CyrusRavena estava quieta e tensa ao meu lado. Enquanto Amon, o único mago que permaneceu no continente, realizava encantamentos e para ver o passado dela.Esperar por respostas era frustrante, mas neste momento não tínhamos opções. As bruxas estavam dispostas a selar a lycan de minha companheira de qualquer maneira, elas queriam a morte de Ravena.Um terceiro selo mataria qualquer ser. Estava óbvio que Ravena foi selada duas vezes, e que um desses selos se rompeu quando eu a marquei como minha. Mas mesmo que somente um deles ainda existisse, se tentassem selar sua essência sobrenatural pela terceira vez, a cisão entre as duas consciências a mataria.As inúmeras incógnitas que cercavam a existência dela é um desafio para mim. Aero insiste em minha mente que Ravena foi selada pela segunda vez quando perdeu os pais. Porque ela ainda era capaz de sentir o nosso cheiro quando a encontramos durante sua infância.A marca dela em meu ombro começou a arder como brasa, quando Amon abriu um
Ravena estava praticamente submersa na água quente da banheira. Entre as sombras dos pilares da cúpula, a observei de longe. Ela ainda tremia de frio mesmo depois de ter voltado para o castelo e ter recebido o meu sangue.Com a intervenção de Aero em seu estado na torre mágica, ela recebeu nossos poderes por muito tempo, que são basicamente congelantes para qualquer criatura de sangue quente, e agora ela ainda sentia os efeitos negativos dessa interação.Callie se aproximou de mim, observando Ravena com atenção, ela estava calada desde que chegamos, e me pediu uma audiência assim que soube do meu retorno.Sei que Callie quer me confrontar e me perturbar pela minha atitude de puni-la, mas ela nem imagina que estou disposto a muito mais por causa de Ravena.Nathaniel me pediu para ser compreensivo, e tentar entender minha irmã. Meu primeiro ministro agia como se eu não soubesse que ele desejava Callie, não como uma conquista ou como diversão. Há algum tempo venho notando que ele reage a
RavenaA água quente da banheira me envolvia, mas o frio ainda estava lá... não do lado de fora, e sim dentro de mim. Meus ossos pareciam guardiões de um inverno antigo, e mesmo com o sangue quente em minhas veias, algo em mim ainda tremia.Fechei os olhos, tentando escapar do desconforto. E então, fui puxada para longe, não com dor, mas com uma suavidade estranha, como se algo muito antigo em mim estivesse acordando.E eu sonhei.Na floresta onde cresci, os galhos dançavam ao som do vento e as sombras projetavam segredos no chão. Eu ainda era criança, talvez com cinco anos, um pouco mais jovem do que quando meus pais morreram. Meus pés descalços pisavam a terra úmida enquanto seguia uma trilha de flores que brilhavam com um tom azulado sob a luz do entardecer, as flores do rei, como minha mãe as chamava. Ela dizia que eram raras e perigosas, que não apareciam para todos, e que eu deveria evitá-las. Mas aquelas flores sempre apareciam para mim, e elas me atraiam.A trilha de pétalas
A escuridão ao meu redor se dissipava lentamente. O calor do corpo dele, o som distante da respiração profunda… tudo se dissolvia como fumaça levada pelo vento.Meus olhos se abriram.O teto da câmara de banho estava acima de mim. O vidro transparente mostrando a imensidão da noite, salpicada de estrelas. O mármore antigo, reluzente sob a luz suave dos candelabros acesos. Ainda estava na banheira, e a água quente agora parecia morna. Uma brisa entrava pelas portas abertas do observatório da cúpula, e tocava minha pele com um arrepio sutil.Mas não era o frio que me fazia tremer.Era o peso do que eu sonhara. Não..., do que eu vivi.Porque aquilo não era só um sonho.Eu sentia em cada parte do meu corpo, no corte que já não existia em meu antebraço, no cheiro das flores que não vi de novo, no gosto do medo e da esperança misturados, que aquilo era real. Um fragmento de memória perdido, enterrado tão fundo dentro de mim que só agora começava a emergir.Cyrus. O nome dele ecoava em m
No vestíbulo, no entanto, dei de cara com Callie.Ela estava coberta de sangue, e havia um buraco em sua camisa de seda branca, e no seu peito. Vi aquela imagem horrível se fechando lentamente, eu podia ver seu coração batendo.Manchas escarlates pintavam sua roupa de grife, secando em seus ombros e mãos. Seus olhos carregavam fúria e desconfiança, como se tivessem presenciado algo que não podiam aceitar.— Cyrus está com Nathaniel. Na biblioteca. — disse ela, fria. — A câmara da corte foi convocada pelos Lordes Anciãos. Aparentemente, a nova consorte... chamou atenção demais.Tive um calafrio. Não pelo tom acusatório, mas pela seriedade de suas palavras. Corte. Duques, lordes, condes e barões. Cyrus envolvido. Toda a realeza dessa raça.Corri.Meu roupão esvoaçava enquanto eu subia as escadas e atravessava corredores de pedra que ainda me eram estranhos, mas eu só seguia o cheiro do meu companheiro para chegar aos seus aposentos. Cada batida do meu coração parecia se fundir com o so
As portas do Salão Principal da Corte se abriram com um estalo que ecoou como um trovão ancestral. Meu coração batia tão alto que mal ouvia os murmúrios cortantes que se espalhavam entre os bancos e degraus de pedra escura. Havia dezenas deles; duques, condes, barões e lordes. Vampiros de sangue puro, alguns com mais de mil anos de vida, todos com olhos inquisidores voltados para mim.Mas ao meu lado estava ele. Cyrus.E ao verem sua figura poderosa, o silêncio se fez instantaneamente.Vestido com o negro escarlate da realeza, a capa longa arrastando pelo chão de mármore negro como fumaça viva. Sua aura era como um eclipse; densa, hipnotizante e insuportável para os fracos. Conforme nos aproximávamos do trono, os presentes se curvavam, mesmo contra a vontade. Era como se a própria noite se dobrasse diante dele. Não havia ninguém ali que pudesse enfrentar sua força, sua rapidez ou sua fúria.Sentamo-nos lado a lado, no trono alto de veludo vermelho, feito de ouro branco envelhecido,
— Marcel… — meu sussurro escapou sem que eu percebesse, como um feitiço antigo quebrando sua cela de silêncio.O nome dele queimava em minha garganta como fel. O corpo do vampiro agonizante jazia à minha frente, mas eu não enxergava mais o sangue em sua pele nem a fumaça negra que ainda saía das queimaduras místicas das marcas de garras profundas em seu tórax. Tudo o que sentia era o cheiro. Aquele cheiro que eu pensava ter deixado para trás, enterrado junto com meus gritos em celas de pedra e noites sem lua. Dias em que eu passava me arrastando sobre meus pés descalços, com a dor das lacerações em minhas intimidades bloqueado o meu raciocínio, de tão intensas.Noites na sala de jogos, o cheiro pungente de semem imundo sobre meu corpo. A dor de cada estupro, de cada tapa, e cada soco. Meu corpo coçava inteiro, como se aquela sujeira voltasse instantaneamente. Eu estava imersa naquele cheiro. O cheiro de Marcel Lockhart.Minhas mãos, antes firmes, tremeram violentamente. Recuei um pa
Empregada Antes do dia clarear eu já estava na casa da alcatéia. Precisava ajudar a preparar o café da manhã de todos, e hoje eu sabia que as coisas seriam ainda mais difíceis, por causa dos convidados. A cozinheira gritava com todos, a cozinha estava quente e cheia de fumaça. Alguém tinha queimado alguma coisa. Encarregada de preparar o bacon e os ovos, eu me concentrei no que fazia ignorando todos, como eles faziam comigo. - Ei, você, escrava. – gritou a cozinheira. – Largue isso. O Alfa te convocou ao salão de jogos. Um arrepio sinistro percorreu minha espinha. Da última vez que estive naquele lugar, Alexander quase não me deixou sair viva. Ele me amarrou nua de cabeça para baixo, e rebateu bolas de beisebol contra o meu corpo, como se isso não bastasse, o alfa chamou Marcel e ordenou que ele me desse uma surra por não ser uma boa diversão. Caminhei na direção da sala de jogos tremendo, eu ainda estava muito machucada do dia anterior. Talvez esse fosse meu fim. Bati e es