uniforme largo e fingir que nada aconteceu me deixava inquieto. Eu queria que ela se visse como eu a via. Queria que ela soubesse que não precisava se esconder de mim. Mas será que ela confiava o suficiente para dar esse passo?Suspirei, passando a mão pelos cabelos, tentando manter a calma. Não queria parecer um idiota desesperado, principalmente perto dos soldados da casa. Mas, droga, eu estava desesperado.De repente, ouvi o som de passos no chão polido. Meu coração pulou uma batida, e quando olhei para frente, senti o mundo sair do eixo.Ivete apareceu no final do corredor.E eu quase esqueci como se respirava.O vestido vermelho envolvia seu corpo de uma maneira tão
Capítulo 250 Fred Eu segurei a mão de Ivete e a levei para fora, sentindo a energia radiante que ela emanava. Ela estava diferente hoje. Mais leve, mais solta. E eu sabia que isso significava muito para ela. — Agora me conta, onde você vai me levar com esse vestido escandaloso? — Ivete perguntou, olhando ao redor, enquanto caminhávamos até o carro. — Escandaloso? Eu diria perfeito. — Abri a porta para ela entrar. — E vamos ao melhor restaurante da Rússia. Ela parou no meio do movimento e me encarou. — Fred… você sabe que eu não como pouco, né? — Seu olhar era sério. — Sei. — E que eu nunca usei tantos talheres na vida? — Eu te ensino. — E que eu vou comer tanto que você vai se arrepender de me trazer? — Ivete, só entra no carro. — Soltei uma risada, pegando-a pela mão. — Tá bom, tá bom! Mas se eu passar vergonha, eu juro que… — Você nunca passa vergonha. Ela rolou os olhos, mas sorriu. Assim que chegamos ao restaurante, percebi que Ivete não con
Capítulo 251 Ivete Ainda parecia um sonho. Eu nunca estive num lugar tão chique. Nunca vesti algo tão bonito. Nunca pensei que sentiria algo assim... um calor no peito que não vinha da comida quente ou do ambiente sofisticado, mas da felicidade pura e genuína que se espalhava dentro de mim. Minha senhora me considera amiga. "Amiga". A palavra ecoava na minha mente enquanto eu segurava o celular de Fred, ainda em choque com o que tinha acabado de ouvir. Meu Deus, minha senhora… Maria Eduarda… a mulher que eu tanto admirava, que me ensinou a ser mais forte, que me mostrou que eu não precisava viver escondida na cozinha, que atirar seria muito mais interessante. Ela me vê como amiga. Senti meu peito se encher de um jeito que nunca aconteceu antes. — Fred… — Comecei, mas não sabia nem como terminar. Ele apenas sorriu e pegou minha mão sobre a mesa. O toque dele era quente, firme, confortável. Como se dissesse que ele entendia, que estava ali comigo nesse mom
Capítulo 252 Ivete Fred apenas sorriu, tentando me acalmar. — Ivete, relaxa… — Relaxar?! — Virei para o garçom, séria. — Moço, onde está o gerente? Quero saber se tem um parcelamento sem juros! Fred soltou uma gargalhada, segurando meu pulso antes que eu me levantasse. — Ivete, para com isso. Não é necessário. — Para com isso?! Meu fígado vai ser leiloado depois dessa conta! Ele estava chorando de rir agora. — Você não quer discutir com o dono do lugar. Tenho certeza, então senta. — E quem é esse magnata? Aposto que posso negociar. Fred deu um sorriso malandro. — Yuri Pushkin. Eu congelei. — Ah, não. O garoto bravo?! — Meu amigo, Ivete. O garçom, que estava segurando a conta, de repente puxou o papel de volta e se curvou ligeiramente. — Perdão pelo engano, senhor. Eu pisquei, confusa. — Engano? Que diacho é isso? Eu não vou pagar mais caro. O cliente tem direito de escolher quando tem dois preços, sabia? O garçom pigarreou e, num tom mais formal,
Capítulo 253 Fred Eu nunca me diverti tanto quanto ao ver Alexei completamente sem palavras. O Don, sempre tão astuto e imponente, ficou paralisado, encarando Ivete como se visse um fantasma. O orgulho inflou meu peito. Ela tinha conseguido. Estava irreconhecível. Eu sabia que ela era bonita, mas vê-la se transformando diante de todos, arrancando reações de surpresa e admiração, me deu uma satisfação inesperada.Porém, essa satisfação logo se misturou com outra coisa. Um incômodo estranho. Malu rodopiava Ivete, elogiando cada detalhe do vestido, dos sapatos, do cabelo. O mordomo que desceu as escadas em seguida, assobiou e deu um sorriso malicioso. — Caramba, Ivete… Olha só você — comentou, cruzando os braços. — Fred, você tem certeza que quer que ela fique assim andando por aí? Eu ri, mas um desconforto crescia dentro de mim. O mordomo não era o único encarando Ivete com novos olhos. Até Alexei, depois de se recuperar do choque, analisava-a de cima a baixo como se t