Agatha— Durante os meses em que Havana ficou em coma, eu não saí do lado dela. Seus pais me culparam por tudo e queriam me colocar na cadeia, mas meus pais não deixaram. Eu pedi perdão a eles e disse que nunca sairia do lado da filha deles, que por mais que a culpa fosse minha, eu iria cuidar dela. Eu a amava. Depois de tudo o que nos aconteceu, eu descobri que a amava, eu morria a cada dia ao vê-la imóvel naquela cama de hospital. Eu só pude ir vê-la semanas depois do nosso acidente, pois eu precisava me recuperar primeiro.— Quando ela acordou, o que aconteceu?Ele tomou uma respiração profunda e voltou a falar.— Após seis meses em coma, ela acordou. No início, ela não se lembrava de muita coisa, então eu e seus pais resolvemos só falar do bebê quando ela estivesse pronta para isso. Quando ela lembrou do que realmente aconteceu e soube que tinha perdido o bebê, me xingou de tudo e de todas as maneiras possíveis e me chamou de assassino. Expulsou-me de sua casa e disse que me queria
AgathaDesço as escadas e caminho até a cozinha para conferir se o jantar já está pronto.— Olá, Carmen. O jantar já está pronto?— Sim, senhora Agatha. Só estou esperando todos descerem para servir o jantar.— Não precisa ficar aqui esperando para nos servir. Michel e Danilo estão dormindo e o senhor Henry deve estar descansando também. Pode ir descansar e, quando eles acordarem, eu mesmo os sirvo.— Tem certeza disso?— Tenho, sim, pode ir descansar. Obrigada!— Obrigada, senhora Agatha. Com licença. — Ela retirou o avental e saiu da cozinha.Fui até a geladeira e me servi de suco de laranja. Não estava com fome, então deixaria para comer com os outros. Terminei o suco, fui para a área externa da casa , sentei-me em um dos sofás e fiquei admirando o jardim.— Tudo bem, Agatha? — o senhor Henry me pergunta, sentando-se ao meu lado.— Tudo indo. — Sorri fraco.— Brigou com o meu filho?— Mais ou menos. Na verdade, tivemos uma conversa séria.— O que houve que te deixou tão triste, meni
AgathaViro-me, fixando os meus olhos no rosto sereno de Michel. Ele dorme tão lindamente que preciso me esforçar para não suspirar e tocar seu rosto bonito enfeitado pela barba rala que já toma conta de todo seu maxilar. Depois, se mexe na cama, abre os olhos e sorri fraco. Pisca os olhos e foca ao seu redor, parecendo meio desnorteado, na certa por dormir por quase doze horas.— Bom dia. — Saúdo sorrindo.— Que horas são? — ele pergunta, franzindo o cenho em confusão.— Já passa das seis da manhã. — respondi.— Caramba! — Ele passa as mãos pelo cabelo e rosto. — Nunca dormi tantas horas. — Resmungou e se virou, fitando meus olhos.— Você estava cansado, Michel, e não era só fisicamente. Falar do seu passado esgotou todas as suas forças. — Aleguei.— Ainda me sinto um pouco aéreo. — Ele se senta na cama e eu faço o mesmo.— É normal após dormir tantas horas seguidas.— Obrigado por me escutar sem me julgar, por ficar ao meu lado. — Ele toca meu rosto e tenta me beijar, mas viro o ros
MichelJá passava das dezoito horas da noite quando cheguei em casa, falei com Danilo e meu pai e subi para meu quarto para falar com Agatha e tentar fazê-la voltar na decisão absurda de praticamente vivermos separados morando na mesma casa.— Boa noite, Agatha. — Boa noite, Michel.Olhei em volta e vi que boa parte de suas coisas já não estava mais ali.— Agatha, repense sua decisão. Podemos nos acertar. — Ela já foi tomada, Michel, e não voltarei na minha decisão. — Por que você tem que ser tão cabeça-dura? Que merda!— Eu não estou indo embora, Michel, pelo menos não ainda, mas logo sairei da sua vida, não se preocupe.— Eu não quero que você saia da minha vida. Que inferno! Errei e me expressei mal, me desculpe e volte para o nosso quarto.— Você sempre faz isso, Michel. Se expressa mal e depois se desculpa.— E o que quer que eu faça?— Nada, nosso casamento não é real, então não precisa fazer nada. Eu não tenho direito algum de exigir nada de você, Michel. Peço desculpa se fui
AgathaDias depois…Aperto as mãos com força na vã tentativa de controlar meu nervosismo. Olho para as pessoas à minha frente sem realmente enxergá-las e tento sorrir para disfarçar a angústia que há em meu peito.— Vai dar tudo certo, Agatha. Você conseguirá a guarda do Danilo definitivamente. — Minha advogada fala confiante.— Isso mesmo. Guilherme não conseguirá ficar com o seu filho, sendo que ele nunca o quis. — Sarah aperta as minhas mãos em apoio.Minha garganta está travada de emoção. Nunca pensei que teria amigos tão fiéis. Aqui na sala de espera para a audiência da guarda do meu filho estão Sarah, Amely e Cristine. Seus maridos ficaram com os filhos, todos na casa do Michel, mas me deram todo o apoio antes de eu vir para a audiência.O senhor Henry e Michel também ficaram com o Danilo em casa. Eu não quis trazê-lo, não quis sujeitar meu filho a isso.— Estou confiante, mas algo me diz que Guilherme irá jogar baixo para me tirar o meu filho. — Estava com uma sensação estranha
Agatha— Prossiga, senhor Guilherme. — pediu o juiz.— Como eu ia dizendo, senhor juiz, essa senhora à minha frente mentiu sobre a sua idade, acreditei que ela já tinha dezoito anos ao me envolver com ela. Foi errado da minha parte me envolver com outra mulher ainda estando casado? Foi, e reconheço isso. Mas meu casamento já não existia mais, eu só queria me divorciar da Carla, mas ela era uma mulher histérica e criava coisas na cabeça dela para me fazer ficar ao seu lado. A última cartada dela foi falar que estava grávida, que iria abortar se eu me separasse.Eu não estava acreditando na quantidade de mentiras que saía da boca desse infeliz, ele estava nos pintando como loucas e ele o único santo dessa história. Ele estava manchando a imagem de uma mulher íntegra como sua ex-esposa só para conseguir o que queria.— Então, com todos os problemas no meu casamento, deixei-me enredar pela mãe do meu segundo filho. Agatha me encantou com sua juventude e passou a me exigir coisas. Carla est
AgathaAndei para fora do fórum, com meu celular em mãos e a chamada para o número de Michel, encaminhada. Ele atendeu no toque e me pediu desculpa por demorar a atender.— Sem problemas, eu quero falar com Danilo.— Claro, vou passar para ele.O ouvi chamar por meu filho e logo a voz de Danilo chegou aos meus ouvidos, acalmando meu coração.— Oi, mamãe. A senhora já está vindo para casa? Aqui está bem divertido, eu estou brincando na piscina com Helena, Miguel e Milena. — Ele falou alegre.— Oi, meu amor. Que bom que está se divertindo! A mamãe demorará um pouco, mas logo, logo estarei aí para brincar com vocês também.— Está certo, mamãe, agora vou brincar. Te amo.— Também te amo, meu filho. Beijo e se divirta, em breve estarei com você.— Beijo, mamãe.Ele entregou o celular ao Michel e logo sua voz grossa tomou o lugar da voz fina e alegre do meu filho.— Como estão as coisas por aí?— Estamos na pausa dada pelo juiz para avaliar as provas anexadas ao processo. Como já era esperad
Agatha— … Decidi que a criança, Danilo Souza Michel, deve ter sua guarda alterada para guarda alternada. A Guarda Alternada confere de maneira exclusiva a cada genitor a guarda no período em que estiver com seu filho. Sendo assim, alternam-se os períodos de convívio da criança com cada pai. O que difere da Guarda Compartilhada, onde a guarda é exercida conjuntamente pelos pais, ou por duas ou mais pessoas conjuntamente, de forma que compartilhem o exercício das funções paternas e maternas no cotidiano da criança/adolescente. Nessa guarda alternada, o tempo da criança será dividido de forma igualitária entre cada um dos pais.Eu estava chocada com a decisão do juiz, eu teria que dividir o tempo do meu filho com o canalha do pai dele. Se eu ficar um mês com o Danilo, Guilherme terá que ficar um mês com ele também. Eu ficarei semanas, meses longe do meu filho. Eu não posso permitir isso, eu não aguentarei.— Exemplo: a criança morará uma semana na casa de cada genitor, alternadamente. Du