Ashley começou a reparar em algo que nunca havia notado antes: Eleonora nunca comia. Nunca bebia nada quando estavam juntas. Nos encontros na lanchonete, ela apenas brincava com o canudo dentro do copo, girando o gelo até que derretesse por completo. Nas festas, ficava de lado, observando, sem tocar em nada.Era estranho. Mas talvez... ela só não gostasse de comer na frente dos outros?Uma noite, enquanto revisava algumas anotações para a escola, o celular vibrou na mesa. Uma mensagem de Eleonora."Você está acordada?"Ashley sorriu e respondeu rapidamente: "Sim. Algum problema?"O telefone tocou imediatamente, como se Eleonora já estivesse esperando. Ashley atendeu.— Alô?Silêncio.Ela franziu a testa. Estática na linha. Um ruído distante, algo como um sussurro... mas não dava para entender.— Eleonora? — insistiu.A voz finalmente veio. Mas soava... distante e errada. Como se não fosse apenas uma, mas duas vozes sobrepostas.— A-Ashley...O coração de Ashley disparou. A ligação caiu
Ashley estava sentada no banco de um parque, o mesmo onde tudo havia começado. De repente, um arrepio percorreu sua pele. Ela não precisava olhar para saber.Eleonora estava ali.Virou-se devagar e encontrou-a parada no final do corredor. Não tinha feito barulho algum, mas Ashley sabia que ela estava ali muito antes de vê-la.— Como você faz isso? — Ashley sussurrou, sentindo a respiração acelerar.Eleonora deu um passo à frente, e então mais um. O som de seus sapatos ecoava no corredor, mas Ashley sentia mais do que isso. Sentia a presença dela de uma forma impossível de explicar. Como um calor invisível que tomava conta do ambiente, preenchendo cada espaço entre elas.Eleonora parou a poucos centímetros de distância, os olhos brilhando na penumbra.— Eu não sei do que você está falando — ela murmurou, mas seu olhar dizia o contrário.Ashley engoliu em seco. Sabia que deveria recuar, mas seus pés não obedeciam. Quando Eleonora ergueu a mão e tocou sua pele, um arrepio percorreu seu co
Ashley estava deitada na cama, encarando o teto de seu quarto enquanto os primeiros raios de sol da manhã entravam pela janela. O coração ainda estava acelerado depois da noite anterior. Não conseguia parar de pensar em Eleonora e em tudo o que havia descoberto. A confissão de Eleonora, a revelação de que ela era uma vampira, tinha mudado tudo.Ela estava se apaixonando por uma vampira.A mente de Ashley corria em círculos. Ela sabia que não poderia simplesmente fingir que nada tinha acontecido. Agora, o peso da verdade estava sobre seus ombros, e ela precisava descobrir como lidar com isso.De repente, o som do celular vibrando a tirou de seus pensamentos. Ela olhou para a tela e viu o nome de Eleonora piscando. Seu coração deu um salto.Eleonora: Bom dia. Você está bem?Ashley hesitou antes de responder. Ela não queria mentir, mas também não sabia como expressar a confusão que estava sentindo.Ashley: Estou bem, só pensando...Eleonora respondeu quase imediatamente.Eleonora: Eu ima
Ashley começou a reparar em algo que nunca havia notado antes: Eleonora nunca comia. Nunca bebia nada quando estavam juntas. Nos encontros na lanchonete, ela apenas brincava com o canudo dentro do copo, girando o gelo até que derretesse por completo. Nas festas, ficava de lado, observando, sem tocar em nada.Era estranho. Mas talvez... ela só não gostasse de comer na frente dos outros?Uma noite, enquanto revisava algumas anotações para a escola, o celular vibrou na mesa. Uma mensagem de Eleonora."Você está acordada?"Ashley sorriu e respondeu rapidamente: "Sim. Algum problema?"O telefone tocou imediatamente, como se Eleonora já estivesse esperando. Ashley atendeu.— Alô?Silêncio.Ela franziu a testa. Estática na linha. Um ruído distante, algo como um sussurro... mas não dava para entender.— Eleonora? — insistiu.A voz finalmente veio. Mas soava... distante e errada. Como se não fosse apenas uma, mas duas vozes sobrepostas.— A-Ashley...O coração de Ashley disparou. A ligação caiu
O clima estava estranho naquela manhã. Embora o céu estivesse claro e o sol brilhasse, algo sombrio pairava no ar. Ashley sentia um frio na espinha que não conseguia explicar, e ao observar Eleonora, percebeu que ela também estava inquieta.Estavam a caminho da escola, caminhando lado a lado pela calçada. Embora suas mãos não estivessem entrelaçadas, a proximidade física trazia uma sensação de conforto mútuo.— Está tudo bem? — Ashley perguntou, quebrando o silêncio que as envolvia.Eleonora olhou para ela, e por um segundo, Ashley notou um brilho de preocupação em seus olhos, algo que Eleonora tentava disfarçar.— Não... exatamente. — Eleonora respondeu, hesitante. — Meu irmão... Ele está perto.Ashley parou de andar abruptamente, encarando Eleonora com os olhos arregalados.— O quê? Ele voltou? — A voz de Ashley tremia, a tensão crescendo em seu peito.Eleonora suspirou, desviando o olhar para o chão.— Eu sabia que ele voltaria. Depois do que aconteceu da última vez... — Sua voz est
O céu estava cinza naquela manhã, e a atmosfera da escola parecia mais densa do que o habitual. Ashley caminhava pelos corredores de cabeça baixa, pensando em tudo que descobrira sobre Vincent na noite anterior. A ameaçadora presença dele agora parecia estar em todos os lugares. Seu coração acelerava cada vez que pensava que ele poderia fazer a ela — ou pior, a Eleonora. Quando chegou ao pátio vazio da escola, Eleonora já estava lá, sentada sob a árvore que costumavam encontrar quando queriam conversar em paz. A expressão dela era calma, mas Ashley conseguia ver o brilho sombrio em seus olhos. Parecia que o peso de séculos recai sobre Eleonora, e aquele era o momento de contar tudo. Ashley se moveu lentamente, hesitando por um instante. Eleonora olhou para ela e brilhou gentilmente, mas havia uma tristeza velada naquele sorriso. — Eu imaginei que você quisesse falar sobre ontem — Eleonora começou, com sua voz baixa, quase como se estivesse lidando com um segredo muito perigoso. Ash
O silêncio pairava entre Eleonora e Ashley no pátio da escola. O fluxo constante de estudantes parecia distante, como se o mundo à sua volta estivesse suspenso em uma bolha de tensão e mistério. Ashley ainda estava tentando absorver as revelações do passado de Eleonora. A ideia de que ela havia vivido outra vida, de que Vincent era uma ameaça terrível, e que os vampiros eram reais... Tudo isso a fazia sentir-se fora de controle, como se sua realidade tivesse sido arrancada de suas mãos. Mas havia algo que a intrigava ainda mais: a sensação de que, no fundo, ela sempre sabia que algo assim era possível. Eleonora, vendo a luta interna no olhar de Ashley, se moveu lentamente, puxando uma mochila que estava ao seu lado. Ela abriu e, de dentro, tirou cinco livros de aparência antiga, com capas de couro e páginas que não deixaram de ter resistido ao tempo. — Eu sei que você está processando muita coisa agora — disse Eleonora, estendendo os livros para Ashley. — Mas eu quero que você tenha
A luz do abajur no quarto de Ashley permanece acesa, projetando sombras nas paredes. O silêncio da noite fazia com que o farfalhar das páginas dos livros ecoasse no espaço, enquanto Ashley se afundava cada vez mais nas histórias de vampiros e suas origens. “Sombras da Eternidade” já estava quase pela metade, e com cada página virada, ela encontrava informações que desafiavam tudo o que sabia sobre o mundo. Parou em um trecho que fez sentir o sangue gelar. "Os mais antigos são os mais perigosos. Não apenas por sua força e poder, mas pelo tempo que passaram na escuridão. A solidão e o isolamento corroem a sanidade e, muitas vezes, os fazem perder o sentido de humanidade." Ashley ponderou sobre essas palavras, pensando imediatamente em Vincent. Se ele era tão antigo quanto Eleonora sugeriu, o que isso poderia significar? Ele já havia perdido sua humanidade? Ou ainda havia algo nele que poderia ser redimido? Sua mente estava a mil, e ela sabia que precisava de uma pausa. Pegou o segund