Olívia Marques A excitação corria pelas minhas veias enquanto eu segurava o tablet em mãos, os olhos fixos na manchete que estampava o site de fofocas mais acessado do país. Meu nome não aparecia em lugar algum, claro, mas eu sabia que aquilo só tinha sido possível graças a mim. Um sorriso satisfeito se espalhou pelo meu rosto enquanto eu deslizava os dedos pela tela, lendo cada linha da matéria que ajudara a forjar. Era um texto venenoso, estrategicamente elaborado para semear dúvidas, levantar questionamentos e, acima de tudo, manchar a imagem daquela mulherzinha insignificante. Só de pensar no nome dela, meu humor azedava. Desde que essa intrusa apareceu na vida de Nicolas, tudo mudou. Ele não era mais o homem que eu conhecia, o homem que eu manipulava tão bem. Durante anos, Nicolas esteve na palma da minha mão. Eu o enredava, jogava com suas emoções e ele sempre voltava. Mesmo quando estava casado com aquela insossa da Laura, eu sabia que, no fundo, era a mim que ele desejava.
Jhulietta Duarte A claridade suave da manhã infiltrava-se pelas frestas da cortina, beijando minha pele com um calor reconfortante. Pisquei algumas vezes antes de me virar preguiçosamente na cama, espreguiçando-me devagar. Meu primeiro pensamento foi Ethan. Precisava acordá-lo para a escola. Com esse pensamento, sentei-me na cama e passei as mãos pelo rosto, afastando o sono que ainda pesava em meus olhos. Meu corpo já se preparava para a rotina: levantar, ir até o quarto dele, chamá-lo, supervisionar para que não se atrasasse... Mas algo me fez parar no meio do movimento. Era sábado. Soltei um suspiro aliviado e ri de mim mesma. Como eu poderia esquecer? Recostei-me contra os travesseiros e fechei os olhos por um instante, aproveitando aquele momento de tranquilidade. Mas então me dei conta de outra coisa. Hoje era meu aniversário. Suspirei. Nunca fui de grandes comemorações. Desde que me entendia por gente, datas como essa sempre passaram de forma discreta. Não era al
Nicolas SantoriniO silêncio no corredor do prédio de Olívia era quase ensurdecedor. Apenas o som abafado dos meus próprios passos ecoava enquanto me aproximava da porta dela. Respirei fundo, sentindo a fúria pulsar em minhas veias. Eu já havia tolerado demais. Dessa vez, não havia espaço para joguinhos ou mentiras.Bati na porta com firmeza, sem paciência para esperar. Do outro lado, ouvi passos lentos, como se ela estivesse decidindo se realmente me atenderia. Quando finalmente a porta se abriu, Olívia surgiu à minha frente, vestindo um robe de seda, os cabelos loiros perfeitamente alinhados, e um sorriso petulante nos lábios.— Nicolas… Que surpresa. Achei que nunca mais pisaria aqui. — Ela se encostou no batente da porta, cruzando os braços, como se estivesse se divertindo com minha presença.— Poupe seu teatro, Olívia. Eu sei que foi você.O sorriso dela se alargou, e seus olhos brilharam com uma satisfação perversa.— Ah, querido, você vai ter que ser mais específico. Eu faço ta
Olívia MarquesO som da porta batendo ecoou pelo apartamento, e soltei um suspiro irritado. Nicolas achava que tinha vencido essa disputa, mas mal sabia ele que o jogo estava longe de acabar.Com um sorriso divertido nos lábios, caminhei até o bar na sala, peguei uma taça de vinho e me joguei no sofá, cruzando as pernas. Peguei o celular e disquei rapidamente para as duas únicas pessoas que podiam me entender — ou, pelo menos, que eu suportava por tempo suficiente.— Espero que tenham algo interessante para me contar. — disse, assim que Bruna atendeu.— Olívia? — A voz dela veio hesitante. — O que houve? Você parece irritada.— Claro que estou! Acabei de ter uma visita indesejada. — Dei um gole no vinho, saboreando o gosto amargo enquanto me deliciava com o suspense.— Quem? — Bianca entrou na ligação, sua voz carregada de curiosidade.Sorri, brincando com a borda da taça.— Quem mais? Nicolas, é claro. Ele veio até aqui, furioso, querendo respostas.O silêncio do outro lado me fez re
Renata SouzaO relógio na parede marcava 19h42 quando ouvi o barulho da porta se abrindo. Meu coração disparou no mesmo instante. As mãos suadas apertaram a barra da blusa, e me forcei a respirar fundo. Tinha passado o dia todo ensaiando esse momento, revendo cada palavra que diria, tentando prever todas as possíveis reações de Eduardo. Mas, agora que ele estava ali, tudo parecia mais difícil.— Renata? — A voz dele ecoou pelo apartamento, carregada com o cansaço típico do final do expediente.— Estou na cozinha.Fiz um esforço para soar casual, mas sabia que meu tom de voz não enganaria ninguém. Ele entrou no cômodo com a gravata afrouxada e a camisa social ligeiramente amarrotada. Seus olhos me analisaram rapidamente, e a preocupação tomou conta de sua expressão.— O que foi? Você está com uma cara estranha.Respirei fundo mais uma vez. A náusea subiu pela minha garganta, mas engoli o desconforto. Não podia voltar atrás agora.— Eduardo, precisamos conversar.Ele franziu a testa e p
Jhulietta Duarte O silêncio do quarto era reconfortante. Meus olhos já estavam quase fechando quando o toque insistente do celular vibrou na mesa de cabeceira. Soltei um resmungo, virando para o lado e estendendo a mão para pegar o aparelho. Quem poderia estar ligando a essa hora? Meus olhos semicerrados se arregalaram ao ver o nome de Renata brilhando na tela. Sentei-me rapidamente, a preocupação despertando cada célula do meu corpo. — Renata? Aconteceu alguma coisa? — perguntei, minha voz ainda rouca de sono. Do outro lado da linha, ela soltou um suspiro pesado. — Finalmente contei para o Eduardo. — Minha disse e ficou muda esperando que eu dissesse algo. Meu corpo relaxou um pouco ao ouvir isso, mas, ao mesmo tempo, fiquei alerta. Havia um peso na voz dela que indicava que a conversa não tinha sido nada fácil. — Meu Deus, amiga! Finalmente! Como foi? Ela bufou. — Péssimo. Uma das piores reações que eu poderia imaginar. Minhas sobrancelhas se uniram automaticament
Diogo LimaO cheiro de cigarro impregnava o ar do pequeno apartamento decrépito onde estávamos. A luz fraca da lâmpada amarelada fazia com que as sombras nas paredes parecessem maiores e mais ameaçadoras. Sentei-me na cadeira dura de madeira, encarando a televisão desligada como se pudesse encontrar uma resposta para a merda que minha vida tinha se tornado nos últimos dias.Coiote estava jogado no sofá rasgado, tragando um cigarro com calma irritante. O som da brasa crepitando era o único ruído na sala, além da minha respiração pesada.— Filho da puta — rosnei, quebrando o silêncio, jogando uma lata vazia contra a parede.Coiote nem se mexeu. Apenas levantou uma sobrancelha e soltou a fumaça lentamente antes de falar:— E eu com isso?Me virei para ele, cerrando os dentes.— O conselho de merda que você me deu não valeu de nada!Ele finalmente se endireitou, apoiando os cotovelos nos joelhos e me encarando com aquele olhar de quem sempre acha que sabe mais.— Eu disse pra você se apro
Eduardo LopesA sala da casa da minha tia tinha aquele cheiro nostálgico de café recém-passado e madeira antiga. A decoração não mudava há anos – os mesmos quadros, os mesmos móveis de quando eu era criança. Era como se o tempo ali dentro seguisse um ritmo diferente, mais lento, mais paciente.— Quando é que você vai crescer, Eduardo? — A voz de tia Regina cortou o silêncio enquanto ela me servia uma xícara de café forte, do jeito que eu gostava.Suspirei, apoiando um cotovelo no braço do sofá. Essa pergunta sempre vinha, toda vez que eu a visitava.— Depende do que você quer dizer com crescer, tia. Eu trabalho, pago minhas contas… — Dei um gole no café, sentindo o calor se espalhar pela garganta.Ela se sentou na poltrona à minha frente, cruzando as pernas. Seus olhos, sempre atentos, me analisavam com aquele misto de carinho e desapontamento que só as pessoas mais velhas sabem demonstrar.— Isso é o mínimo que qualquer adulto faz, Eduardo. O que eu quero saber é quando você vai assu