Carol entrou no laboratório após Brian ter saído para um lanche. Estava próxima do entendimento, tinha certeza de que em mais algumas horas, conseguiria fazer a coisa funcionar. Foi quando viu Renan parado na bancada em que ela trabalhava, olhando seu caderno de anotações. Sentiu-se traída e irritada. Que direito ele tinha de mexer em suas coisas? Não sabia que aquilo era particular? Caminhou decidida até ele:
- O que está fazendo? – perguntou visivelmente furiosa.
- Nada. Pensei que pudesse ter anotado algo sobre a pesquisa. – disse, fechando o caderno, mantendo o semblante impassível, enquanto colocava as mãos no bolso do jaleco.
- Isso não lhe dá o direito de mexer nas minhas coisas.
Renan balbuciava alguma desculpa, mas ela já não o enxergava mais. Sua mente fora atacada por diversas cenas que corriam velozes, se misturando &agra
CarolCarol ainda estava calada, com a garganta doendo; porém, agora estava segura naquele carro que a levava de volta para casa. Seu pai dirigia atento à estrada, enquanto sua cabeça descansava no colo da mãe, que acariciava seus cabelos.Tudo acontecera muito rápido. Renan caído no chão e depois, sendo agarrado pelo segurança da Universidade e levado para longe dela. Brian a olhava petrificado. Acabara de salvar sua vida. Ela tentou agradecer, mas ele a impediu com um gesto das mãos.- Eu ouvi tudo. Sinto muito – disse pesaroso.- Eu me lembrei – Carol disse num fio de voz, encarando-o, aflita.<
Carol Pouco antes de Carol conseguir os trâmites legais para compartilhar os segredos da Fosfoetanolamina, uma notícia no jornal da tarde chamou sua atenção, enquanto eles almoçavam. Um senhor, de idade avançada, tendo atrás de si o Campus da ESAS, dizia à repórter que o entrevistava: - É com muito pesar que lamentamos a morte de um dos professores mais renomados dessa Entidade Escolar. O professor Renan era muito estimado pelos alunos e um grande amigo. Estamos de luto. - Ele foi encontrado pela manhã, já sem vida. O senhor pode nos informar a causa da morte? – perguntou a jovem, ansiosa pelo furo da reportagem. - Ainda não sei de nada. A Universidade acabou de receber a notícia e estamos todos em ch
Este livro não se refere ao câncer em si. Nem sobre como as pessoas portadoras desse mal definham diante de você, sem que se possa fazer nada para aplacar sua dor. Porém, trata-se da Fosfoetanolamina.No final de 2015, eu e meu marido levamos nosso filho a São Carlos, na USP, para prestar vestibular. Ao chegarmos em frente aos portões de entrada, uma passeata chamou nossa atenção. Lembro-me de ter pensado que aquele não era o momento para isso, com tantos carros chegando e descarregando seus filhos, naquele dia nublado, sem me importar com as faixas e a voz que saía pelo megafone. Poucos dias depois, meu filho comentou sobre a passeata, e foi assim que fiquei sabendo da luta de um Professor aposentado do Instituto de Química, para fazer a Fosfoetanolamina ser aprovada como um medica
DanielEle encontrava-se no laboratório de pesquisas da Química-USP São Carlos. Esperava pacientemente pela chegada do professor, que imputara em sua vida, o sentido que havia perdido. Seu coração batia forte no peito e suas mãos se encontravam ligeiramente trêmulas. Talvez aquele fosse o momento pelo qual eles tanto esperavam. Foram anos de pesquisas coordenadas pelo professor Alberto Cavendish, porém, com sua participação, apenas oito. E foi nesses oito anos, para sua sorte e deleite, que a substância apresentou eficácia nos pacientes portadores de câncer.- Bom dia, Daniel – disse o professor Cavendish, adentra
Carol Amenina estava sentada em frente a uma mesa de centro, numa sala insípida, penteando os longos cabelos loiros de uma boneca e balbuciando palavras de carinho para ela, quando o jovem doutor entrou e a viu. - Como vai, Carol? – perguntou, enquanto ela brincava e o ignorava. Ele sentou-se no sofá à sua frente, deixando sua prancheta e caneta descansarem a seu lado, enquanto a observava. - Você já deu um nome à sua boneca? A pequenina continuava a brincar, sem se importar com sua presença. - Acho que deveria chamá-la de Carol.- disse médico, observando-a. - Por quê? – enfim, perg
Daniel Após a morte do velho amigo, Daniel encontrava-se perdido naquele laboratório. A presença dele entre aquelas paredes era esmagadora; e saber que nunca mais o veria entrando por aquela porta, o deixava deprimido. As coisas haviam mudado depois que ele se fora. Havia rumores de que alguém o substituiria, e que esse alguém talvez não desse a devida importância ao trabalho que eles haviam desenvolvido juntos. Sentia-se preocupado diante da possibilidade de ver todo o seu trabalho escorrendo pelas mãos, como as substâncias despejadas em um béquer. - Ei Dan! Chegou cedo! – disse seu amigo, Renan, vendo-o fechar rapidamente o caderno que sempre mantinha a seu lado, e guardá-lo na mochila, ao mesmo tempo em que encerrava o cantar
Carol Sentindo-se entediada nas férias, que pareciam nunca ter fim, Carol procura algo para ajudá-la a passar as horas. Enquanto entrava na biblioteca particular de sua mãe, cantarolando baixinho, seu celular tocou. - Ei Carol? O que você está fazendo? – perguntou, eufórica, a garota do outro lado da linha. - Morrendo de tédio. E você? Já voltou para casa? - Ainda não. Por isso te liguei. Estou indo para lá nesse final de semana. Quer ir comigo? Sei que aquela cidade não tem muita coisa para fazer - aliás, aquilo parece uma fazenda gigante e graças a Deus que existe São Carlos – porém, preciso voltar para casa. Minha mãe está surtando, dizendo que não gosto mais deles e todo aquele blá blá blá que voc
DanielDepois algumas cervejas geladas, Daniel deixou Renan em sua casa. A conversa fora difícil. Renan estava contrariado, bem mais do que ele, na verdade. De repente tudo tinha virado de cabeça para baixo e ele ainda não tinha nenhuma ideia do que fazer. Mesmo tendo o amigo ao seu lado, sobreviver a uma briga como aquela, enfrentando as diretrizes da Universidade, ou mesmo os meios de comunição, que insistiam em atacar seu trabalho, não seria uma tarefa fácil. Não gostaria de ver o nome do professor Cavendish jogado na lama, não depois de tudo pelo que passara. Por outro lado, deixar que todos fossem para o inferno lhe soava cada vez mais atraente. Sentimos d&uac