Sugestão de trilha sonora para este capítulo: Vicente no escritório: "What a shame" Vicente e Charlotte no carro: "Bad Romance" Boa leitura e até o próximo capítulo, meus amores! ♥
66 Lisa Mary ⤝⥈⤞ Vicente François: meu novo enigma. Como um homem conseguiu mudar do vinho para a água tão drasticamente? Eu estava perdendo o jogo e isso era nítido. Só tinha uma coisa que eu poderia fazer naquele momento: procurar pela responsável por sua mudança. Amanda Klein. Assim que o meu digníssimo esposo saiu acompanhando sua irmã, busquei as chaves do meu carro e fui até a garagem de casa. —Senhora François, irá sair? —Perguntou um dos seguranças. —Vou e não quero comboio. —Mas, senhora… O senhor François deixou claro que não poderia sair sem comboio, é muito perigoso, senhora… —Cale-se! É uma ordem minha e eu não vou aceitar insubordinação! Saia da minha frente, vamos! O rapaz se afastou para o lado e manteve as mãos para trás em sinal de respeito. Entrei em meu Audi e saí da mansão, indo diretamente para o hospital. Se tivesse algum endereço diretamente dela estaria lá. ⤝⥈⤞ Chegando ao hospital, subornei as recepcionistas até conseguir o endereço. Com ele anotado
67 Lisa Mary ⤝⥈⤞ Se você soubesse tudo o que eu tive que fazer para tê-lo… —Vejamos, Amandinha. Por onde eu começo com você? Atravessei a pequena sala insalubre e analisei a situação de Amanda. Segurava a tora de madeira trêmula nas mãos machucadas enquanto me olhava amedrontada. —Você é uma pessoa horrível! —Rosnou, franzindo o nariz. —Talvez, mas eu sou a senhora François, então isso não importa agora. —Sustentei um sorriso debochado, aproximando-me dela. —Você deveria ter ficado longe enquanto pôde. Amanda avançou o pedaço de madeira contra mim. —Vamos lá, não fique aí me encarando. Mova esses pés! Se mova, você consegue algo melhor do que isso… —E se eu sumir dessa vez? Suas palavras me fizeram parar na metade do caminho quando eu estava prestes a acertá-la com o pé de cabra. —O que você disse? —Arqueei as sobrancelhas, controlando o metal pesado na mão. —Dessa vez eu sumo. Você tem acesso a muito dinheiro dos François, não é mesmo? Consegue pagar por uma informação fa
68 Vicente François ⤝⥈⤞ Jogo de imitações. Era isso o que eu estava jogando com Lisa Mary. Eu não conseguia acreditar nos meus olhos e na capacidade do meu cérebro em absorver informações. Minhas mãos tremiam segurando o celular na mão, mas quando ouvi o barulho das portas do banheiro se abrindo à frente, tratei de bloquear a tela e abandonar o aparelho. Ela me olhou e falou comigo, mas sua voz não me alcançou. Eu estava deserto. Seus olhos brilhando quando estava próxima da janela me fez perceber que ela era ingênua apenas aos meus olhos, mas a realidade entre nós dois era de que ela era alguém distante. Como o sol e a lua, a noite e o dia. Nós éramos duas composições diferentes e distantes de um amor que, possivelmente, não existia. Me controlei para continuar e engoli. Ela não respondeu minha pergunta de maneira sincera, mas por algum motivo, eu já esperava por isso. —Claro que não, meu amor. Quem está envenenando você contra mim, hã? —E sorriu, tombando a cabeça para o la
69 Vicente François ⤝⥈⤞ Morta. Olhando congelado e parado diante da TV, por trás do policial que dava entrevista passava o saco preto fechado. Um filme se formou em minha cabeça com cenas sensíveis demais para mim. Lisa Mary veio me abraçar e eu não consegui, sequer, encostar nela. Foi no impulso. Sacudi os braços e me distanciei em silêncio. De cenho franzido e coração pesado, eu deixei aquele quarto ignorando que ela estava ali. No lado de fora do cômodo, enfiei a mão no bolso e puxei o celular, no mesmo instante, liguei para o detetive Paranhos. Descia os degraus da escada, segurando no corrimão. O choque ainda tomava conta das fibras do meu corpo e eu não sentia os pés no chão. —Senhor F… —Não, sem formalidades. Eu preciso que você me dê algo concreto antes que o próximo criminoso seja eu! Entendeu? Eu preciso que você me dê provas de que foi ela. Eu quero alguma coisa… —Minha voz falhou, entregando o choro. —Foi ela, eu sei que foi ela! Eu preciso de provas. Pelo amor de
70 Lisa Mary ⤝⥈⤞ Entramos na sala e eu senti os meus pés se juntando. Para manter as aparências, Vicente, quase abruptamente, agarrou a minha mão e ergueu o queixo, encarando sua mãe ao abrir a porta. No susto, Madame François encontrou-me olhando para ele sem entender nada. —Mamãe. —Ele soltou minha mão e abriu os braços, acolhendo sua mãe. Com o queixo no ombro pequeno dela, ele expirou de olhos fechados. —Querido, que bom que veio e trouxe Lisa Mary. O seu pai está dormindo nesse momento, mas podemos esperar que ele acorde, se preferir. —É claro que prefiro, mãe. É claro que prefiro. —Ele passou a mão pelas costas dela de uma maneira acolhedora, e saiu do abraço. —Não sabe o quanto fiquei preocupado por saber que papai está aqui. Vicente olhou por cima da cabeça de sua mãe e vasculhou um olhar investigativo pela sala. —Não, ela não ficou. Eles pareciam conversar entre si. —Como assim, “não ficou?” Vicente tirou as mãos de sua mãe e franziu o cenho, desacreditado da notíci
71 Vicente François ⤝⥈⤞ —Fique aqui. Fique aqui, por favor, não se mexa. Eu vou chamar ajuda. —A mancha azul foi se distanciando rapidamente, enquanto a movimentação em volta de mim, aumentava. —Um médico! Precisamos de um médico, tem um homem ferido! Um médico, por favor! Anda, sobe, chama um m… Minha cabeça deitada no chão. O burburinho do tumulto à minha volta tornava tudo pior, e eu não ouvia quase nada além de vozes distantes em um som irregular. Inspira. Expira. Inspira. Expira. Quinze horas atrás: Após um episódio terrível com Lisa Mary e minha irmã, subi para a sala de espera, onde fiquei com minha esposa até que pudesse me recompor outra vez. ⤝⥈⤞ —Você precisa começar a repensar sobre as suas atitudes. —Disse ela, massageando os meus ombros. Eu sabia que precisava me controlar. Precisava fazer isso pela Amanda e por mim. Eu precisava saber a verdade, e até que descobrisse, estava fadado á disfarçar ao lado dela. —Eu sei, eu fui um idiota. Apoiei os cotovelos nas cox
72 Lisa Mary ⤝⥈⤞ Tentei me dispersar no celular enquanto fugia dos bloqueios de Vicente. Apesar de ter confessado que ele me machucava com o seu silêncio e sua extrema frieza arrogante, eu ainda precisava manter a postura diante do mesmo. Tenho que confessar que a minha vida secreta estava acabando comigo, mas quem se contrapor a mim? Com uma agenda vasta, David quase não dava conta dos meus afazeres, e aquilo me deixou brechas para consertar alguns erros grotescos que eu havia cometido ao lado de Charlotte, um deles, era as confissões de James, o que me obrigou a visitá-lo por duas vezes. No entanto, após uma noite de reviravoltas sobre os sentimentos de Vicente, eu estava pronta para começar bem o meu dia agoniante. Estava tomando banho enquanto o celular recarregava sobre o balcão do armário, no banheiro, quando o vibrar ofensivo começou a me irritar, obrigando-me a sair da banheira. Numa trilha de espumas, alcancei o aparelho e a toalha foi inevitável para não escorregar. Que
73 Lisa Mary ⤝⥈⤞ Quando eu estava prestes a entrar no carro, após ter que abrir mão do meu Audi, o amigo de James passou os olhos por mim, analisando minha bunda, e em seus lábios se formou um sorriso debochado. Topou o ombro de James caído da porta do carro. —Aí, cara… —Olhou-me novamente, vendo-me bater a porta com força, no banco do carona. —Não se incomoda não, em tratar essa gostosa assim, porra? —O quê? Essa desgraça? —Um sorriso curto explodiu de sua garganta e ele tombou a cabeça para trás, zombeteiramente. —Essa infeliz parece um anjo caído, mas é uma maldição, meu parceiro. Uma maldição. Não cai na beleza dela não. —Seu sorriso se desfez quando ele me encarou cruzando os braços ao passar o cinto. —E que anjo caído, hein… —Ele mordiscou o lábio inferior. —Para de acabar comigo e vamos dá o fora daqui, James. —Resmunguei, virando a cabeça para a janela. James assentiu e se despediu com um aceno para seu amigo. Ligou o carro, subiu os vidros das janelas e então acelerou