Um grande espelho na parede de pedra do quarto de vestir mostrava uma imagem que não condizia com o que eu sabia sobre mim. A mulher loira me fez vestir um vestido vermelho de um tecido tão bonito e macio que eu tive medo de estragar com o toque dos meus dedos ásperos.Havia renda adornando as mangas e o decote, ele lembrava o estilo medieval. Sapatos de salto de veludo vermelhos, meias de seda preta. E roupas de mulher. Sim, calcinha e sutiã de um material que eu nunca tinha visto e tocado. Nunca tive essas coisas, minhas calcinhas eram feitas por mim mesma, e geralmente eram de algodão ou malha de algum tecido descartado.Não sabia por que estavam me vestindo como uma boneca enfeitada, mas pensei que se ficasse calada, não apanharia. Nunca fiquei tanto tempo sem levar um tap@, um chute ou um soco.- Está na hora, vamos. – Callie, a loira me chamou de minha admiração boba. Um relógio antigo no canto da parede marcava quase meia noite. O que fariam comigo a essa hora? Era algum
Cyrus ValackO pescoço alvo e macio se inclinou para mim, expondo suas artérias pulsantes, afastei os cabelos finos e claros daquela criança que me oferecia de bom grado seu sangue doce.A carne macia cedeu a minha boca, e o gosto intenso daquele rico néctar desceu pela minha garganta. A menina sorriu feliz apesar da dor que sentia, elas sempre sorriam. {Cyrus?} Nathaniel me chamava pela comunicação mental que unia todos os meus súditos. Não respondi, e bloqueei sua busca por minha presença. Meu primeiro ministro me procurava por um único motivo; para que eu cumprisse o propósito da celebração na corte mais cedo.A esta altura ele já sabia que a nova consorte estava abandonada no meu quarto, e eu havia saído assim que a deixei inconsciente na minha cama. A criança lupina sucumbiu à pressão da minha presença antes mesmo de sair da corte. Carregá-la até o quarto foi o mesmo que levar uma pena entre os dedos. Seu corpo esquálido e maltratado não era a única coisa que foi massacrada.
Empregada Antes do dia clarear eu já estava na casa da alcatéia. Precisava ajudar a preparar o café da manhã de todos, e hoje eu sabia que as coisas seriam ainda mais difíceis, por causa dos convidados. A cozinheira gritava com todos, a cozinha estava quente e cheia de fumaça. Alguém tinha queimado alguma coisa. Encarregada de preparar o bacon e os ovos, eu me concentrei no que fazia ignorando todos, como eles faziam comigo. - Ei, você, escrava. – gritou a cozinheira. – Largue isso. O Alfa te convocou ao salão de jogos. Um arrepio sinistro percorreu minha espinha. Da última vez que estive naquele lugar, Alexander quase não me deixou sair viva. Ele me amarrou nua de cabeça para baixo, e rebateu bolas de beisebol contra o meu corpo, como se isso não bastasse, o alfa chamou Marcel e ordenou que ele me desse uma surra por não ser uma boa diversão. Caminhei na direção da sala de jogos tremendo, eu ainda estava muito machucada do dia anterior. Talvez esse fosse meu fim. Bati e es
Não sei por quanto tempo fiquei amarrada naquela mesa, coberta de esperma, sangue e suor. Marcel mantinha seu olhar sobre mim, pronto para recomeçar aquela tortura.Percebi há muito tempo que ele tinha prazer somente no meu sofrimento, isso o excitava demais. - Eu vou te partir ao meio, minha coisinha safada. – meu companheiro me disse enquanto soltava as cordas que prendiam meus tornozelos. Fui puxada para a beirada da mesa de bilhar. Mas de repente alguém bateu na porta, interrompendo a todos. O alfa vestiu suas calças e caminhou até lá. Marcel se vestiu rapidamente, ligando seu link mental com os guardas. - Estamos sob ataque meu alfa! Alguma coisa está dizimando a alcateia! – um dos guardas gritou. O silêncio pairou sobre a sala, podia sentir que eles estavam se preparando para contra atacar. Afinal de contas, eram todos alfas, os mais poderosos dos territórios vizinhos. Um calafrio percorreu meu corpo febril, senti como se algo gelado tomasse conta da sala. Meu corpo enrij
Minha consciência ia e vinha, se perdendo no que aconteceu e temendo encontrar o monstro de olhos vermelhos. Revivi memórias dos dias anteriores em que eu caminhava em direção ao escritório da alcatéia segurando uma bandeja de bebidas com toda a minha força.Sentia que poderia desabar a qualquer momento, mesmo assim tentava fazer o meu trabalho para que nada desse errado. Por que se isso acontecesse seria o meu fim. - Sirva e saia, sua coisa imunda. – a voz autoritária do alfa Alexander ressoou pela sala. Deixei cada copo de bebida na frente de cada convidado, alguns deles não disfarçavam sua devassidão e me tocavam, enfiando a mão por baixo do meu vestido gasto. O conselho das matilhas começou, e eu saí o mais rápido que pude daquela sala. Quanto mais tempo ficava perto deles, mais chances teria de ser um alvo. Fechei a porta atrás de mim, com um suspiro silencioso. - O que está fazendo aí parada, seu pedaço de merda inútil?! – abaixei a cabeça imediata
Uma figura alta, imponente, e intimidadora me olhava com desinteresse. Ele tem cabelos dourados como sol, que descem até seus braços fortes; as íris cintilantes como o ouro, e a pele branca como a mais fina porcelana, sem nenhum detalhe que estrague sua perfeição. Os traços de seu rosto são milimetricamente proporcionais, a boca parece macia como um pêssego maduro, o lábio superior ligeiramente inclinado para cima, numa representação de sua superioridade. Ele vestia preto dos pés à cabeça. As abotoaduras do punho da camisa reluziam contra a luz, revelando a joia de que era feita. O terno era sob medida, o colete de veludo negro tinha botões de dourados trabalhados. Não havia capa e nem coroa, mas instintivamente eu sabia que esse homem era de algum tipo de realeza. Os olhos dele faiscaram, quando eu me movia inquieta. Por alguma razão eu senti o cheiro estranho que provinha dele me nocautear, como se estivesse embriagada. - Não tem um nome? – ele perguntou, me analisando abertame
Ravena Gemi nos meus sonhos tenebrosos. O abismo em que eu estava era um dos meus piores pesadelos. - Onde pensa que vai, minha coisinha sem vergonha? – congelei segurando as coisas que ia usar. Balde e esfregões. O som daquela voz me revirava o estômago. Marcel se aproximou, com aquele sorriso detestável no rosto. Eu fechei os olhos pedindo a deusa que me livrasse das mãos dele só dessa vez. Mas acho que até ela me considerava um ser indigno e maligno, porque as garras de Marcel afundaram em meus braços, e sua boca engoliu a minha. Já era tarde quando finalmente consegui sair da casa da matilha. Minhas mãos e pernas estavam cheias de sangue e sujeira, minha boca estava seca e fedia como uma latrina. Minha cabana ficava às margens da floresta, e era a única coisa que eu tinha para chamar de meu. Entrei sentindo o frio me castigar, esquentar a água no fogo ia demorar demais, eu precisava me lavar logo. Assim que a tina estava cheia de água, entrei dentro sem me importar c
Quando o carro contornou o jardim bem cuidado, foi possível um vislumbre das laterais. Os muros pareciam não ter fim. - O que.. o que é esse lugar? - Este é o meu reino. – ele respondeu com displicência. O mesmo homem que me carregou abriu a porta do carro para nós. O homem de cabelos dourados saltou primeiro e em seguida olhou para mim com uma expressão fria e desinteressada. - Leve ela para o meu anexo. Envie a Callie para ajudar no que for necessário. Em duas horas ela deve se apresentada à corte. O outro homem também tinha traços perfeitos. Seus cabelos negros como as penas de um corvo eram fartos até os ombros. Ele vestia roupas caras mas sem nenhuma joia, seus olhos eram negros e brilhantes. - Alteza... - Sei o que vai dizer. Esqueça isso, ela não tem cheiro e pode passar facilmente por uma humana. Diga a eles que trouxemos uma nova consorte, como todos queriam. - Como ela poderia ser sua nova consorte, alteza? Ela não é da nossa espécie, a própria deusa condenar