LéoO gosto do beijo dela ainda estava nos meus lábios.Saí do apartamento de Ana com um sorriso satisfeito, mas, por dentro, eu estava um caos. Desde o momento em que ela aceitou jantar comigo, algo dentro de mim despertou—algo que eu achava que tinha enterrado há anos.Quando cheguei ao escritório na manhã seguinte, tentei me concentrar no trabalho. Mas era impossível. Cada vez que baixava a cabeça para assinar um contrato ou revisar um relatório, minha mente me arrastava de volta para a noite anterior. Para Ana.Sentei-me na cadeira, massageando as têmporas, e encarei o skyline da cidade através das janelas de vidro. A porta do meu escritório se abriu de repente, sem nem ao menos uma batida.Henrique.Ele entrou como se fosse dono do lugar, já se jogando na poltrona de frente para minha mesa.— Bom dia pra você também — murmurei, cruzando os braços.Meu irmão mais novo me estudou com um olhar avaliador.— Então, vai me contar o que aconteceu?Fingi desinteresse.— Não sei do que es
AnaO gosto do beijo dele ainda estava nos meus lábios.Acordei cedo, mas passei longos minutos encarando o teto do quarto, sentindo o coração inquieto. Ainda conseguia sentir o toque de Léo, o calor da sua mão na minha pele, o jeito que ele me olhava como se eu fosse a única coisa que importava no mundo.E o pior? Eu queria sentir aquilo de novo.Fechei os olhos com força, tentando afastar o turbilhão dentro de mim. Isso não podia acontecer. Eu sabia quem Léo era. Conhecia suas promessas vazias e as cicatrizes que ele havia deixado em mim no passado.Ele pode ter mudado.Afastei o pensamento antes que ele se enraizasse.Levantei-me, tomei um banho e vesti um vestido preto discreto, elegante e profissional. Precisava manter o foco. O trabalho era o único lugar onde eu ainda tinha controle sobre alguma coisa.Mas, no fundo, eu sabia: não havia controle quando se tratava de Léo.Ao chegar à empresa, passei direto pela recepção onde uma garota gentil tentou se minha amiga, não tenho nada
Ana O restaurante escolhido por Léo ficava em uma área sofisticada da cidade. Do lado de fora, as luzes douradas refletiam no vidro escuro do prédio, e a entrada elegante era cercada por plantas bem cuidadas. Um lugar refinado, muito diferente dos encontros casuais que costumávamos ter no passado.Respirei fundo antes de sair do carro. O jantar era apenas um acordo, um momento entre dois adultos que compartilham um histórico complicado. Não significava nada mais do que isso. Pelo menos, era o que eu tentava repetir para mim mesma.Léo contornou o carro e abriu a porta para mim, um gesto natural, como se fôssemos um casal comum. Apenas lhe lancei um olhar rápido antes de me dirigir para dentro do restaurante.Assim que entramos, fomos recebidos por um garçom de luvas brancas que nos conduziu a uma mesa reservada próxima às janelas panorâmicas. A vista da cidade iluminada era deslumbrante, mas nada parecia ser suficiente para distrair meu coração acelerado.Sentamos e, por alguns segund
LéoO jantar com Ana era para ser apenas um encontro formal, um momento para conversarmos sem as paredes do escritório entre nós. Mas desde o momento em que ela entrou no meu carro, percebi que não seria tão simples assim.Ela estava linda. Sempre foi. Mas havia algo na forma como cruzou as pernas, como manteve o olhar firme no caminho à nossa frente, fingindo que minha presença não a afetava, que fez com que minha paciência fosse testada.Durante o trajeto, tentei manter a conversa leve. Mas Ana tinha uma habilidade inata de levantar muros ao meu redor, como se estivesse se protegendo de algo que já conhecia bem demais. E talvez estivesse.Quando chegamos ao restaurante, abri a porta para ela, mas ela apenas me lançou um olhar breve antes de sair do carro. Quanta resistência... e quanta mentira. Eu via a tensão nos ombros dela, sentia a forma como prendia a respiração quando me aproximava.Já passamos dessa fase, Ana.Nos sentamos à mesa, e, por um instante, apenas observá-la foi suf
AnaAcordei com o sol invadindo as cortinas finas da casa da piscina, mas não foi a luz que me tirou o sono. Foi ele. Léo. O gosto dele ainda estava na minha boca, o calor dos seus dedos ainda queimava na minha pele, como se na noite passada tivesse deixado uma marca que eu não consegui apagar. Fechei os olhos com força, evitando afastar as lembranças daquele jantar, daquele carro, daquele momento em que eu quase me perdi completamente.Eu não poderia me permitir isso. Não de novo.Mas meu corpo parecia discordar da minha mente. Meu coração batia descompassado só de pensar no jeito que ele me olhava, na forma como sua voz rouca sussurrava contra meu pescoço. "Amanhã vá de saia sem calcinha se quiser ser fodido no meu escritório." As palavras dele ecoavam em mim como uma provocação que eu não sabia se queria aceitar ou ignorar. Ele sempre teve esse poder sobre mim — eu queria fazer coisas que eu sabia que eram perigosas.Levantei da cama, o chão frio sob meus pés me trazendo de volta à
LéoO relógio na parede do meu escritório marcava sete e meia da noite, e o silêncio do andar executivo era quase ensurdecedor. A maioria dos funcionários já tinha ido embora, mas eu ainda estava aqui, sentado na minha cadeira, tamborilando os dedos na mesa enquanto encarava a porta. Ana não apareceu.Eu tinha sido claro na sala de reuniões: "Fim de expediente. Minha sala. Não me faça esperar." A forma como ela tremia sob meu toque, o calor nos olhos dela, tudo me disse que ela viria. Mas o ponteiro do relógio continuava avançando, e a cadeira do outro lado da mesa permanecia vazia. Uma pontada de frustração levantada pelo meu peito, misturada com algo que eu não queria admitir — preocupação.Será que eu a pressionei demais? Será que ela mudou de ideia depois do que aconteceu no carro, depois daquele jantar? Ana sempre foi um mistério para mim, uma mistura de força e fragilidade que nunca consegui decifrar completamente. Mas hoje, na reunião, eu vi algo nos olhos dela — desejo, sim, m
AnaO relógio na parede do meu pequeno escritório marcava sete da noite, e eu ainda estava sentado à mesa, olhando para uma pilha de papéis que eu não tinha conseguido organizar. Não era o trabalho que me prendia ali. Era ele. Léo. A voz dele ecoava na minha cabeça desde a sala de reuniões, grave e carregada de promessas: "Fim de expediente. Minha sala. Não me faça esperar."Eu sabia o que aconteceria se fosse até lá. Sabia que, no momento em que cruzasse aquela porta, não teria mais como voltar atrás. O calor dos dedos dele na minha cintura, o jeito que ele me olhou como se pudesse ver através de mim — tudo isso ainda queimava na minha pele, me puxando para ele como um imposto. Mas havia Emily. Houve o passado. Havia o segredo que eu carregava como uma âncora, me prendendo ao chão enquanto meu corpo gritava para correr até ele.Levantei-me, as pernas trêmulas, e caminhei até a janela. O prédio estava quase vazio, as luzes dos outros andares já apagadas. A sala de Léo escondida no top
AnaApaguei as luzes do quarto com o celular ainda na mão, a mensagem de Léo queimando na tela. "Te espero na garagem depois que colocar Emily pra dormir. Precisamos conversar." Não fui. Não consegui. Meu coração batia tão forte que parecia que ia morrer, mas tranquei a porta e me deitei, o peso da decisão me sufocando. Fechei os olhos, esperando que o sono apagasse a culpa, mas tudo o que veio foi um vazio inquieto. Eu tinha escolhido o silêncio — de novo. Mas por quanto tempo eu conseguiria fugir?O fim de semana chegou rápido demais. O plano do passeio foi transformado em uma ida ao zoológico, ideia de Emily que Dona Helena abraçou com entusiasmo. Eu queria dizer não, inventar uma desculpa, mas o brilho nos olhos da minha filha me fez ceder. Ela merece um dia assim, mesmo que isso signifique passar horas ao lado de Léo, sentindo o calor dos olhos dele em mim como uma corrente que eu não posso quebrar.Na manhã de sábado, estávamos na frente da mansão, arrumando as coisas no carro d