Quando o carro contornou o jardim bem cuidado, foi possível um vislumbre das laterais. Os muros pareciam não ter fim.
- O que.. o que é esse lugar? - Este é o meu reino. – ele respondeu com displicência. O mesmo homem que me carregou abriu a porta do carro para nós. O homem de cabelos dourados saltou primeiro e em seguida olhou para mim com uma expressão fria e desinteressada. - Leve ela para o meu anexo. Envie a Callie para ajudar no que for necessário. Em duas horas ela deve se apresentada à corte. O outro homem também tinha traços perfeitos. Seus cabelos negros como as penas de um corvo eram fartos até os ombros. Ele vestia roupas caras mas sem nenhuma joia, seus olhos eram negros e brilhantes. - Alteza... - Sei o que vai dizer. Esqueça isso, ela não tem cheiro e pode passar facilmente por uma humana. Diga a eles que trouxemos uma nova consorte, como todos queriam. - Como ela poderia ser sua nova consorte, alteza? Ela não é da nossa espécie, a própria deusa condenaria tal abominação.– o ar vibrou ao redor do homem de cabelos negros. – Isso seria um ultraje ao seu povo! Não pode fazer isso, vossa alteza. Me encolhi de medo quando o outro se virou para ele, seus olhos em chamas incandescentes de um vermelho flamejante capaz de incendiar o mundo inteiro. - Nathaniel, mesmo que seja o meu conselheiro e primeiro ministro, saiba o seu lugar. – o tom de voz dele era tão baixo e mesmo assim, senti como se ele cortasse nós dois com lâminas invisíveis. - Me perdoe Cyrus, eu ...só estou preocupado... - Nunca mais questione minhas ordens. – o homem de cabelos dourados disse, caminhando elegantemente para a entrada do castelo. Uma mão foi estendida para mim, e eu aceitei imediatamente. Não queria ser punida por eles, porque esses dois faziam meus instintos de autoproteção gritar. - Agora que tem um nome, devemos nos apresentar adequadamente. – ele disse em um tom surpreendentemente calmo. – Meu nome é Nathaniel Holbrook, como sua alteza disse, eu sou seu conselheiro e primeiro ministro. - Ele.. ele me disse que meu nome seria Ravena Cairos. – respondi o seguindo para fora do carro. - É um bom nome. – o homem colocou seu braço em torno de meus ombros, me encolhi de medo no mesmo instante. – A partir daqui, deve cobrir o seu rosto, ninguém pode te ver. Irei te guiar até os aposentos designados a você e até lá não deve dizer uma palavra. Você entendeu? Balancei a cabeça e puxei o tecido da capa para cobrir meu rosto completamente. Andei tanto por aquele chão de pedras que perdi a conta de quantas vezes viramos a esquerda, direita, esquerda de novo, escadas, duas, três, quatro, segue reto por vários minutos, depois viramos à direita de novo e finalmente uma porta foi aberta. - Pode descobrir seu rosto. – Nathaniel disse depois de fechar a porta atrás de si. Olhei em volta, era um quarto enorme com paredes arredondadas, uma cama em dossel com roupas de cama em tons de amarelo e marrom escuro. Uma mesa ampla para refeições perto da janela que mostrava o céu já escuro pela noite. Uma porta levava a um outro ambiente com poltronas e coisas penduradas, lá dentro pude ver uma mulher andando de um lado para o outro com coisas nas mãos. Bom, eu não sei de quem era esse quarto, mas se começasse a limpar agora, poderia acabar antes que aquela mulher se irritasse e me desse uma surra daquelas. - Se .. se me arrumar um balde e um esfregão, eu consigo terminar rapidinho, senhor Holbrook. – eu disse olhando para baixo, enquanto torcia minhas mãos. - Balde? Esfregão? – as palavras saíram da boca dele com um tom de zombaria. – Você não está aqui para ser a empregada, Ravena Cairos. – o homem riu de um jeito que me causou calafrios.- N.. não? - Não, você está aqui para um propósito muito pior do que ser uma simples empregada. – a mulher veio de encontro a eles, ela era alta, loira, olhos verdes claros e uma expressão de desagrado nítida em seu rosto bonito. – Você é a nova consorte do rei vampiro. Sabe o que isso significa, Ravena Cairos? O meu novo nome foi pronunciado com todo o desdém que uma pessoa poderia usar. Bem, eu nunca fui querida por ninguém, esse tipo de tratamento não era novidade. - Não... eu não.. - Quer dizer que antes de um mês você vai estar implorando para que acabem com sua vida miserável mas não vai encontrar nenhuma misericórdia. E então, quando achar que pedir por sua morte não é o bastante... - Pare Callie! – Nathaniel interviu, segurando o cotovelo da mulher loira. – Não deve dizer essas coisas, vai irritar seu irmão. - Tanto faz. – ela jogou os cabelos perfeitamente alinhados para trás. – Vamos, você fede como um rato de esgoto. Se virou, caminhando para uma outra porta, do lad
Eu não sabia o que era uma consorte, mas de alguma forma devia ser melhor do que ser uma empregada da Lua Negra. Lá eu não tinha salário, tudo o que eu recebia era um pouco de comida e um galão de óleo para usar na minha cabana como combustível para duas lamparinas. Comecei a ser espancada desde pequena, então já sabia o que esperar quando alguém se irritava comigo. Acho que a gente se acostuma, como uma ferida que está sempre ali. A única coisa que nunca consegui me acostumar foi a sensação nauseante de ódio por mim mesma toda vez que Marcel me tocava. Esfregando meu corpo naquela banheira tão sofisticada, lavando minha pele com sabonete de verdade, pensei em quanto queria ver a cabeça dele decepada junto aos outros alfas. Aquele homem nojento me contou que era meu companheiro quando completei dezessete anos. Eu fiquei feliz, não sentia nada do que as pessoas diziam que era natural sentir com o vínculo, mas eu realmente acreditei que tinha encontrado o amor da minha vida. El
Um grande espelho na parede de pedra do quarto de vestir mostrava uma imagem que não condizia com o que eu sabia sobre mim. A mulher loira me fez vestir um vestido vermelho de um tecido tão bonito e macio que eu tive medo de estragar com o toque dos meus dedos ásperos.Havia renda adornando as mangas e o decote, ele lembrava o estilo medieval. Sapatos de salto de veludo vermelhos, meias de seda preta. E roupas de mulher. Sim, calcinha e sutiã de um material que eu nunca tinha visto e tocado. Nunca tive essas coisas, minhas calcinhas eram feitas por mim mesma, e geralmente eram de algodão ou malha de algum tecido descartado.Não sabia por que estavam me vestindo como uma boneca enfeitada, mas pensei que se ficasse calada, não apanharia. Nunca fiquei tanto tempo sem levar um tap@, um chute ou um soco.- Está na hora, vamos. – Callie, a loira me chamou de minha admiração boba. Um relógio antigo no canto da parede marcava quase meia noite. O que fariam comigo a essa hora? Era algum
Cyrus ValackO pescoço alvo e macio se inclinou para mim, expondo suas artérias pulsantes, afastei os cabelos finos e claros daquela criança que me oferecia de bom grado seu sangue doce.A carne macia cedeu a minha boca, e o gosto intenso daquele rico néctar desceu pela minha garganta. A menina sorriu feliz apesar da dor que sentia, elas sempre sorriam. {Cyrus?} Nathaniel me chamava pela comunicação mental que unia todos os meus súditos. Não respondi, e bloqueei sua busca por minha presença. Meu primeiro ministro me procurava por um único motivo; para que eu cumprisse o propósito da celebração na corte mais cedo.A esta altura ele já sabia que a nova consorte estava abandonada no meu quarto, e eu havia saído assim que a deixei inconsciente na minha cama. A criança lupina sucumbiu à pressão da minha presença antes mesmo de sair da corte. Carregá-la até o quarto foi o mesmo que levar uma pena entre os dedos. Seu corpo esquálido e maltratado não era a única coisa que foi massacrada.
Empregada Antes do dia clarear eu já estava na casa da alcatéia. Precisava ajudar a preparar o café da manhã de todos, e hoje eu sabia que as coisas seriam ainda mais difíceis, por causa dos convidados. A cozinheira gritava com todos, a cozinha estava quente e cheia de fumaça. Alguém tinha queimado alguma coisa. Encarregada de preparar o bacon e os ovos, eu me concentrei no que fazia ignorando todos, como eles faziam comigo. - Ei, você, escrava. – gritou a cozinheira. – Largue isso. O Alfa te convocou ao salão de jogos. Um arrepio sinistro percorreu minha espinha. Da última vez que estive naquele lugar, Alexander quase não me deixou sair viva. Ele me amarrou nua de cabeça para baixo, e rebateu bolas de beisebol contra o meu corpo, como se isso não bastasse, o alfa chamou Marcel e ordenou que ele me desse uma surra por não ser uma boa diversão. Caminhei na direção da sala de jogos tremendo, eu ainda estava muito machucada do dia anterior. Talvez esse fosse meu fim. Bati e es
Não sei por quanto tempo fiquei amarrada naquela mesa, coberta de esperma, sangue e suor. Marcel mantinha seu olhar sobre mim, pronto para recomeçar aquela tortura.Percebi há muito tempo que ele tinha prazer somente no meu sofrimento, isso o excitava demais. - Eu vou te partir ao meio, minha coisinha safada. – meu companheiro me disse enquanto soltava as cordas que prendiam meus tornozelos. Fui puxada para a beirada da mesa de bilhar. Mas de repente alguém bateu na porta, interrompendo a todos. O alfa vestiu suas calças e caminhou até lá. Marcel se vestiu rapidamente, ligando seu link mental com os guardas. - Estamos sob ataque meu alfa! Alguma coisa está dizimando a alcateia! – um dos guardas gritou. O silêncio pairou sobre a sala, podia sentir que eles estavam se preparando para contra atacar. Afinal de contas, eram todos alfas, os mais poderosos dos territórios vizinhos. Um calafrio percorreu meu corpo febril, senti como se algo gelado tomasse conta da sala. Meu corpo enrij
Minha consciência ia e vinha, se perdendo no que aconteceu e temendo encontrar o monstro de olhos vermelhos. Revivi memórias dos dias anteriores em que eu caminhava em direção ao escritório da alcatéia segurando uma bandeja de bebidas com toda a minha força.Sentia que poderia desabar a qualquer momento, mesmo assim tentava fazer o meu trabalho para que nada desse errado. Por que se isso acontecesse seria o meu fim. - Sirva e saia, sua coisa imunda. – a voz autoritária do alfa Alexander ressoou pela sala. Deixei cada copo de bebida na frente de cada convidado, alguns deles não disfarçavam sua devassidão e me tocavam, enfiando a mão por baixo do meu vestido gasto. O conselho das matilhas começou, e eu saí o mais rápido que pude daquela sala. Quanto mais tempo ficava perto deles, mais chances teria de ser um alvo. Fechei a porta atrás de mim, com um suspiro silencioso. - O que está fazendo aí parada, seu pedaço de merda inútil?! – abaixei a cabeça imediata
Uma figura alta, imponente, e intimidadora me olhava com desinteresse. Ele tem cabelos dourados como sol, que descem até seus braços fortes; as íris cintilantes como o ouro, e a pele branca como a mais fina porcelana, sem nenhum detalhe que estrague sua perfeição. Os traços de seu rosto são milimetricamente proporcionais, a boca parece macia como um pêssego maduro, o lábio superior ligeiramente inclinado para cima, numa representação de sua superioridade. Ele vestia preto dos pés à cabeça. As abotoaduras do punho da camisa reluziam contra a luz, revelando a joia de que era feita. O terno era sob medida, o colete de veludo negro tinha botões de dourados trabalhados. Não havia capa e nem coroa, mas instintivamente eu sabia que esse homem era de algum tipo de realeza. Os olhos dele faiscaram, quando eu me movia inquieta. Por alguma razão eu senti o cheiro estranho que provinha dele me nocautear, como se estivesse embriagada. - Não tem um nome? – ele perguntou, me analisando abertame