CristineDias depois.Encosto na bancada da pia e um suspiro de cansaço me escapa dos lábios. Não tem coisa que mais desgaste do que faxina, e faxinar uma casa do tamanho da dona Inês é ainda mais cansativo e desgastante. Sempre me deixa toda quebrada no final do dia.— Minha filha, já terminou a faxina?— Já, sim, dona Inês. — Respondo, indo até a pia e lavando as mãos.— Fiz um bolo de laranja com calda de chocolate, vou separar alguns pedacinhos para você levar para casa e comer com sua mãe.— Não precisava, dona Inês, mas muito obrigada. — Vou até ela e lhe dou um beijo no rosto.Por mais que eu seja sua faxineira, ela me trata com muito carinho e sempre me presenteia com algo, seja comida, roupas ou lembrancinhas.— Faço com muito gosto, menina, você sabe que tenho muito apreço por você e sua mãe.Concordo com a cabeça, terminando de guardar os pratos no armário. Nós nos conhecemos desde que eu era criança e você sempre foi muito legal e gentil comigo e minha mãe.— Eu já deixei t
CristineFui até onde ela havia sido enterrada, ao lado dos meus avós, mirei sua lápide, coloquei um buquê de rosas-brancas, suas preferidas, e me sentei.— Obrigada por ser uma mãe incrível. Tenho muito orgulho da mulher que a senhora foi e de todo o amor que me deu. Por nunca desistir de lutar e por me apoiar em tudo. Eu te amo, mamãe, e sentirei sua falta para sempre.Fiquei um pouco ali e depois me curvei e beijei sua foto antes de me levantar e ir embora.Na saída do cemitério, Carlos me esperava encostado em seu carro.— Se veio me cobrar seu dinheiro, saiba que não é o momento para isso. — disse ríspida, enquanto enxugava minhas lágrimas.— Não é nada disso, princesa, só vim ver como você está. Eu gostava muito da minha sogra e sinto por ela ter morrido. — Ele parecia sincero e eu deixei que me abraçasse quando abriu os braços me chamando para um abraço.Eu queria ser cuidada e, se ele estava me oferecendo um pouco de conforto, que mal tinha?Ele abriu seu carro e me ajudou a en
CristineDias depois…Eu olhava para as coisas da minha mãe que eu e minha prima estávamos encaixotando e sentia a tristeza me dominar. Hoje completava um mês de sua morte e eu precisava me desfazer das coisas dela. Era duro, triste e doloroso, mas extremamente necessário.— O que vai fazer com as coisas dela, prima? — Jéssica questionou, dobrando algumas peças de roupa.— Doar. O que ainda for usável, doarei e o que não prestar mais, vai para o lixo.Ela concordou e passou a dobrar o resto das roupas. Eu sabia que para ela aquilo também era doloroso. Jéssica era a sobrinha mais próxima de minha mãe e estava sofrendo com sua morte. Porém, cada um tem sua forma de lidar com o luto e ela sempre guardava seus sentimentos para si e não demonstrava o que sentia.Era ruim ser assim, se mostrar forte sempre e uma hora ela não vai mais aguentar enfrentar tudo sozinha.Terminamos de encaixotar tudo e separei o que seria doado e o que iria para o lixo. Peguei um casaco de minha mãe e o guardei p
Cristine— Está a fim de uma saideira? — Ingrid, minha colega de sala, me pergunta ao parar ao meu lado.Nós acabamos de sair da aula e tudo o que quero é um banho e minha cama.— Não vai dar, Ingrid, estou muito cansada e só quero dormir.— Tudo bem.— Ela não vai? — João Pedro, nosso colega de sala, questiona a Ingrid.Ele estava com Mariano, Bernardo e Guilherme ao seu lado.— Estou cansada, meninos. Deixa para uma próxima. — falei sorrindo e Guilherme veio me dar um abraço. Ele era um cara que gostava de toques e abraços.Era um cara bonito e muito legal de se conviver.— Beleza, gatinha, descansa. — Me deu um beijo no rosto e eles foram embora.Olhei meu relógio e conferi o horário para ver se meu ônibus estava próximo de chegar. Caminhei para fora da faculdade e fui até o ponto de ônibus. Hoje a aula terminará mais cedo e hoje daria para eu ir de ônibus e economizaria um pouco mais de dinheiro.Estava quase próximo do ponto quando um carro se aproximou de mim.— Oi, minha linda.
Dylan.Eu estava bem puto com meu irmão. Era só para ele ir à bendita reunião que eu havia pedido, mas, ao que indicava, algo tão simples era extremamente complicado quando se tratava de Adrian.Porra, tinha dias que eu queria esganá-lo, era um puto às vezes e essa sua mania de furar os compromissos por perder a hora fodendo alguém me dava nos nervos. Fazia-me querer matá-lo.Eu fodia a mulher que eu queria e a hora que eu queria, mas não na hora do trabalho e não quando tinha uma reunião para presidir. Eu estava abarrotado de trabalho e ele só tinha que ir nessa reunião com o novo estilista que desenharia nossas roupas para o próximo desfile.— Vou socar sua cara quando o vir, Adrian. — falei, tomado pela raiva que ele me causou por ser imprudente com nosso futuro estilista.— Cara, a culpa não foi minha. A mina que bateu em meu carro.— Se você tivesse ido direto para a empresa após o almoço para de lá ir para a reunião com a Ingrid ao invés de ir foder mais uma de nossas modelos, is
Dylan— Chegamos. — avisei e ela retirou os olhos do celular.— Obrigada pela carona, senhor Dylan. Tenha uma boa noite.— Bons estudos, Ingrid. — Ela abriu a porta, colocou a bolsa sobre o ombro e saiu do carro.Ainda fiquei olhando para sua faculdade e a vi cumprimentar outra jovem. Ela era linda, tinha um rosto de boneca e os cabelos castanhos meio ondulados. Seu corpo era magro e sem muitas curvas, mas sua beleza podia ser vista a quilômetros.Ainda pude ver seu sorriso, mas não era um sorriso grande e espontâneo. Era mais contido e não chegava aos olhos.Algo nela me intrigou e me chamou muito a atenção, eu quis conhecê-la melhor e descobrir o motivo de seu sorriso ser triste.Balancei a cabeça para espantar esses pensamentos sem sentido e liguei o carro. Meu plano era ir para a casa dos meus pais para jantar, mas meu corpo estava cansado e, ao sair da rua da faculdade, vi um bar e resolvi descer do carro para tomar algo.Não iria demorar só uma cerveja e depois iria embora. Bom,
Capítulo 10.Dylan.Tem coisas na vida que acontecem conosco para testar até onde vai nossa humanidade. Sou um cara que não suporto nenhum tipo de violência contra inocentes. Mas isso se intensifica quando o assunto é mulheres e crianças.Minha vida mudou no minuto em que meus olhos caíram na jovem que queria se matar depois de, provavelmente, ter sido abusada por algum monstro que não viverá por muito tempo assim que eu descobrir sua identidade.Depois de muito se debater em meus braços, Cristine, a jovem que evitei que tirasse sua própria vida, desmaiou. Seu choro sofrido e o estado no qual ela se encontrava fizeram-me revisitar o pior de mim, a raiva era o único sentimento presente em todo o meu corpo e tudo o que se passava pela minha cabeça eram as formas como eu mataria o desgraçado que fez isso com ela, porque farei isso. O matarei da pior forma possível. Ela foi colocada na ambulância assim que ela chegou. Uma viatura da polícia também estava aqui, assim como uma dos bombeiros.
CristineUm bip se ouve em meus ouvidos. Minha cabeça está pesada e dói ainda mais quando tento abrir os olhos.Onde eu estou?O que aconteceu?— Tem certeza de que ela vai ficar bem, doutor? — Conheço essa voz.É Jessica! Ela está doente?— Creio que sim, mas só teremos certeza de como seu psicológico vai reagir depois de tudo o que aconteceu quando ela acordar.Aconteceu?O que aconteceu?Minha mente está confusa e nublada.Uma angústia se instala no meu peito e eu não consigo respirar.Eu estava na faculdade, iria para casa de ônibus. Imagens surgem em minha mente, mas um carro parou ao meu lado e alguém me deu carona.Eu não queria, contudo, a pessoa insistiu e eu aceitei.Carlos era ele no carro, ele me deu carona, ele estava com raiva. Não, ele não tinha por que estar com raiva. Meu celular… ele o jogou… e...Você é minha, é minha! Você é minha, é minha! Você é minha, é minha! Suas palavras invadem minha mente, ele diz que sou dele e então…O barulho do bip se torna mais alto. E