Sugestão de trilha sonora para ouvir enquanto ler esse capítulo: "Heart of stone" e "Human" Boa leitura e até o próximo capítulo! ♥
59 Lisa Mary ⤝⥈⤞ Retorno tranquilo de falsa calmaria. Foi assim que chegamos à mansão. Eram dias intensos, cheios de entrevistas, fotógrafos e fugas gigantescas para simplesmente conseguirmos sair sem sermos encurralados por flashes, microfones e pessoas agitadas. ⤝⥈⤞ Mas o dia sufocante finalmente chegou. E lá estava eu dentro do quarto dele sem fazer ideia do que eu estava fazendo. O jardim e os arredores da gigantesca propriedade estavam lotados por pessoas importantes, herdeiros populares, grandes acionistas e políticos de vários países. Eu me sentia tão importante quanto a poeira no porta-malas do meu Auditt99 azul. Diante do espelho vejo o meu reflexo se perder em sentimentos margeados pela culpa, até me sobressaltar com o barulho da dobradiça reclamando ao uso da porta de madeira. Charlotte… Por cima dos ombros, avistei a irmã dele entrar no quarto e fechar a porta ao passar. O sorriso que sustentava nos lábios era tão egoísta quanto suas atitudes, mas, segurando o buqu
60 Lisa Mary ⤝⥈⤞ Casamento. Eu pensei que ficaria imune a isso algum dia, mas cá estou eu, com a mão apoiada no espaço triangular no braço do meu sogro, prestes a ser entregue para o meu noivo. Eu olhava para ele ansiando o seu toque, ao mesmo tempo que o medo me corroía as pernas. Sem mais demoras, após ter percorrido a passarela num tapete vermelho floreado, recebendo os maiores olhares do mundo, finalmente tive a mão entregue à Vicente, pelo seu pai. —Filho, aqui está sua noiva. Cuide bem dela. —Ele segurou o meu rosto entre suas mãos e se inclinou em um beijo casto. Seu sorriso, naquele momento, para mim, era a surpresa também diante das câmeras. —Obrigado, pai. Eu cuidarei dela, pode deixar. —Vicente olhou para mim, vendo-me aproximar ao seu lado. Nos viramos de frente para o padre, numa cerimônia religiosa, e ele permaneceu de cabeça erguida, porém sussurrou para mim: —Como você conseguiu a simpatia dele? —Eu ainda estou me questionando. —Respondi, também encarando o padre.
61 Vicente François ⤝⥈⤞ Eu acredito que o meu comportamento influencia as pessoas a minha volta. Desde a cerimônia matrimonial eu me sentia cada vez mais leve longe da indústria e longe dos problemas que envolveram o meu relacionamento com Lisa Mary e o “Vicente” dentro de mim. Estava pronto para ser o começo do homem que a minha esposa merecia, quando me vi vulnerável segurando o celular próximo á orelha. Fui obrigado a caminhar para longe do carro, na esperança de que meu tom de voz não alcançasse Lisa Mary, pois, a tentação cruel estava falando comigo no outro lado da linha. —Eu sei que está ocupado demais agora, então eu serei breve. Só liguei pra te dar os parabéns pelo casamento que, por sinal, foi avassalador… Igual a tudo o que vocês fazem. —O silêncio breve trouxe um ruído de suspiro. —Pelo amor de Deus, Amanda, o que ainda está fazendo ligando para mim? Sou um homem casado agora, não posso ficar conversando com a minha ex-noiva. —É. Ex-noiva. —Olha, eu vou ter que des
62 Vicente François ⤝⥈⤞ Eu não consegui calcular como aquelas palavras me afetariam, embora eu estivesse disfarçando diante de Amanda para não lhe favorecer em seu momento de fúria. —Já chega! Não vou permitir que fale desse jeito na frente da minha noiva! —Segurei Amanda pelo braço e a joguei no chão. —Há! Quem você pensa que é? —Você é um tolo! Você é um puta tolo do cacete. —Suas sobrancelhas estreitaram quando seu queixo triste foi erguido para mim, com ela ainda no chão frio. —Você não percebe que não sabe absolutamente nada sobre ela? Olhei para Lisa Mary, por cima dos ombros, e a percebi paralisada olhando fixamente para Amanda que permanecia caída no chão. —Ela mente, Vicente. Só vocês não conseguem enxergar que essa garota é uma golpista. Por favor… Inspirei fundo controlando minha vontade de acertar um golpe em seu rosto. Minha mão tremia em um punho contido. —Amanda, pelo amor de Deus vá embora e nunca mais volte. Nunca mais lembre o meu nome, nunca mais fale sobr
63 Lisa Mary ⤝⥈⤞ Devo confessar que não estou surpresa por sua desconfiança, mas eu também tenho que admitir que não esperava por um Vicente mudando do vinho pra água tão rapidamente assim. Eu fiquei petrificada por dentro, mas precisava reagir por fora. —Meu amor, então eu vou dormir sem você. Porém, quando o sol nascer eu faço questão de trazer o seu café da manhã, está bem? Não coma sem mim, hã? —Soltei uma piscadela para ele, sustentando um sorriso sensual. —Eu agradecerei demais, amor. —Ele me olhou rapidamente e tornou a atenção para o celular infernal. Mantendo a boa expressão na face, virei de costas e saí de seu escritório, podendo finalmente ser a peste que eu era por dentro. Meu sorriso se desfez como o despencar de uma bigorna, e eu me vi obrigada a voltar para o quarto sozinha. Programei o despertador para tocar em três horas, pois eu precisava, ao menos, daquelas três horas mínimas de sono antes de aparecer pra ele com olheiras. Não tinha base cara que desse jeito n
64 Vicente François ⤝⥈⤞ Não falei com Lisa Mary, apenas atravessei o quarto no protesto do meu silêncio. Cabisbaixo, encarava a ponta dos meus sapatos enquanto sentia os dedos se mexerem dentro dos bolsos da calça. Indo diretamente para o banheiro, fechei a porta ao passar e iniciei um banho quente e rápido. Ao sair, percebi que Lisa Mary não estava mais dentro do quarto, e então fui para o closet escolher um terno e seus acessórios. Em uma hora e meia eu estava inteiramente pronto para sair de casa. Descendo as escadas, encontrei David esperando por ela. Ao me ver descendo, ele esticou um braço sobre a lareira apagada e sorriu para mim. —Bom dia, senhor François. Eu lhe troux… —Shhh! —Balancei a mão no ar, indicando que ele parasse de falar, e então me aproximei. —Silêncio, David. Não quero que ela saiba, é uma surpresa. Entendeu? Eu quero fazer uma grande surpresa, se esse for o caso. Agora vamos, você trouxe o que eu lhe mandei trazer, certo? —Abaixei a cabeça, encarando a pas
65 Vicente François ⤝⥈⤞ Um almoço entre nós três. Nunca pensei que seria tão difícil, para Charlotte, engolir algumas massas. —Você parece tão calada hoje, o que houve, Charlotte? —O caminho até a boca foi congelando aos poucos quando o garfo de Charlotte paralisou em sua mão e ela subiu o olhar para mim. Seu queixo encostava no peito e ela me olhava furiosa. —Eu tenho meus próprios problemas, Vicente. —E tinha que trazê-los pra minha casa? —Vicente. —Não, Lisa. Não a defenda, Charlotte não merece muitas defesas agora. —Pus as mãos sobre a mesa e me levantei, superando a estatura das duas. —Charlotte, se eu descobrir que está trambicando alguma coisa e levando a minha esposa junto, acabo com você. —Como é que é? —Ela bateu as mãos na mesa e também se levantou. —Está me ameaçando? —Estou avisando. Eu amo você, mas isso não é suficiente pra deixar que faça minha esposa se envolver nos seus trambiques. —Vicente, posso falar por mim, mesma. —Lisa se levantou educadamente e p
66 Lisa Mary ⤝⥈⤞ Vicente François: meu novo enigma. Como um homem conseguiu mudar do vinho para a água tão drasticamente? Eu estava perdendo o jogo e isso era nítido. Só tinha uma coisa que eu poderia fazer naquele momento: procurar pela responsável por sua mudança. Amanda Klein. Assim que o meu digníssimo esposo saiu acompanhando sua irmã, busquei as chaves do meu carro e fui até a garagem de casa. —Senhora François, irá sair? —Perguntou um dos seguranças. —Vou e não quero comboio. —Mas, senhora… O senhor François deixou claro que não poderia sair sem comboio, é muito perigoso, senhora… —Cale-se! É uma ordem minha e eu não vou aceitar insubordinação! Saia da minha frente, vamos! O rapaz se afastou para o lado e manteve as mãos para trás em sinal de respeito. Entrei em meu Audi e saí da mansão, indo diretamente para o hospital. Se tivesse algum endereço diretamente dela estaria lá. ⤝⥈⤞ Chegando ao hospital, subornei as recepcionistas até conseguir o endereço. Com ele anotado