Sugestão de trilha sonora para esse capítulo: Vicente e Lisa: "Vampire, Olivia Rodrigo" Vicente e o detetive: "Rasputin" Boa leitura e até o próximo capítulo, meus amores! ♥
76 Vicente François ⤝⥈⤞ Nem percebi a desgraça anunciada. Meus pés foram se movendo euforicamente em direção à porta e quando percebi, já estava diante dela e olhando em seus olhos. Sentia a chama do ódio ardendo dentro de mim. —Ficou louco? —Seu olhar ofensivo era lançado sobre mim, como um bloqueio. —Eu sei de tudo. —Rosnei. Senti o sangue sendo drenado de sua face quase completamente. Apertei os dedos das mãos trêmulas, mantendo-as para baixo. —Entra nessa casa agora. Ela abaixou a cabeça e recuou em passos curtos. Com o queixo no peito ela fechou a porta ao passarmos e se encolheu no canto escuro da sala. ⤝⥈⤞ —Vicente- —Não. —Rejeitei suas explicações. De costas para ela, continuei caminhando em direção à lareira. Senti a tensão sobre os ombros, como uma lembrança cruel do meu fracasso. —Consegue imaginar como eu me sinto? Eu não a amava, sim, é verdade. Mas ela era uma pessoa, Lisa Mary. E você a matou impiedosamente. Ela estreitou os olhos e juntou as sobrancelhas. —E
77 Vicente François ⤝⥈⤞ Não demorou muito para que Charlotte chegasse com toda a sua euforia. Alvoroçada, dispensou os seguranças e ignorou as restrições dos policiais. —Se você encostar em mim, cuido para que toda sua família nunca mais coma! Ouvindo o tom de sua voz causando tumulto, me levantei e segui até o corredor, encontrando-a entre as policiais. —Deixem ela passar, mas o que há com vocês? —Pedi, cansado de me meter em confusão. —Charlotte, você falou com os nossos advogados? —O que você acha que eu fiz, hein? —Ela balançou a bolsa que equilibrava no pulso e retirou os óculos escuros para encarar meus olhos. —Você está carcomido. —Disse, sustentando o sorriso debochado nos lábios vermelhos. —Não preciso de um spa, preciso de um advogado- —O que aconteceu? —Ela estreitou os olhos e me acompanhou pelo corredor em passos lentos. —Lisa Mary está sendo investigada pelo assassinado de Amanda. —Inspirei, estufando o peito. —E o pior é que eles têm imagines sobre isso. —Abaix
78 Lisa Mary ⤝⥈⤞ Debruçada sobre a mesa fria e metálica eu encarei os olhos do detetive debochado. Seu olhar desdenhado era lançado sobre mim, sem economia. —O que mais você quer que eu fale? —Eu quero detalhes, você está sendo superficial. —E expirou, esfregando as mãos. —Senhora François, vou deixar bem claro como as coisas acontecem por aqui, eu tenho provas concretas de que você esteve na cena do crime, de que você tentou se livrar das provas. Só preciso de uma confissão. Inspirei fundo e virei a cabeça para o lado, encontrando uma expressão apática do advogado. Ele me lançou um olhar que indicava para eu não confessar. —Eu estou cansada de mentir pra ele. Ele não merece ser suspeito de nada. —Sussurrei e tornei a olhar para o detetive novamente. —Detetive Paranhos, eu- —Senhor, estamos tendo problemas para conduzir o interrogatório do senhor Vicente François. Ele olhou por cima dos ombros. —Por que? —Porque ele apresenta incongruências durante o interrogatório, senhor.
79 Vicente François ⤝⥈⤞ Não há terror maior que a tensão de esperar por alguém com dificuldades para lhe revelar “segredos”. —Vai ficar me encarando desse jeito? Parece entalada, fala logo, Charlotte. Eu tenho que agilizar o meu dia- —Vicente, não é fácil, okay? —Como não? Senti o celular vibrando dentro do bolso e tive que deslizar a mão para pegar. —Vicente François, alô, alô, alô... —Vicente! O que você aprontou dessa vez? Porque o seu rosto está na TV? E que jeito é esse de atender á ligações? Porque você e Lisa Mary estão em uma delegacia? Estreitei os olhos e me aproximei da janela. Empurrei o dedo entre os trilhos da persiana e pude avistar a frente da delegacia repleta por repórteres. Eles pareciam como urubus. —Mãe, cuide para que o meu pai não assista por hoje. Não até que eu possa chegar para conversar com vocês dois, okay? —O que está acontecendo, Vicente? Meu filho, alguém tentou assaltar vocês? —Não, mãe. Eu estou indo pra casa. Já que estão fazendo transmis
80 Vicente François ⤝⥈⤞ “Diga ao espelho o que você acha que ela já ouviu.” Minhas mãos ficaram mais frias e meus pensamentos se tornaram reflexos do que eu sentia. Engoli. Se me olhasse direito, veria um homem sentado na cadeira segurando o próprio banco. Meus olhos paralisaram no painel à frente e minhas pernas se tornaram imóveis. Embora meus lábios se abrissem e fechassem naquele momento, nenhum som fora emitido do fundo da minha garganta. Talvez ela não estivesse me falando a verdade. Talvez fosse apenas mais uma daquelas peças sem graça que Charlotte costumava pregar em mim. Talvez fosse isso. Eu e meu encorajamento respiramos fundo antes de olhar nas faces dela outra vez. Ela expirou. É, não era uma peça. —É. Agora você sabe, Vicente- —Desce desse carro, agora, Charlotte. Estiquei a mão até o puxador e empurrei a porta com o cotovelo. Mordia a mandíbula como se fosse quebrá-la, mas era apenas a minha raiva se controlando para não ser um miserável covarde. De costas p
81 Vicente François ⤝⥈⤞ Mamãe me soltou, saindo do abraço, e segurou-me pelos ombros. —Vicente, meu filho. Olhe em meus olhos e diga que não sente nada por aquela mulher. Meus lábios se moveram. Abriram e fecharam, mas nenhum som fora emitido. Ela se preparou para me repreender, mas as portas se abriram e Charlotte entrou. Senti as unhas de mamãe arranhando minha pele quando a mesma tentou me segurar, mas foi de imediato. Corri em direção à Charlotte, sem pensar. —Desgraçada, miserável. CHARLOTTE! Você acabou com tudo. Você acabou com tudo!! —Estava prestes a alcançá-la quando senti novamente minha mãe me puxar. —Vicente, pelo amor do seu Deus, para com isso. O seu pai está lá em cima, vocês vão matá-lo! Tenham essa briga numa outra hora, eu imploro aos dois. Imediatamente, mamãe se lançou entre Charlotte e eu enquanto eu apontava o dedo no rosto da minha irmã, de maneira agressiva e ofensiva. —Do que você tá reclamando? Hã? Você não tem muito com o que se preocupar, não é m
82 Vicente François ⤝⥈⤞ É como a dor de um infarto, mas eu não poderia me manter cego tendo os dois olhos abertos. —Pai, eu- —Sem desculpas. Eu sei que tem algo acontecendo aqui e quero descobrir agora. Sua mãe não me deixa ligar a TV, você chutou sua irmã pra fora de casa e eu nunca vi você assim em toda a sua vida. O que está acontecendo? Refém do bom caráter, inspirei fundo e relaxei os ombros. —Pai, Lisa Mary está presa por ser suspeita de ter assassinado a Amanda Klein e Charlotte sabia de tudo. Eu sei, não contei toda a verdade. Mas, eu não queria que o meu pai retornasse para o hospital por causa das maldades daquelas duas, embora eu ainda estivesse tomando a decisão de ccontar ou não. Eu estava pensando enquanto aguardava por suas palavras. Eu achei que conhecia Lisa Mary. —Meu filho, essa é uma acusação muito perigosa- —Eles têm as imagens de câmeras de segurança. Eu sei, eu também não queria acreditar até ver e ouvir da boca dela. Pai, o que Charlotte fez, ao lado
83 Lisa Mary ⤝⥈⤞ Rendida. Era dessa maneira como eu me sentia. Charlotte saiu da delegacia como uma pessoa boa enquanto eu tive coisas acrescentadas ao meu processo. Já não havia uma esperança para mim. Vicente desistiu de mim, e era justo. Eu estava começando a passar pelo corredor da retribuição. Estava começando a pagar pelas coisas que havia feito e, por algum motivo, eu não me sentia incomodada com isso. Era uma forma de pedir desculpas. ⤝⥈⤞ Ter esperado até o julgamento despertou uma série de problemas dentro da minha cabeça, mas não me importei, afinal de contas, lá já era um hospício antes. —O seu julgamento é em dois dias, sabia? —Disse o guarda, passando o cacetete pelas grades de ferro. —É. Eu esqueci de trazer o relógio e o calendário. Que descuido. —Me encolhi na cama, juntando os joelhos ao corpo. —Você tem amigos… Poderosos. —Ele encostou o ombro nas barras de ferro. —Sabe, qualquer outra pessoa apodreceria no presídio por causa desse julgamento, se não morress