Ashley estava no quarto, a luz fraca do abajur lançando sombras nas paredes. O livro de bruxaria estava aberto sobre a cama, suas páginas gastas exibindo diagramas intricados e palavras em uma língua que ela começava a entender. Papéis cobriam o chão ao redor, repletos de anotações e desenhos que ela fizera durante as horas exaustivas de estudo.Ela passou as mãos pelo rosto, exausta. Tentara de tudo: traduzir os textos mais antigos, combinar ingredientes para feitiços experimentais e até meditar, buscando respostas dentro de si mesma. Nada parecia suficiente. Michael era uma força implacável, um predador à espreita, e o tempo estava se esgotando.— Por que isso é tão difícil? — murmurou, jogando a cabeça contra o travesseiro.Foi quando sentiu algo diferente. Um arrepio percorreu sua espinha, como se o ar ao seu redor tivesse mudado. A sensação era familiar, mas ainda assim a deixava inquieta.Ashley sentou-se, olhando ao redor do quarto. A princípio, tudo parecia normal, mas então,
Ashley observava a cidade enquanto o carro seguia pela avenida principal. Era uma tarde cinzenta, e as nuvens pesadas refletiam bem seu humor. Sentada no banco do passageiro ao lado de sua mãe, ela não conseguia deixar de pensar em como sua vida havia mudado drasticamente em questão de meses. Antes, vivia em uma cidade pequena onde todos se conheciam, onde o maior evento do ano era a feira de artesanato local e o céu era sempre estrelado à noite. Agora, tudo que via à sua frente eram prédios altos, ruas movimentadas e um constante ruído de fundo que a deixava tonta.— Estamos quase chegando, Ash, - disse sua mãe, com um sorriso tenso nos lábios.Ashley não respondeu. Estava ocupada demais tentando processar tudo. O divórcio, a mudança, a nova cidade… Era demais para ela. Sua mãe parecia estar tentando se manter otimista, mas Ashley via a tristeza escondida em seus olhos. O casamento tinha acabado há apenas três meses, e sua mãe ainda estava se ajustando tanto quanto ela.O carro entro
A manhã seguinte trouxe consigo uma leve neblina que cobria o bairro. Quando Ashley acordou, a luz fraca que entrava pela janela parecia ainda mais fria do que o dia anterior. Ela se levantou lentamente, sentindo o corpo pesado, como se tivesse carregado o mundo em suas costas durante a noite.Desceu as escadas e encontrou a mãe na cozinha, já vestida para o trabalho.— Bom dia, querida. Como foi a noite?-Ashley deu de ombros.— Difícil dormir.-Sua mãe sorriu de maneira reconfortante.— É normal. Vai melhorar com o tempo. Hoje tenho que sair para resolver algumas coisas do trabalho, mas deixei um pouco de café pronto, se você quiser.— Obrigada.Depois que a mãe saiu, Ashley ficou sozinha na casa. O silêncio era opressor. Ela preparou uma xícara de café e se sentou na mesa da cozinha, olhando para o celular em busca de algo que distraísse sua mente. Mas nada parecia aliviar o desconforto.Com o passar das horas, ela decidiu dar uma volta pelo bairro. Precisava sair de casa e respira
Os dias seguintes passaram devagar. Ashley e sua mãe começaram a desempacotar as caixas, tentando transformar a casa vazia em um lar. Cada novo objeto colocado no lugar era um pequeno passo em direção à normalidade, mas ainda assim, Ashley sentia-se deslocada. A antiga rotina havia sido completamente destruída, e ela se agarrava a qualquer coisa que pudesse lhe dar uma sensação de controle.Naquela mesma semana, chegou o primeiro dia de aula. Ashley se levantou cedo, com um nervosismo que há muito tempo não sentia. Vestiu-se de maneira simples, com uma camiseta preta, jeans e tênis confortáveis. Ela não queria chamar atenção, apenas passar despercebida, como uma sombra entre a multidão.O caminho até a escola foi rápido. O campus era grande, com prédios modernos e um pátio central que parecia sempre cheio de estudantes. Assim que entrou, sentiu todos os olhares voltados para ela. Sabia que era normal em uma escola nova, mas isso não tornava a sensação menos desconfortável.Ela foi até
Ashley acordou na manhã seguinte com a luz do sol invadindo o quarto através das persianas. Ela se espreguiçou, sentindo os músculos ainda tensos após dias de estresse. Era o começo de uma nova semana, e com isso, mais um passo para se ajustar à nova realidade. Ela ainda não se sentia em casa. A nova casa era maior do que o antigo apartamento em que vivia com os pais, mas parecia fria, impessoal, como se faltasse algo que tornasse aquele lugar verdadeiramente dela.Levantando-se, Ashley olhou para a janela. O bairro era silencioso pela manhã, com poucas pessoas na rua. A mudança para a cidade grande deveria trazer excitação, novas oportunidades, mas até agora, tudo o que ela sentia era a ausência do que costumava ser. A separação dos pais a afetara mais do que queria admitir. E aquele sentimento de incompletude parecia enraizado profundamente em sua alma.Após se arrumar, Ashley desceu para a cozinha, onde sua mãe estava preparando o café. O silêncio ali era quase palpável, interrompi
Na manhã seguinte, Ashley acordou com um misto de ansiedade e expectativa. A discussão com sua mãe ainda reverberava em sua mente, mas o tempo que passou com Eleonora havia sido como uma pausa, um intervalo de calma no meio do caos. Havia algo naquela garota que a fazia sentir um pouco mais ancorada, embora também fosse intrigante. Eleonora era um enigma que Ashley não conseguia decifrar completamente, e talvez isso fosse parte da atração.Enquanto se preparava para ir à escola, Ashley decidiu que hoje seria um dia diferente. Ela precisava encontrar uma maneira de se adaptar à nova realidade, tanto na escola quanto em casa. Talvez, se desse uma chance real a tudo aquilo, as coisas começassem a se encaixar.Chegando à escola, Ashley notou que Eleonora já estava esperando por ela no portão, como se soubesse exatamente quando ela iria aparecer. Isso não a surpreendeu mais. Era quase como se Eleonora estivesse sempre à espreita, pronta para surgir do nada, com aquele sorriso inabalável e
Ashley não conseguia ignorar a presença de Eleonora, mesmo que quisesse. A sensação de que algo estava fora do lugar crescia a cada encontro, cada olhar. E, no fundo, ela sabia que também estava atraída por aquele mistério que cercava Eleonora. Era algo que fazia seu coração acelerar, mesmo quando sua mente lhe dizia para manter distância.As duas começaram a passar mais tempo juntas, embora Ashley ainda não conseguisse definir o que exatamente estava acontecendo entre elas. Era amizade? Era algo mais? Eleonora parecia estar sempre lá, observando, esperando... mas esperando o quê?Naquela manhã, após uma aula particularmente monótona de história, Eleonora se aproximou de Ashley no corredor, com aquele sorriso enigmático no rosto.-Ei, Ash,- Eleonora disse, inclinando-se levemente contra o armário de Ashley.-Tem planos para hoje à tarde?Ashley fechou seu armário, tentando não demonstrar o nervosismo que sentia sempre que Eleonora estava por perto.-Hum... não exatamente. Por quê?- E
Naquela manhã, os pensamentos de Ashley estavam uma bagunça. O sonho da noite anterior continuava a ecoar em sua mente como uma melodia distante, mas ainda presente. Ela tentou se concentrar nas aulas, nos livros, nas conversas triviais com os colegas, mas nada parecia conseguir afastar aquela sensação inquietante que Eleonora havia deixado em seu subconsciente. No intervalo, sentada no pátio da escola, Ashley se pegou olhando em volta, procurando involuntariamente por Eleonora. Desde que chegou àquela cidade, nada havia sido normal, mas agora... agora era diferente. Ela sabia que não era apenas a mudança de ambiente que a deixava assim. Era Eleonora, e o modo como parecia brincar com seus sentidos, sempre tão enigmática. Antes que percebesse, Eleonora estava ali, ao seu lado, com um sorriso malicioso estampado no rosto. — Ei, Ash. Parece perdida em pensamentos — a voz de Eleonora soou suave, quase como se estivesse insinuando algo. Ashley ergueu os olhos para ela e tentou disfarç