Sugestão de trilha sonora para esse capítulo: Lisa esperando por Vicente: "Rasputin" Lisa Mary e Vicente: "Não me compares, Alejandro Sanz" Boa leitura e até o próximo capítulo, meus amores! ♥
74 Lisa Mary ⤝⥈⤞ Suspiro. Era como suspirar. James estava morto e sua morte havia sido anunciada em rede internacional. O mistério por trás da morte de Amanda permanecia em silêncio, seguindo sob investigação sigilosa. O pai de Vicente pôde voltar para casa e passar o aniversário de casamento com a família. Vicente saiu do hospital recuperado e após dois meses já estava com o ferimento cicatrizado. Era como ser uma pessoa normal, mas sem os pecados e as perversidades que eu levava nas costas. ⤝⥈⤞ —É dia de comemoração! —De braços abertos, Vicente esbravejou sorridente no centro da sala. Os empregados passavam de lá para cá, apressados, acelerando os passos, mas não deixavam de rir de suas bobagens e sua animação contagiante. —Lisa Mary, amor de minha vida, estou pensando em reviver nossos votos também. Controlando o sorriso, ele veio caminhando em minha direção de cabeça erguida. Parecia orgulhoso e satisfeito com a agitação em nossa casa. —Vicente, meu filho. Vocês ainda são
75 Vicente François ⤝⥈⤞ Após conversar com Charlotte, precisei retornar para dentro da mansão enquanto ela me acompanhava. Porém, parei na metade do caminho, ainda entre as roseiras de Lisa Mary, quando senti o celular vibrando dentro do bolso da calça e me senti na obrigação de atender a chamada. —Charlotte, por favor, vá em frente. Lisa Mary e mamãe estão no quarto do andar de cima, eu não demoro. —Balancei a mão no ar, indicando que ela seguisse. Ela me deu um sorriso mínimo e arfou, em seguida obedeceu, subindo os poucos degraus da entrada. Virei de costas, enfiando uma mão no bolso e levei o celular à orelha. Inspirei, estufando o peito e a agonia se espalhou pelo meu peito, expandindo minhas costelas. Limpei a garganta para parecer mais confiante. —Vicente François, alô? —Senhor François, tenho tudo o que me pediu. Quando podemos nos ver? —Detetive Paranhos. —Meu tom de voz esfriou junto às minhas expectativas. —Olha, eu sinto que não seja mais necessário… Nós já estamos
76 Vicente François ⤝⥈⤞ Nem percebi a desgraça anunciada. Meus pés foram se movendo euforicamente em direção à porta e quando percebi, já estava diante dela e olhando em seus olhos. Sentia a chama do ódio ardendo dentro de mim. —Ficou louco? —Seu olhar ofensivo era lançado sobre mim, como um bloqueio. —Eu sei de tudo. —Rosnei. Senti o sangue sendo drenado de sua face quase completamente. Apertei os dedos das mãos trêmulas, mantendo-as para baixo. —Entra nessa casa agora. Ela abaixou a cabeça e recuou em passos curtos. Com o queixo no peito ela fechou a porta ao passarmos e se encolheu no canto escuro da sala. ⤝⥈⤞ —Vicente- —Não. —Rejeitei suas explicações. De costas para ela, continuei caminhando em direção à lareira. Senti a tensão sobre os ombros, como uma lembrança cruel do meu fracasso. —Consegue imaginar como eu me sinto? Eu não a amava, sim, é verdade. Mas ela era uma pessoa, Lisa Mary. E você a matou impiedosamente. Ela estreitou os olhos e juntou as sobrancelhas. —E
77 Vicente François ⤝⥈⤞ Não demorou muito para que Charlotte chegasse com toda a sua euforia. Alvoroçada, dispensou os seguranças e ignorou as restrições dos policiais. —Se você encostar em mim, cuido para que toda sua família nunca mais coma! Ouvindo o tom de sua voz causando tumulto, me levantei e segui até o corredor, encontrando-a entre as policiais. —Deixem ela passar, mas o que há com vocês? —Pedi, cansado de me meter em confusão. —Charlotte, você falou com os nossos advogados? —O que você acha que eu fiz, hein? —Ela balançou a bolsa que equilibrava no pulso e retirou os óculos escuros para encarar meus olhos. —Você está carcomido. —Disse, sustentando o sorriso debochado nos lábios vermelhos. —Não preciso de um spa, preciso de um advogado- —O que aconteceu? —Ela estreitou os olhos e me acompanhou pelo corredor em passos lentos. —Lisa Mary está sendo investigada pelo assassinado de Amanda. —Inspirei, estufando o peito. —E o pior é que eles têm imagines sobre isso. —Abaix
78 Lisa Mary ⤝⥈⤞ Debruçada sobre a mesa fria e metálica eu encarei os olhos do detetive debochado. Seu olhar desdenhado era lançado sobre mim, sem economia. —O que mais você quer que eu fale? —Eu quero detalhes, você está sendo superficial. —E expirou, esfregando as mãos. —Senhora François, vou deixar bem claro como as coisas acontecem por aqui, eu tenho provas concretas de que você esteve na cena do crime, de que você tentou se livrar das provas. Só preciso de uma confissão. Inspirei fundo e virei a cabeça para o lado, encontrando uma expressão apática do advogado. Ele me lançou um olhar que indicava para eu não confessar. —Eu estou cansada de mentir pra ele. Ele não merece ser suspeito de nada. —Sussurrei e tornei a olhar para o detetive novamente. —Detetive Paranhos, eu- —Senhor, estamos tendo problemas para conduzir o interrogatório do senhor Vicente François. Ele olhou por cima dos ombros. —Por que? —Porque ele apresenta incongruências durante o interrogatório, senhor.
79 Vicente François ⤝⥈⤞ Não há terror maior que a tensão de esperar por alguém com dificuldades para lhe revelar “segredos”. —Vai ficar me encarando desse jeito? Parece entalada, fala logo, Charlotte. Eu tenho que agilizar o meu dia- —Vicente, não é fácil, okay? —Como não? Senti o celular vibrando dentro do bolso e tive que deslizar a mão para pegar. —Vicente François, alô, alô, alô... —Vicente! O que você aprontou dessa vez? Porque o seu rosto está na TV? E que jeito é esse de atender á ligações? Porque você e Lisa Mary estão em uma delegacia? Estreitei os olhos e me aproximei da janela. Empurrei o dedo entre os trilhos da persiana e pude avistar a frente da delegacia repleta por repórteres. Eles pareciam como urubus. —Mãe, cuide para que o meu pai não assista por hoje. Não até que eu possa chegar para conversar com vocês dois, okay? —O que está acontecendo, Vicente? Meu filho, alguém tentou assaltar vocês? —Não, mãe. Eu estou indo pra casa. Já que estão fazendo transmis
80 Vicente François ⤝⥈⤞ “Diga ao espelho o que você acha que ela já ouviu.” Minhas mãos ficaram mais frias e meus pensamentos se tornaram reflexos do que eu sentia. Engoli. Se me olhasse direito, veria um homem sentado na cadeira segurando o próprio banco. Meus olhos paralisaram no painel à frente e minhas pernas se tornaram imóveis. Embora meus lábios se abrissem e fechassem naquele momento, nenhum som fora emitido do fundo da minha garganta. Talvez ela não estivesse me falando a verdade. Talvez fosse apenas mais uma daquelas peças sem graça que Charlotte costumava pregar em mim. Talvez fosse isso. Eu e meu encorajamento respiramos fundo antes de olhar nas faces dela outra vez. Ela expirou. É, não era uma peça. —É. Agora você sabe, Vicente- —Desce desse carro, agora, Charlotte. Estiquei a mão até o puxador e empurrei a porta com o cotovelo. Mordia a mandíbula como se fosse quebrá-la, mas era apenas a minha raiva se controlando para não ser um miserável covarde. De costas p
81 Vicente François ⤝⥈⤞ Mamãe me soltou, saindo do abraço, e segurou-me pelos ombros. —Vicente, meu filho. Olhe em meus olhos e diga que não sente nada por aquela mulher. Meus lábios se moveram. Abriram e fecharam, mas nenhum som fora emitido. Ela se preparou para me repreender, mas as portas se abriram e Charlotte entrou. Senti as unhas de mamãe arranhando minha pele quando a mesma tentou me segurar, mas foi de imediato. Corri em direção à Charlotte, sem pensar. —Desgraçada, miserável. CHARLOTTE! Você acabou com tudo. Você acabou com tudo!! —Estava prestes a alcançá-la quando senti novamente minha mãe me puxar. —Vicente, pelo amor do seu Deus, para com isso. O seu pai está lá em cima, vocês vão matá-lo! Tenham essa briga numa outra hora, eu imploro aos dois. Imediatamente, mamãe se lançou entre Charlotte e eu enquanto eu apontava o dedo no rosto da minha irmã, de maneira agressiva e ofensiva. —Do que você tá reclamando? Hã? Você não tem muito com o que se preocupar, não é m