Era inegável, para quem estava de fora, que tinha algo rolando. Eles se olhavam com tanta emoção, que mais pareciam conversar. O sorriso que ele deu ao encará-la, no ensaio, foi genuíno. Assim, pôde deixar escapar o quão feliz estava em fazer aquilo.
Por dentro, Soph quis bater nele e sentir o ardor em sua mão ao esbofeteá-lo, mas se segurou, limitando-se a esconder seus sentimentos e continuar com a sessão de fotos.A aproximação, o momento olho no olho e os toques a deixavam com o coração na boca. Como, depois de tudo que ele já tinha feito, seu coração ainda teimava em gostar do cafajeste?— Você está furiosa — ele disse, tirando-a dos pensamentos.Ela piscou e achou que tinha imaginado as palavras, no entanto notou que ele a olhava, surpreso. O fotógrafo parou de tirar as fotos. Encurralada, Sophia se viu confusa e com vergonha.— O quê? — fez-se de desentendida.— No início a Alex odiava o Christophe, mas não precisa trazer tudo isso de volta. Podemos ficar com a parte boa da coisa. — Aí estava o sarcasmo.— Acho que essa posição não os favorece — falou o outro homem, que foi até eles e os posicionou como queria. — Sabem aqueles olhares cheios de paixão que fizeram no set? Podem trazê-los de volta.Como se fosse fácil. Não era uma filmagem. Naquelas situações os dois não estavam tão ligados assim. Ainda mais depois daquele pedido, das palavras e das provocações que aconteceram após as câmeras pararem de gravar.— O coitado nem sabe que você me odeia — comentou Chris, sussurrando, assim que ele saiu.Sophia o fitou com os olhos cerrados e percebeu os deles se distanciando até a loira com quem ele conversava antes.— Quer chamá-la para o ensaio? — Ela ia dizer a si mesma para não demonstrar que estava odiando a troca de olhares e os sorrisos que os dois trocavam, porém foi maior que ela. — Talvez tenha mais clima.— A culpa não é minha. — Ele não sabia que iria gostar tanto de provocá-la. Sabia que era contraditório. Soph dizia uma coisa, entretanto fazia outra. Ciúme? Ele iria gostar de esfregar isso na cara dela. — É você quem está me olhando como se estivesse magoada.— Você que está me ignorando — ela finalmente disse.— Quer saber? Vou dar um tempo para vocês dois. — O fotógrafo bufou, desistindo naquele momento.Os dois não se importaram. A discussão acalorada era bem mais divertida.— Não estou ignorando você. — Ele franziu o cenho. — Você me disse para ficar longe. O que quer que eu faça?— Eu não falei nada disso. — Soph se arrependeu de ter dito aquelas palavras, pois foi aí que ele a pegou desprevenida. — Está com raiva porque eu disse “não” a você?As coisas estavam ficando realmente boas. O sorriso safado saiu dos lábios dele, causando raiva e arrependimento em Soph.— Raiva? — Ele se segurou. Tinha que fazer isso. — Querida, não tenho que me rebaixar a isso. Eu fiz uma proposta, você disse não, eu pulei para a próxima.Ela ficou chocada.Fui descartada?Quem via de longe, notava um casal discutindo. Alguns prestavam atenção neles sem ouvir ou saber o que diziam, outros tentavam ignorar.— Então é isso. — Cruzou os braços. — Pulou para os braços, ou melhor dizendo, para os peitos de uma loira qualquer que conheceu há minutos?Ela diria: “Controle-se, Sophia. Não deixe ele a provocar. Por que está tão irritada com isso?”— Conheço a Scarlet há mais tempo que conheço você. — Era uma mentira, ele nunca a tinha visto na vida. Mas estava bom provocar sua colega. — Estou com uma dúvida pertinente. — Chris se aproximou dela, pôs o rosto a centímetros do seu, sentindo o seu perfume, olhou-a nos olhos e sorriu. — Por que você está com ciúme, ou melhor, irritada, por eu ter entendido o seu recado e pulado para outra? — Ela se desmontou. Notou quão ridícula estava parecendo e descruzou os braços, tímida. — Afinal, eu ainda preciso de uma namorada. Falando nisso, quero que, por favor, não comente com ninguém essa informação, ou iria estragar tudo.— Então... Como estão as coisas? — a voz de Donald congelou Sophia.Ela se lembrou da noite passada, de quando estava em um evento como os vários dos quais já havia participado. Ele era um produtor famoso, e ela estava escalada para um curto papel em uma série que ele produzia. Na ocasião, Donald se aproximou demais dela, puxou-a, fez perguntas intimidadoras e quase a beijou.Ela disse, por um equívoco, porém justificável, que estava em um relacionamento sério. Nem se lembrou da proposta absurda de Chris, só queria sair dali. Nunca tinha sofrido um assédio como aquele. Sentiu que ele usava da sua posição, importância e poder sobre o seu trabalho para tirar uma casquinha dela. Sophia não contou isso a ninguém além da sua assistente pessoal, que falou que Donald era um dos grandões e que o chatear seria um erro.Erro seria ser assediada e ficar calada.O homem estava conversando com os que ali estavam e a observou. Ela sabia que ele se aproximaria dela, portanto olhou para Chris, que apesar de ser um safado, era uma pessoa de confiança. Eles tinham esse lance de amor e ódio, contudo, se algo ruim acontecesse, ela sentia que ele ficaria do lado dela. Ainda mais com o segredo que eles compartilhavam.— Christian — ela chamou a sua atenção antes de puxar sua roupa e lhe tascar um belo beijo na frente de todo mundo.Primeiro foi tímido e inesperado, algo que impressionou Chris. Depois, quando ele a puxou pela cintura, foi bom e acalorado. Era o início de uma história maluca. Ele nunca a tinha beijado de verdade, e provar isso foi impressionante. Foi difícil se lembrar da realidade.Ela se afastou, olhou em seus olhos azuis confusos e pediu:— É só temporário. Não diga para mais ninguém, ou eu mesma mato você.Trabalhar com Christian não era algo que Sophia esperava que seria tão difícil. Sim, ela era uma profissional que sabia dos seus limites, mas tinha um passado com esse homem que ele não lembrava. E ela faria de tudo para esconder isso no quarto escuro da sua memória.Christian Harrison era o homem mais safado de toda a Hollywood. Isso desde que começou a atuar com 10 anos. E aos 24 anos, fez o papel de um adolescente jogador de futebol.Nessa época, Sophia era só mais uma menina fissurada pelo mundo mágico das séries e filmes. Com 10 anos colecionava pôsteres de Christian só de calça jeans surrada, no quarto. No seu caderno tinha imagens dele como o Tomás Philips, o garoto com o sonho de ser um grande jogador de futebol que ele interpretava.Esse foi o período em que os fã-clubes estouraram, e ela estava lá, fascinada pelo cara mais gato do momento.Ela queria ser dentista, como o seu pai. Seria o orgulho da família. Mas sua paixão pelos filmes e por Chris a levou para o teatro. Assim
A bolinha de borracha não estava ajudando Chris a relaxar. Essa era a sua função, mas o idiota do Eduard estava há meia hora dando uma bronca nele como se ele ainda tivesse 15 anos. Christian sabia que dava trabalho e que não ouvia muito o seu agente, porém, o que poderia fazer, se as encrencas caíam no seu colo?— Você está me ouvindo? — Eduard lhe questionou, parando de andar em círculos como um maluco, e o olhou com preocupação, enquanto Chris pensava em outras coisas que não eram problemas.Ele se sentia cansado de tudo aquilo, de sair de casa e fazer seu trabalho. Os anos só o deixaram mais estressado, então ele tinha e executava algumas péssimas ideias, que eram descobertas pela mídia.— Aposto que está em outro mundo.— Você é um cara esperto, mas... me irrita pra caralho. — Ele deixou a bolinha de lado e se levantou da cadeira que estava usando como balanço. — Eduard o encarou, desejando bater nele, no entanto Chris tinha o dobro do seu tamanho e músculos enormes. Resultado de
O corpo de Sophia estava cansado e com muita sede. Ela levou uma garrafa d’água consigo, entretanto pensava que era pouco líquido depois de ter corrido quase três quilômetros até voltar para casa. Sua assistente, Keilly, estava tentando matá-la com tantos exercícios e um restrito cardápio que a deixava mais estressada que o normal.Se pelo menos ela estivesse com alguém para, quem sabe, distrair-se ou ter uma boa noite de sexo... Isso a ajudaria a suportar tantas exigências e dias estressantes.Só que naquele momento Soph não queria se envolver com ninguém; estava focada e tinha outros problemas. Mas tinha que admitir que um homem não saía da sua cabeça há meses.Christian era mesmo um babaca irritante que roubava até seus pensamentos. E não era para tanto. Na noite passada o cafajeste lhe mandou uma mensagem, marcando um encontro. Ela deveria ter recusado, todavia aquela garota idiota, ainda existente dentro dela, levou-a a aceitar.Ela voltou para casa a fim de tomar um banho e ler
— Sabe... Eu gosto de estar com você. — Pegou o copo com sua bebida, que havia pedido pouco tempo antes de ela entrar no restaurante, e bebeu um gole. — É a única mulher no mundo que me deixa interessado, a única que tem minha total atenção e a única que consegue me manter em castidade há mais de seis meses.— Não exagere. — Ela se surpreendeu e pensou que, obviamente, ele havia saído com outras pessoas durante aquele tempo. — Não estamos na frente das câmeras, Chris, pode ser sincero.— Acredite. Estou louco para foder alguém, e esse alguém é você. Outra mulher não me atrai o bastante para, simplesmente, eu te esquecer. — Pior que ele estava sendo sincero, tanto que ela viu, em seus olhos, a irritabilidade dele por estar sem sexo. Ela riu e estava se segurando para não gargalhar na frente do restaurante inteiro. — É uma piada para você?— Sim — confirmou, ainda rindo dele. — Está admitindo que não fica com outras mulheres porque pensa em mim. Isso não é uma piada?— Não, é trágico. E
Chris não estava gostando da recusa de Sophia, apesar de entender. Ele cresceu tendo o que queria, e quando não tinha, dava um jeito. Claro que não a colocaria contra a parede e obrigaria a garota a aceitá-lo, mas isso não quer dizer que não a provocaria. Algo lhe dizia para continuar e descobrir como seduzi-la. Ele também achava que o desgosto nutrido por ela ia além da má fama dele. Às vezes Soph parecia rancorosa, e isso o deixou pensativo. Chris tinha o mero pensamento de que já a tinha visto antes, que eles já tinham conversado, só que não lembrava. Acabou pensando que fosse de tanto vê-la em alguns seriados e que, talvez, sua mente brincasse com essas lembranças “fantasiosas”.Aquele era um dia em que os dois, novamente, estariam juntos. Não tinha como ele não se agradar com uma sessão de fotos em que as pessoas babariam em cima dele e, de quebra, ele irritaria a baixinha que era maluca por tê-lo recusado.— Me diga que já tem uma namorada em mente — Eduard apareceu do nada, le
Quando pôs os pés naquele estúdio de fotografia, Chris tinha um plano em mente para irritar Sophia. Era para ser uma provocação. Ele sabia que a mulher resistiria até o fim, por isso não esperava que ela entregaria tudo de mãos tão rápido.Apesar de estar satisfeito com o resultado, também estava curioso. Aquele beijo espontâneo foi um ato desesperado e sem pensar de Soph. Ela queria se livrar do produtor idiota que estava em cima dela. Isso nunca tinha lhe acontecido. Um homem que era conhecido e respeitado dar em cima de uma das atrizes do seu trabalho?Pensando bem, é mais comum do que imaginam. Esse meio tem muito disso. Ela só não era tão afoita nem desesperada para aceitar tal coisa. Desde que começou no ramo, não se metia em encrenca e não era vista com ninguém. Os poucos namorados que teve nesse meio tempo foram pessoas tão reservadas quanto ela. E Soph odiava estar em rodas de fofocas ou ser capa de revistas que explanassem os erros e acertos de tal pessoa.Entretanto, todos
Ela estava ficando maluca. Não parava de pensar no que fez, no que aceitou e na atitude impensável de escolher Christian Harrison como seu namorado falso. Existiam tantos que seriam bem melhores, mais educados, menos safados e mais confiáveis, mas lá estava ele a encarando, pedindo para que ela aceitasse o acordo idiota que os faria serem falados por um bom tempo.Afundando o seu rosto na almofada e gritando como uma louca, ela tentava pensar em uma saída ou em como fazer com que isso não acabasse da pior forma possível.Chris era um safado conhecido, e em toda a sua carreira nunca havia assumido nenhuma namorada. Sempre foi um descarado. Aparecia nas manchetes, bebia e já foi preso por dirigir embriagado.E pior, ela era extremamente atraída por ele, como se o fogo fosse sugado pelo corpo sexy e o sorriso safado daquele homem.Como sobreviver a esse período de tempestade?— Não adianta surtar agora. — Keilly estava certa, só que isso não ajudava. Ela só conseguiria pensar em algo dep
Eles estavam juntos nessa, e ela não poderia estragar tudo, teria que cooperar. Mas aquele olhar... Ela conviveu tempo o suficiente com ele para saber que ele tinha algo em mente.— Não. Por quê? — Continuou sem entender.Chris parou um segundo para, pela primeira vez desde que chegou, varrer o corpo dela com seus belos olhos azuis. Ele mordeu os lábios ao ver que a mulher só vestia um moletom cinza que era bem curto. Aquilo era bonito de se imaginar sendo tirado.Sophia ficou arrepiada. Nunca pensou que ele a olharia dessa forma, pois sempre voltava ao passado, quando ele nem se deu ao trabalho de olhá-la nos olhos. Mas ela cresceu, emagreceu e seus peitos também aumentaram. Suas pernas eram consideradas umas das mais bonitas, e ele sabia disso.Ele se aproximou dela, hipnotizando-a e pondo uma dúvida sobre o que ela tinha em mente. Fez o que ninguém poderia imaginar naquela situação: pôs Sophia em seus ombros, assustando-a. Ela até deu um gritinho de desespero.— O que está acontece