— Agradeço a todos vocês por esse tempo maravilhoso como equipe. – Minha voz sai embargada enquanto olho para os rostos à minha frente. – Este foi um dos meus melhores projetos e, sem dúvida, foi uma experiência que mudou minha vida para sempre. Vou guardar cada memória em meu coração; vocês são os melhores.Os aplausos preenchem a sala, a equipe do set de filmagens me olhava com emoção. Não menti em meu discurso; para mim, eles eram muito mais do que uma equipe de produção cinematográfica, eram uma família.— Ótimo discurso, fiquei emocionada.Ashley disse se aproximando com uma taça de champanhe em sua mão. Seus passos eram sedutores, como se desfilasse em uma passarela.— Apenas disse como me sentia.Seus olhos verdes me estudavam enquanto ela degustava sua bebida. Um sorriso cresce em seu rosto, e sua mão toca meu ombro.— Você sempre teve um jeito com as palavras, minha cara. Não esperava menos da mulher eleita como a melhor atriz da atualidade pela Acting Academy British.Suas p
Pego minha mala e escuto Otto reclamar.— Sabe que é o meu trabalho te ajudar.Rio sem graça. Otto é meu motorista e segurança. Ele é muito mais que um funcionário; é um amigo querido.O homem é alto, cerca de 1,98. Sua altura intimida as pessoas. Por ter um corpo forte, uma barba cheia e nenhum cabelo na cabeça, Otto tem uma aparência ameaçadora... mas é um homem doce e gentil.A gente se conheceu no meu primeiro trabalho como atriz em Los Angeles. O diretor o recomendou para trabalhar como meu motorista. Desde então, ele tem sido meu amigo e confidente. Até pesquisou diversos seguranças para essa viagem. Selecionei dois para me acompanharem.Voltar à minha cidade natal me trazia lembranças bem dolorosas e constrangedoras."Faça isso pelo filme, faça isso por sua carreira."Minha cabeça repetia isso como um mantra. Fazer esse filme seria um ponto crucial em minha carreira. Lutei durante anos para chegar onde estou, mas esse papel poderia mudar tudo.Por ser um filme com um tema polêm
Janaína MessiasHoras antes...Acordo com a voz suave de Maria, que cantava uma antiga música gospel enquanto passava o aspirador pelo meu quarto. Me reviro na cama e dou um sorriso tímido para minha madrasta, que o retribui.— Bom dia, meu anjo. O café está pronto, e tem bolo.Levanto contente ao ouvir suas palavras. Amo seus bolos. Maria ama cozinhar, e eu amo comer tudo que suas mãos mágicas preparam.— Obrigada, Maria. Vou me arrumar e já desço para o café da manhã.Beijo sua bochecha, e ela resmunga algo sobre meu hálito matinal. Não posso evitar rir enquanto corro em direção ao banheiro.Tiro meu pijama, ficando completamente nua. Meus olhos se perdem no reflexo do espelho. Nunca me achei um exemplo de beleza; meu pai sempre me ensinou que a vaidade é um pecado gravíssimo. Tenho um corpo magro, seios pequenos, coxas um pouco grossas e a pele levemente morena. Sempre me senti estranha por ter apenas 1,55 de altura. Meu pai diz que puxei minha mãe, que era pequena e tinha cabelo lo
— Que exemplo ela é para nossas crianças? Homem e mulher são feitos um para o outro! – Grito no megafone.Todos gritavam para ela ir embora e levantavam suas placas.— Essa gente é pior que um câncer! Temos que exterminar essas abominações!Pego um spray e escrevo no muro "VÁ EMBORA ABOMINAÇÃO!" As pessoas comemoram, e os paparazzi tiram fotos. Muitos repórteres tentam entrevistar algum dos líderes do protesto. Nós estamos dando nosso recado para esse mundo. Pecadores irão pagar!Fazia horas que a mulher tinha chegado. Não desistiria; Cecilia Gomes tinha que ir embora. Faria tudo ao meu alcance para manter essa cidade longe do pecado e da esbórnia. Algumas pessoas jogavam ovos por cima do muro em direção a casa, outras gritavam palavras de ordem e assopravam seus apitos. Os sons eram altos, deixando todos confusos, mas nossa mensagem era clara.— Pra que tanto ódio? Aposto que isso é apenas tesão reprimido desse bando de mal comidos. – Cecilia diz sarcástica saindo da casa.Me assusto
Cecília GomesHoras antes— Esses protestantes não calam a boca! – Victor fala irritado entrando no meu escritório.— Boa tarde pra você também, Victor. – Meu tom sarcástico faz suas bochechas corarem. O ator anda até minha mesa e sorri envergonhado.— Não sei como você aguenta todo esse barulho e ainda consegue trabalhar. – Ele diz sentando-se, suas pernas se cruzam e ele me analisa por alguns segundos em silêncio.— Não estou fazendo nada demais, apenas verificando alguns contratos de publicidade. – Elevo meu olhar rapidamente. – Essa sala possuí isolamento acústico, mas é claro, só funciona quando a porta está fechada corretamente.Victor parece entender minha indireta e se levanta envergonhado caminhando rapidamente até a porta e a fechando.Suspirei enquanto grifo uma parte onde desejava mudar, esse contrato estava muito mal feito. Quem havia elaborado, uma criança? Precisava urgentemente contratar uma assistente pessoal e uma boa equipe. Levo minha mão até minha testa massageand
— Faça-me sua, Jasper e eu... — Interrompi minha fala com um grunhido furioso.Os sons dos protestantes estavam cada vez mais altos. Como se isso não bastasse, não podíamos treinar no estúdio por conta de uma falha no ar-condicionado. Sem janelas, aquele lugar era um forno e mataria qualquer um que ficasse lá por muito tempo.— Esses protestantes estão acabando com minha concentração. — Victor confessa com desgosto enquanto olha pela janela.— Acho que devemos encerrar por hoje, ou iremos enlouquecer! — Digo, dirigindo-me ao banheiro da minha suíte.Victor suspira frustrado. Entendia seu sentimento; eu também queria continuar nosso ensaio, mas com toda essa baderna era impossível.— Vou pedir para que alguém prepare um chá calmante, precisamos disso! — Victor diz antes de sair do quarto.Precisava urgentemente de um banho para relaxar meus músculos cansados. Enquanto as peças de roupa deslizam pelos meus calcanhares, consigo ouvir os gritos frenéticos dos protestantes aumentarem. Eles
Janaína MessiasDois dias depois— Eu não acredito que você fez uma coisa dessas, estou muito decepcionada com você! – Maria coloca as mãos na cintura. – Você está de castigo!Me jogo na cama, afundando meu rosto na almofada, abafando meus gritos furiosos. Tento fazer o bem, expulsar essa mulher da nossa cidade, e é assim que sou retribuída? Maria deveria me agradecer por estar fazendo o trabalho sujo, limpando nossa cidade!— Não seja dramática, você sabe que está errada e tem sorte de não ter acabado na cadeia. Já imaginou? Passar seu aniversário de 18 anos na delegacia por invasão de domicílio, vandalismo, ameaças e homofobia? – Sinto Maria sentar na cama. – Sem contar os outros crimes que cometeu nesse protesto... Que Jesus Cristo te dê juízo, minha menina!— Crimes? Prisão? Juízo? – Encaro-a, incrédula. – Eu não fiz nada de errado, sou a única pessoa com juízo nesse lugar! Esse mundo está totalmente invertido, coisas santas são erradas e essa corja de pecadores tornou-se os certo
— Os preparativos... O encontro... – Sussurrei com a voz rouca.Maria acaricia meu cabelo, seus braços me envolvem com mais força, em um gesto protetor.— Esse noivado está afetando sua saúde mental! Minha querida, você não pode continuar assim!Maria segura meu rosto, seus olhos se movem nervosos enquanto analisam minhas feições.Não era como se eu tivesse qualquer tipo de escolha em relação a isso. Esse casamento já estava firmado há muitos anos, mais tempo do que consigo me lembrar. Desde muito nova, sempre soube que um dia me casaria com João. Era minha única certeza na vida, meu único propósito.Desde criança, sabia que quando completasse 18 anos, o noivado seria oficializado. Passaria a ser apresentada em festas e eventos como a noiva do herdeiro de uma das empresas mais poderosas do país, não apenas como a filha do homem mais poderoso, dono do grupo empresarial mais importante da América do Sul.Com esse casamento, meu pai poderia unir as empresas e aniquilar seus maiores conco