Sugestão de trilha sonora para ouvir enquanto ler a esse capítulo: Vicente François: "Way Down We Go" Lisa Mary: "Toxic, BoyWithUke" Boa leitura e até o próximo capítulo, meus amores! ♥
63 Lisa Mary ⤝⥈⤞ Devo confessar que não estou surpresa por sua desconfiança, mas eu também tenho que admitir que não esperava por um Vicente mudando do vinho pra água tão rapidamente assim. Eu fiquei petrificada por dentro, mas precisava reagir por fora. —Meu amor, então eu vou dormir sem você. Porém, quando o sol nascer eu faço questão de trazer o seu café da manhã, está bem? Não coma sem mim, hã? —Soltei uma piscadela para ele, sustentando um sorriso sensual. —Eu agradecerei demais, amor. —Ele me olhou rapidamente e tornou a atenção para o celular infernal. Mantendo a boa expressão na face, virei de costas e saí de seu escritório, podendo finalmente ser a peste que eu era por dentro. Meu sorriso se desfez como o despencar de uma bigorna, e eu me vi obrigada a voltar para o quarto sozinha. Programei o despertador para tocar em três horas, pois eu precisava, ao menos, daquelas três horas mínimas de sono antes de aparecer pra ele com olheiras. Não tinha base cara que desse jeito n
64 Vicente François ⤝⥈⤞ Não falei com Lisa Mary, apenas atravessei o quarto no protesto do meu silêncio. Cabisbaixo, encarava a ponta dos meus sapatos enquanto sentia os dedos se mexerem dentro dos bolsos da calça. Indo diretamente para o banheiro, fechei a porta ao passar e iniciei um banho quente e rápido. Ao sair, percebi que Lisa Mary não estava mais dentro do quarto, e então fui para o closet escolher um terno e seus acessórios. Em uma hora e meia eu estava inteiramente pronto para sair de casa. Descendo as escadas, encontrei David esperando por ela. Ao me ver descendo, ele esticou um braço sobre a lareira apagada e sorriu para mim. —Bom dia, senhor François. Eu lhe troux… —Shhh! —Balancei a mão no ar, indicando que ele parasse de falar, e então me aproximei. —Silêncio, David. Não quero que ela saiba, é uma surpresa. Entendeu? Eu quero fazer uma grande surpresa, se esse for o caso. Agora vamos, você trouxe o que eu lhe mandei trazer, certo? —Abaixei a cabeça, encarando a pas
65 Vicente François ⤝⥈⤞ Um almoço entre nós três. Nunca pensei que seria tão difícil, para Charlotte, engolir algumas massas. —Você parece tão calada hoje, o que houve, Charlotte? —O caminho até a boca foi congelando aos poucos quando o garfo de Charlotte paralisou em sua mão e ela subiu o olhar para mim. Seu queixo encostava no peito e ela me olhava furiosa. —Eu tenho meus próprios problemas, Vicente. —E tinha que trazê-los pra minha casa? —Vicente. —Não, Lisa. Não a defenda, Charlotte não merece muitas defesas agora. —Pus as mãos sobre a mesa e me levantei, superando a estatura das duas. —Charlotte, se eu descobrir que está trambicando alguma coisa e levando a minha esposa junto, acabo com você. —Como é que é? —Ela bateu as mãos na mesa e também se levantou. —Está me ameaçando? —Estou avisando. Eu amo você, mas isso não é suficiente pra deixar que faça minha esposa se envolver nos seus trambiques. —Vicente, posso falar por mim, mesma. —Lisa se levantou educadamente e p
66 Lisa Mary ⤝⥈⤞ Vicente François: meu novo enigma. Como um homem conseguiu mudar do vinho para a água tão drasticamente? Eu estava perdendo o jogo e isso era nítido. Só tinha uma coisa que eu poderia fazer naquele momento: procurar pela responsável por sua mudança. Amanda Klein. Assim que o meu digníssimo esposo saiu acompanhando sua irmã, busquei as chaves do meu carro e fui até a garagem de casa. —Senhora François, irá sair? —Perguntou um dos seguranças. —Vou e não quero comboio. —Mas, senhora… O senhor François deixou claro que não poderia sair sem comboio, é muito perigoso, senhora… —Cale-se! É uma ordem minha e eu não vou aceitar insubordinação! Saia da minha frente, vamos! O rapaz se afastou para o lado e manteve as mãos para trás em sinal de respeito. Entrei em meu Audi e saí da mansão, indo diretamente para o hospital. Se tivesse algum endereço diretamente dela estaria lá. ⤝⥈⤞ Chegando ao hospital, subornei as recepcionistas até conseguir o endereço. Com ele anotado
67 Lisa Mary ⤝⥈⤞ Se você soubesse tudo o que eu tive que fazer para tê-lo… —Vejamos, Amandinha. Por onde eu começo com você? Atravessei a pequena sala insalubre e analisei a situação de Amanda. Segurava a tora de madeira trêmula nas mãos machucadas enquanto me olhava amedrontada. —Você é uma pessoa horrível! —Rosnou, franzindo o nariz. —Talvez, mas eu sou a senhora François, então isso não importa agora. —Sustentei um sorriso debochado, aproximando-me dela. —Você deveria ter ficado longe enquanto pôde. Amanda avançou o pedaço de madeira contra mim. —Vamos lá, não fique aí me encarando. Mova esses pés! Se mova, você consegue algo melhor do que isso… —E se eu sumir dessa vez? Suas palavras me fizeram parar na metade do caminho quando eu estava prestes a acertá-la com o pé de cabra. —O que você disse? —Arqueei as sobrancelhas, controlando o metal pesado na mão. —Dessa vez eu sumo. Você tem acesso a muito dinheiro dos François, não é mesmo? Consegue pagar por uma informação fa
68 Vicente François ⤝⥈⤞ Jogo de imitações. Era isso o que eu estava jogando com Lisa Mary. Eu não conseguia acreditar nos meus olhos e na capacidade do meu cérebro em absorver informações. Minhas mãos tremiam segurando o celular na mão, mas quando ouvi o barulho das portas do banheiro se abrindo à frente, tratei de bloquear a tela e abandonar o aparelho. Ela me olhou e falou comigo, mas sua voz não me alcançou. Eu estava deserto. Seus olhos brilhando quando estava próxima da janela me fez perceber que ela era ingênua apenas aos meus olhos, mas a realidade entre nós dois era de que ela era alguém distante. Como o sol e a lua, a noite e o dia. Nós éramos duas composições diferentes e distantes de um amor que, possivelmente, não existia. Me controlei para continuar e engoli. Ela não respondeu minha pergunta de maneira sincera, mas por algum motivo, eu já esperava por isso. —Claro que não, meu amor. Quem está envenenando você contra mim, hã? —E sorriu, tombando a cabeça para o la
69 Vicente François ⤝⥈⤞ Morta. Olhando congelado e parado diante da TV, por trás do policial que dava entrevista passava o saco preto fechado. Um filme se formou em minha cabeça com cenas sensíveis demais para mim. Lisa Mary veio me abraçar e eu não consegui, sequer, encostar nela. Foi no impulso. Sacudi os braços e me distanciei em silêncio. De cenho franzido e coração pesado, eu deixei aquele quarto ignorando que ela estava ali. No lado de fora do cômodo, enfiei a mão no bolso e puxei o celular, no mesmo instante, liguei para o detetive Paranhos. Descia os degraus da escada, segurando no corrimão. O choque ainda tomava conta das fibras do meu corpo e eu não sentia os pés no chão. —Senhor F… —Não, sem formalidades. Eu preciso que você me dê algo concreto antes que o próximo criminoso seja eu! Entendeu? Eu preciso que você me dê provas de que foi ela. Eu quero alguma coisa… —Minha voz falhou, entregando o choro. —Foi ela, eu sei que foi ela! Eu preciso de provas. Pelo amor de
70 Lisa Mary ⤝⥈⤞ Entramos na sala e eu senti os meus pés se juntando. Para manter as aparências, Vicente, quase abruptamente, agarrou a minha mão e ergueu o queixo, encarando sua mãe ao abrir a porta. No susto, Madame François encontrou-me olhando para ele sem entender nada. —Mamãe. —Ele soltou minha mão e abriu os braços, acolhendo sua mãe. Com o queixo no ombro pequeno dela, ele expirou de olhos fechados. —Querido, que bom que veio e trouxe Lisa Mary. O seu pai está dormindo nesse momento, mas podemos esperar que ele acorde, se preferir. —É claro que prefiro, mãe. É claro que prefiro. —Ele passou a mão pelas costas dela de uma maneira acolhedora, e saiu do abraço. —Não sabe o quanto fiquei preocupado por saber que papai está aqui. Vicente olhou por cima da cabeça de sua mãe e vasculhou um olhar investigativo pela sala. —Não, ela não ficou. Eles pareciam conversar entre si. —Como assim, “não ficou?” Vicente tirou as mãos de sua mãe e franziu o cenho, desacreditado da notíci