Seja minha

— Sabe... Eu gosto de estar com você. — Pegou o copo com sua bebida, que havia pedido pouco tempo antes de ela entrar no restaurante, e bebeu um gole. — É a única mulher no mundo que me deixa interessado, a única que tem minha total atenção e a única que consegue me manter em castidade há mais de seis meses.

— Não exagere. — Ela se surpreendeu e pensou que, obviamente, ele havia saído com outras pessoas durante aquele tempo. — Não estamos na frente das câmeras, Chris, pode ser sincero.

— Acredite. Estou louco para foder alguém, e esse alguém é você. Outra mulher não me atrai o bastante para, simplesmente, eu te esquecer. — Pior que ele estava sendo sincero, tanto que ela viu, em seus olhos, a irritabilidade dele por estar sem sexo. Ela riu e estava se segurando para não gargalhar na frente do restaurante inteiro. — É uma piada para você?

— Sim — confirmou, ainda rindo dele. — Está admitindo que não fica com outras mulheres porque pensa em mim. Isso não é uma piada?

— Não, é trágico. Então, para de rir. — Ele se irritou. Achou que sua honra já estava ferida demais para ter que aguentar esse deboche. — Indo direto ao ponto: estou com a corda no pescoço.

— E quando não está? — Ela chamou o garçom com um aceno de mão, e Chris ficou em silêncio. Aquela conversa não poderia sair da intimidade dos dois. — Uma água, por favor. — O homem logo foi buscar o seu pedido. — Então, você quer conversar sobre seus problemas. Acha que somos amigos?

— Somos bem mais que amigos, eu diria.

Ele achava confortável conversar com ela. Acreditava que poderia dizer qualquer coisa à Soph, pois ela riria e lhe daria conselhos que, provavelmente, ele não seguiria. E tinha o bônus do deboche, que apesar de ele odiar, adorava ouvir as palavras saírem da sua boca. Até achava que era meio bipolar por conta dessa contradição.

— Mas você insiste em me deixar de bolas roxas.

— Para de botar esses pensamentos pecaminosos na minha cabeça. — Ela ficou envergonhada por realmente se imaginar pegando-as na mão e as apertando.

— Sophia — ele chamou a sua atenção, sussurrando. — Estou querendo ter uma conversa real aqui. — A morena o encarou. Achou isso estranho, e depois deixou que ele continuasse, sem mais deboche. — Meu mau comportamento está refletindo no meu trabalho.

— Só percebeu isso agora? — Não se aguentou. — Faz 30 anos que está em Hollywood, e só agora percebeu isso?

— Não faz ideia de como foi começar nessa merda tão cedo. — Irritou-se. Viu que o seu tom foi exagerado porque odiava ser lembrado de tudo pelo que já tinha passado.

O garçom trouxe a água que sua parceira pediu, e ele, novamente, calou-se, pondo ainda mais dúvidas na cabeça da mulher. Quando eles estavam, novamente, a sós, ele continuou.

— Até hoje sou perseguido por todos. Tenho que ser o galã, tenho que estar em forma e tenho que ter uma família feliz para que os produtores não me botem no banco de reservas.

— Esse é o seu medo? — Levantou uma das sobrancelhas perfeitamente feitas e o encarou. — Cara, você fez diversos filmes e tem profissionalismo, apesar das polêmicas.

— Estou cansado de ser o playboy ou o herói de filmes de adolescentes.

— Está reclamando dos trabalhos?

— Estou dizendo que há rumores de que meus comportamentos, já há um bom tempo em controle, por assim dizer, estão causando burburinhos no meio artístico, e alguns babacas não querem nem chegar perto do meu nome.

— Isso é bem verdade. — Ela pensou e se lembrou de uma conversa recente. — Certo, você tem que mudar. Se está longe de polêmicas atualmente, qual o seu medo agora? O que deseja fazer para mudar? E o mais importante: o que eu tenho a ver com esses rumores?

Foi aí que ele se consertou na cadeira e a olhou com um sorriso no rosto, estilo cafajeste. Ela logo se tocou que era o alvo dele.

— As más línguas dizem que estávamos em um romance, e não estou falando do filme, apesar de ele ter relação.

— Não temos nada. — Por dentro, ela começou a imaginar diversas situações, palavras e conversas que a levariam a um final de dia bem pensativo. Era óbvio que ele tinha um plano, e esse plano usaria esses rumores idiotas e sem sentido. — O quê? Está pensando em confirmar? Sabe que não é verdade. As únicas vezes que chegamos perto um do outro foram por puro profissionalismo.

Isso não era totalmente verídico. Ela se recordou das vezes em que ficou tão empolgada e excitada, que usou do privilégio da sua personagem para o beijar, como já queria fazer há um bom tempo.

Chris não era bobo nem santo. Ele já fez o mesmo, enquanto ela sabia disso e até gostou.

— Na realidade, eu sempre quis botar você contra as paredes cenográficas e lhe tascar um beijo de verdade, não aquelas falsidades que usamos para as câmeras. E eu já vi você usando dessa desculpa para me usar como queria.

— O único pervertido aqui é você. — Ela era boa em atuar, só que com ele as coisas mudavam de tom. Christian era a sua fraqueza. — Enfim, seja lá o que estiver pensando, é melhor esquecer. Eu nunca...

— Um acordo — ele falou, sem esperar que ela terminasse. Soph parou no tempo, tentando refletir. — Todos nos amam juntos. Você é uma pessoa correta, chama a atenção, é caridosa, amada e tem uma ótima reputação. E temos química. Sinceramente, não é segredo para nenhum de nós que desejamos nos pegar sem desculpa nenhuma.

— É mentira. — Mentirosa. Ela queria isso mais do que atuar. — Não vou me meter nesse plano maluco, isso iria estragar as nossas carreiras. Iria me pôr ao seu lado, mas como acabou de citar, você tem uma péssima reputação.

— Só até a poeira abaixar. Não vou ser o Christian Harrison, só o Chris. Prometo que não vai se arrepender.

— Me arrependi de ter vindo.

— Não negue o que sente. — Irritou-se, todavia tomou o cuidado de ser discreto. — Você pode proclamar o quanto quiser que sou um idiota, safado e tudo de ruim, mas não minta sobre o seu desejo por mim. E, no final das contas, isso ajudaria nós dois. Seriamos como Brad Pitt e Angelina Jolie, só que sem a polêmica da traição.

— Acha mesmo que as pessoas iriam acreditar que somos um casal? — Ela estava nervosa. Isso não era esperado. Ele a escolheu para essa loucura? Sophia apostava que era só porque rolava aquele boato idiota. — Christian, você é um solteiro aos 41, nunca assumiu ninguém, vive com uma mulher a cada noite, e do nada vai aparecer namorando?

— Você é a mulher da minha vida. Não vai ser difícil convencê-los disso. É inteligente, bonita, tem carisma, não tem medo de falar o que pensa na minha cara e adora fazer piadas e debochar. Sempre estou feliz quando você está por perto. O que mais quer que eu diga?

Sophia não sabia se gostava dessas palavras ou odiava. Isso significa que ele a observava, que gostava dela.

— Ainda é arriscado. Não vou me meter nisso, Christian. — Foi sua resposta final.

Ele entendia a sua recusa, embora não gostasse. Sophia tinha muito mais cabeça que ele, e ele não insistiria, já que ela o recusou.

— Certo, eu tentei. — Frustrado, encarou Soph, assim como ela o encarou.

Por dentro, lá no fundo, ela pensava no que falou e em como seria bom ter ele nas suas mãos, mas que ainda seria arriscado, mesmo que pudesse tirar vantagem disso.

Como seria ser a namorada oficial do maior cafajeste de Hollywood?

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