CristineRespiro fundo e tento não desmoronar ao tocar na maçaneta da porta do quarto de minha mãe. Preciso dar comida a ela, mas toda vez que entro em seu quarto e a vejo desse jeito, meu coração aperta e só quero chorar.Ela está a cada dia mais debilitada e os médicos já disseram que é questão de tempo para que ela se vá, mas não aceito essa realidade e tenho feito de tudo para que sua permanência aqui dure o máximo possível.— Oi, mãe — entro em seu quarto com um sorriso estampado no rosto para que ela não fique ainda mais triste.— Oi, meu amor. Como você está?Coloco a bandeja de comida na cômoda e caminho até sua cama.— Estou bem, mãe, mas eu é que devo perguntar como a senhora está.— Está tudo na mesma, minha filha. Já aceitei meu destino.— Não diz isso, mamãe. Como vou viver sem a senhora? — Me sentei na cama e segurei suas mãos.— Você vai encontrar um homem bom que cuidará de você, meu amor.— Não sei se acredito nisso, mãe. Quero apenas me tornar uma advogada de sucesso
Dylan Cumprimento alguns funcionários durante nosso trajeto e Adrian solta várias piscadelas para as mulheres e funcionárias que estão no hall de entrada da empresa. Ele é muito mulherengo e, por conta disso, coloquei regras proibindo qualquer envolvimento entre funcionários. Eles podem até namorar porque muitos passam o dia na empresa e não têm tempo para sair e se relacionar com outras pessoas, mas desde que seu envolvimento seja dos portões da minha empresa para fora. Não quero receber processos por importunação ou assédio sexual. E, conhecendo meus irmãos como conheço, isso certamente aconteceria.Não por eles serem mau-caráter e abusadores, longe disso, pois fomos criados sob regras bem rígidas com relação a como tratar uma mulher e a respeitá-la, mas por eles não se prenderem a mulher nenhuma e pegarem várias numa mesma noite, pode acabar gerando atrito entre as funcionárias, cobranças que, ao não serem cedidas, podem terminar em vingança e processos. Então eu os evito ao máximo
Capítulo 4Dylan.Passo pelos portões da casa dos meus pais, observando toda a decoração, um pouco exagerada, da festa da minha irmã. Somos ricos e podemos esbanjar dinheiro, mas acho desnecessário fazer isso com uma festa que só servirá para se desgastar e ficar sendo bajulado por um monte de gente interesseira.Ao longe, vejo meu irmão Igor conversando com uma mulher que deve ser a organizadora. Ele e Vanessa têm um fascínio por festas. A diferença de idade entre mim e meus irmãos mais novos é bem grande. Igor tem 24 anos, Vanessa hoje completa 22 e Adrian tem 35 e eu tenho 38 anos. E, para desespero dos meus pais, ainda não casei e nem dei netos a eles. Com quase 60 anos, meu pai vira e mexe solta uma indireta de quem dará um neto a ele primeiro, mas acho esse assunto de casamento e filhos muito sério e não vou me casar só porque meu pai quer um neto. Quero me apaixonar e formar uma família com base no amor, não na obrigação, e é por isso que ele não insiste nisso.— Dylan! — O
Dylan.Já era final da festa e uma boa parte dos convidados havia ido embora. Eu estava indo para a cozinha pegar um pouco de água quando vi uma cena que chamou minha atenção. Escondi-me por trás de alguns arbustos altos que minha mãe tinha no quintal e fiquei observando a cena que se desenrolava à minha frente.— Eu não quero mais nada com você, Gael — minha irmã estava alterada. — Me deixa em paz. — Você não pode me descartar assim, sua putinha mimada. — Me larga, Gael, você está me machucando. Eu não quero ficar com você, não gostei do que fez da última vez que estivemos juntos e não vou permitir que isso se repita. — Você não vai me fazer de otário e ficar se jogando para cima daquele mauricinho, amigo do seu irmão. Você é minha e eu não permito que me faça de bobo. — Não sou sua porra nenhuma, seu idiota. — Minha irmã grita e enfia as unhas afiadas no rosto de Gael, fazendo-o soltá-la para poder segurar o rosto que já começa a sangrar pelos cortes feitos pela unha de Vanessa.
CristineDias depois.Encosto na bancada da pia e um suspiro de cansaço me escapa dos lábios. Não tem coisa que mais desgaste do que faxina, e faxinar uma casa do tamanho da dona Inês é ainda mais cansativo e desgastante. Sempre me deixa toda quebrada no final do dia.— Minha filha, já terminou a faxina?— Já, sim, dona Inês. — Respondo, indo até a pia e lavando as mãos.— Fiz um bolo de laranja com calda de chocolate, vou separar alguns pedacinhos para você levar para casa e comer com sua mãe.— Não precisava, dona Inês, mas muito obrigada. — Vou até ela e lhe dou um beijo no rosto.Por mais que eu seja sua faxineira, ela me trata com muito carinho e sempre me presenteia com algo, seja comida, roupas ou lembrancinhas.— Faço com muito gosto, menina, você sabe que tenho muito apreço por você e sua mãe.Concordo com a cabeça, terminando de guardar os pratos no armário. Nós nos conhecemos desde que eu era criança e você sempre foi muito legal e gentil comigo e minha mãe.— Eu já deixei t
CristineFui até onde ela havia sido enterrada, ao lado dos meus avós, mirei sua lápide, coloquei um buquê de rosas-brancas, suas preferidas, e me sentei.— Obrigada por ser uma mãe incrível. Tenho muito orgulho da mulher que a senhora foi e de todo o amor que me deu. Por nunca desistir de lutar e por me apoiar em tudo. Eu te amo, mamãe, e sentirei sua falta para sempre.Fiquei um pouco ali e depois me curvei e beijei sua foto antes de me levantar e ir embora.Na saída do cemitério, Carlos me esperava encostado em seu carro.— Se veio me cobrar seu dinheiro, saiba que não é o momento para isso. — disse ríspida, enquanto enxugava minhas lágrimas.— Não é nada disso, princesa, só vim ver como você está. Eu gostava muito da minha sogra e sinto por ela ter morrido. — Ele parecia sincero e eu deixei que me abraçasse quando abriu os braços me chamando para um abraço.Eu queria ser cuidada e, se ele estava me oferecendo um pouco de conforto, que mal tinha?Ele abriu seu carro e me ajudou a en
CristineDias depois…Eu olhava para as coisas da minha mãe que eu e minha prima estávamos encaixotando e sentia a tristeza me dominar. Hoje completava um mês de sua morte e eu precisava me desfazer das coisas dela. Era duro, triste e doloroso, mas extremamente necessário.— O que vai fazer com as coisas dela, prima? — Jéssica questionou, dobrando algumas peças de roupa.— Doar. O que ainda for usável, doarei e o que não prestar mais, vai para o lixo.Ela concordou e passou a dobrar o resto das roupas. Eu sabia que para ela aquilo também era doloroso. Jéssica era a sobrinha mais próxima de minha mãe e estava sofrendo com sua morte. Porém, cada um tem sua forma de lidar com o luto e ela sempre guardava seus sentimentos para si e não demonstrava o que sentia.Era ruim ser assim, se mostrar forte sempre e uma hora ela não vai mais aguentar enfrentar tudo sozinha.Terminamos de encaixotar tudo e separei o que seria doado e o que iria para o lixo. Peguei um casaco de minha mãe e o guardei p
Cristine— Está a fim de uma saideira? — Ingrid, minha colega de sala, me pergunta ao parar ao meu lado.Nós acabamos de sair da aula e tudo o que quero é um banho e minha cama.— Não vai dar, Ingrid, estou muito cansada e só quero dormir.— Tudo bem.— Ela não vai? — João Pedro, nosso colega de sala, questiona a Ingrid.Ele estava com Mariano, Bernardo e Guilherme ao seu lado.— Estou cansada, meninos. Deixa para uma próxima. — falei sorrindo e Guilherme veio me dar um abraço. Ele era um cara que gostava de toques e abraços.Era um cara bonito e muito legal de se conviver.— Beleza, gatinha, descansa. — Me deu um beijo no rosto e eles foram embora.Olhei meu relógio e conferi o horário para ver se meu ônibus estava próximo de chegar. Caminhei para fora da faculdade e fui até o ponto de ônibus. Hoje a aula terminará mais cedo e hoje daria para eu ir de ônibus e economizaria um pouco mais de dinheiro.Estava quase próximo do ponto quando um carro se aproximou de mim.— Oi, minha linda.