O amanhecer trouxe um clima de inquietação para Ashley. A conversa com sua mentora ainda ecoava em sua mente, e cada palavra parecia se misturar ao som do vento do lado de fora. Ela desceu para a cozinha, onde Eleonora já estava de pé, preparando café com uma serenidade que contrastava com o turbilhão de pensamentos de Ashley.Eleonora olhou para ela com um sorriso caloroso, mas rapidamente percebeu o semblante tenso da namorada.— Você não dormiu bem, não é? — Eleonora perguntou, colocando uma xícara de café na frente de Ashley.Ashley suspirou, passando os dedos pelos cabelos.— Não é isso... quer dizer, dormi, mas tive outro encontro com minha mentora.Eleonora arqueou as sobrancelhas e se sentou à mesa.— O que ela disse desta vez?Ashley contou tudo, desde o feitiço de contenção até os requisitos necessários para realizá-lo. Cada palavra fazia Eleonora se inclinar mais para frente, como se estivesse pronta para absorver cada detalhe.— Um lugar de poder, algo que pertence a Micha
Ashley segurava o papel amassado com a mensagem de Michael. Seus olhos percorriam a caligrafia intensa, quase agressiva. Uma ideia começou a se formar em sua mente enquanto analisava cada detalhe. Ela respirou fundo, sentindo uma mistura de excitação e preocupação.— Eleonora, e se a caligrafia dele contiver mais do que palavras? — perguntou Ashley, girando o papel entre os dedos.Eleonora, que estava sentada no sofá revisando mapas do bosque que elas planejavam usar como armadilha, levantou os olhos.— Como assim?— Michael é poderoso, mas ele também é arrogante. A maneira como ele escreve... É como se ele estivesse canalizando energia para cada palavra. Talvez eu possa usar isso contra ele.Eleonora levantou-se, aproximando-se de Ashley.— Você acha que pode reverter a energia dele?Ashley assentiu.— Não tenho certeza absoluta, mas vale a tentativa. Ele deixou isso aqui como um recado, mas pode ser uma ligação direta com sua magia. Se eu conseguir decifrar... talvez possamos criar
Ashley sentava-se em sua cama, ainda com os músculos tensos após o confronto com Michael. O quarto estava silencioso, exceto pelo som suave das folhas de um livro que Eleonora folheava na escrivaninha ao lado. A luz do abajur criava sombras dançantes nas paredes, tornando o ambiente um tanto melancólico, mas carregado de determinação.Ashley segurava o papel queimado de Michael, agora apenas uma lembrança das intenções dele. A sensação de perigo ainda pairava no ar, mas algo dentro dela tinha mudado. A jovem sabia que precisava pensar à frente, superar suas próprias inseguranças e encontrar uma maneira definitiva de derrotá-lo.— Eleonora, não podemos esperar que ele venha até nós novamente. — Ashley quebrou o silêncio, sua voz firme. — Precisamos agir primeiro.Eleonora ergueu os olhos do livro, inclinando a cabeça com curiosidade.— Concordo. Mas qual seria o próximo passo? Ele já provou ser mais forte do que imaginávamos.Ashley olhou para o papel queimado em suas mãos e lembrou-se
A manhã seguinte nasceu cinzenta e carregada de tensão. Ashley mal havia dormido. As palavras de Michael ainda ecoavam em sua mente. Ela sabia que o tempo estava se esgotando, e que ele não demoraria a atacar novamente. No entanto, agora havia um plano. Um plano que poderia ser a única chance de derrotá-lo.Eleonora entrou na cozinha com passos firmes, trazendo mapas e anotações.— Revisei tudo mais uma vez. O bosque é o lugar ideal para atraí-lo. Há clareiras cercadas por árvores altas, perfeitas para isolar a energia dele e dificultar sua fuga.Ashley, que estava encostada no balcão, olhando para o vazio, finalmente ergueu os olhos.— É arriscado, Eleonora. E se ele nos emboscar antes que possamos ativar o feitiço?Eleonora sentou-se ao lado dela, seus olhos encontrando os de Ashley.— Então vamos virar o jogo. Ele espera que sejamos as presas. Mas nós seremos os predadores.As duas passaram o dia montando armadilhas no bosque. Eleonora usou sua força sobrenatural para mover pedras
O céu estava escuro, coberto por nuvens espessas que ameaçavam desabar a qualquer momento. Ashley e Eleonora voltaram para casa exaustas após o confronto. O fracasso em capturar Michael pesava em seus ombros, mas a esperança ainda brilhava. Elas sabiam que precisavam se reerguer rapidamente.Ashley estava sentada no chão da sala, rodeada por livros antigos e anotações espalhadas por todos os lados. Eleonora observava em silêncio, preocupada com o cansaço evidente de sua namorada.— Você precisa descansar, Ashley, — disse Eleonora, ajoelhando-se ao lado dela. — Não podemos derrotar Michael se você se destruir antes disso.Ashley balançou a cabeça.— Não posso parar agora. Ele está mais fraco, Eleonora. Estamos perto, eu sei disso.Eleonora segurou suas mãos, forçando Ashley a olhar para ela.— E se ele usar isso contra nós? Ele sabe que está mexendo com sua mente. É exatamente o que ele quer.Por um momento, Ashley hesitou. Eleonora tinha razão, mas a ideia de deixar Michael escapar no
Os primeiros raios de sol pintavam o céu em tons de laranja e dourado, afastando os últimos vestígios da noite. Na varanda, Ashley e Eleonora ainda estavam lado a lado, compartilhando o calor uma da outra. O mundo parecia mais calmo, mais seguro — mas não menos cheio de possibilidades.Ashley, envolta em um cobertor, olhava para o horizonte.— Nunca pensei que chegaria a sentir isso de novo, Eleonora. Paz.Eleonora segurou a mão dela, apertando com leveza.— Você lutou por isso, Ashley. Foi sua coragem, sua força, que nos trouxe até aqui.Elas permaneceram em silêncio por um momento, deixando o som da natureza preencher o espaço. Então, Ashley sorriu.— Quero fazer mais, Eleonora. Não apenas para nós, mas para os outros. Ensinar, proteger... mostrar que podemos enfrentar o que vier, juntos.Eleonora arqueou uma sobrancelha, divertida.— Está planejando criar uma escola de bruxaria?Ashley riu.— Talvez. Não uma escola tradicional, mas algo que ajude outros a se conectarem com suas hab
Ashley observava a cidade enquanto o carro seguia pela avenida principal. Era uma tarde cinzenta, e as nuvens pesadas refletiam bem seu humor. Sentada no banco do passageiro ao lado de sua mãe, ela não conseguia deixar de pensar em como sua vida havia mudado drasticamente em questão de meses. Antes, vivia em uma cidade pequena onde todos se conheciam, onde o maior evento do ano era a feira de artesanato local e o céu era sempre estrelado à noite. Agora, tudo que via à sua frente eram prédios altos, ruas movimentadas e um constante ruído de fundo que a deixava tonta.— Estamos quase chegando, Ash, - disse sua mãe, com um sorriso tenso nos lábios.Ashley não respondeu. Estava ocupada demais tentando processar tudo. O divórcio, a mudança, a nova cidade… Era demais para ela. Sua mãe parecia estar tentando se manter otimista, mas Ashley via a tristeza escondida em seus olhos. O casamento tinha acabado há apenas três meses, e sua mãe ainda estava se ajustando tanto quanto ela.O carro entro
A manhã seguinte trouxe consigo uma leve neblina que cobria o bairro. Quando Ashley acordou, a luz fraca que entrava pela janela parecia ainda mais fria do que o dia anterior. Ela se levantou lentamente, sentindo o corpo pesado, como se tivesse carregado o mundo em suas costas durante a noite.Desceu as escadas e encontrou a mãe na cozinha, já vestida para o trabalho.— Bom dia, querida. Como foi a noite?-Ashley deu de ombros.— Difícil dormir.-Sua mãe sorriu de maneira reconfortante.— É normal. Vai melhorar com o tempo. Hoje tenho que sair para resolver algumas coisas do trabalho, mas deixei um pouco de café pronto, se você quiser.— Obrigada.Depois que a mãe saiu, Ashley ficou sozinha na casa. O silêncio era opressor. Ela preparou uma xícara de café e se sentou na mesa da cozinha, olhando para o celular em busca de algo que distraísse sua mente. Mas nada parecia aliviar o desconforto.Com o passar das horas, ela decidiu dar uma volta pelo bairro. Precisava sair de casa e respira