Nicolas Santorini Sabia que o momento estava se desenrolando de uma forma que poderia ir para qualquer direção. A piscina iluminada pela luz suave da noite criava uma atmosfera íntima, quase mágica. A água, sempre meu refúgio, parecia mais quente naquela noite, como se absorvesse a tensão entre mim e Jhulietta. Ela estava tão perto que eu podia ouvir sua respiração ligeiramente acelerada. Seus olhos se fixavam nos meus, brilhando com uma mistura de desejo e hesitação.A proximidade dela despertava algo dentro de mim, era como se um ímã invisível nos atraísse, apesar de todos os conflitos que carregávamos. — Está nervosa? — perguntei, quebrando o silêncio. Minha voz era baixa, quase um sussurro, carregada de provocação.Ela riu, mas era um riso nervoso. Desviou o olhar, tentando esconder o que estava estampado em seu rosto.— Não... Claro que não. — A mentira era evidente, e o tremor em suas mãos denunciava seu nervosismo.— Então por que não consegue nem me olhar nos olhos? — Insist
Estava em meu escritório, esperando por Pedro. Ele havia me ligado mais cedo, avisando que tinha informações importantes para compartilhar sobre minha família. O misto de ansiedade e expectativa me impedia de focar em qualquer outra coisa. Um tempo depois, ouvi uma batida na porta.— Entre — respondi.A porta se abriu, revelando Pedro com um envelope grosso nas mãos. Sua expressão era séria, mas havia também um toque de satisfação, como se finalmente tivesse conseguido desvendar algo grandioso.— Acho que você vai querer ver isso. — Ele depositou o envelope sobre a mesa, sentando-se à minha frente.Meu olhar alternava entre ele e o envelope. Meu estômago revirava com uma mistura de medo e curiosidade.— É sobre minha família? — perguntei, pegando o envelope com as mãos ligeiramente trêmulas.Pedro assentiu.— Sim, mas não só isso. Consegui conectar algumas peças que estavam faltando. E você não vai acreditar no que descobri.Respirei fundo e abri o envelope. Dentro, havia papéis, foto
Após a conversa com meu pai, voltei para o escritório. Tentei me concentrar no trabalho, mas minha mente estava presa às revelações. O que Jhulietta pensaria quando descobrisse tudo isso? Será que se afastaria? Eu deveria contar ou guardar essa verdade? Antes que pudesse encontrar uma resposta, meu celular tocou. Era do hotel em Minas. Precisaria viajar. Talvez essa viagem fosse o que eu precisava para clarear os pensamentos.À noite, sentei com Ethan para contar sobre a viagem. Ele parecia mais envolvido do que o usual.— Papai, você vai viajar mesmo? — ele perguntou com um olhar triste. Algo incomum para ele, que geralmente fingia não se importar.— Sim, meu filho. Preciso resolver um problema em um dos hotéis.— Por que eu não posso ir junto? — Ethan insistiu.— Porque você tem aulas e cursos novos. Já se esqueceu? — Ele balançou a cabeça, resignado.Mais tarde, decidi bater na porta do quarto de Jhulietta. Ela abriu rapidamente, com uma expressão sonolenta.— Aconteceu alguma cois
Jhulietta Duarte Acordei cedo, movida por uma curiosidade inquietante. O que Nicolas queria me contar? Durante a madrugada, minha mente viajou entre suposições, mas nada parecia se encaixar. Decidi ocupar o tempo ajudando Dona Neuza na cozinha. Talvez isso distraísse meus pensamentos.Assim que entrei, encontrei Dona Neuza de avental, mexendo uma panela cheia de cheiro de café fresco. — Bom dia, Dona Neuza! O que está preparando de bom? — perguntei, animada. — Bom dia, menina. Só o café mesmo e uns bolinhos. Vai cuidar da sua vida e deixa que eu resolvo aqui. — Ela sorriu me enxotando. Mas eu insisti. Era a minha chance de estar ocupada, já que havia deixado tudo que Ethan precisava pronto. — Ah, faço questão de ajudar! Além disso, não consigo ficar parada com tanta coisa na cabeça. Ela levantou uma sobrancelha desconfiada. — Tá bom, mas não vá fazer bagunça. Porque sabe o quanto já sou desastrada. — Ela disse e assenti sorridente. Enquanto lavava alguns pratos e ajudava
Depois do almoço, me certifiquei de que a mochila de Ethan estava pronta e pedi a Manolo que nos levasse até o curso de robótica. Ethan estava radiante, tagarelando sobre as palavras em alemão que havia aprendido.— E, tia Jujubinha, hoje o professor disse que vamos construir algo incrível! Não sei o que é ainda, mas aposto que vai ter LEDs! — Ele disse com os olhos brilhando.— LEDs? Olha só, já está falando como um verdadeiro engenheiro, hein? — provoquei, e ele sorriu, orgulhoso.Chegamos ao curso, e ele desceu animado, carregando sua mochila.— Boa aula, meu amor! — falei, acenando enquanto ele corria em direção ao prédio.Assim que ele desapareceu, virei-me para Manolo.— Manolo, pode me deixar em uma loja de brinquedos? Quero comprar algo especial para o Ethan.Ele assentiu, e seguimos até o shopping. Assim que entrei na loja, fiquei impressionada com a quantidade de opções. Caminhei pelos corredores, observando os brinquedos, até que um robozinho chamou minha atenção. Era peque
Na manhã seguinte, levei Ethan para o treino. Enquanto ele corria com a bola e interagia com os outros meninos, eu sentia algo estranho. Era como se estivesse sendo observada. A sensação era desconfortável e insistente, me deixando inquieta.Estava tentando afastar o incômodo quando meu celular apitou com uma notificação."Jupita, você continua linda."Reli a mensagem três vezes, tentando entender quem poderia tê-la enviado. O apelido era algo que poucas pessoas conheciam, o que aumentava meu desconforto."Quem é você?" — digitei rapidamente, meu coração acelerado.A resposta veio quase que imediatamente:"Sério mesmo que você não sabe quem sou?"A mensagem me deixou ainda mais intrigada, mas também irritada. Decidi não responder. Bloqueei a conversa e voltei minha atenção para o treino.— Jhu! — uma voz chamou, me tirando dos meus pensamentos.Ao me virar, vi o treinador de Ethan me observando com um sorriso descontraído. Fiquei surpresa com a forma como ele usou meu apelido. Desde q
O sol ainda nem havia nascido completamente quando levantei. Olhei para o relógio no criado-mudo: 6h30. Era cedo para um domingo, mas prometi a Ethan que passaríamos a manhã no parque. Depois de me espreguiçar, fui até o quarto dele, abrindo a porta devagar. Ele estava encolhido na cama, o rosto sereno enquanto dormia profundamente. — Ethan, campeão, está na hora de acordar. — Chamei suavemente, passando a mão em seus cabelos. Ele resmungou algo ininteligível antes de abrir os olhos preguiçosamente. — Já está de manhã, tia? — murmurou, a voz sonolenta. — Sim, e é dia de parque. Você não vai querer perder, vai? Ethan piscou algumas vezes antes de abrir um sorriso. — Parque? Ah, é verdade! — Ele se levantou de um pulo, a animação tomando conta. Enquanto ele se trocava, preparei uma mochila com água, frutas e protetor solar. Assim que ele apareceu na cozinha, pronto e sorridente, partimos. O parque estava calmo, com poucas pessoas circulando, o ar fresco da manhã criando um
Nicolas Santorini Cheguei a Minas para resolver as questões burocráticas do hotel, mas, na verdade, minha cabeça estava em São Paulo. O que será que Jhulietta e Ethan estavam fazendo em pleno domingo? Essa dúvida me consumia.Enquanto organizava alguns papéis, meu amigo Eduardo chegou com sua energia de sempre. Ele me deu um tapa nas costas, o que me fez lançar um olhar torto.— Que cara é essa, Nic? Pensando na professorinha? — provocou, rindo.Revirei os olhos e dei um soco em seu braço com força suficiente para fazê-lo recuar.— Já te disse, o nome dela é Jhulietta. — Minha voz saiu mais dura do que o esperado. Eduardo gargalhou, achando graça da minha reação.— Tá bom, tá bom. Relaxa, moreco. Vamos resolver o que temos que fazer, mas, antes disso, precisamos comer. Mereço um café reforçado.Enquanto caminhávamos em direção à cafeteria do hotel, uma senhora passou por nós e soltou um comentário inesperado:— O mundo está perdido mesmo, dois homens bonitos desses jogando pro outro