Henry Levo o copo de uísque à boca enquanto olho a foto do meu casamento mais uma vez.O sorriso de minha falecida esposa eternizado em nossa foto me faz sorrir também. Há pouco mais de um ano eu estava nessa mesma posição, lutando com o medo do que o meu desejo faria com a relação que meu filho tinha comigo. Obrigá-lo a se casar para permanecer à frente de uma empresa que era dele por direito foi a maior loucura da minha vida e também a mais certa das decisões. Eu poderia estar dando um tiro no meu pé e meu filho ter ficado com raiva de mim para sempre, ele poderia entrar com uma ação me acusando de estar louco, mas Michel não fez nada disso. Embora ele indo contra sua vontade, aceitou cumprir todas as cláusulas do documento que mandei Ian redigir e se casou com Agatha, a menina que me ajudou quando eu quase fui atropelado. Encantei-me pela menina gentil e prestativa e imaginei meu filho casado com alguém assim. Foi aí que tive a ideia de criar um documento exigindo que Michel se
Cristine Cinco anos antes… Fecho a porta atrás de mim e dou poucos passos até chegar a minha cama. Engatinho sobre ela e me sento ao chegar na cabeceira e ficar de costas para ela, apoio-me nela e puxo minhas pernas para próximo de meu peito e as abraço colocando minha cabeça entre elas e deixando minhas lágrimas finalmente caírem. Agora eu me permito chorar, me permito sentir, deixo a dor tomar conta do meu corpo. Agora não sou mais a jovem forte que luta e batalha todos os dias para ter o que comer. Sou apenas uma menina que teve de amadurecer rápido e trabalhar bem cedo para auxiliar a mãe com as contas de casa. Sou a menina que precisa ser cuidada que está vendo sua vida ruir e não pode fazer nada. Em breve perderei minha mãe e não há mais nada que eu possa fazer para impedir que isso aconteça. Minha mãe, a pessoa que sempre fez tudo por e para mim, a pessoa que é meu tudo e a que eu mais amo nesse mundo, tem câncer de útero. Descobrimos sua doença há 3 anos, depois dela p
Dylan Giro na cadeira da minha sala na empresa da minha família e observo a paisagem através do vidro que tomava conta de toda a parede. Era possível ver a movimentação da cidade se eu olhasse para baixo, já que minha empresa ficava no centro da capital do Rio de Janeiro, e o morro do Corcovado se eu olhasse o horizonte. Amava ver o sol se pôr através da minha sala. Sou um homem rico, quer dizer, milionário. Assumi o cargo de presidente da empresa no lugar do meu pai há anos e amava comandar tudo isso. Sou o mais velho de quatro irmãos: eu, Adrian, Igor e Vanessa. Bernardo Castro, meu pai, e Caroline Castro, minha mãe, são casados há mais de 40 anos e fundaram a empresa juntos. Nossa empresa é do ramo da moda, mas fazemos eventos também. Todo ano temos um evento com celebridades, digital influencer e os empresários de destaques no país, sejam eles da tecnologia, alimentício, moda ou qualquer outro ramo que cresça e se destaque gerando lucros e empregos. Minha vida é bem agitada,
Cristine Respiro fundo e tento não desmoronar ao tocar na maçaneta da porta do quarto da minha mãe. Preciso dar comida a ela, mas toda vez que entro em seu quarto e a vejo desse jeito meu coração aperta e só quero chorar. Ela está a cada dia mais debilitada e os médicos já disseram que é questão de tempo para que ela se vá, mas não aceito essa realidade e tenho feito de tudo para que sua permanência aqui, dure o máximo possível. — Oi, mãe — entro em seu quarto com um sorriso estampado no rosto para que ela não fique ainda mais triste. — Oi, meu amor. Como você está? Coloco a bandeja de comida na cômoda e caminho até sua cama. — Estou bem, mãe, mas eu é que devo perguntar como à senhora está. — Está tudo na mesma, minha filha. Já aceitei meu destino. — Não diz isso, mamãe. Como vou viver sem a senhora? — me sentei na cama e segurei suas mãos. — Você vai encontrar um homem bom que cuidará de você, meu amor. — Não sei se acredito nisso, mãe. Quero apenas me tornar uma advogada
DylanPasso pelos portões da casa dos meus pais observando toda a decoração, um pouco exagerada, da festa da minha irmã. Somos ricos e podemos esbanjar dinheiro, mas acho desnecessário fazer isso com uma festa que só servirá para se desgastar e ficar sendo bajulado por um monte de gente interesseira.Ao longe vejo meu irmão Igor conversando com uma mulher que deve ser a organizadora. Ele e Vanessa têm um fascínio por festas. A diferença de idade entre mim e meus irmãos mais novos é bem grande. Igor tem 24 anos, Vanessa hoje completa 22 e Adrian tem 35 e eu tenho 38 anos. E, para desespero dos meus pais, ainda não casei e nem dei netos a eles. Com quase 60 anos meu pai vira e mexe solta uma indireta de quem dará um neto a ele primeiro, mas acho esse assunto de casamento e filhos muito sério e não vou me casar só porque meu pai quer um neto. Quero me apaixonar e formar uma família com base no amor, não na obrigação e é por isso que ele não insiste nisso.— Dylan! — escuto Igor me ch
DylanJá era final da festa e uma boa parte dos convidados havia ido embora.Eu estava indo para a cozinha pegar um pouco de água quando vi uma cena que chamou minha atenção. Escondi-me por trás de alguns arbustos altos que minha mãe tinha no quintal e fiquei observando a cena que se desenrolava a minha frente.Queria ver até onde ele ia para eu ter a desculpa que procurava para acabar com a raça desse enviado do diabo sem me tornar um vilão.— Eu não quero mais nada com você, Gael — minha irmã estava alterada.— Me deixa em paz. — ela se virou para sair de perto dele, mas ele puxou seu braço fazendo-a chocar em seu peitoral.— Você não pode me descartar assim, sua putinha mimada — ele gritou na cara dela e isso fez minha raiva revisitar, mas me controlei para ver até onde ele ia, pois se dependesse de mim, hoje seria seu último dia na terra.— Me larga, Gael, você está me machucando. Eu não quero ficar com você, não gostei do que fez da última vez que estivemos juntos e não vou permi
CristineDias depoisEncosto na bancada da pia e um suspiro de cansaço me espaça dos lábios.Não tem coisa que mais desgaste do que faxina e faxinar uma casa do tamanho da dona Inês é ainda mais cansativo e desgastante. Sempre me deixa toda quebrada no final do dia.— Minha filha já terminou a faxina?— Já, sim, dona Inês. — respondo indo até a pia e lavando as mãos.— Fiz um bolo de laranja com calda de chocolate, vou separar uns pedacinhos para você levar para casa e comer com sua mãe.— Não precisava dona Inês, mas muito obrigada. — vou até ela e lhe dou um beijo no rosto.Por mais que eu seja sua faxineira, ela me trata com muito carinho e sempre me presenteia com algo, seja comida, roupas ou lembrancinhas.— Faço com muito gosto menina, você sabe que tenho muito apreço por você e sua mãe.Concordo com a cabeça terminando de guardar os pratos no armário. Nós nos conhecemos desde que eu era criança e sempre foi muito legal e gentil comigo e minha mãe.— Eu já deixei tudo pronto e a
Cristine Dias Depois… Eu olhava para as coisas da minha mãe que eu e minha prima estávamos encaixotando e sentia a tristeza me dominar. Hoje completava um mês de sua morte e eu precisava me desfazer das coisas dela. Era duro, triste e doloroso, mas extremamente necessário. — O que vai fazer com as coisas dela, prima? — Jéssica questionou dobrando algumas peças de roupa. — Doar. O que ainda for usável doarei e o que não prestar mais vai para o lixo. Ela concordou e passou a dobrar o resto das roupas. Eu sabia que para ela aquilo também era doloroso, Jéssica era a sobrinha mais próxima de minha mãe e estava sofrendo com sua morte. Porem cada um tem sua forma de lidar com o luto e ela sempre guardava seus sentimentos para si e não demonstrava o que sentia. Era ruim ser assim, se mostrar forte sempre e uma hora ela não vão mais aguentar enfrentar tudo sozinha. Terminamos de encaixotar tudo e separei o que seria doado e o que iria para o lixo. Peguei um casaco de minha mãe e o guarde