A bolinha de borracha não estava ajudando Chris a relaxar. Essa era a sua função, mas o idiota do Eduard estava há meia hora dando uma bronca nele como se ele ainda tivesse 15 anos. Christian sabia que dava trabalho e que não ouvia muito o seu agente, porém, o que poderia fazer, se as encrencas caíam no seu colo?
— Você está me ouvindo? — Eduard lhe questionou, parando de andar em círculos como um maluco, e o olhou com preocupação, enquanto Chris pensava em outras coisas que não eram problemas.Ele se sentia cansado de tudo aquilo, de sair de casa e fazer seu trabalho. Os anos só o deixaram mais estressado, então ele tinha e executava algumas péssimas ideias, que eram descobertas pela mídia.— Aposto que está em outro mundo.— Você é um cara esperto, mas... me irrita pra caralho. — Ele deixou a bolinha de lado e se levantou da cadeira que estava usando como balanço. — Eduard o encarou, desejando bater nele, no entanto Chris tinha o dobro do seu tamanho e músculos enormes. Resultado de alimentação e treinos rigorosos. — Não tenho um minuto de paz. Eles me perseguem, me espionam. Não posso tomar um café sem que pare em algum lugar da internet.— Sério? Você está dizendo que sou eu o irritante? — Eduard tentou levar isso na esportiva, mas estava a ponto de ter um troço. — Conversei com algumas pessoas, e as novidades não são boas. — Respirou fundo antes de dizer essas palavras.Christian mal sabia que todo aquele estresse era bem justo. Pelo que eles sabiam, ele tinha que andar na linha, ou seria jogado de escanteio.— Que notícias? — Cerrou os olhos, aproximando-se do agente. — Quem são essas pessoas?— Christian, você é muito bom, já ganhou muitos prêmios, mas...— Mas o quê? — Irritou-se de vez. — Dou duro nos meus trabalhos e sigo tudo rigorosamente. Estou em forma, porque se eu ganhar alguns quilinhos, sou julgado ou colocado em papéis irrelevantes. Porra! O que mais vocês querem de mim?— Sua reputação está em xeque — foi enfático.— Quando não está? — Olhando para o lado de fora, viu que a cidade caótica parecia uma pintura. O que não ajudava a diminuir seu estresse. Ele acreditava que nada ajudaria.Eles não sabiam o quanto isso era desanimador. Depois de um tempo se tornou uma prisão. Ele não conseguia ter bons relacionamentos, e não podia piscar, que já estava na capa de uma revista ou blog.— Desde criança sou cercado por essas merdas. O que você quer de mim? O que querem que eu faça?— Alguns produtores estão... evitando você. — Ele sentiu que isso desencadearia a ira de Christian, só que era a verdade. Bem... O baixinho estava certo. Chris se virou, com fogo nos olhos, como se essa fosse a coisa mais absurda do mundo. — Não fui eu quem inventei, foi exatamente o que disseram. Graças a Deus não são todos, mas aos poucos você vai perder a relevância. Se alguns deles... — Ele viu a mudança de expressão gradativa do seu cliente. Sabia que, em algum momento, algo seria arremessado, então evitou ficar na frente dele. — Não ganha nada ficando irritado, tem que agir.— Como vou agir? — Achou graça nisso.Christian já fazia muito. Estava na sua melhor forma física e tinha vários troféus e fãs. O que mais teria que fazer? Além do mais, tudo o que ele fazia era tentar levar a sua vida, apesar de entender que, algumas vezes, quando bebia além da conta, passava dos limites, como: dirigir embriagado, discutir em boates e sexo. Muito sexo. O problema é que ele sempre viveu assim. Desde que começou. A vida ali era estressante, uma bagunça, e ele não tinha a alternativa de se manter como a madre Teresa.— Diga-me: o que eles querem de mim? — Foi difícil ele formar essa frase e a dizer calmamente.— Normalidade — Eduard foi curto e confundiu Chris.— Normalidade? — Franziu o cenho. — Que tipo de normalidade?— Fora dos tabloides. Nada de bebida, corridas, mulheres...— Eles querem me pôr um cinto de castidade?— Querem que você pare de aparecer com uma mulher todos os dias.— Agora tem isso também. — Passou a mão pela cabeça e fechou os olhos. Não sabia como resolver esse problema.Era bem verdade que ele estava cansado de sempre pegar um papel de playboy. Foi uma surpresa ele ser escalado para aquele papel no último romance ao lado de Sophia.Então Chris parou, como se tivesse tido um click, voltou a sorrir, respirou fundo e olhou para a cidade, que estava iluminada e mais bonita depois de ele ter se lembrado da mulher de olhos castanhos que resistia a ele.— Um namoro.— Sim! — Eduard ficou tão animado com a palavra, que pensou ter perdido a compostura. — Sim. — Pigarreou. — Uma namorada. Alguém que não esteja na mesma posição que você. Uma pessoa que dê segurança.— Sophia Thompson. — Encheu a boca ao falar seu nome. Seus lábios gostavam da palavra e seu corpo se lembrava da forma como ficava sempre que ela estava por perto.— Seria uma boa ideia se a Sophia não fosse difícil e não o odiasse.— O ódio pode se tornar amor se for bem minerado. — Ele bolava ideias que ela não gostaria.— Acho que não deve tornar isso uma conquista.— Quem disse que seria uma conquista? — Voltou a encarar o homem quase careca. — Será bom para nós dois. Ela é a princesinha do momento, uma mulher magnífica que me atrai mais do que eu gosto de admitir. É determinada, fala com o público jovem, tem um poder significativo no tapete vermelho e... as pessoas já acham que estamos saindo.— Sabe que ela sempre nega, não é? — lembrou-lhe.Christian riu. Ele sabia. E seria mais divertido quando descobrissem.— Que bom que ainda temos muitos eventos para irmos. Teremos tempo de montar a nossa história.— Christian, vai precisar de muito mais do que seu charme para conseguir que ela aceite.Ele sabia disso, e pior, sentia-se motivado para provocar a garota. Ela era jovem, bonita, atrevida e sempre resistia a ele. Esse é um combo que Chris achou que nunca encontraria. Jamais pensou que, algum dia, veria uma oportunidade dessa para explorar como um desafio, mesmo sabendo que não deveria ver isso desse modo.— Ela vai aceitar. — Estava convencido. Pensando, tentava achar uma forma de conquistá-la. — Será tudo em panos limpos. Ela vai saber onde está se metendo, e eu também. Depois é só acabarmos.— Você só vai causar mais burburinho — alertou. — Se mexer com a garota e der errado, será um desastre, vão pôr você no banco de reservas.— Nunca vou me sentar no banco de reservas, a não ser que eu queira. — Irritou-se. — Agora, que já me contou as novidades, me deixe a sós para pensar no que vou fazer.— Deus, você vai se afundar.— Então aprenda a nadar, baixinho. Se isso acontecer, você vai junto.Sua confiança era invejada por Eduard. O cara tinha uma sorte absurda ou era muito privilegiado. O agente acabou concordando com a segunda parte. Ser bonito lhe rendeu a sua fama, mas é claro que ele tinha o talento para isso.Poucas vezes Chris havia saído da curva, interpretando personagens que não eram o mauricinho ou o playboy. Queria testar mais esses outros lugares, sendo outras pessoas. Contudo, Eduard tinha razão, mas é claro que ele nunca admitiria isso. Ele precisava provar que não era só mais um bonitão que interpretava sarados na TV.O corpo de Sophia estava cansado e com muita sede. Ela levou uma garrafa d’água consigo, entretanto pensava que era pouco líquido depois de ter corrido quase três quilômetros até voltar para casa. Sua assistente, Keilly, estava tentando matá-la com tantos exercícios e um restrito cardápio que a deixava mais estressada que o normal.Se pelo menos ela estivesse com alguém para, quem sabe, distrair-se ou ter uma boa noite de sexo... Isso a ajudaria a suportar tantas exigências e dias estressantes.Só que naquele momento Soph não queria se envolver com ninguém; estava focada e tinha outros problemas. Mas tinha que admitir que um homem não saía da sua cabeça há meses.Christian era mesmo um babaca irritante que roubava até seus pensamentos. E não era para tanto. Na noite passada o cafajeste lhe mandou uma mensagem, marcando um encontro. Ela deveria ter recusado, todavia aquela garota idiota, ainda existente dentro dela, levou-a a aceitar.Ela voltou para casa a fim de tomar um banho e ler
— Sabe... Eu gosto de estar com você. — Pegou o copo com sua bebida, que havia pedido pouco tempo antes de ela entrar no restaurante, e bebeu um gole. — É a única mulher no mundo que me deixa interessado, a única que tem minha total atenção e a única que consegue me manter em castidade há mais de seis meses.— Não exagere. — Ela se surpreendeu e pensou que, obviamente, ele havia saído com outras pessoas durante aquele tempo. — Não estamos na frente das câmeras, Chris, pode ser sincero.— Acredite. Estou louco para foder alguém, e esse alguém é você. Outra mulher não me atrai o bastante para, simplesmente, eu te esquecer. — Pior que ele estava sendo sincero, tanto que ela viu, em seus olhos, a irritabilidade dele por estar sem sexo. Ela riu e estava se segurando para não gargalhar na frente do restaurante inteiro. — É uma piada para você?— Sim — confirmou, ainda rindo dele. — Está admitindo que não fica com outras mulheres porque pensa em mim. Isso não é uma piada?— Não, é trágico. E
Chris não estava gostando da recusa de Sophia, apesar de entender. Ele cresceu tendo o que queria, e quando não tinha, dava um jeito. Claro que não a colocaria contra a parede e obrigaria a garota a aceitá-lo, mas isso não quer dizer que não a provocaria. Algo lhe dizia para continuar e descobrir como seduzi-la. Ele também achava que o desgosto nutrido por ela ia além da má fama dele. Às vezes Soph parecia rancorosa, e isso o deixou pensativo. Chris tinha o mero pensamento de que já a tinha visto antes, que eles já tinham conversado, só que não lembrava. Acabou pensando que fosse de tanto vê-la em alguns seriados e que, talvez, sua mente brincasse com essas lembranças “fantasiosas”.Aquele era um dia em que os dois, novamente, estariam juntos. Não tinha como ele não se agradar com uma sessão de fotos em que as pessoas babariam em cima dele e, de quebra, ele irritaria a baixinha que era maluca por tê-lo recusado.— Me diga que já tem uma namorada em mente — Eduard apareceu do nada, le
Quando pôs os pés naquele estúdio de fotografia, Chris tinha um plano em mente para irritar Sophia. Era para ser uma provocação. Ele sabia que a mulher resistiria até o fim, por isso não esperava que ela entregaria tudo de mãos tão rápido.Apesar de estar satisfeito com o resultado, também estava curioso. Aquele beijo espontâneo foi um ato desesperado e sem pensar de Soph. Ela queria se livrar do produtor idiota que estava em cima dela. Isso nunca tinha lhe acontecido. Um homem que era conhecido e respeitado dar em cima de uma das atrizes do seu trabalho?Pensando bem, é mais comum do que imaginam. Esse meio tem muito disso. Ela só não era tão afoita nem desesperada para aceitar tal coisa. Desde que começou no ramo, não se metia em encrenca e não era vista com ninguém. Os poucos namorados que teve nesse meio tempo foram pessoas tão reservadas quanto ela. E Soph odiava estar em rodas de fofocas ou ser capa de revistas que explanassem os erros e acertos de tal pessoa.Entretanto, todos
Ela estava ficando maluca. Não parava de pensar no que fez, no que aceitou e na atitude impensável de escolher Christian Harrison como seu namorado falso. Existiam tantos que seriam bem melhores, mais educados, menos safados e mais confiáveis, mas lá estava ele a encarando, pedindo para que ela aceitasse o acordo idiota que os faria serem falados por um bom tempo.Afundando o seu rosto na almofada e gritando como uma louca, ela tentava pensar em uma saída ou em como fazer com que isso não acabasse da pior forma possível.Chris era um safado conhecido, e em toda a sua carreira nunca havia assumido nenhuma namorada. Sempre foi um descarado. Aparecia nas manchetes, bebia e já foi preso por dirigir embriagado.E pior, ela era extremamente atraída por ele, como se o fogo fosse sugado pelo corpo sexy e o sorriso safado daquele homem.Como sobreviver a esse período de tempestade?— Não adianta surtar agora. — Keilly estava certa, só que isso não ajudava. Ela só conseguiria pensar em algo dep
Eles estavam juntos nessa, e ela não poderia estragar tudo, teria que cooperar. Mas aquele olhar... Ela conviveu tempo o suficiente com ele para saber que ele tinha algo em mente.— Não. Por quê? — Continuou sem entender.Chris parou um segundo para, pela primeira vez desde que chegou, varrer o corpo dela com seus belos olhos azuis. Ele mordeu os lábios ao ver que a mulher só vestia um moletom cinza que era bem curto. Aquilo era bonito de se imaginar sendo tirado.Sophia ficou arrepiada. Nunca pensou que ele a olharia dessa forma, pois sempre voltava ao passado, quando ele nem se deu ao trabalho de olhá-la nos olhos. Mas ela cresceu, emagreceu e seus peitos também aumentaram. Suas pernas eram consideradas umas das mais bonitas, e ele sabia disso.Ele se aproximou dela, hipnotizando-a e pondo uma dúvida sobre o que ela tinha em mente. Fez o que ninguém poderia imaginar naquela situação: pôs Sophia em seus ombros, assustando-a. Ela até deu um gritinho de desespero.— O que está acontece
— Para. Nada além de uma amizade vai rolar entre nós. — Soph estava tentando ser a pessoa que deixava de lado as diferenças. Ele tinha razão, e isso custou muito aos neurônios dela. Existiam vários fatores que colocariam tudo em risco, como, por exemplo, seu olhar matador, sua boca perversa, o calor que ela sentia sempre que ele estava a passos dela e a vontade de virar uma louca, jogá-lo na cama e transar com ele como uma maluca. Quantas vezes ela já tinha imaginado estar com ele em cima de uma cama? Uma vez rolou, só que eles estavam cercados de pessoas e câmeras, e nada daquilo era verdade. — Certo. Você está em negação. Prometo ser... — Ele respirou fundo, pois não queria dizer isso. — Ser paciente.— Ser paciente? — Franziu o cenho. — É algo muito certo: a única coisa que pode rolar é beijo.— Muito. Tipo, muito mesmo. — Ele achava que assim quebraria o clima, e conseguiu. Tirou um minúsculo sorriso dela. — Quem sabe uns pegas? Se você começar, não me culpe se a minha mão acaba
Com os nervos à flor da pele, Sophia se olhava no espelho pela milésima vez, tentando achar alguma coisa fora do lugar. Não tinha. Na verdade, era só uma blusa de alças finas com uma calça larga da cor preta e um sobretudo da mesma cor. Seus cabelos estavam soltos.Todo esse nervosismo tinha um porquê: seria a primeira vez que ela sairia de casa com Christian sendo seu “namorado”. Aquele beijo no estúdio rendeu muitas fofocas. As pessoas são como traças: quanto mais sabem, mais falam. O que faltava era eles confirmarem. Não precisavam dizer “estamos namorando”, simplesmente sair de mãos dadas e se beijarem ao ar livre, como se fosse normal tudo isso. Serviria.Só que não era nada fácil para ela. Soph nunca havia se preocupado com as roupas que usaria no dia a dia. Afinal, tudo que tinha, ficava bom nela. Na realidade, essa não era a sua preocupação, e sim confirmar para Deus e o mundo que ela, a única em todo aquele tempo de carreira dele, foi a escolhida para ser sua namorada oficia