Carol
Pouco antes de Carol conseguir os trâmites legais para compartilhar os segredos da Fosfoetanolamina, uma notícia no jornal da tarde chamou sua atenção, enquanto eles almoçavam. Um senhor, de idade avançada, tendo atrás de si o Campus da ESAS, dizia à repórter que o entrevistava:
- É com muito pesar que lamentamos a morte de um dos professores mais renomados dessa Entidade Escolar. O professor Renan era muito estimado pelos alunos e um grande amigo. Estamos de luto.
- Ele foi encontrado pela manhã, já sem vida. O senhor pode nos informar a causa da morte? – perguntou a jovem, ansiosa pelo furo da reportagem.
- Ainda não sei de nada. A Universidade acabou de receber a notícia e estamos todos em ch
Este livro não se refere ao câncer em si. Nem sobre como as pessoas portadoras desse mal definham diante de você, sem que se possa fazer nada para aplacar sua dor. Porém, trata-se da Fosfoetanolamina.No final de 2015, eu e meu marido levamos nosso filho a São Carlos, na USP, para prestar vestibular. Ao chegarmos em frente aos portões de entrada, uma passeata chamou nossa atenção. Lembro-me de ter pensado que aquele não era o momento para isso, com tantos carros chegando e descarregando seus filhos, naquele dia nublado, sem me importar com as faixas e a voz que saía pelo megafone. Poucos dias depois, meu filho comentou sobre a passeata, e foi assim que fiquei sabendo da luta de um Professor aposentado do Instituto de Química, para fazer a Fosfoetanolamina ser aprovada como um medica
DanielEle encontrava-se no laboratório de pesquisas da Química-USP São Carlos. Esperava pacientemente pela chegada do professor, que imputara em sua vida, o sentido que havia perdido. Seu coração batia forte no peito e suas mãos se encontravam ligeiramente trêmulas. Talvez aquele fosse o momento pelo qual eles tanto esperavam. Foram anos de pesquisas coordenadas pelo professor Alberto Cavendish, porém, com sua participação, apenas oito. E foi nesses oito anos, para sua sorte e deleite, que a substância apresentou eficácia nos pacientes portadores de câncer.- Bom dia, Daniel – disse o professor Cavendish, adentra
Carol Amenina estava sentada em frente a uma mesa de centro, numa sala insípida, penteando os longos cabelos loiros de uma boneca e balbuciando palavras de carinho para ela, quando o jovem doutor entrou e a viu. - Como vai, Carol? – perguntou, enquanto ela brincava e o ignorava. Ele sentou-se no sofá à sua frente, deixando sua prancheta e caneta descansarem a seu lado, enquanto a observava. - Você já deu um nome à sua boneca? A pequenina continuava a brincar, sem se importar com sua presença. - Acho que deveria chamá-la de Carol.- disse médico, observando-a. - Por quê? – enfim, perg
Daniel Após a morte do velho amigo, Daniel encontrava-se perdido naquele laboratório. A presença dele entre aquelas paredes era esmagadora; e saber que nunca mais o veria entrando por aquela porta, o deixava deprimido. As coisas haviam mudado depois que ele se fora. Havia rumores de que alguém o substituiria, e que esse alguém talvez não desse a devida importância ao trabalho que eles haviam desenvolvido juntos. Sentia-se preocupado diante da possibilidade de ver todo o seu trabalho escorrendo pelas mãos, como as substâncias despejadas em um béquer. - Ei Dan! Chegou cedo! – disse seu amigo, Renan, vendo-o fechar rapidamente o caderno que sempre mantinha a seu lado, e guardá-lo na mochila, ao mesmo tempo em que encerrava o cantar
Carol Sentindo-se entediada nas férias, que pareciam nunca ter fim, Carol procura algo para ajudá-la a passar as horas. Enquanto entrava na biblioteca particular de sua mãe, cantarolando baixinho, seu celular tocou. - Ei Carol? O que você está fazendo? – perguntou, eufórica, a garota do outro lado da linha. - Morrendo de tédio. E você? Já voltou para casa? - Ainda não. Por isso te liguei. Estou indo para lá nesse final de semana. Quer ir comigo? Sei que aquela cidade não tem muita coisa para fazer - aliás, aquilo parece uma fazenda gigante e graças a Deus que existe São Carlos – porém, preciso voltar para casa. Minha mãe está surtando, dizendo que não gosto mais deles e todo aquele blá blá blá que voc
DanielDepois algumas cervejas geladas, Daniel deixou Renan em sua casa. A conversa fora difícil. Renan estava contrariado, bem mais do que ele, na verdade. De repente tudo tinha virado de cabeça para baixo e ele ainda não tinha nenhuma ideia do que fazer. Mesmo tendo o amigo ao seu lado, sobreviver a uma briga como aquela, enfrentando as diretrizes da Universidade, ou mesmo os meios de comunição, que insistiam em atacar seu trabalho, não seria uma tarefa fácil. Não gostaria de ver o nome do professor Cavendish jogado na lama, não depois de tudo pelo que passara. Por outro lado, deixar que todos fossem para o inferno lhe soava cada vez mais atraente. Sentimos d&uac
CarolSentada em sua cama, ouvindo uma rádio pela internet, após mais um jantar onde teve que explanar suas atividades para os pais; Carol lembrou-se da foto que achara mais cedo. Tirou os fones de ouvido e abriu o livro onde a havia escondido.Olhou-a demoradamente, analisando o rosto descontraído do rapaz. Ao passar o dedo carinhosamente por sua face, o inesperado aconteceu. Imagens aceleradas surgiram em sua mente, como um trailer de um filme, cujo protagonista era o rapaz. Ela o viu naqueles mesmos degraus do CAASO, sorrindo para a moça escondida atrás da câmera. Viu-o dentro de uma sala estéril com touca e óculos de prot
DanielDaniel estava ansioso, parado em frente à porta do apartamento de Renan, pensando em como o amigo reagiria diante da novidade, quando esta foi aberta antes mesmo de ele tocar a campainha.- Ei, cara! - saudou Renan, enxugando as mãos no guardanapo – Entra, Dan. A Lilian tá fazendo arroz de forno com queijo e carne assada.- Humm. Pelo cheiro deve estar uma delícia.- Isso que ouvi foi um ronco? - sorriu ao ver o embaraço de Daniel. Renan gostava de implicar com o amigo.- Foi tão alto assim? Sabia que devia ter comigo um lanche antes de vir.- Tô brincando cara! Chega aí. - afastou-se da